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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

O ENIGMA DAS ORIGENS DA CHIPA E DO PÃO DE QUEIJO MINEIRO


Estou lendo um livro aqui, de memórias, lançado em 1967, de histórias que se desenrolam no início do século passado. O livro é “O menino que era eu”, de Generoso Ponce Filho (1898-1972). Aos quatro anos, Generoso, filho de pai político, e por isto mesmo exilado no Paraguai com a família, faz menção à ”chipa”, esse "novo" pãozinho de queijo que ganhou as cidades do interior paulista. Relembra ele:

“Felizmente as irmãs dando por minha falta, foram buscar o amudo quase anacoreta, levando-lhe uma espécie de pãezinhos de queijo, verdadeira tentação do demônio, que me repuseram no caminho da perdição das coisas boas deste mundo.”

A chipa paraguaia

Como eu, acho que muita gente pensa que a chipa é uma variedade de pãozinho de queijo mineiro, mas não. Segundo a Internet, “A chipa (ou chipá) é uma iguaria tradicional da culinária paraguaia. Tem suas origens nas missões jesuíta e franciscana da Governação do Paraguai (Vice-Reino do Peru), conforme registrado nas crônicas dos séculos XVI, XVII e XVIII.” Na verdade, o pãozinho de queijo mineiro é originário da chipa, e  teria entrado no Brasil por volta da década de 1860.

Generoso Ponce Filho

Apesar da diferença no formato, ambas têm os ingredientes e o sabor bem semelhantes. Se a chipa é uma tentação do demônio, como queria o memorialista Generoso, eu não sei, mas, particularmente, eu acho a chipa mais saborosa e crocante.

O nosso tradional pão de queijo mineiro


quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

O CORTE DE CABELO "À ESCOVINHA"


Quando era criança, a moda capilar que rolava nas cabeças dos homens, seja crianças, seja adultos, era o tal de "Escovinha", que era um corte que mantinha o cabelo curto no alto da cabeça e as laterais rapadas. Na verdade, originalmente, ele é um corte de cabelo utilizado pelos militares do mundo todo até hoje. 

A moda foi desaparecendo aos poucos com o surgimento dos hippies cabeludos, sumindo antes dos meados da década de 70. 

Depois, quando adolescente, ao ver fotos minhas e de meus irmãos com o tal corte à escovinha, rockeiro que era, eu achava horrível aquilo. Não, não era nenhum ranço com os militares, nem com a ditadura, que não me afligia na época (e jamais me afligiu), aliás, este corte é a cara dos militares e lhes cai muito bem! 

Por outro lado, não sei porquê, nunca me esqueço que este corte de cabelo me remetia à cabeça dos filhotes de rolinha mal implumes que eu via em seus ninhos pelas árvores quando criança morando na Usina Palmeiras (Araras-SP), filhotes que, igualmente, eu achava feios prá danar. 

Mas acontece que se eu já achava feio o corte à escovinha naqueles tempos, imagina hoje ao revê-los na cabeça de funkeiros, e como corte exclusivo de manos!...

Como curiosidade, gostaria de comentar de como este tipo corte escovinha surgiu entre os militares. Falando deste assunto, isto, em 1908, o político e escritor Generoso Ponce Filho, em seu livro “O menino que eu era” (1967), relembrou: “Passam-se meses, e com o serviço militar, surge a voga das cabeças raspadas, antecipação da devastação capilar à Yull Bryner. Eu ardia de vontade por imitá-los. Acanhado, comecei pedir a tia Filinha mais, um pouquinho mais, quando ela veio cortar nosso cabelos. Às páginas tantas ela me disse:  ─ “Generosinho, eu já vi tudo.  Você quer raspar a cabeça como esses voluntários, que passeiam no Jardim. Não reclame depois. Sorri encabulado, mas concordante… Usando a máquina zero, pôs-me up to date, expressão muito usada então. Mamãe não gostou nada, ela que adorava aqueles cachinhos caídos em Corumbá.”

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