quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

MILITARES: A PONTA DA PONTA DE UM ICEBERG…

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Em se falando de corruptos no Brasil, eles proliferam em todas as classes sociais e em todos os tempos desde seu surgimento como profissão, e, obviamente, ninguém é santinho nisto tudo. 

Dentre os que mais se destacam, temos políticos (acima de tudo e de todos), sindicalistas, juristas, empresários, professores, religiosos, e, naturalmente, militares. 

O problema que conta é qual deles é, ou foi, o mais pernicioso ao Brasil. Naturalmente, os políticos são "campeõs" imbatíveis neste quesito, e, sinceramente, não creio que os velhos responsáveis pela Segurança Nacional tenham sido os piores corruptos na história deste País. 



Querer superestimar a participação de militares neste processo pernicioso é desconhecer a verdadeira história de nossa pátria, que a banda podre submersa deste imenso iceberg de corrupção que surgiu com a Abertura e o final do Regime Militar é imensa, e muita coisa corrupta ainda está por vir à tona. 

E, aliás, o nosso Salvador da Pátria, o desbocado Bolsonaro, segue sereno, sobranceiro e impoluto, pairando muito aquém deste antro de locupletação e sinecura que ainda grassa nesta terra.

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ALÁ, OUTRO FUSQUINHA!

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Pensei que era uma brincadeira infantil moderna, mas lendo uma propaganda da Volkswagem numa edição da revista Seleções Reader's Digest de setembro de 1962, me surpreendi ao saber que aquela brincadeira das crianças de ver quem, numa disputa, consegue contar maior número de Fusquinhas que vê pelas ruas e estradas, surgiu em meados deste ano. 

A Volkswagem, nesta época, produzia 50% dos carros do Brasil, tanto o é que as crianças, ao brincar, costumavam dizer que parecia haver só Fusquinhas pelas estradas.

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sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

UM GUITARRISTA E UM PASTOR: UMA INUSITADA E TALENTOSA PARCERIA NUMA CANÇÃO!...




Eu sou da opinião que é muito mais fácil se colocar uma melodia cantada em cima de uma base instrumental que o contrário. Por outro lado, fazer uma canção em cima de uma letra colocando-se a melodia nela, é algo meio difícil. 

O que este guitarrista fez é soberbo, é genial e de um bom gosto extremo, pois pegou o discurso inflamado de um pastor e colocou um arranjo sublime em cima, isto como se os dois tivessem sentados juntos e composto uma canção com começo, meio e fim. E, acima de tudo,  o cara fez naquele estilo único criado pelo grande Tony Yommi, estilo negro e sabbatiano, com notas menores, sombrias, com o tétrico trítono pelo meio, e mais, casando o arranjo à linha performática do pastor, com seu estilo de interpretar meio "demoníaco" - pastor este que é um verdadeiro artista em sua área. 

O resultado desse trabalho vem provar que nem sempre é necessário se cantar uma música, mas  podemos apenas falar a letra, como o Hendrix fazia, e o Bob Dylan, o Dave Lee Roth e o Mark Knopfler fazem, e, no caso do pastor, falar agressivamente jogando uns drives em cima. 

Outro detalhe interessante nesta composição, são os diversos andamentos obtidos nela, com vários ritmos, acelerações, paradas e desacelerações - isto se deveu ao fato de o guitarrista ter se fiado nas cadências da fala do pastor; aliás, isto é um ponto positivo para quem compõe em casos assim, pois estimula  a criatividade e ajuda a enriquecer a música. 

Amigos, eu não me canso de ouvir essa música e ficar tão maravilhado quanto abestalhado com o trabalho primoroso que esse guitarrista fez. No fundo parece um perfeito videoclipe promocional de um guitarrista, o que, convenhamos, daria um trabalho do caralho para fazer, isto, com roteiro, muitas horas de gravação e envolvendo uma grande equipe e muita grana. 

Enfim, esta música deveria ter feito sucesso nas paradas de todo mundo, pois é coisa de gênio.


A VELHA TATUAGEM DE UM TOSQUIADO...


Sabe aquela tatuagem tosca de marinheiro antigo, ou então de velho estivador de beira-de-cais, tatuagem já oxidada pelo tempo, com aquela cor de zinabre azul-esverdeado que dá em bronze ou latão, e a figura já amarfanhada em meio à pele enrugada? Uma raridade hoje, não é?

Pois bem. E não é que eu arrumei uma briga numa festa de confraternização no final do ano passado, simplesmente porque vi uma dessas no braço de um sujeito ─ sujeito mais tosco que a própria tatuagem ! 

Tudo aconteceu porque apontei a tatuagem discretamente para um amigo ao meu lado na fila do chopps, e disse: "Essa é das antigas, hein!" Mas, acontece que alguém viu e ouviu, e foi lá e contou para o infeliz! E, depois, o idiota veio tirar satisfação comigo, falou, falou, me expliquei, disse que não foi ironia , mas o panaca insistiu, me encheu o saco, atazanou, no que perdi a cabeça e, num empurra-empurra, partimos para a porrada! 

Ele levou a pior, com um murro bem aplicado no meio da fuça que o jogou de costas no chão, e, de modo humilhante e hilário, caiu com as pernas para cima feito um frango assado, no que eu aproveitei e dei uma bela bica bem no meio do fiofó dele, que a hemorroida do cara deve ter virado no avesso e, pior, deve estar doendo até hoje!  

Resumindo: foi buscar lá e saiu tosquiado!...


quinta-feira, 12 de novembro de 2020

SAIBA DE ONDE VIERAM ALGUMAS CARAS E BOCAS DO SEU MADRUGA!

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O Seu Madruga, nas suas caras e bocas, muito certamente deve ter se inspirado num célebre personagem de Cinema Mudo, o hoje tão esquecido James Finlayson (1887-1953), um ator escocês-americano que trabalhou como coadjuvante junto da dupla “O Gordo e o Magro”.
 

James era careca e usava bigode falso, e tinha muitos maneirismos e mímicas faciais cômicas ─ marcas registradas sua ─ como, por exemplo, aquela conhecida reação de, quando bravo ou assustado, olhar para a câmera com cara de indignado, franzindo o cenho e arregalando um dos olhos.




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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

COCÔ DE CÃES PELAS RUAS: A POLÊMICA!

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Existem pessoas presumidas que acho que imaginam ser seres superiores e de Primeiro Mundo só porque recolhem o cocô de seus cães pelas ruas. Será que eles também recolhem o cocô dos cavalos, dos gatos, dos pássaros ou de um PET qualquer? Obviamente que não, pois é só os seus amados cães que contam.

E, tão irônico quanto contraditório nessas pessoas, é que elas têm horror de ver fezes de cães pelas ruas, mas são elas mesmas que permitem que estes mesmos cães deitem em seus sofás, e, pior, durmam consigo em suas camas, lugar onde seus eles se espojam à vontade, se livrando de suas secreções, bem como deixando ali seus pelos e parasitas - um absurdo da hipocrisia!

De minha parte, eu procuro evitar que meu cão faça cocô pelos passeios fazendo que ele defeque em casa logo após ser alimentado, mas se ele o fizer, eu não me importo e nem recolho as fezes, pois sou contra. Quem quer recolher, que recolha, mas não venha reclamar se me verem não fazendo isso. Oras, afinal os cães cagam pelas ruas  desde há mais de 3.000 anos atrás, quando surgiram as primeiras cidades na Mesopotâmia, e ninguém reclamou tanto como se reclama hoje - parece caso de polícia!

Mas uma coisa que muitos desses presumidos não fazem é recolher o lixo das ruas em frente às suas casas, aquelas porcarias todas que podiam muito bem jogar numa lixeira, como garrafas, latas, embalagens plásticas de todos os tipos, tocos de cigarro (altamente poluentes) etc. Eu recolho os inorgânicos das rua em frente minha casa, e, nem por isso sou um presumido, melhor que os outros. Oras, o inocente cocô dos cães não polui o ambiente - são naturais, e em um ou dois dias estão secos, inertes e não causam mais problema algum. Será que, nas ruas, a gente só pisa em cocô de cachorro e não há também um monte de porcarias que as pessoas jogam por todos os lados? Um exemplo: basta uma pessoa lavar seu quintal ou a calçada com um detergente ou solvente, a água ir para a sarjeta, e um pássaro qualquer (e um cão também) beber esta água, e no mesmo instante se envenenar podendo vir a óbito.

Ilha de lixo no mar do Caribe

Sim, o lixo inorgânico que as pessoas jogam nas ruas geralmente são poluentes, nem sempre não biodegradáveis, e quando vem as chuvas, eles são carreados para os bueiros, de onde seguem para os rios, e, finalmente, vão desembocar no oceano. Precisamos ter mais gente recolhendo o lixo humano nas ruas do que os inocentes cocôs dos cães. Afinal, se hoje existe uma gigantesca ilha de lixo flutuante no mar do Caribe (e em outros lugares), é porque ele é feito geralmente de plásticos e outros materiais não biodegradáveis jogados nas ruas (e também diretamente nos rios e nos mares), e não é o cocô de cachorro que vai parar lá. 

As pessoas da moderna geração Nutella precisam aprender a amar mais não só o próprio Planeta, mas também respeitar as necessidades fisiológicas dos cães como algo natural, afinal, se elas gostam tanto assim de seus PETs, não devem tratar suas fezes como algo tão grave no seio da sociedade. Vamos nos preocupar mais com o destino dos lixos produzidos pelos humanos e deixar os cães cagar felizes e em paz. 

Enfim, gostaria que soubessem que o mesmo direito que esses presumidos tem de me obrigar a recolher as fezes de meu cão, é o mesmo que eu tenho de sugerir a eles que recolham o lixo jogado na rua em frente suas casas. E eu recolho sempre, mesmo que não tenha sido eu que os joguei ali. 

Em suma, a diferença entre a briga deles e a minha é que a minha é de bandeira ecológica, e não de meras etiquetas sociais de gente afetada e enojada. Sim, concordo que é louvável o recolhimento das fezes dos cães nas ruas, mas vamos recolher primeiro os lixos inorgânicos de origem humana .

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terça-feira, 20 de outubro de 2020

O PRIMEIRO FILME REALIZADO EM ARARAS: "LUAR DO SERTÃO", EM 1949

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"Luar do Sertão" é um drama rural do italiano Mário Civelli (1923-1993) e Tito Batini (?-?), lançado no final de abril de 1949, com duração de 85 minutos.  O filme foi rodado na fazenda Santo Antonio, e na Estação do Loreto, o que é citado no “Álbum de Araras 1862-1949”, livro, por sinal, lançado no mesmo ano. O título do filme se deve ao fato de a história ter sido inspirada na música "Luar do sertão", do poeta e compositor Catulo da Paixão Cearense. A fazenda, na época, era de propriedade da família Silva Telles, que poucas décadas antes foi ponto de encontro dos modernistas de 1922. Vale lembrar também que foi nela que a escritora Lygia Fagundes Telles escreveu seu famoso romance "Ciranda de Pedra", que depois virou novela pela Rede Globo em duas versões, 1981 e 2008. 


A fazenda Santo Antonio, em 1948

Foto feita no início das filmagens, em 1947

Isaura Garcia, no filme
O filme marca também a estreia da atriz negra Isaura Bruno, que depois ficou famosa  na TV ao interpretar Mamãe Dolores na  novela "Direito de nascer", exibida entre 1965 e 66, pela extinta  TV Tupi. Isaura teve um final de vida triste. Após diversos trabalhos na TV, ela foi morar com a filha adotiva Penha Maria em Campinas, e voltou a limpar casas para ajudar nas despesas. Trabalhou também como gari e vendendo doces na Praça da Sé. Em 02 de maio de 1977 faleceu na unidade para indigentes da Santa Casa de Campinas, com 60 anos de idade.

Lydda Sanders

Curiosos observam as filmagens


Do elenco constavam, o futuro galã de novelas Walter Foster (ator de rádio-novela na época), Lydda Sanders (muito elogiada por sua atuação), Fernando Baleroni, Machadinho, Nena Batista, Vicente de Paula Neto e Vicente Leporace.

Walter Foster
Certamente, o filme foi exibido pelo Cine-Teatro Santa Helena, inaugurado em 1930, mas os jornais da época, ao que parece, não documentaram o fato, ao contrário de "Sinhá Moça", que deu muito ibope não só nos locais bem como nos grandes jornais. 

Assim como "Sinhá Moça" (1953) - e este, por sua vez, ligado à estação do Elihu Root -, o valor de "Luar do sertão" para Araras reside do fato de as locações terem sido feitas na zona rural da cidade em duas importantes localidades, constituindo as filmagens, portanto, raras imagens de valor documental feitas há mais de 70 anos.

Abaixo, jornal carioca "A Noite" com propaganda do filme:


Outra edição do jorrnal elogiando a atuação da atriz Lydda Sanders.

Jornal "A Noite", 26-3-1949


FONTES:
Consultar autor

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quinta-feira, 10 de setembro de 2020

“MANCADAS” DE GRANDES E SENSÍVEIS ESCRITORES...

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O escritor Gilberto Freyre (1900-1937) em seu livro memorial “Tempo Morto”, diz que chegou a ver o dirigível Zeppelin no Recife em 1930, mas infelizmente, não fez nenhuma descrição do aparelho em si nesta que foi sua sua primeira aparição no lugar e da visão que teve. Escritor ao inspirado e fecundo, limitou-se à informações relevantes e insossas e mais nada. Lamentável.


Outro, dentre outros, que cometeu "erro" semelhante foi Augusto Mayer (1902-1970), escritor sensibilíssimo, autor dos ótimos e conceituados “Segredos da Infância” (1949) e No Tempo da Flor” (1966), que no seu primeiro livro, obra muito poética, lírica e bem escrita podia ter perfeitamente feito um capítulo sobre o cometa Halley em 1910, que certamente deve tê-lo visto, isto, quando tinha 8 anos. Fica difícil acreditar - pelo ibope mundial que dera a aparição do gigantesco astro -, que ele não o tenha visto e sensibilizado com sua visão.


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quarta-feira, 22 de julho de 2020

SOB A TAL MODA DA MODA DA "MODIFICAÇÃO CORPORAL"...

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Um dos rapazes que contestou minha postagem e postura sobre esta primeira foto, disse que se trata da moda da "modificação corporal", nada a ver com a "body  modification" com fins puramente corretivos, portanto, de alçada da medicina.

Mas, convenhamos que não é nada saudável se extirpar partes do próprio corpo - ainda mais dando cabo de áreas vitais como bochecha -, justamente da boca, uma das portas de entrada de inúmeras doenças, e isto, com o insensato propósito de fazer sucesso social se exibindo numa espécie de "vitrine teratológica" humana...


Será que estamos voltando àquela época dos circos que exibiam pobres pessoas com defeitos congênitos? Não duvido, e penso que estas modificadores corporais e pessoas que cobrem o corpo totalmente com tatuagens, além dos silicones da vida, piercings e penduricalhos de toda sorte, terão esta "serventia" quando estiverem desempregados a partir dos 50 anos, coisa que se agravará e aumentará sobremaneira o impacto visual com o envelhecimento progressivo, as rugas, a gibose (corcunda),  a caquexia, a canície (cabelos grisalhos), o geno varo (as pernas arqueadas), o escambau...


Com o avançar da idade, e com as sérias ameaças à própria saúde (que com o tempo se fragiliza e deteriora), certamente virá o arrependimento e a pessoa terá que arcar com uma boa grana em operações plásticas para recompor o perdido, se é que, em casos como este, isto será possível... 

Em suma, há maneiras muito mais legais (mas é legal a extirpação?...) de exibir corpo e chocar as pessoas sem que se tenha de abrir mão de partes nobres dele com om intervenções carnais e que causam aflição só de ver. 


Meus caros e amados jovens, o corpo é sagrado demais para ser violado e submetido à auto-agressões com propósitos estúpidos, desnecessários e que não se justificam. Afinal, uma coisa é melhorar o corpo; outra, é comprometê-lo gravemente extirpando-lhe partes vitais, destruindo-o! 

E, enfim, convenhamos, galera da Geração Saúde: ninguém em sã consciência precisa disso. E viva o Saci-Pererê!
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O TAL DE ROCK ESTILO "AOR"...

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Journey, Kansas, Toto, Survivor, Foreigner, Styx, Boston, Asia e REO Speedwagon. Ouvi todas estas bandas quando surgiram, mas nunca gostei do estilo de som, e sempre achei que havia uma "semelhança" inexplicável entre elas. Achava-as bandas com um sabor pop que não me agradava, algo meio musak (música de elevador). 

Quando meu irmão apareceu em casa com o primeiro disco do Boston (ao que parece a primeira banda AOR), eu ouvi e pensei: "Tem alguma coisa aí de som comercial nisto".

Soube hoje, após décadas (imperdoável...), que são as tais bandas do gênero AOR. Hoje, constato que o meu conhecimento de rock, me levou, ainda que de maneira "inconsciente", a traçar um paralelo entre elas, ainda que eu não soubesse que era um estilo "intencional", um movimento  musical (será que foi?). 

AOR significa "Adult Oriented Rock" (rock direcionado para adultos), e trata-se de uma fusão entre rock, hard e progressivo surgida no final dos anos 1970 e início da década de 1980, caracterizada por uma sonoridade rica e cheia de camadas, produção cristalina e uma forte presença de melodia e refrões fortes.

Hoje, sei que, se for me referir à elas, não preciso ter o "inconveniente" de ficar listando banda por banda - que respeito e são bandas ótimas - mas apenas dizer a sigla que resume tudo: AOR.
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segunda-feira, 6 de julho de 2020

TERIA A ILUSTRAÇÃO DA EMBALAGEM DO CHOCOLATE EM PÓ "DOIS FRADES" DA NESTLÉ SIDO UM PLÁGIO DA PINTURA "FRADES COMENDO MACARRONADA", DE JOAQUIM DA MATA DUTRA, PINTOR DOS QUADROS SACROS DA IGREJA MATRIZ DE ARARAS-SP?

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O caso é um mistério, e envolve dois pintores, duas empresas do ramo e um proprietário delas. 

Mas, vamos ao mistério, porém, antes, deixem-me esclarecer que esta minha abordagem não é inédita, pois há pelo menos diversas publicações anteriores, mas todas elas omitem o nome de um dos pintores. No entanto, dentre as três abordagens, a minha traz mais um fato e é nele que reside o principal mistério a que me refiro, mistério, por sinal, de difícil solução, pois exige pesquisas mais profundas.

Os cinco envolvidos são: dois pintores, o italiano Alessandro Sani e o brasileiro Joaquim Miguel Dutra; duas as empresas: a "Chocolates Gardano" (e seu proprietário) e a Nestlé.


Tudo começa no distante 1957, quando a Nestlé compra a empresa "Gardano" (sim, ela já tinha esta tática há muito tempo...), que já comercializava o chocolate em pó com a ilustração dos frades: a usada pela Nestlé. A "Gardano" fora fundada em 1921, na cidade de São Paulo, e após a posse da Nestlé, alguns dos antigos produtos foram mantidos com os rótulos originais, porém, incluindo o logo da nova marca. Acontece que o ex-proprietário da empresa, Paulo Gardano, era um apaixonado por arte e usou como ilustração da embalagem uma pintura do citado Sani, pintura esta batizada como "Il piatto favorito" (O prato preferido), onde aparecem dois frades degustando, segundo alguns, uma refeição de frango com batata. No site leiloeiro "Invaluable", o título desta pintura é "Testing the recipe" ou "The Gourmet".

Alessandro Sani, "Il piatto favorito" (O prato preferido)

"Testing the recipe" ou "The Gourmet"

Apesar da mudança de nomes, a Nestlé manteve a mesma imagem escolhida por Gardano, porém, inverteu seu sentido, espelhando a imagem, e também mudou o desenho da tigela além de eliminar parte dos corpos dos frades com o tampo da mesa. O nome "Gardano" permaneceu no mercado até 1959, quando foi substituído pela marca Nestlé. Anos mais tarde, em 1975, a Nestlé registrou a marca "Dois Frades" para o tradicional Chocolate em Pó Nestlé,e, em 1991, foi registrada a marca Chocolate dos Padres pela companhia. Abro aspas aqui para lembrar que o Paulo também criou a embalagem do "Alpino" (outro produto da Gardano) e ela foi utilizada em seu desenho original por muitos anos. Esta embalagem era um embrulho de um fino laminado dourado e chanfrado, coberto por uma tampinha de papelão com alça envolvendo o chocolate (alguém se lembra?). Porém, hoje - opinião pessoal - é aquela embalagem toda amassada e sem a tampinha que depõe contra a alta qualidade deste conceituado chocolate da Nestlé. Relembro também, que a ultra-famosa e extinta pastilhas "Mentex", era obra também do bom-gosto da Gardano, e o porquê de a Nestlé tê-la tirado do mercado hoje constitui também outro mistério a ser desvendado...


Uma pausa aqui: Alessandro Sani nasceu e residiu na Florença, sendo considerado um dos últimos grandes pintores da Itália, e foi um dos poucos artistas que permaneceu no País durante a imigração em massa para os EUA e Brasil no final do século XIX e início do século XX, fato que tornou seus quadros um raro acervo de obras de arte italianas produzidas neste período.

Joaquim Miguel Dutra
O Wikipedia (mais confiável) traz as datas de nascimento e morte de Sani em 1856 e 1927, mas outros site dão 1870 e 1950. A publicação da Veja (e não se sabe onde ela obteve esta informação) traz a data de feitio do quadro de Sani para 1913, enquanto o leilão do E-Bay dá a data 1931. Porém - e é aqui que começa o grande mistério -, existe uma pintura semelhante à de Sani, "Frades com Macarronada", datada de 1911, de autoria do supra-citado Joaquim Miguel Dutra (1864-1930), pintor piracicabano, também decorador, músico, escultor e professor. Sim, a pintura de Dutra não foi utilizada na embalagem da Nesté, mas a pergunta que fica é se Sani, para fazer seu quadro, se inspirou na pintura de Dutra, ou o contrário. 

Mas, outra pergunta se faz necessária: a pintura de Dutra era conhecida na Itália, e se sim, o Sani travou contato com ela e fez uma releitura? O paradeiro atual da pintura de Dutra não sabemos, mas uma reprodução sua está no site do Enciclopédia Itaú Cultural. 


Outras buscas na Internet me levaram a uma gravura vendida também no site E-Bay - uma reprodução desta pintura creditada ao Dutra - o que aumenta mais ainda  mistério -, e ela traz o título "Macaroni", com data de 1893. 


Aliás, aqui começa uma verdadeira confusão: esta imagem dos padres degustando macarrão - repito: creditada ao Dutra pela Enciclopédia Itaú Cultural - reaparece em diversos outros sites sendo ela creditada ao Sani e também mencionado como a imagem do Chocolate em Pó da Nestlé! Dentre os sites, um deles, o "Segredos de Cozinha", talvez lance uma luz no mistério, onde, se referindo à pintura creditada ao Dutra, lê-se: "A tela aí de cima, "The tasting", é outro óleo do mesmo pintor e foi vendida recentemente, em um leilão realizado pela Christie’s de Nova York, por US$ 6.000." A publicação deste site traz a data 23 de fevereiro de 2007. O site "Karla Cunha" vai  na mesma toada e diz: "'The Tasting', outro quadro do autor, que brinca novamente com figuras religiosas e o pecado da gula." Esta imagem serviu como ilustração de um livro lançado em 1999: "The Art of Being a Good Friend: How to Bring Out the Best in Your Friends and in Yourself", de Hugh Black.


O quadro de Sani (o do frango com babata) apareceu duas vezes em leilões pela internet do site "Invaluable", em 2001 e depois em 2015, mas não me informei se ele fora vendido. Nestes sites, a pintura tem nomes diferentes do dado ao quadro em poder da família Gardano: no "Invaluable" vem como "Testing of recipe" ou "The gourmet", e no E-bay como "Monks" (Monges).

  
Segundo Andrea Gardano Bucharles Giroldo, o quadro de Sani "está com a minha mãe, Marilena Gardano, neta de Francesco Gardano que, ao lado de Mário Gardano, foram os fundadores da fábrica de chocolates Gardano." Surpreendetemente, na Internet podemos encontrar o mesmo quadro à venda num leilão internacional. A mãe também se manifestou no mesmo site: "Realmente o quadro dos frades encontra-se comigo e nele lê-se bem a marca Gardano. Por 5 ou 10 anos essa embalagem com a imagem dos frades não pode ser usada pela Nestlé. Acredito que nunca devia ter sido dada essa permissão já que mais tarde construíram a Fabrica Dulcora também de chocolates e a imagem que era originalmente deles não pode ser usada."

O quadro em poder da família Gardano. * Notem a diferença de moldura do anterior.

No meu entender - se a Enciclopédia Itaú Cultural não cometeu um grande equívoco atribuindo a pintura de Sani ao Dutra -, penso que este recriou a pintura de Sani, que era famoso por pintar diversos quadros do gênero ironizando religiosos animados e glutões, e no lugar de frango com batatas, colocou algo mais italiano, a macarronada. Depois veio a Gardano e abrasileirou a desgustação com uma boa panelada do nosso famoso produto de renome mundial originário da bacia hidrográfica do rio Amazonas, o cacau... De todo modo, Sani é reconhecido por seus quadros que são verdadeiras sátiras à vida doméstica e o dia a dia dos frades, temática que geralmente foge dos quadros normalmente pintados por Dutra, um exímio paisagista, muito embora Dutra pintasse temas religiosos em igrejas, como é o caso em questão da Basílica de Araras.

Para incrementar mais ainda o debate, encontrei no site "Belgin Club" uma outra variante destes quadros do Sani, denominada "Dois monges bebendo", creditada segundo o dono deste blog ao pintor belga Adrien Henri Vital van Emelen, cujo motivo de degustação é uma garrafa de vinho. Para variar, o blogueiro pergunta se não foi esta pintura que inspirou a dos frades do chocolate da Nestlé... Adrien Henri Vital van Emelen (1868-1943) foi um escultor, pintor e professor belga que se radicou no Brasil em 1920. Ele viveu em São Paulo, e realizou diversas obras encontradas ainda hoje no Mosteiro São Bento, e, portanto,  diríamos que a temática "fradiana" era "familiar" ao Emelen...

 
Notem, então, que há vários mistérios: duas pinturas iguais de Sani (a do frango com babata), uma com a família Gardano e outra leiloada em sites internacionais, além de outra variante dele também, a "Testing" (que a Itaú diz ser do Dutra). A pergunta que fica: das duas primeiras, uma delas é reprodução ou Sani pintou dois quadros semelhantes? O outro mistério diz respeito às datas da pintura do Sani e da do Dutra: como vimos, a do primeiro pode ser de 1913 ou 1931, e a de Dutra de 1911, por sinal, época que ele esteve em Araras pintando os quadros da Matriz, lembrando que, diga-se de passagem, a empresa Nestlé já existia quando Dutra esteve na cidade. Esta suposta pintura de 1911 do Dutra, o site E-Bay dá-lhe a data de 1893, mas traz Sani como autor.

Como se vê, e como afirmei, só mesmo profundas pesquisas irão sanar esta dúvida, mas ainda creio que o erro mais grave se deve à Enciclopédia Itaú Cultural - em suma, o quadro seria do Sani e não do Dutra. Um solução para isto é contatar o fotógrafo (austríaco?) citado neste site, o Horst Merkel, que fez a reprodução fotográfica do quadro, perguntando-lhe sobre qual material fez a foto: um quadro ou uma gravura, e quem está em poder desta obra. Geralmente, as fotos dele são feitas a partir de quadros expostos em museus.

Aqui, algumas da pinturas internas da igreja Matriz "Nossa Senhora do Patrocínio", hoje Basílica, feitas por  Dutra nas paredes e no teto, obras devidas, segundo ele, à seus "fracos préstimos"...



 

 


 

À esta altura, amigos, embora ambos trabalhem com motivos religiosos, reparem que o estilo de fisionomia humana do Dutra difere sensivelmente do de Sani.

Enfim, amigos, ao contrário de todas as pessoas atentas a estes pormenores, como, modéstia à parte, eu e os citados acima, poucos sabem que quem compra um quadro de um artista, não obtém o direito de comercializar a imagem sem a permissão legal do autor ou da família do finado autor, e, pelo jeito, nem mesmo os Gardano e a própria Nestlé sabem disto..., mas, fica outro mistério: se o Sani e o Dutra (e o Emelen?...) estão indignados rolando em seus túmulos, é coisa que sabemos menos ainda!...


FONTES: 

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra66346/frades-com-macarronada
https://www.ifd.com.br/publicidade-e-propaganda/a-verdadeira-historia-dos-dois-frades-da-nestle/
https://vejasp.abril.com.br/comida-bebida/chocolate-nestle-padres-pintura/
http://paiobirolini.blogspot.com/2009/05/27-os-padres-da-nestle.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Adrien_Henri_Vital_van_Emelen
http://segredosdecozinha.blogspot.com/2007/02/chocolate-dos-padres.html
http://www.karlacunha.com.br/chocolate-com-arte/
https://www.panelinha.com.br/blog/ritalobo/Chocolate-dos-padres
https://www.amazon.com/Art-Being-Good-Friend-1999-08-01/dp/B01N8UABNN
https://www.nestle.com.br/marcas/dois-frades/chocolate-em-po-dois-frades
https://picclick.co.uk/1893-PEARS-PRINT-CHRISTMAS-ANNUAL-POSTER-391768790938.html
https://en.wikipedia.org/wiki/Alessandro_Sani
http://www.belgianclub.com.br/pt-br/pintura/dois-monges-bebendo
http://blogdoprofflavio.blogspot.com/2011/03/trilogia-das-caixas-o-chocolate-dos.html
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quarta-feira, 1 de julho de 2020

AS ILHAS FLUTUANTES DE VEGETAÇÃO E SEUS NOMES REGIONAIS

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Em minha leituras de livros de sertanistas, exploradores, viajantes, desbravadores, expedicionários, cientistas e afins, coletei algumas curiosas expressões usadas para indicar as touceiras ou pequenas ilhas cheias de vegetação (sim, elas tem nome!) que às vezes vemos flutuando em lagoas ou descendo rios, geralmente desgarradas de moitas de terra com plantas aquáticas. Embora a maioria das expressões designe uma planta específica, elas também são usadas para indicar um bloco desgarrado delas. Aqui, os nomes coletados:

- Canarana (Estado de São Paulo)
- Capituva (Estado de São paulo)
- Saran (Pantanal)
- Matupá (Amazônia)
- Periantã (Amazônia)
- Baronesa-do-rio (Nordeste)
- Camalote (Araguaia)

Às vezes, curiosamente, elas vem com galhos incrustados onde se pode ver aves pegando carona nelas, assim como há nadadores que brincam nas mesmas quando elas surgem nos rios!... 



* Em Araras-SP, na represa "Zézito Lemos", já vi este fenômeno algumas vezes.
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segunda-feira, 8 de junho de 2020

A DITADURA NA ARARAS SETENTA-OITENTISTA E SUAS CONSEQUÊNCIAS (história que vale para muitas cidades do interior do Brasil)

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Eu me lembro de Araras, naquela época da ditadura, de certas pessoas que conhecíamos de vista, ou que eram famosas na cidade, gente que sofria deveras com a repressão e a violência perpetrada pelo governo militar. Víamos essas pessoas pelas ruas, becos e vielas e praças, sempre andando furtivamente, com os olhos esbugalhados, enclavinhados ─ paranóicos até ─, tremendo de medo cada vez que mal viam a polícia ou militares. Geralmente, eram professores, escritores e artistas da vida, bancários, contraventores, amantes de ideologias exóticas etc., gente que, depois, foram presas e torturadas; e, até mesmo, muitos deles nunca mais vimos! Disseram que “os homens deram sumiço neles”. Era gente que não se misturava, de vida secreta e sinistra, que sempre evitava sair de casa, e se saía, lá vinha a tal de paranoia...

Também se incluía neste caldeirão oposicionista os poetas marginais, os compositores de MPB subversiva (sim, eles existiam em Araras!) e músicos de rock. Todos estes, eram gente que tiveram suas criações censuradas e suas modas reprimidas e condenadas. Pobres rockeiros, que também tiveram seus cabelões (“cheios de piolhos”) cortados e os discos proibidos, que não conseguiam tocar com suas bandas, pois a polícia vinha e arrebentava a galera, acabava com o show e prendia meio mundo. Do mesmo modo, não podiam ir aos bares da moda, em shows em outras cidades onde havia circuitos de bandas de rock, em festivais de música, em peças de teatro etc. 

Já eu e minha turma, e outras turmas, amigos da escola, conhecidos das lanchonetes, das sessões de cinema e footings na praça, também meus familiares ─ na verdade, muitas pessoas da cidade ─, ficávamos só vendo, à distância, ou sabendo destas coisas ruins acontecendo com aquela gente lá do outro lado... Nós, na verdade, éramos todos uns caretões, gente certinha demais que só bebia Coca Cola e que ia dormir às 10 da noite, de modo que nada sofremos dessas coisas terríveis infringidas pela ditadura àquela gente inocente que sofria injustamente nas mãos dos brutamontes dos meganhas.

Meu Deus, como essa pobre gente sofreu na Araras daqueles tempos! E, quanto a mim, nunca mais quero reviver aquilo, e quero mesmo é esquecer tudo o que aconteceu! Isto é página virada na história de Araras!

Uma pausa aqui. 

Estão estranhando algo neste texto, amigos? Se sim, saiba que vocês estão certos! Como podem ver, esta história acima é mentirosa, é ficção, é utopia, que isso nunca existiu na cidade. E o que existiu não passou de um certo medo dos atiradores do Tiro de Guerra local de que o Lamarca ou o Marighella viessem, na calada da noite, assaltar a corporação e roubar os armamentos. 

Mas, amigos, querem saber mesmo quem são essas pessoas que sobreviveram à toda aquela monstruosidade e carnificina militarista? Essas pessoas, caros ararenses, são esses “artistas” que ficam aí nas redes sociais contando mentiras sobre coisas que jamais viveram ou sofreram naqueles tempos bonançosos de “Cidade das Árvores”... Não passam de saudosistas às avessas que ficam rememorando fatos ditatoriais que nunca ocorreram em nossa terra, e até acreditam que os estão revivendo na “Era Bolsonaro”!... 

Vale lembrar que eu nunca vi ou soube, em Araras, de uma pessoa que fosse guerrilheiro, assaltante de banco, sequestrador, comunista, ou mesmo marxista, socialista ou leninista. Na verdade, o que eles iriam fazer naquela cidadela setenta-oitentista que era Araras com todo esse “cabedal”? Se existiu algum, então ele se debandou para os grandes centros, onde realmente deve ter tido serventia, bem como sofrido as consequências por seu ato... Sei de um caso em Araras, e talvez seja o único, no que ele representa 0,01% de sua população, de modo que 99,% da cidade viveu sem tais problemas.

Portanto amigos, não se fiem nas palavras e depoimentos dessas pessoas traumatizadas pelas torturas que só podem ter sofrido em estado onírico... Um dia eles irão acordar e se dar conta de que o que falam não passa de mero lero-lero de periquitos de realejo...

Para finalizar, gostaria de lembrar que, eu mesmo, que era cabeludo e tocava numa banda de rock, nunca sofri com minha banda repressão alguma ou mesmo uma mera intimidação da polícia. Frequentávamos shows de rock e bares da moda onde se reunia toda a rapeize, tomávamos todas, voltávamos para casa naquelas madrugadas de ruas vazias de carros e de gente, e mais, não existiam ladrões como hoje. Todos nós, adultos e jovens daquela época, curtimos tudo o que tivemos direito em qualquer hora do dia e da noite, e a polícia ou militar algum jamais colocou um dedo em nossos cabelos... Havia a chamada “geral”, uma vistoria da polícia em pessoas suspeitas, mas, geralmente, a coisa não passava disso.

Mas, e aqueles nossos conterrâneos, os mesmos que, num saudosismo às avessas, falam no Facebook sobre a ditadura? Saibam, amigos, que eles também desfrutaram de todas aquelas coisas boas, dos benesses da Contracultura, do Paz & Amor, do Flower Power e do Milagre Econômico, tudo no mesmo nível e intensidade de todos os ararenses e e sem problema algum, sem o fantasma dos militares no seu encalço… Tenho dito!
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domingo, 31 de maio de 2020

EXPRESSÕES POETICAMENTE VIOLENTAS...

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Li, anos atrás, esta incrível expressão de autoria do irmão do ex-Presidente Figueiredo, o genial dramaturgo Guilherme Figueiredo (1915-1997), extraída do livro "Despropósitos (1983), mas, antes que os leitores  interpretem mal, ele não se referia ao irmão (como pode parecer), embora se tratasse de um político... 

"Quando falava, parecia destruir um roseiral a chicotadas".

Mas lendo o Monteiro Lobato (1882-1948) recentemente, cheguei à conclusão que ele foi mais longe - olha esta pérola dele, do livro "Na Antevéspera (1933), na qual ele se referia a uma nova poeta estreante: 

"Gilka Machado dá a sensação nobre de criatura afeita a partir cristais com martelo de ouro ."


* Notem que, porém, o Machado escreveu sua frase 50 anos antes do Figueiredo.


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