quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A CHEGADA DA TELEVISÃO EM ARARAS, HÁ 60 ANOS...


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Em pleno advento
da era da TV digital no País, é oportuno saber como se deu a chegada da televisão em nossa cidade, data esta que seria as bodas de ouro no ano passado, mas como os jornais da cidade me fecharam as portas (e a data passou em branco para os três jornais!...), esta matéria não pode ser vista pelo povo ararense. Poucos se recordam deste cinqüentenário episódio, pois não houve uma inauguração oficial do serviço em Araras, uma vez que já no segundo trimestre de 1957, alguns cidadãos mais “apressados” já haviam comprado televisores em outras cidades e puderam sintonizar os canais por meio de antenas instaladas em Valinhos, e depois Limeira. Finalmente, na primeira semana de fevereiro do ano seguinte, com o funcionamento da antena local e o início da venda de televisores na cidade, Araras pode contar com sua própria transmissão de sinais. Na foto do autor, o atual parque de transmissões do Jardim Piratininga.
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No entanto, oito anos antes, em 18 de setembro de 1950, com muita improvisação, a televisão já havia sido inaugurada no Brasil, com o início das transmissões da PRF-3 TV Tupy-Difusora em São Paulo, emissora pertencente à rede dos Diários Associados de Assis Chateaubriand, que foi a primeira emissora a operar na América Latina. Na inauguração, com o programa “TV na Taba,” estavam nada mais nada menos que Lima Duarte, Lolita Rodrigues e Mazzaropi. O visionário Chatô já era um velho conhecido de Araras, uma vez que, em 1942, viera inaugurar o nosso “Campo da Aviação”, fruto de outra iniciativa sua, a campanha “Asas para o Brasil”.
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Na figura, o primeiro logo da televisão brasileira – o “mascote” da Tupy – o popular indiozinho curumim, com seu indisfarçável jeitão de Gasparzinho, uma marca que o pessoal da época jamais esqueceu.
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Sobre a novidade, em março de 1957, o extinto Jornal de Araras trazia trouxe uma alvissareira notícia sobre a possibilidade da vinda da nova maravilha tecnológica à cidade: “Com a instalação de uma antena receptora e transmissora, no ponto mais alto da Valinhos, é bem provável que Araras venha a ser incluída entre as cidades que poderão assistir os programas de televisão apresentados pelas emissoras paulistanas. O fato é que dentro de pouco tempo, 35 cidades interioranas estarão ligadas por estações retransmissoras graças aos esforços de uma indÚstria paulista, que anonimamente vinha providenciando a aparelhagem.”
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Em outubro, uma nova notícia anunciava que, com a ultra-freqüência, Araras já podia assistir aos programas de televisão. A Tribuna do Povo, por sua vez, noticiava:“Muito possivelmente, até novembro próximo, os ararenses poderão também usufruir das transmissões televisionadas pelos três atuais canais de televisão da Capital Paulista”. Os compromissos seriam firmados entre três empresas, duas ararenses, dos pioneiros Alaor Kammer e Laerte Franzini, proprietários da Kammer Eletrolar e da A Iluminadora, respectivamente, em parceria com a Indústrias Elétricas Fixolux Ltda., da capital, que se encarregaria de instalar as torres de recepção em Araras. A reportagem findava sem entrar em detalhes, dizendo que a empreitada só se concluiria “caso se alcançasse um número de interessados pré-estabelecido.” Neste mesmo mês, o Jornal de Araras alertava: “Para efetivação dessa instalação basta que a cidade tenha 100 televisores com U. H. F. Naturalmente os primeiros subscritores terão a vantagem da instalação da antena que será feita pela firma fornecedora do aparelho U. H. F. gratuitamente”. A reportagem trazia uma lista com os primeiros subscritores.
Na foto, Orlandinho Zaniboni, durante a 1ª transmissão dos serviços de televisão em Araras, nos altos do Jardim Piratininga.
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Em de janeiro do ano seguinte era iniciada a construção dos retransmissores nos altos do popular “Morro do Cuba” – o atual Jardim Piratininga. Um técnico que já havia feito instalação semelhante em Santos foi contratado para o serviço. As transmissões chegavam no sistema UHF, depois convertidos para VHF. Dizia a Tribuna: "Dentro do prazo de 30 dias, em caráter experimental, o serviço acima estará montado, com um canal de TV em franco funcionamento; e dentro do prazo de 90 dias, e caráter definitivo, os três canais paulistas". Quanto aos televisores que desde março de 1957 vinham funcionando em Araras, recebendo sinais através da antena de Limeira instalada nos altos do Morro Azul, o senhor Laerte Franzini advertiu que eles não conseguiriam "sintonizar as transmissões da torre a ser instalada em Araras", devido ao sistema diferente de transmissão das antenas.
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Na primeira semana de fevereiro, a Tribuna anunciava que, finalmente, “o povo aderia a televisão”, chamando a atenção para o fato de que "de uns dias para cá muitas antenas foram erguidas pela cidade”. Dizia também que a venda de aparelhos duplicara na cidade, “ou talvez, chegou até a triplicar”.
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O primeiro anúncio de venda de televisões (ao lado) foi publicado na Tribuna no dia 6 de fevereiro de 1958. Curiosamente, esta loja era propriedade do pioneiro Laerte Franzini, um dois responsáveis pela construção da primeira torre de transmissão.

CURIOSIDADES 
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Segundo o escritor Alcyr Matthiesen, na cidade, o “primeiro aparelho de TV 16 x 9 foi adquirido pelo senhor Dante Rodini”. Fato curioso mesmo nesta época, foi um anúncio na Tribuna, em que uma loja local, a Rosenthal & Cia. – que se auto-intitulava “A Cidade dos Móveis” – alardeava que estavam à venda em sua loja televisores “com 100% de funcionamento”... É que todos os aparelhos de TV tinham de passar por uma pequena modificação antes de sua instalação, para que as “recepções fossem mais satisfatórias”. 

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 Orlando Fugagnolli, um dos pioneiros a montar, nos anos 1950, uma TV em Araras. Faleceu em 09-06-2013, aos 79 anos
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PERGUNTAS E RESPOSTAS...   
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E o advento da TV em 1958, já chegava causando furor na cidade com suas novidades: em julho, a ararense Ruth Marquezani Dezotti era contemplada com uma máquina de costura da marca Leonam, no pioneiro programa desse gênero ainda tão em voga, o famoso “Perguntas e respostas”, da Tupi-Difusora, canal l3, patrocinado pela Cera Verniz Fidalga, apresentado por Aurélio Campos, cuja principal atração fora a então famosa cantora Marlene.

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TRANSMISSÕES CLANDESTINAS, JÁ NAQUELA ÉPOCA!...
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CÁPSULA DO TEMPO 
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Se retornássemos em 1958, quais seriam os programas que poderíamos assistir? Alguns exemplos: o famoso “Almoço com as estrelas” com Lolita e Airton Rodrigues; o célebre “Um instante, maestro” com o polêmico Flávio Cavalcanti, ou o então saudoso “Discoteca do Chacrinha”. As crianças da época se deliciavam com o “Capitão 7” – o primeiro seriado de aventura, exibido entre 1954 e 1963 –, ou mesmo o velho “Sítio do pica-pau-amarelo”, no ar desde 1950. Novelas? Haviam sim, destacando-se as famosas “Sétimo Céu”, “A Muralha” e “O Direito de Nascer”. Como se vê, as coisas não mudaram muito...

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VÁLVULAS & TRANSISTORES x CHIPS & FIBRAS ÓTICAS
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Do antigo padrão hi fi (alta fidelidade) para o high definition (alta definição) houve sensíveis mudanças, mas uma pergunta que vem a calhar: se um moderno televisor LCD de 40 polegadas, tela de cristal líquido de alta definição e som surround é, em termos comparativos, mais caro que um televisor de 1950 de 12,5 polegadas, preto e branco com som mono? Surpresa: não! Um televisor GE, à venda na antiga loja Sears, em setembro de 1950, custava 12.950 cruzeiros, o que daria hoje, corrigido pelo IGP-DI, R$ 9,7 mil, enquanto que um televisor digital sai no máximo por R$ 8 mil (cotação do início de 2008).

Sabe-se que, na inauguração da TV em São Paulo havia cerca de 200 aparelhos em funcionamento. Em 1958, como se viu, Araras iniciou suas transmissões com 100 aparelhos, e hoje, sendo ele um eletrodoméstico acessível à todos, e também levando-se em conta os cerca de 110 mil habitantes ararenses, é possível que haja no mínimo 30 mil aparelhos na cidade. Quanto ao número de televisores digitais, com certeza, devem ser poucos ainda, isto, até que ele venha a se tornar algo tão comum quanto o celular. Por fim, lembremos que, em 1993, quando o celular era privilégio de cerca de duas mil pessoas no Rio de Janeiro, um modelo portátil da NEC custava em torno de US$ 3 mil, portanto...

 Hoje, o "Morro do Cuba" e suas torres

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BIBLIOGRAFIA: Consultar autor
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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

HISTÓRIAS VERDADEIRAS, E NÃO PIADAS, SOBRE PAPAGAIOS...



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Quando alguém, numa roda de bate-papos, se aventura a contar algum fato curioso que diga respeito a uma de nossas principais aves de estimação – o papagaio – o assunto, invariavelmente, sempre acaba descambando para o anedotário, e muito raro é o se ouvir histórias verdadeiras sobre esta cômica ave. O que poucos sabem é que este danado é uma personagem literária que estrelando histórias do gênero desde a Idade Média.

Hoje, trago aqui doze destas raras histórias que compilei ao longo dos últimos anos. O interessante nelas, é que, apesar de sua veracidade, todas não estão isentas de um certo conteúdo cômico tão inerente à "biografia" desta afamada espécie de pássaro. A maioria são história antigas, centenárias, mas nenhuma indigna de nota, e tanto o são que sugiro lê-las acompanhadas de uma boa taça de Rum Montilla, sim, aquele rum do pirata com o papagaio no ombro...

Esta, foi recolhida pelo escritor Nelson Vainer, em seu livro No Reino das Aves:

“G. Birdwood conta que, em 1869, estando no Palácio de Cristal, viu no aviário um papagaio verde, tão murcho que fazia pena olhar para ele. Falou-lhe, chamou-o de Loiro, fez-lhe festinhas, mas o papagaio não se moveu.
Birdwood lembrou-se, então, que o papagaio poderia ser indiano e saudou-o com Ram-Ram! Falando-lhe em maiata (língua da Índia Central). No mesmo instante, o loiro saiu do marasmo em que estava, pôs-se a saltar e a gingar, respondeu trepando às grades até chegar-se à Birdwwod, e encostou a cabeça aos nós de seus dedos.
Daí em diante, todas as vezes que Birdwood ia visitá-lo, ficava o papagaio contentíssimo e corria para ele.”


Eurico Santos, cita uma história de dois papagaios recolhida por Alberto Faria, em Aérides:

“Conta-se que, de volta da batalha d’Ácio, Augusto ouvira de um papagaio:
“Eu te saúdo, César vencedor!”
E como o informassem de que o dono possuía outro exemplar falante, ordenou sua vinda.
Chegado que foi, pronunciou com grande escândalo:
“Eu te saúdo, Antônio Vencedor!”
Compreende-se: o mestre, na incerteza da sorte das armas, ensinara cada ave a felicitar um dos antagonistas no prélio.”


Sobre esse famoso papagaio de Nassau, o escritor Sergio Paulo Rouanet, em seu texto Do Homem-Máquina ao Homem-Genoma, trouxe uma curiosa história, onde se refere ao médico Julien Offray de La Mettrie (1709-1751) – que escreveu o líbelo anti-humanista O Homem-Máquina. Em certa passagem, esse médico aludia ao fato de que os animais pudessem um dia aprender a falar pela imitação dos homens.

“De resto, afirma La Mettrie, isso já aconteceu, segundo depoimento do príncipe Maurício de Nassau, que jurou ter mantido no Brasil uma conversa perfeitamente racional com um papagaio. Como a ave falava em tupi-guarani, é bastante provável que o príncipe tenha sido enganado pelos intérpretes e que, em vez de ser o autor de uma observação científica, Maurício de Nassau tenha sido o inventor involuntário da primeira anedota de papagaio de nossa história. O comentário não é meu, e sim de Afonso Arinos, que conhecia bem esse episódio. De qualquer modo, La Mettrie acreditava na veracidade da narrativa, e é o que importa.”

Um leitor da revista Nossa História, Aureliano Moura, do Rio de Janeiro, enviou a seção Almanaque uma curiosa história, mas de papagaio que, segunda a revista, “merecia, por seu patriotismo, pelo menos uma medalha”...

“No livro Siete años de aventuras en el Paraguay, Jorge Federico Masterman, um boticário inglês, descreve a desolação que tomou conta de Assunção, sob bombardeio brasileiro, no final da Guerra da Tríplice Aliança. Como a população se retirara, levando consigo seus cães, milhares de gatos famintos tomaram conta da capital uruguaia, atacando os galinheiros ainda existentes. Nove papagaios sobreviveram graças à proteção do ministro Washburn, chefe da legação norte-americana, que prontamente lhes concedeu asilo, acomodando-os num enorme poleiro e alimentando-os com cubinhos de mandioca. Certo dia um papagaio causou pânico entre os asilados que, como eles, estavam hospedados na legação. Esse louro, que era o mais falante e corajoso de todos, bradou de repente no mais puro português: “Viva d. Pedro II!” Todos corriam perigo. Uma demonstração de simpatia ao Brasil àquela altura podia ser vista pelos paraguaios como traição. “O que é isso, perguntou Washburn, atônito. Como resposta, o papagaio repetiu: “Viva d. Pedro II!”. “Torça-lhe o pescoço imediatamente,” ordenou o ministro, desesperado, a seu secretário, mr. Meinke. Não se sabe o destino do louro monarquista, pois Masterman, embora tenha testemunhado o fato, não registrou o fim da história.”

O livro O Homem e o Mundo Natural: Mudanças de Atitude dm Relação às Plantas e aos Animais, 1500-1800, de Keith Thomas, traz uma interessante história de papagaio, mas é inegável que ela resvala para a piada:

“John (?) ficou muito impressionado com os relatos sobre um papagaio falante que pertencera ao príncipe Maurício de Nassau. Havia uma história ainda mais conhecida de um papagaio de Henrique VIII, que caiu no Tâmisa e gritou: “Um barco, um barco! Vinte libras por um barco!”. Quando um barqueiro que passava recolheu a ave e a levou ao rei em busca de sua recompensa, ela mudou o refrão, disse: “Dê um tostão ao tratante.”


Aqui, três outras histórias colhidas na Internet, no blog Recanto das Palavras:

“Há uns dois anos, os jornais noticiaram a história de Ziggy, um papagaio que à época contava 8 anos de idade e dedurou a sua dona, que dava umas voltas no namorado com um tal de Gary. Ziggy, zeloso de suas atribuições parlantes, toda as vezes que ouvia o nome “Gary” vindo de um programa de televisão, danava a imitar beijinhos estaladinhos e, para jogar de vez as cinco letras que não cheiram bem no ventilador, quando o telefone celular da sapeca tocava, ele dizia languidamente… ‘Oh… Gary’. Está pensando que parou por aí? Nada disso! O dedo duro completou com a frase que incriminou de vez a cachorra: ‘Gary, eu te amo’, imitando a voz da dona, que ficou sem o namorado, agora sabedor de todas as chifradas que andou levando.
(...) Casanova, o maior de todos os amantes, certa vez comprou um papagaio e o ensinou a dizer ‘Miss Charpillon é tão puta quanto sua mãe’, tentando, assim, vingar-se de duas mulheres que tentaram passá-lo para trás.”

Jacob Penteado, em seu livro biográfico sobre poeta Martins Fontes (1884-1937), traz duas histórias de papagaio. Numa delas, cita uma conferência: “O que as aves e os pássaros nos dizem”, em que Fontes descreveu a história do inglês que contara à noiva que havia no Brasil um pássaro verde, amarelo, vermelho, bizarríssimo, que falava, mas falava! Ninguém acreditou e riram do que o inglês dissera. Mas o homem prometeu trazê-lo, na próxima viagem ao Amazonas. Ao chegar a Manaus, procurou logo um seu conhecido, um cearense viajado, que sustentava, havia anos, um papagaio velho, “mudo como um deputado pelo Piauí, inteiramente inútil, parasita”. Na verdade, ele se referia ao Senador Mal. Pires Ferreira, “que jamais abriu a boca, no Congresso”. “Está claro que o papagaio não ia falar nem em Londres. Ao retornar ao Brasil, o inglês procurou o cearense, exigindo explicações. – ‘É verdade, respondeu o matuto, mas pensa, pensa muito... Chama-se Pacheco’.”

Na segunda história, Fontes fala de um português que bateu à porta de uma casa e ouviu uma voz: – “Entre!” Ele foi entrando, foi entrando, até chegar à sala onde estava um papagaio, que lhe disse: – “Sente-se!” E o chegadinho da terra, de chapeirão braguês, calças de cano de espingarda, respeitosamente se curvou e disse: – “Tenha a bondade de me desculpar, pois não sabia que o senhor era um passarinho”.

Há uma outra curiosa história, recolhida pelo professor Alcyr Mathiesen (desenho), que aconteceu em minha cidade, Araras (SP), por volta de 1939/40. Num distrito da cidade, conhecido como Loreto, uma epidemia de febre grassou no lugar e muitos moradores começaram a morrer por causa desse mal. O pessoal do serviço de saúde chegou à conclusão que a febre era o tifo exantemático, transmitido pela picada de carrapatos que infestavam os animais do lugar, como os cachorros, p. ex. Como resultado, todos os cães foram mortos naquele distrito. Na cidade, a funerária do senhor Antonio Severino aumentou consideravelmente o números de caixões vendidos, tal era o número de mortos no Loreto, e todo dia um caixão era despachado para o lugar. Como resultado, a frase que mais se ouvia no estabelecimento era a que o “seu” Severino dizia para o seu funcionário: – “Tonho... caixão pro Loreto!”. Acontece que o proprietário da funerária tinha um papagaio, e tantas vezes esse pássaro ouviu a tal frase, que era bastava um cliente adentrar a funerária e o papagaio já ia dizendo: – “Tonho... caixão pro Loreto... currupaco, caixão pro loreto!”...

Em Denver, nos EUA, um papagaio de estimação de nome Willie (foto) foi responsável por salvar uma garotinha que havia se engasgado durante o café da manhã. Megan Howard, dona da ave, havia deixado o local em que estava a criança no momento do acidente. Ao perceber que a garotinha estava engasgando, Willie começou a agitar as asas e a repetir as palavras “mama” (“mamãe”) e “baby” (“bebê”). Alertada a tempo, Megan conseguiu ajudar a menina. Pelo gesto, Willie foi condecorado pela Cruz Vermelha e recebeu um prêmio especial para animais que salvam vidas.

Na cidade colombiana de Barranquilla, um papagaio foi “engaiolado” pela polícia depois de uma batida contra traficantes de drogas no dia 15 de setembro de 2010. Segundo autoridades ambientais, Lorenzo – este era o nome do papagaio (foto) – estava treinado para avisar os traficantes sobre a chegada da polícia. “O papagaio mandava alertas”, disse Hollman Oliveira, da Polícia Ambiental. “Podemos dizer que era uma espécie de ‘pássaro de guarda’.” Ele seria apenas um dentre os 1.700 papagaios treinados com esta finalidade pelos traficantes. Lorenzo fez sucesso ao ser apresentado aos jornalistas: chegou a exibir suas habilidades, gritando “Corre, corre, corre, que te coge el gato.” (“corre, senão te pegam”). Pelo menos quatro homens e dois outros pássaros também foram presos nas operações.

Mas, afinal, os papagaios realmente sabem o que estão falando? O livro O Império do Grotesco, de Muniz Sodré e Raquel Paiva (2002), traz o seguinte esclarecimento:

“Esse argumento não parecerá tão absurdo a alguns cientistas contemporâneos, como o etólogo Donald Griffi,, da Universidade de Harvard, para quem é possível conceber-se uma ‘consciência’ animal, inclusive com faculdades comunicativas, do tipo das dos macacos africanos Cercophythecus pygerithrus, cujos gritos de alarme ‘transmitem a identidade dos predadores específicos: cobras, águias ou leopardos.’ Garante Griffin: ‘Tenho a impressão de que, se os cientistas realmente se aplicassem a estudar esses problemas, como fazem com outros, não demorariam a perceber que existem muitos animais - como o papagaio cinzento africano de Irene Pepperberg - que, quando falam, falam sério.”


BIBLIOGRAFIA - 11 fontes
Consultar o autor
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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

OUTRAS FRASES DE HUMOR DE MINHA AUTORIA

No desenho, eu por eu mesmo...

HUMOR FORA DE MODA
Depois do pânico da Síndrome de Lorena Bobbit e do advento das facas Ginsu, nas relações sexuais só mesmo usando preservativo de tecido de meia Vivarina.
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VOCAÇÃO
Humorista é o tipo de pessoa que atira pó-de-mico para cima para ver de que lado o vento está soprando.
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SUTIS DIFERENÇAS
Mulher falsa é aquela que nos largou para ficar com outro homem. Mulher verdadeira é aquela que largou outro homem para ficar conosco.
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EFEITO RAIMUNDA
A 'abundante' Rita Cadillac, ex-chacrete do extinto Cassino do Chacinha, disse tempos atrás que, quando morresse queria ser velada de bruços, para que as pessoas a reconhecessem. A Carla Perez do 'Tcham' talvez desejasse o mesmo, mas com um adendo: a garrafinha do lado...
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HOMO SAPIENS
Eu, como todo ser humano, sou metazoário, enterozário, triblástico, deuterostômico, cordado, celomado, vertebrado, mamífero, metanéfrico, primata, bípede, hominídae, eucarionte, vivíparo, heterodonte, heterótofo, homeotérmico, pulmonado, placentário, amniota, alantoidiano, etc., e tem gente que ainda acha que eu sou um zé-ninguém!
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COISA DE LOUCO
Há prazeres insubstituíveis - não se pode rachar lenha com uma moto-serra.
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MODERNIDADE
Era um sambista de vanguarda: só batucava no isqueiro.
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CONVERSA DE QUITANDEIROS
- Ih, cara! Deu pepino no relacionamento dos dois. Ele só falava abobrinhas prá ela e, aí, ela começou a pisar nos tomates e espinafrou ele de vez. O azar dele é que a garota era mais lisa que quiabo.
- Nossa, que abacaxi, hein! E agora?
- A pobre da garota, por sinal uma repolhuda, virou rameira. Hoje dá mais que chuchu na serra e, o pior, à preço de banana!
- Ah, mas vá plantar batatas, que vida vegetativa!
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ATINAÇÕES
Clínico geral - o Mc Gyver dos médicos.
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JOGUETES DE CELEBRIDADES
O Bira está para o Jô Soares, assim como o Caçulinha está para o Faustão.
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ZOOLÓGICAS
Entre o riso da hiena e as lágrimas do crocodilo, há um fraternal abraço de urso.
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SÁBIAS DICAS
Não acenda um fósforo numa casa onde esteja vazando gás. Sua vida pode não valer nada, mas o gás está uma nota.
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SARARA, UMA CIDADE ÀS AVESSAS...
A Terra é chata nos polos. E uma chatice em Sarara.
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BOSSA VELHA
O rio é de janeiro, mas as águas são de março.
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DESDITADO
Casa de Gepeto, brinquedo é de pau.
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APÓLOGO
O rolo compressor se apaixonou pelo cortadeira de grama, e suspirou ao vê-la passar: - Ah, Que Deus coloque ela no meu caminho!
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TEMPOS MODERNOS
Antes de dizer para uma jovem que ela está com varizes, repare se ela não está usando uma tatuagem tribal.
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FRASES PARA O DIA-A-DIA
Mais contrariado que girafa com torcicolo.
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DESDITADO II
A úlcera é nervosa porque a mandioca é brava e o intestino é grosso.
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ESPIRITISMO
Não podemos ter certeza que existem outras vidas só para compensar a bagunça que fizemos com esta.
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MUNDUS MULIERIBUS
A pior depilação é aquela 'feita nas coxas'.
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COMO PUXAR UMA CONVERSINHA COM O SEU ÍDOLO
- Você chupa lima, Duarte?
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- Teus lábios são vermelhos como uma pitanga, Camila!
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- Não fuja da raia, Cláudia! (essa é manjada...)
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- Você gosta de leite, Serginho?
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- Você veio de lá ou dali, Salvador?
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- Você nunca foi furtado, Celso?
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- Você veio nessa frota, Marcos?
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- No teu caso, o que tu farias, Reginaldo?
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- Você sabe dizer se já caíram as últimas neves, Tancredo?*
- Você agora está pintando quadros, Jânio?!
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- Você jogou na Sena, Airton?
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FRASES QUE NÃO SE DIZ PARA PERSONALIDADES
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- Seja, franco, Moacir!
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- Eu não gosto de brigadeiro, Luiz Antonio.
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- Aí, mané, vai ser Garrincha na vida!
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- Não quero nenhum adorno, Theodoro!
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- Se eu cozinho eu não lavo, Bilac.
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- Não me venha com esse filme, Geraldo!
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- Mia, Farrow, mia!
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- Vai lá no galinheiro e pega um pinto, Roquete.

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FRASES PARA VOCÊ COLOCAR NO VIDRO TRAZEIRO DE SEU CARRO
Não me acompanhe que eu não sou enterro.
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Tenha bom gosto - desfile comigo.
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Na minha frente, só bombeiro e ambulância.
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Silêncio, não buzine - estou doente!
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Calma, ô boiola, não vê que tem mais 23 na sua frente!
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Eu sou um ás na direção. Você é um asno volante.
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Se meu fusca falasse, pegaria carona de cegonheiro.
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Abaixe o farol - eu não preciso ver o caminho das estrelas.
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Mantenha distância - meu parachoque dá choque.
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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

AS SETE MARAVILHAS DESAPARECIDAS DA CIDADE DE ARARAS/SP


"O homem sonha monumentos
E só ruínas semeia
Para a pousada dos ventos."
(Paulo Eiró)

Por ocasião da recente eleição das setes maravilhas do mundo atual, o “Estadão” trouxe uma matéria recente do jornalista Sérgio Augusto (fev.2008) – “Factóide dos desocupados” – onde este afirmava que “O ser humano é o único animal que faz e gosta de fazer listas”. Disse ainda que “a maioria das listas é arbitrária, inútil, perecível, com forte tendência ao ridículo”. Disse mais e pegou pesado: as listas são “Dominadas por jovens com ociosidade e ignorância para dar e vender, a grande infovia é uma fórmula 1 de disparates e cânones estapafúrdios”. Não vou entrar aqui no mérito da questão (que, inevitavelmente, causa ressentimentos bairristas), nem “assino embaixo” do que disse Sérgio, mas este assunto me diz respeito e me atrai por outro viés: o da preservação de bens históricos e naturais. E a lista que hoje aqui se publica nada tem a ver com a primeira, mas guarda certa relação com a recém-votada “7 Maravilhas de Araras”. É ela, além de didática, uma lista de protesto, alerta e lamentações, onde incluo alguns dos muitos patrimônios que foram postos abaixo sem muita cerimônia e compaixão, devido falta da informação e bom senso das sucessivas administrações. Muitos outros bens de não menor importância poderiam ser incluídos nela, logo, as escolhas não foram tão criteriosas. Através desta lista, podemos nos dar conta de que o mal é antigo – vem dos primórdios essa prática de demolir bens históricos em prol de construções e benfeitorias modernas, daí talvez a antiga alcunha de “Araras, cidade progressista”...


1- BOSQUE DA “PRIMEIRA FESTA DAS ÁRVORES DO BRASIL”: plantando em 7-6-1902 por ocasião da festa, localizava-se abaixo da praça “Martinico Prado” e do T. G., ao lado de uma belíssima aléia de bambuais. Em 1947, na administração de José Paulino de Oliveira, a prefeitura elaborou no local um plano de loteamento, e foi o golpe fatal que colocou abaixo esse importante bosque da chamada “Cidade das Árvores”... Na foto, década de 1950, o lugar onde ele se situava, donde se conclui que a área era tão extensa quanto o Lago Municipal. Esse bosque constituía um testemunho vivo daquele que foi considerado pela revista Silvicultura como o “Primeiro movimento brasileiro de tomada de consciência do problema ambiental”, assim como era o símbolo maior do “Primeiro movimento ecológico brasileiro”, como colocou o Jornal da Tarde em 1978, fato que as administrações e o povo teimam em ignorar, mantendo o país alheio à iniciativa tão pioneira. Estes procedimentos insensatos provam claramente que em Araras, há muito, a natureza é a última que fala em questões imobiliárias...



2- PALACETE DO BARÃO DE ARARI: residência de José de Lacerda Guimarães, que se situava em frente a atual “Praça Barão”. Tempos depois da morte do barão, foi transformando no Palace Hotel, o que se deu em 1929. Foi nela que se recepcionou D. Pedro II e sua comitiva, em 1887, quando José recebeu o título de barão. Foi demolido em 1981 para a construção da nova sede do banco Itaú, ao que se sabe sem qualquer protesto dos povo ararense. Isto representou não só a perda irreparável de um bem histórico de excepcional valor – um “vestígio” do passado que nos permitia recordar a morada de um dos grandes fundadores de nossa nação e, conseqüentemente, a descaracterização do mais antigo logradouro urbano, a praça Barão, lugar onde nasceu o primeiro núcleo populacional da cidade. Infelizmente, essa força centrípeta que atrai bancos para os centros históricos das cidades do interior, impede-os muitas vezes de acordar para a política do restauro privado de edifícios históricos para fins comerciais.



3- HORTO FLORESTAL DO LORETO: era a grande reserva artificial de eucaliptos da cidade, além de possuir pequenas reservas de Mata Atlântica integradas à ele. Devido a sua importância, foi citado no livro “A Onda Verde” de Monteiro Lobato em 1920, lembrando-se que seu criador – o visionário Navarro de Andrade – foi o pioneiro da introdução do eucalipto no Brasil, com a sábia intenção de preservar matas nativas e abastecer as locomotivas com lenhas de plantações desta espécie. Constituía ele um excelente recanto para amantes da natureza, ideal para piqueniques, treckers, ciclistas e os que gostavam de se enveredar e se perder por seus sossegados aceiros. Na foto, no final da década de 1970, a parte sudoeste do horto. Ao contrário do seu “irmão” rio-clarense, ele não foi tombado, à salvo de “sem tetos” e “sem terras”, e, infelizmente, recebeu o golpe de misericórdia em 1997 quando foi definitivamente desflorestado para dar lugar a assentamentos... Aliás, nossa vizinha é uma cidade que preservou grande parte de seus bens históricos e culturais, como também a maior parte de seu equipamento ferroviário, além do seu imponente horto, isto, sem se gabar de ser uma “Cidade das Árvores”, slogan que não é nada bom para Araras como conceito sociológico, pois reduz a imagem de cidade à uma qualidade que ela não possui. Como se vê, os ideais conservacionistas do grande Navarro não fizeram eco na... “Cidade das Árvores”. Curiosamente, antes do advento dos motéis e drive-ins na cidade, o horto era o “malhômetro natural” da galera da época. Bons tempos estes!



4- ESTAÇÃO “SÃO BENTO” DA FEPASA: Inaugurada em 1885, era constituída de depósito e estação, e assim permaneceu até 1922, quando ganhou um novo prédio, ao lado do antigo, que permaneceu somente como depósito. Foi demolida quase que conjuntamente com a estação do Loreto, ou seja, após 1986. Com seu desaparecimento, o bairro circunvizinho decaiu consideravelmente e até a escola foi desativada! Nesta estação, há mais de um século, desembarcaram pintores de renome, como o francês Gabriel Biessy e o grande pintor regionalista Almeida Jr., que pintaram belos quadros tendo como motivo a fazenda Montevidéu e seus proprietários. Sabe-se que seu famoso quadro, o célebre “Caipira picando fumo”, foi pintado da janela de uma fazenda onde ele estava, de onde teria visto o tal caboclo, cujo apelido era “Quatro Paus”. É de se perguntar se esta fazenda não seria a Montevidéu ou a São Bento? Quem o dirá?...


5- CORETO "CHAMPIGNON": este coreto em forma de cogumelo gigante, foi construído em 1901 por Otávio Monti, pintor e arquiteto amador oriundo da Itália. Se situava no mesmo lugar onde hoje se ergue a Fonte Luminosa. Os antigos dizem que foi a primeira obra feita em concreto armado no Brasil, isto, décadas antes de ter sido inventado na França. A Internet diz que ele foi inventado pelo francês Joseph-Louis Lambot em 1845, mas Inglaterra e EUA também reivindicam a paternidade. Visto como um "monstrengo" por alguns "progressistas", foi posto abaixo em 1940. Curiosamente, o mesmo se deu com um coreto que ficava no cume do Corcovado carioca, que foi demolido para dar lugar à famosa imagem do Cristo Redentor em 1931 - a causa da demolição de nosso coreto foi menos nobre: deu lugar à um insosso lago com estátuas... Não se sabe se sua demolição foi motivada por alguém que soube do caso do coreto carioca. Conhecido também como "guarda-chuva", foi um dos primeiros bens históricos demolidos em nome da "picareta do progresso", como se disse na época. Houve raros protestos, mas levando-se em conta que nesta época os ideais de preservação sequer ensaiavam os primeiros passos na cidade, a maioria dos homens de então não poderiam aquilatar a importância cultural e arquitetônica que esse monumento teria com o passar dos anos se preservado. Numa época em que os ararenses se gabam de ter sapos, gnomos e cogumelos em seus jardins, o velho Champignon não faria feio nos dias atuais...



6- ESTAÇÃO “LORETO” DA FEPASA: na década de 1920, costumavam desembarcar nesta estação a famosa troupe da Semana de Arte Moderna de 22: Villa-Lobos, Blaise Cendrars, Tarsila do Amaral, Mario e Oswald de Andrade, Victor Brecheret, Lasar Segall, etc. Ali, eram recebidos pela “grande musa de nossos artistas das primeiras décadas do século XX”, a célebre Olívia Guedes Penteado, em sua bela fazenda, a Sto. Antonio – “marco da cultura europeizante”, “polo convergente da elite cultural da S. Paulo do momento”. Fato não confirmado, dizem que Villa-Lobos, em viagem de trem para a fazenda, compôs a famosa “Trenzinho Caipira”. Para se chegar à fazenda, havia uma estrada com uma belíssima aléia de bambuais – a “Via Carola” – que, partindo da estação, se estendia até a entrada da mesma. Inaugurada em 1899, foi desativada em 1962 e, por fim, demolida após 1986, o que também se deu com a singela estação do Remanso. Assim como estas, o bambual também foi colocado abaixo, mas o motivo foi a construção do Nosso Teto I em 1981, quando foi transformando por seus moradores em cercas para suas novas casas...



7- ARQUIBANCADA DO “COMERCIAL FUTEBOL CLUBE”: um monumento vivo da época de ouro do futebol local, erigida no campo da grande agremiação surgida em 1929. Em 1988 o estádio receberia nova iluminação, mas anos depois, a arquibancada foi posta abaixo, dizem que para se lotear o estádio... Se o verdadeiro problema fosse avarias em sua estrutura, é óbvio que ela poderia ser restaurada sem problemas. Na foto, a arquibancada em 1948, década em que foi construída. Dizem também que sua demolição foi o primeiro passo dado por aqueles que tinham a intenção de abrir uma rua ali e desafogar o trânsito, priorizando-se assim o maior sonho de consumo do ararense, digo, o automóvel, em detrimento do elemento humano, ou seja, o torcedor e o jogador. Lembrando-se de como as coisas velhas e históricas são desprezadas e vivem em constante situação periclitante na cidade, passo aqui a palavra ao velho e sábio São Lucas que, parecendo se referir à Araras, escreveu em seu evangelho: “Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”...
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