Certamente, por seu visual provocante e a frente do tempo - imitado à exaustão pelas bandas glan da década de 80 -, o New York Dolss foi a banda mais polêmica dos anos 70, mas, infelizmente, talvez a mais desventurada e azarada na história do rock and roll, isto, pelos mal-sucedidos e trágicos incidentes ocorridos em sua curta carreira, o que levou a sua fatal dissolução.
Ele era o meu integrante predileto na banda, compositor inspirado e criador de grandes e marcantes riffs de guitarra. Muito aprendi com ele em meus primeiros anos de aprendizado de guitarra, já deixando a bateria. Isto se deu quando comprei o segundo disco da banda, "Too Much Too Soon”, que é fantástico e inspiradíssimo.
Na história do rock, depois do Alice Cooper, até então não havia visto um cara com uma cara tão safada e bandida como a do mal-encarado Sylvain Sylvain, mais parecendo um membro oriundo do MC5. Aliás, Sylvain era judeu, de origem árabe. Visualmente falando, antes dele - inclusive em postura de palco e mize en scéne - só mesmo o Hendrix para peitá-lo.
A propósito, dois artistas que muito imitaram o Sylvain em presença de palco jeito foram dois integrantes do Kiss, Gene Simmons e o Paul Stanley - aquele passo alto que o Simmons dá com a perna esquerda quando se aproxima do microfone para cantar foi roubado do Sylvain. Já o Paul Stanley roubou-lhe diversas trejeitos de palco, que todos pensam ser cria do guitarrista do Kiss, inclusive no visdual... O Sylvain, por sua vez, a meu ver, era meio que um misto de Syd Barret com Marc Bolan.
Sylvain tinha o estilo de guitarra todo calcado no rock and roll dos anos 50, mas, recriando o gênero, jogava muito peso e floreios constantes em cima das execuções, embora nem sempre usasse distorção. Mas foi um criador de estilo, e um estilo muito pessoal e particular de tocar e arranjar as músicas.
Acho o seu riff de “Babylon” o mais lindo de toda a história do rock and roll, e se um alienígena me pedisse uma amostra de rock and roll para ele conhecer o estilo e o espírito desse gênero musical terráqueo, sem dúvida eu colocaria “Babylon” para rolar...
Reconheço que ele não foi tão famoso e deu tanto ibope quanto seu parceiro de guitarra na banda, o não menor Johnny Thunders (1952-1991), guitarrista insano, tão talentoso quanto auto-destrutivo; mas, para mim, o Sylvain Sylvain era o cara!
À propósito, Sylvain e Thunders encarnavam o próprio espírito do "fenômeno" da chamada "twin guitar", pois eram muito semelhantes no compor, no executar e florear as canções, de modo que, para mim, era a melhor dupla neste quesito: não eram virtuosos no executar, no solar, mas sim no compor com maestria. Inclusive, Jimmy Page ao ver Johnny Thunders tocar, seu visual provocante e sua postura muito louca no palco, vaticinou que ele seria, em breve, o novo "guitar heroe”, opinião que foi um evidente exagero de Jimi...
Deus o tenha, Grande Mestre Sylvain Sylvain!
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