Comentarista do NP é ovacionado pela galera presente
no autódromo e retribui a gentileza com muita dignidade
João Gordo, especial para o NP
Ontem, eu fui a sensação do Autódromo Os quase mil desocupados que estavam nas arquibancados me chamavam de “rolha de poço”, “piloto de provas do Sadia” e “manequim da Ultragás”. Não agüentei a humilhação e mostrei a bunda pra galera.
Encontrei o Christian Fittipaldi no box da Minardi. Ele é um cara legal e não tem nada de fruta, como dizem por aí. Já o Ayrton Senna é um nojento de nariz empinado, que não quis falar comigo. Tomara que ele pare na última volta, sem gasolina.
O incrível é que o povão gosta desse panaca. Ele está milionário e vocês todos pobres. Quando morre, ninguém leva nada pro caixão Por isso, torço por gente simples e legal, como o time da Andrea Moda.
Fiquei contente quando o Giuseppe, mecânico da Ferrari, me falou que o carro da Andrea Moda é bom. Ontem os mecânicos ligaram o motor e deu pra sentir o ronco possante da máquina.
As gostosas começaram a aparecer por aqui. E olha que por enquanto só tem piloto vagabundo: um tal de Ayrton Senna, o simpático ex-fruta Christian e o famosíssimo J.J. Lehto (ou será J. J. Lento?).
Quando pintarem as feras, vai chover mulher! É bom mesmo, porque até agora só choveu segurança, polícia e pentelhos. (Notícias Populares, 6 de abril de 1992)
O João Gordo não estava errado em sua opinião sobre o Senna: curiosamente, no dia anterior – o sábado do Grand Prix – o Senna foi entrevistado pelo NP e se mostrou grosseiro. O NP escreveu: “Senna chegou mal-humorado pra entrevista coletiva que rolou no Hotel Transamérica. ‘Espera eu colocar o boné pra começar a filmar e bater fotos, senão derrubo todos os microfones dessa mesa’, foi dizendo logo de cara.”
DUAS FRASES DE AYRTON SENNA EM QUE ELE
COMENTA O RISCO DE MORRER DURANTE AS CORRIDAS:
“Nunca levo em conta a possibilidade de um acidente, mas o medo é uma coisa constante no meu dia-a-dia.”
“Convivo com o medo de morrer e ele me fascina.”
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