quarta-feira, 23 de junho de 2021

JOÃO DO RIO, O "REPÓRTER MALDITO DA NOITE CARIOCA", QUE ESTEVE EM FAMOSO EVENTO NA CIDADE DE ARARAS EM 1902

Há exatos 100 anos atrás, falecia o famoso jornalista carioca João do Rio (1881-1920), aquele que foi considerado o maior cronista da então Capital Federal, ou seja, o Rio de Janeiro. Também era romancista, contista e teatrólogo. 

No que tange à ligação de João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, seu verdadeiro nome,  com a história antiga de Araras, há apenas um fato, o de sua participação na Primeira Festa das Árvores ocorrida em 7 de junho de 1902, mas, apesar de ele ser colunista de um jornal carioca, o Gazeta de Notícias, não se obteve informações de que ele tenha coberto a festa a serviço deste jornal. Nele,  passou a trabalhar a partir de 1900, época em que publicou as grandes reportagens que o consagraram como um dos maiores jornalistas do País, como "As religiões do Rio", série que fez dobrar as tiragens do jornal. Assim, se notabilizou como o primeiro profissional da imprensa brasileira a ter o senso da reportagem moderna; além disso, também foi o criador da crônica social moderna. E mais, cita-se que ele “popularizou entre nós as então novidades da entrevista e da reportagem in loco, possibilitando que os jornalistas saíssem das redações e fossem para a rua." 


Copacabana na década de 1920

Sua obra mais famosa, que lhe garantiu a imortalidade, foi "A Alma Encantadora das Ruas", um livro de crônicas lançado em 1908. Neste livro, o homem que desvendou a alma das ruas cariocas, escreveu: "A rua é um fator da vida das cidades, a rua tem alma! A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo. Há suor humano na argamassa do seu calçamento. A rua sente nos nervos essa miséria da criação, e por isso é a mais igualitária, a mais niveladora das obras humanas".

A avenida Rio Branco na década de 1920

Se alguém tivesse dito há um século atrás algo como: "Se daqui a 100 anos adiante alguém pretender entender como era o Rio de Janeiro de hoje, essa pessoa vai ter que recorrer ao João do Rio". Assim amigos, recomendo sua obra, pois ela é muito rica e "trata da vida e da linguagem de diferentes grupos sociais do Rio de Janeiro do começo do século 20. Seu olhar atento fez de presidiários, trabalhadores braçais, prostitutas, barões, dândis, cocotes e outros seres urbanos tema de investigação. Os espaços sociais - terreiros de umbanda e candomblé, igrejas, cabarés, cortiços, favelas, minas, palácios, presídios - em que se movimentam essas criaturas são expostos com realismo e sensibilidade" 

Praia do Flamengo a noite e ainda sem o aterro em 1930

Enfim, amigos, a pergunta que fica é: teria João do Rio escrito alguma crônica sobre a nossa Primeira Festa das Árvores? Eu imagino que sim, e se ela existe, teremos que fazer buscas nas edições digitalizadas do citado jornal Gazeta de Notícias, que pode ser encontrado no acervo eletrônico da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Alguém se habilita? 

Praia de Copacabana à noite, década de 1920

Foi prosaica a causa mortis daquele que, adotando no sobrenome o nome sua querida cidade, também foi considerado "o repórter maldito da noite carioca”: um derrame cerebral, aos 39 anos, no auge da carreira, enquanto, ironia do destino, cruzava a cidade num táxi… Famoso que se tornara, cita-se que 100 mil pessoas participaram de seu enterro no cemitério São João Batista.

 Evoé, João do Rio, um século vos contempla!

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