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- Grão de milho: a arte de escapar à cozimentos, à dentadas, a ácidos estomacais e, ainda assim, sair intacto do outro lado.
- Trigo integral: algo que, para o brasileiro, é tão difícil de falar como expressão, quanto ingerir como alimento.
- Páscoa: quando crianças, a gente começa por comer chocolate em demasia; quando velhos, terminamos comendo bacalhau a dizer chega.
- Relatividade I: nunca gostei de comer pipoca em cinema quando criança, assim como hoje, adulto, não gosto de telões em festa junina.
- Banzo: com comichão de comer terra, comi terra do chão.
- Sutis diferenças I: rico toma um trago de vinho para abrir o apetite; o pobre toma um trago de pinga para enganar a fome.
- Ituana: de passagem por Itu, aproveitei para comer um espetinho de coração (de boi).
- Relatividade II: nunca comi comida de bordo, mesmo porque nunca voei num jato, mas, amigo, o que eu já me alimentei com minha mãe fazendo aviãozinho numa colher é brincadeira!
- Atinações I: adolescente é o tipo de pessoa que passa a juventude comendo porcarias, e quando fica velho, com a saúde estragada, só fica lembrando da "comida da mamãe".
- Relatividade III: não é que eu não goste de gatos, mas gosto demais de tamborins; não é que eu não goste de cachorros, mas eu sou louco por comida chinesa.
- Atinações II: com frequência, a comida mais cheirosa e deliciosa, na hora da evacuação é a que dá uma catinga dos diabos.
- Sutis diferenças II: rico com fome vê comida e fica com água na boca; já o pobre baba.
- Batismos: nome para uma competição regada à maconha: "Gincanabis"; para outra regada à bebidas: "Torneio Ébrio da Bebida".
- Sutis diferenças III: antigamente, era o clichê do cão São Bernardo com o barrilzinho de bebida atado ao pescoço; depois veio o Vinícius de Moraes com o tal do cachorro engarrafado.
- Ano Novo, Vida Nova: sim, sim, amigo, eu disse que ia parar de beber de uma vez, pois ultimamente andava vendo leões toda vez que enchia a cara, mas acontece que agora eu ando armado...
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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018
quinta-feira, 4 de janeiro de 2018
"O PALHAÇO RI NO PALCO, E DEPOIS CHORA NO CAMARIM"...
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Tem gente que não acredita que pessoas engraçadas, brincalhonas e bem humoradas possam, no fundo, ser pessoas deveras tristes e melancólicas. Compreensível este conceito, uma vez que são situações opostas, antagônicas.
Li, décadas atrás, esta quadrinha de um trovador nordestino: "O palhaço ri no palco, e depois chora no camarim". Algo que é pura verdade em muitos casos. E não está cheio de artistas que detonam no palco, e na vida particular são recatados, quietos, pouco falantes e ridentes?
Mas, convenhamos, se uma pessoa tem o dom de ser humorada, porque ela iria cometer a insensatez de andar cabisbaixa pelaí, se arrastando com cara de tristonha e acabada como que a cobrar comiseração e compaixão das pessoas? Aliás, quem sabe se esse uso do humor não seja uma forma discreta de camuflar a tristeza, de não deixar que as pessoas perceberem a sua mágoa particular.
É sempre assim: em casa depois, quando as luzes da ribalta do dia-a-dia se apagam, a pessoa deixa o artista para trás e volta a ser quem realmente ela é: o cidadão comum com todo o seu verdadeiro drama: o arsenal de dores, doenças, seus problemas enfim - é, quando surge a triste realidade, a hora de se desfazer das fantasias e lavar a pintura psicodélica da face com as próprias lágrimas incolores!
Um grande palhaço do meu tempo, o Arrelia, mesmo com suas tristezas na vida particular, costumava dizer algo como: o palhaço não chora, mas ele ampara os que choram (e isso era coisa de palco), e lembremos que os Doutores da Alegria são a mais fiel tradução desse conceito.
A vida é assim, aliás, as pessoas insensatas e sem empatia são sempre assim: acreditam piamente numa eterna alegria do palhaço, mas ninguém crê em suas secretas lágrimas, no seu verdadeiro drama pessoal! E, pior, se estes flagrassem o palhaço chorando, o tratariam como certos adultos tratam uma criança e diriam: "Oras, oras, deixa disso! Homem que é homem não chora!"...
Mas acontece que o palhaço também é uma criança! E uma criança que chora tanto quanto! Mas, uma coisa, amigos: há Doutores da Alegria para amparar nossos queridos palhaços?...
Li, décadas atrás, esta quadrinha de um trovador nordestino: "O palhaço ri no palco, e depois chora no camarim". Algo que é pura verdade em muitos casos. E não está cheio de artistas que detonam no palco, e na vida particular são recatados, quietos, pouco falantes e ridentes?
Mas, convenhamos, se uma pessoa tem o dom de ser humorada, porque ela iria cometer a insensatez de andar cabisbaixa pelaí, se arrastando com cara de tristonha e acabada como que a cobrar comiseração e compaixão das pessoas? Aliás, quem sabe se esse uso do humor não seja uma forma discreta de camuflar a tristeza, de não deixar que as pessoas perceberem a sua mágoa particular.
É sempre assim: em casa depois, quando as luzes da ribalta do dia-a-dia se apagam, a pessoa deixa o artista para trás e volta a ser quem realmente ela é: o cidadão comum com todo o seu verdadeiro drama: o arsenal de dores, doenças, seus problemas enfim - é, quando surge a triste realidade, a hora de se desfazer das fantasias e lavar a pintura psicodélica da face com as próprias lágrimas incolores!
Um grande palhaço do meu tempo, o Arrelia, mesmo com suas tristezas na vida particular, costumava dizer algo como: o palhaço não chora, mas ele ampara os que choram (e isso era coisa de palco), e lembremos que os Doutores da Alegria são a mais fiel tradução desse conceito.
A vida é assim, aliás, as pessoas insensatas e sem empatia são sempre assim: acreditam piamente numa eterna alegria do palhaço, mas ninguém crê em suas secretas lágrimas, no seu verdadeiro drama pessoal! E, pior, se estes flagrassem o palhaço chorando, o tratariam como certos adultos tratam uma criança e diriam: "Oras, oras, deixa disso! Homem que é homem não chora!"...
Mas acontece que o palhaço também é uma criança! E uma criança que chora tanto quanto! Mas, uma coisa, amigos: há Doutores da Alegria para amparar nossos queridos palhaços?...
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