quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

"O PALHAÇO RI NO PALCO, E DEPOIS CHORA NO CAMARIM"...

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Tem gente que não acredita que pessoas engraçadas, brincalhonas e bem humoradas possam, no fundo, ser pessoas deveras tristes e melancólicas. Compreensível este conceito, uma vez que são situações opostas, antagônicas.

Li, décadas atrás, esta quadrinha de um trovador nordestino:  "O palhaço ri no palco, e depois chora no camarim". Algo que é pura verdade em muitos casos. E não está cheio de artistas que detonam no palco, e na vida particular são recatados, quietos, pouco falantes e ridentes?

Mas, convenhamos, se uma pessoa tem o dom de ser humorada, porque ela iria cometer a insensatez de andar cabisbaixa pelaí, se arrastando com cara de tristonha e acabada como que a cobrar comiseração e compaixão das pessoas? Aliás, quem sabe se esse uso do humor não seja uma forma discreta de camuflar a tristeza, de não deixar que as pessoas perceberem a sua mágoa particular.

É sempre assim: em casa depois, quando as luzes da ribalta do dia-a-dia se apagam, a pessoa deixa o artista para trás e volta a ser quem realmente ela é: o cidadão comum com todo o seu verdadeiro drama: o arsenal de dores, doenças, seus problemas enfim - é, quando surge a triste realidade, a hora de se desfazer das fantasias e lavar a pintura psicodélica da face com as próprias lágrimas incolores!

Um grande palhaço do meu tempo, o Arrelia, mesmo com suas tristezas na vida particular, costumava dizer algo como: o palhaço não chora, mas ele ampara os que choram (e isso era coisa de palco), e lembremos que os Doutores da Alegria são a mais fiel tradução desse conceito.

A vida é assim, aliás, as pessoas insensatas e sem empatia são sempre assim: acreditam piamente numa eterna alegria do palhaço, mas ninguém crê em suas secretas lágrimas, no seu verdadeiro drama pessoal! E, pior, se estes flagrassem o palhaço chorando, o tratariam  como certos adultos tratam uma criança e diriam: "Oras, oras, deixa disso! Homem que é homem não chora!"...

Mas acontece que o palhaço também é uma criança! E uma criança que chora tanto quanto! Mas, uma coisa, amigos: há Doutores da Alegria para amparar nossos queridos palhaços?...
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domingo, 19 de novembro de 2017

VELHO ESCRAVO DA FAZENDA SANTO ANTONIO (Araras-SP) INSPIRA FAMOSO QUADRO DO PINTOR MODERNISTA LASAR SEGALL!

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Lasar Segall
A famoso quadro "Bananal", do pintor Laser Segall (1891-1957), teve por base um estudo detalhado, a lápis-carvão, que ele fez de um senhor negro e idoso, chamado Olegário, que fora escravo dessa que é uma das mais antigas de Araras, surgida no distante 1831.
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Segundo LuDiasBH:
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"Segall mais uma vez, como fez em Menino com Lagartixas, destina a parte inferior da tela, reduzida aqui à metade, para colocar o único personagem da composição, preenchendo todo o resto com as folhas verdes das bananeiras.
Como o título induz-nos a pensar, o negro Olegário é apenas parte da densa vegetação, pois, como na vida, nunca fora visto como pessoa, mas como parte disso ou daquilo, subordinado ao trabalho, mandado por seus donos.
A figura de Olegário, vista a partir do longo pescoço para cima, traz profundos sulcos na testa, que denotam não apenas preocupação, mas também marcas do tempo e do trabalho servil. Seus olhos são pequenos e verdes como o verde das folhas do bananeiral. O nariz anguloso e achatado mostra enormes narinas abertas. A boca grande e grossa, mesmo fechada, expõe os lábios carnudos. Dois profundos sulcos cercam-na, partindo das narinas, e indo até os cantos esquerdo e direito.
O cabelo curto e emaranhado da cabeça de Olegário encontra-se com a barba crespa, como se fizessem uma moldura em torno do rosto do ex-escravo. Seu olhar é ao mesmo tempo duro, desesperançado e sofrido."
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GoffredoTelles Junior.
Quem se recorda dele servindo de modelo para o futuro quadro, era aquele que no futuro viria a se tornar um dos maiores juristas do país, o então menino Goffredo Telles Júnior (1915-2009), que passava os dias nesta fazenda de seus avós junto com o grupo de modernistas da Semana de 22 que aí frequentou durante a década de 1920:

"Lasar Segall, por exemplo, me fascinava. (...) Ele tinha um modo de olhar para as coisas do mundo como não vi em mais ninguém. Olhos muito abertos, infinitamente curiosos, numa fisionomia de extrema doçura... Extasiei-me ao vê-lo em plena criação, no terraço da fazenda, retratando, a carvão, na tela do seu cavalete, a cabeça do velho Olegário, antigo escravo de meus bisavós. Nenhum de nós podia imaginar que ali se estava produzindo o primeiro esboço do famoso quadro Bananal."
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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

PHILL COLLINS E OS CONCERT TOMS - SUA MARCA REGISTRADA

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Mais precisa-mente a partir do disco "Wind & Wuthering" (1976), o Phill Collins assumiu de vez o uso dos chamados "Concert toms", ou seja, dos tambores tom-tons sem a pele de resposta ou pele de baixo (tons bimembranofones). A canção mais famosa do Genesis em que Phill usa esses tom-tons é a estranha "Mama", sucesso em 1983. A propósito, não sei até hoje como uma música sombria como essa fez sucesso comercial - coisas do gênio que é o Phill, ao que parece, caso único em se tratando de bateristas que se tornaram vocalistas e fizeram sucesso à nivel mundial não só como músico de rock progressivo (Genesis) e jazz rock (Brand X), como também como cantor pop de primeiro escalão!

A principal característica deste tipo de tambor é o som mais encorpado, ressonante e mais solto em relação aos tons com pele de resposta. O timbre obtido com esse tom é bem caracterítisco e inconfundível. Como ex-baterista, não concordo em seu uso como um fim, mas sim como um meio, como mais uma peça da bateria usada para criar determinados efeitos em arranjos que pedem grandiosidade ou agressividade. Assim, pessoalmente, não gosto muito de seu timbre ao ser usado normalmente como os tons com pele de resposta, mas funcionam otimamente bem quando usados como determinados efeitos especiais. 

Popularizado no final da década de 1960 pelo baterista Hal Blaine, se difundiram entre as bandas de rock setentistas e oitentistas, naquele fase tão marcante do rock em que se via acima dos bumbos-de-pé uma fileira enorme deles, como podemos checar na famosa "I love it loud" do Kiss, música em que mal se ouve o ritmo da bateria e imediatamente se sabe de que canção se trata. 

Hoje, sabe que o grande Phill Collins, o "baterista dos bateristas", faz uso exclusivo deles.

Outros rocks e canções pop famosos onde os concert toms se destacam:

- Rick Wakeman - "Myths and Legends of King Arthur and Knights of The RounD Table" (1975), na música "Arthur";

- Triunvirat - "Spartacus" (1975), nas músicas "The Capital of Power" e "The Burning Sord of Capua";

- Elton John - na canção "Goodbye Yellow Brick Road" (1973);

- Secos & Molhados - na canção "Flores Astrais" (1974);

- Guilherme Arantes - na canção "14 anos" (1978)

- James Taylor - "Fire and Rain" (1970).
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PRAGAS DE INÍCIO DE SÉCULO Nº 3 - AS CIGANAS PEDINTES


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Hoje, amigos, na última postagem da trilogia "PRAGAS DO INÍCIO DO SÉCULO", vamos entrar no território do Sidney Magal! Sim, vou falar de ciganas, mas sinto lhes dizer que não falarei da tal "Cigana Sandra Rosa Madalena"... Até gostaria, mas ela não se encaixa nesta crítica, mas até que a outra famosa cigana da canção, a tal de "Zíngara" ― romântica ledora de mãos e adivinhadora do futuro ―, cairia bem aqui, mas,  também não é o caso... Falemos, portanto das ciganas que não inspiraram músicas e estão aí pela cidade desinspirando (e pirando) muita gente...
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Pois bem. Me refiro às ciganas pedintes que, nos últimos tempos,  são encontradas diariamente por todos os lados do comércio central da cidade no nobre exercício de arrecadar dinheiro sem trabalhar. Embora, à primeira vista ― e com todo o respeito ―, possam ser confundidas com as chamadas "crentes", com aqueles seus cabelões e vestidões longos, as ciganas nada tem a ver, e diria que são até meio hippies, psicodélicas, ultra-coloridas. E vocês devem estar se perguntando aí: "Elas quase sempre estão carregando filhos, mas cadê os maridos que nunca são vistos" Realmente, um mistério tão intrigante quanto saber onde elas moram e de onde elas vem!... 
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Não implicaria com elas se não fosse o fato de que não é uma ou outra cigana que é pedinte ― praticamente todas são pedintes. Está certo, umas vivem da chamada Quiromancia, ou seja, ler as mãos, e não sou contra isto pois, de uma maneira ou de outra, estão prestando serviço e trabalhando, portanto, merecendo o dinheiro que cobram. O que não mais vi foi elas vendendo ouro pela cidade, mas deve ser a crise, e quiçá seja esse o fato de elas apelarem para a mendicância, afinal à esta altura, quem vai comprar ouro de ciganas?... Mas, convenhamos: ficarem sentadas num lugar qualquer pedindo dinheiro como se fossem inválidas ou doentes, aí não dá mesmo. 
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Porém, um rápido olhar revela que a maioria delas são invejavelmente magras e saudáveis, e muitas muito bonitas e atraentes, e já vi algumas que mexeram comigo e me remeteram aquela velha canção do Carlos Alexandre, aquele cantor brega setentista, que cantava na música "A Ciganinha": 
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"Você é a ciganinha
Dona do meu coração
Não tenho sangue cigano
Mas vou pedir a sua mão".... 
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E a gente vê essas danadas e se pergunta: "Pô, com uma beleza dessas essa moça podia ser uma modelo, e, no mínimo, uma secretária executiva!" Mas quem disse que elas querem trabalhar, ter um emprego fixo?...
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Sim, admiro os ciganos e sua música, o romantismo da raça, e me surpreende o fato de eles serem um povo ágrafo, isto é, sem o registro de sua próprio história e sua existência, mistério que se perde nos tempos, mas isto que as ciganas pedintes fazem, esse meio de vida deprimente, depõe contra seu próprio povo ― é humilhante, e, certamente, elas não precisam disso. Penso até que elas estão tão empenhadas em levar esse meio de vida adiante, que cigano já está se tornando sinônimo de pedintaria, de mendicância mesmo! Isso precisa acabar!
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Se eu permitisse que uma cigana lesse minha mão, a primeira coisa que lhe perguntaria seria: "Quando as ciganas ― uma raça tão linda, romântica e antiga ― vão aprender a se valorizar deixando de se humilhar com o exercício da mendicância?"...
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Para fechar este texto, gostaria de relembrar um fato curioso: há cerca de meio século atrás, os ciganos foram atração em Araras. Sim, isto mesmo! Pelo ibope que deu, acredito que foi a primeira vez que um grupo deles foi visto por aqui. Mas, porque escrevi "atração"? É que quando eles se instalaram num terreno baldio lá nos altos do Parque Industrial, os ararenses fizeram romaria para ir vê-los lá, eles, com suas tendas, suas crianças, sua música, seus violinos, as fogueiras e seus varais cheios de roupas coloridas. Dentre estas famílias curiosas que andaram bisbilhotando por ali, estava a nossa!... E lá fomos nós ― os caipiras da Usina Palmeiras! ― com nossa DVW ver aquela raça colorida e seu meio de vida nômade, num tempo em que suas mulheres ainda não se humilhavam como pedintes pelas ruas da cidade...
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PRAGAS DE INÍCIO DE SÉCULO Nº 2 - OS FLANELINHAS

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Olha lá: mal você estaciona seu carro, lá vem ele - o tal do flanelinha! -; e vem, vem todo pimpão, esperançoso e... sedento de verba... Com sua indefectível fardinha laranja, fardinha esta que, na verdade, não lhe confere autoridade alguma, lá vem ele: sim, o tal do flanelinha!...
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E eu pergunto: que autoridade, ou melhor, que formação, que preparo ou capacidade é esta que ele tem para oferecer segurança absoluta sobre uma grande quantidade de veículos espalhados as vezes por várias ruas e quarteirões? Será que o sujeito é onipresente e tem super-poderes? Aliás, ele tem documentos que lhe auferem legalidade e competência para autuar um possível ladrão? Ele tem armas (e porte de armas) para interceptar esse bandido se necessário? Resumindo, ele não vai poder fazer nada, que talvez nem celular o pretensioso tenha!... E supondo que um ladrão roube nosso carro que está sob sua vigilância, ele será responsável pelo sinistro e nos indenizará pelo roubo? Desnecessário dizer, amigos, mas se neste país nem o estacionamento de um shopping garante isso, quanto mais um pobre flanelinha!...

Na verdade, se notarmos, a única preocupação dele é ter sob sua guarda a maior quantidade de carros possíveis, independentemente de que ele vai conseguir cuidar de todos ou não, se é que cuida, o que eu duvido... Na verdade, assim como os políticos corruptos desse País, o que o espertão quer mesmo é verba - o cidadão e seu carro ficam para depois, se sobrar tempo, e interesse...
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Um amigo me contou aqui, que foi num show e viu um bando de flanelinhas isolando um terreno com aquela faixa plástica zebrada de amarelo e preto. Daí que ele entrou ali e já teve que pagar adiantado!... Quando acabou o show, e ele voltou lá, cadê os flanelinhas?!... Ainda bem que não foram embora com o carro... E, percebem, amigos, que eles usam essa faixa como se fossem posseiros, demarcando uma terra que nem é sua?!
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Um amigo meu aqui do Face e da vida real, ex-militar da Força Aérea, me deu este depoimento: "Flanelinhas em muitos casos, já chegam a ser até um problema de segurança pública, com reportagens nos melhores programas policiais da televisão... chantagem, coação, danos ao patrimônio, furtos.... ...não tenho carro, graças a Deus e não sei se isso acontece mesmo... ...Em todo caso, é bom vigiar!"
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Na verdade, eu não preciso do serviço deles e os dispenso sem cerimônia, pois meu carro tem alarme e trava de segurança, mas eu já percebi insinuação de alguns deles de que se eu não aceitasse seus cuidados e não o pagassem, eles poderiam danificar o meu carro. Quer dizer: ou você aceita ou a coisa pode complicar!... Num lance desse, a gente chega a desconfiar que o problema não são bem os ladrões, mas os próprios flanelinhas!...
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Isso já basta, mas para finalizar, vou passar aqui aos amigos, uma tática que criei para desmascarar flanelinhas espertos e mal-intencionados. É o seguinte: quando você estacionar seu carro e ele se aproximar oferecendo seu nobre e impecável "serviço", concorde. Quando voltar, não vá para seu carro, mas um outro qualquer e finja que vai abri-lo; quando o flanelinha se aproximar cobrando sua taxa, pergunte-lhe se o carro que você vai abrir é seu mesmo. Ele vai ficar meio constrangido, mas vai dizer sim. Em seguida, vá para seu carro e abra-o. É aí que você vai pegar ele no pulo e provar para o espertão que ele não estava cuidando de seu carro porra nenhuma! Finalmente, diga-lhe: "Amigo, como você quer cuidar de meu carro se você nem me conhece, guardou minha fisionomia e nem sabe que carro eu tenho? E se eu fosse um ladrão de verdade e estivesse roubando aquele outro carro? Como você iria saber, e impedir o furto? Amigo, me desculpa, mas você não merece dinheiro algum, pois não trabalha honestamente e, acima de tudo, não está gabaritado e autorizado para trabalhar com isso!"
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segunda-feira, 30 de outubro de 2017

PRAGA DE INÍCIO DE SÉCULO - Nº 1 - OS MALABARES


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Dentre as três duas pragas deste início de século neste País que mais me irritam são os tais de malabares. Fico uma vara quando mal o sinal fecha e surge um deles saído não sei de onde, acho que de um boeiro qualquer, feito um rato!...

E daí que você está ali, com pressa, irritado com o maldito sinal vermelho, e o "palhaço" vem com suas bugigangas ensebadas para fazer aquele teatrinho ridículo e insosso!

Será que eles acham mesmo que o que estão fazendo é algo digno de algum trocado?

Pô, se eu não pago para ir em circo ver autênticos e geniais malabaristas, não é em frente um semáforo que eu vou me dispor à isso!

Pelo andar da carruagem, em breve vamos ver não só malabares nos sinais, mas também equilibristas nos fios elétricos e trapezistas balançando no cano do semáforo!.... Mas uma coisa, não se pode negar: que os caras são mágicos, ah, isso eles são, pois aqueles trocados que reservamos religiosamente para a Zona Azul, os fiadamãe tem a manha de nos surrupiar!...

Tenho a certeza que circo algum desse País de espertos e vagabundos admitiria esses sujeitos incômodos em seus quadros - seria ótimo, pois arrumariam emprego, mas, convenhamos: o que eles fazem é medíocre, sem graça, incômodo, e mais velho que andar para a frente! Pensando bem, acho que nem para mico de circo eles servem!... Os caras simplesmente não não entretém e não acrescentam nada!

Tenho tanta birra desses "artistas" de rua, que mal vejo um na frente do meu carro, me vem um certo instinto assassino, aquele mesmo desejo mórbido do personagem do conto "Passeio Noturno" do Rubens Fonseca, ou seja, o de acelerar o carro e atropelar o infeliz! Dá licença, meu!

É brincadeira, galera, mas eu, realmente, não gosto desse tipo de "serviço" nas ruas, que mais me parece coisa de mendicidade! Como não se bastasse essa legião de mendigos pelas ruas, e vem mais essas caras mendigar uma moedinhas!

Alô, circo Le Soleil, vamos dar uma chance para essa gente!...
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terça-feira, 24 de outubro de 2017

LIGAÇÕES ENTRE BEATLES, RICHIE HAVENS, PETER GABRIEL E STEVE HACKETT.

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O cantor negro Richie Havens, em 15 de agosto de 1970, fez uma performance lendária no festival de Woodstock, e depois, em 30 de agosto do mesmo ano, cantou "Strawberry Fields Forever" dos Beatles no festival da Ilha Wight, uma noite furiosa de tempestade e trovões. O Caetano Veloso, que estava lá com o Gil, disse que foi uma interpretação fantástica. Não encontrei esta gravação ao vivo, infelizmente.

Coincidentemente, em 1976, o ex-vocalista da banda progressiva Genesis - que tem uma voz rouca muito semelhante à do Havens -, participou de um disco que tratava da Segunda Guerra Mundial, o "All This and Word War II", onde cantou a mesma canção dos Beatles numa interpretação muito bonita e tocante, talvez até mais bela que a do Havens.

Mais coincidentemente ainda, o guitarrista do Genesis, o ótimo e inspirado Steve Hackett - que também se encantou com a apresentação de Havens no festival da Ilha Wight -, muito provavelmente procurando um cantor com voz semelhante à do Peter Gabriel para cantar uma composição sua, a belíssima "How can I?" (disco "Please don't touch", 1978), se lembrou de Havens e o convidou para interpretá-la. 
Lembro-me da primeira vez que ouvi  "How can I?" e pensei que o Hackett havia regravado Beatles.Ouvindo ambas as canções na interpretação dos três, dá para cogitar que Hackett deva ter se inspirado em "Strawberry..." para compor "How Can I?", e talvez seja este o motivo de eu achar que esta última era uma canção dos Beatles. Ouçam-nas e notem que, no mínimo, ambas tem o mesmo apelo emocional.

Eis aí, amigos, mais uma destas incríveis "coincidências" e maravilhas do mundo do rock!
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RICHIE HAVENS - "STRAWBERRY FIELS FOREVER":

 

 PETER GABRIEL - "STRAWBERRY FIELS FOREVER":


 STEVE HACKETT E RICHIE HAVENS - "HOW CAN I?":


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quarta-feira, 11 de outubro de 2017

MULHERES DE HOJE, MAIS BELAS QUE AS DE OUTRORA!...

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...AINDA O ZIRALDO, QUE, COM MUITA PROPRIEDADE, OBSERVOU HÁ CINCO ANOS ATRÁS NUMA REPORTAGEM:

"Descobri, na época em que criei o livro 'Vovó Delícia': quando você passa dos 60, 70 anos, aumenta de maneira absurda o número de mulher bonita no mundo."


Deve ser verdade o que ele disse, mas há ainda outra coisa que parece acontecer, e vários amigos já me falaram disso: todo homem, conforme vai avançando na idade, acha (ou tem a sensação) que as as meninas e as jovens que vão surgindo são mais bonitas que as de sua geração, e, à cada nova safra, mais bonitas ainda elas se tornam.

Não sei se isso possa ser verdade também, mas é curioso como a gente vê as fotos antigas de mulheres, isto, mesmo de meras três décadas atrás, e parece que as jovens daquela época são menos belas que as de hoje! Digo até que a fisionomia delas são como que datadas nas fotos antigas, bem típicas daquela época, isto, como se, por assim dizer, a fisionomia da humanidade evoluísse para melhor com o passar dos anos!

Alguém explica isso?!...
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LER NO BANHEIRO...

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O grande cartunista Ziraldo, em uma entrevista para a Folha de São Paulo em 21-5-2012, revelou:

"O melhor lugar para ler é o vaso sanitário, tenho uma estante de livros na minha frente. Leio muito no banheiro. Não tem prazer maior do que ler. Quer dizer, tem... [risos]. Mas um dos maiores prazeres do mundo é ler."

Adorei saber isso, pois (sem comparações pretensiosas) sou, como o Ziraldo, um inveterado leitor de banheiro... E, penso eu, que todo grande leitor nunca deixa de ler nas "horas perdidas" no banheiro. Costumo dizer que já li no banheiro muito mais do que a maioria já leu nas escolas e universidades. Aliás, calculo que 70% de minhas leituras são feitas no vaso sanitário... Não sei ir para o banheiro sem algo para ler, seja em casa, seja no serviço, aliás, tenho (como o Ziraldo) uma pequena biblioteca de revistas em meu banheiro, material que vou lendo aos poucos no dia-a-dia. Está certo: o vaso sanitário não é um lugar muito indicado para se praticar algo tão nobre como a leitura, mas porque não aproveitar esse "tempo desperdiçado" em que a gente fica perdido em pensamentos para se informar, instruir, e até mesmo pesquisar? Quando em casa, cada vez que vou ao banheiro, fico pelo menos uns 15 minutos lendo, e calculo que vou no banheiro pelo menos umas 15 vezes por dia, de modo que leio no vaso quase 4 horas por dia!

O Ziraldo disse mais na entrevista:

"Estudar é importante para poder escolher o seu destino, mas ler é muito mais. (...) Sabia conversar sobre tudo, porque lia tudo. (...) Quem vai abrir sua cabeça para sacar suas escolhas é o livro. Se pudesse ler todos os livros do mundo, você seria Deus porque entenderia tudo. (...) Tudo de que você precisa está dentro de um livro. Seu filho não pode chegar à internet sem passar pelo livro. Se não for capaz de escrever o que pensa e de entender o que lê, vai pra internet pra virar um idiota."

Inspirado por mais essas falas do Ziraldo, aproveito para dizer que não é só no banheiro que leio ― p. ex., não sei ficar parado num lugar qualquer, sem ter o que fazer, se não tiver algo em mãos para ler ― sim, já deu para notar que sou viciado em leituras, hábito que me acompanha efetivamente desde os 11 anos. Se vou enfrentar uma fila qualquer, previamente, já levo algo para ler, de modo que não sou o tipo de pessoa que fica conversando com os outros nessa situação ― fico na minha, lendo... Se vou viajar de ônibus, também levo livros e revistas para ler (e pesquisar); até mesmo num ônibus circular, numa viagem rápida, leio, e sou o tipo de leitor que se desliga do mundo e perde o ponto onde deveria descer... Em meu primeiro livro lançado, As Aventuras do Civilico Um Mentiroso na Terra dos Canaviais (1999), um amigo escreveu algo pertinente sobre mim na Introdução: 

"Viciado irremediavelmente em leitura, já se flagrou lendo quando subia uma escada! Ufa!, não era uma escada de pintor de paredes... uma rolante vá lá, o que também não era o caso..." 

Porém, ainda falando do Ziraldo, não vou dizer como ele que sei conversar sobre tudo porque leio de tudo, mesmo porque me acho um péssimo conversador, pessoa que tem dificuldades de se expressar e tem má dicção, de modo que se eu falasse como escrevo, seria feliz, mas reconheço que ler muito me ajudou a ser um conversador melhor, sem a timidez e os "brancos" diante das meninas na época da adolescência. Mas, como o mestre Ziraldo, gosto de ler de tudo ― sou autodidata ―, aliás, como s grandes leitores costumam dizer, leio até bula de remédio... à propósito, a leitura é um ótimo remédio, uma panaceia até, que combate todos os males da humanidade, que só com cultura se constrói um mundo melhor!

Para fechar esta postagem, vou transcrever um trecho de um notável leitor de banhiero: nada mais nada menos que o grande filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que em suas "As Confissões" escreveu:



"La Tribu, famosa alugadora de livros,  fornecia-mos de toda qualidade. Bons e maus tudo servia; eu não escolhia: lia tudo com avidez igual. Lia na mesa de trabalho, lia quando saía a recados, lia na privada e ali ficava esquecido horas inteiras; ficava de cabeça virada com a leitura e nada mais fazia senão ler"
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segunda-feira, 11 de setembro de 2017

SURPREENDENTES CURIOSIDADES DA MPB!


Imagina que você seja compositor de renome, e que tenhas composto uma canção qualquer e ela fez parte da trilha sonora de uma novela de uma conceituada rede de TV, de modo que fez um sucesso relativo nas rádios, mas não à ponto de se fixar na memória da maioria. Ressalte-se que esta canção recebeu letra de um dos maiores poetas desse país. 

Poderia ser uma canção belíssima como "Coleção" do Cassiano, ou "How Cold I Know" do Raul Seixas, que integraram trilhas de novelas, e fizeram um sucesso mediano. Pois bem. Imagina agora, que, uma década depois, como num auto-plágio, você retome esta música, acrescente-lhe mais duas partes, e solicite à dois desconhecidos quaisquer que façam uma nova letra. Mais ainda, que você faça um belíssimo e marcante arranjo. 


Daí, você lança a "nova" música e ela explode em todas as rádios do país, se fixando como uma música eterna na memória do povo brasileiro, principalmente na memória das crianças. Pois essa canção já existe! Nada mais, nada menos que "Aquarela", lançada em 1983, de autoria de Toquinho, Guido Morra e Maurizio Fabrizio. A música da qual ele fez o auto-plágio chama-se "Uma Rosa em Minha Mão", da trilha sonora da novela "Fogo Sobre Terra", de 1973,na voz da cantora Marília Barbosa. 

Ouçam-nas!


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quarta-feira, 26 de julho de 2017

O PUNK E A CONTRACULTURA


Há quem o faça, mas não me agrada incluir o Punk na Contracultura. Penso que o Punk, tentando decretar a morte dos "dinossauros do rock" - do Rock Progressivo em especial - e até mesmo dos hippies - , não passou de um mero hiato entre a Contracultura e a Disco Music... Sua "filososfia" depunha contra discurso flower & power da Contracultura. Acredito que, na verdade, o Progressivo acabou por si mesmo - nenhum outro movimento o matou propositalmente. Por outro lado, é curioso que nem o Punk nem a Disco Music deram cabo do indestrutível Heavy Metal - e lá estavam o Sabbath, Led, Purple, Uriah Heep, Iron Maiden, Judas Priest, ScorpionS, Ufo, Van Hallen, e tantos outros, a todo vapor levando o movimento adiante. 

Os hippies (passados exatos 50 anos) parecem eternos; idem o Heavy Metal. Sim, sim, os punks sobrevivem, não como os hippies (um meio de vida), e o Punk, como movimento musical, está aquém do Heavy Metal, se assemelhando mais à "sobrevida" da Disco Music. 

Pretendiam eles, nos primórdios, retornar à raízes e resgatar a simplicidade do rock, num estilo de música de quem - diziam - não sabe tocar muito bem e não é escolado. O Pete Towshend, do The Who, na época deu 3 ou 4 anos de vida para o Punk - bateu na trave, pois a principal fase do movimento não durou mais que isso... Oras, se os punks queriam mesmo retornar às raízes, à simplicidade, porque não retornaram ao Blues, a raiz de tudo?!... Aliás, o Blues vem se mostrando imortal desde que surgiu entre os escravos plantadores de algodão nos EUA.... Já o Punk!...  - é o Green Day e mais quem mesmo?!...

AOS ORFÃOS DE TOM JOBIM.



Aos "orfãos" de Tom Jobim, - como este que vos escreve - gostaria de dizer para se "acalmarem", pois nem tudo está perdido: caso não saibam, ele deixou pelo menos três discípulos diretos que levaram o bastão do seu estilo adiante, e com muita catega e responsa! Vamos aos grandes!

1- Eduardo Gudin: um dos papas do movimento oitentista Lira Paulistana. Ouçam o seu ótimo disco "Balãozinho" (1986), e também "Eduardo Gudin & Notícias dum Brasil" (2006), "Luzes da mesma luz" (2001),"Eduardo Gudin & Vânia Bastos" (1989);

2- Nelson Ângelo: esse, um verdadeiro monstro da MPB, tremendo e diversificado compositor, que, infelizmente, poucos conhecem sua refinada obra. É espantoso que um artista desse quilate seja praticamente desconhecido no país! O estilo Jobim pode ser ouvido nos discos: "Times Square" (2014), "A Vida Leva" (1994), "Coisas de baladas" (2015), "Canções adultas" (2005).

3- Mário Adnet: ótimo compositor e, como Nelson Ângelo, com um trabalho diversificado. Além de compor dentro do consagrado estilo, tem discos com ótimas de releituras do mestre. Ouvir: "Rio Carioca" (2002), "Mvsica" (2006), "Pedra Bonita" (1995) e "Para Gershwin & Jobim" (1999).

* Obs.: são as músicas mais refinadas que se possa imaginar, coisas de gente do 1º escalão da MPB.