sexta-feira, 6 de junho de 2008

A CANTIGA DE CEGO, O ÚNICO ESTILO MUSICAL GENUINAMENTE BRASILEIRO

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Poucos sabem, mas existe no Brasil um estilo musical sem antecedente algum! Ao contrário do que se diz, o chorinho não é o mais brasileiro dos gêneros musicais. Quem pôs abaixo esse conceito equivocado foi o maestro José Siqueira, que, em 1950, divulgou em seu “Sistema Trimodal Brasileiro” que a música folclórica do Rio Grande do Norte apresentava “características próprias que a tornam a mais pura e bela do país”.

Como os pregões e aboios, as cantigas de cegos são manifestações legítimas do povo, geralmente catalogadas como cantigas de trabalho. É assim que Oneyda Alvarenga (foto) as considera em seu livro Música Popular Brasileira (1945), pela sua “destinação utilitária definida”. Eis os versos que ele recolheu de uma audiçãemem Natal:


“Se eu pudesse trabalhar,
Trabalhava e não pedia;
Cidadão me dê uma esmola
Pelo amor da Virge Maria”.

Consideradas monótonas, muitas vezes, as cantigas de cegos conservam, entretanto, as características inconfundíveis próprias da música folclórica nordestina – música de originalidade e riqueza que não tem símile em nenhuma outra região do país. É evidente que suas raízes são européias de caráter, – lembrava Oneyda Alvarenga –, mas a solfa que as distingue é contribuição genuinamente nordestina.

Para o maestro José Siqueira (foto), tanto no folclore vocal quanto no instrumental, ele observou a constância de três modus diferentes de quantos existem no universo. Esses modus ordem de tons e semitons na escala diatônica usados sistematicamente dão à melodia uma cor própria, alterando por inteiro o sistema harmônico, base da tonalidade moderna, em que se apóia a música erudita, desde o século XVII. Depois de demonstrar que o I Modus corresponde, por eufonia, ao Hipodório grego ao Mixolídio Eclesiásti­co, da mesma maneira que o II Modus corresponde ao Hipomixolídio grego ou lídio eclesiástico, ele acentua que o III Modus não tem correspondência histórica, devendo ser considerado, por isso, o Modus nacional por excelência. Ele não tem similaridade em nenhuma região do país, e, tanto no folclore vocal quanto no instrumental, observou a constância de três modus diferentes de quantos existem no universo.

O maestro indica dois caminhos para explicação dessa aproximação entre os Modus Eclesiásticos e os nordestinos: a influência da música jesuítica e a acústica da região na parte referente às vibrações dos corpos sonoros.

Os interessados em se aprofundar no tema, devem estudar o trabalho do maestro, que que é amplamente ilustrado. Pesquisadores afirmam que esta parece ser a primeira vez que um especialista e compositor do nível de José Siqueira apontou as características da música folclórica nordestina.

Veríssimo de Mello (foto) afirmou que no mercado público de Natal, em 1964, ouviu várias cantigas do cego Pinheiro, tendo gravado a que o Prof. Oswaldo de Souza passou para a pauta musical e , segundo ele, parecia uma amostra bastante expressiva desse gênero da música popular nordestina.

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O jornal O Estado de São Paulo, em 1992, pediu ao cantor e compositor Tom Zé (foto) que comentasse artigo sobre o Tropicalismo que saíra no New York Times Magazine. O músico deu uma resposta à altura, e, se referindo à música nordestina, falou com muita propriedade sobre o assunto. Aqui, um trecho desta resposta. Nos EUA, disse Tom Zé:

“Eles falam como se Oswald de Souza, sua Antropofagia e o rock internacional já estivesse no âmago da tropicalidade, como a árvore na semente de Parmênides. Não estavam. Antes estava o Nordeste.

O Nordeste e os Gerais do Esta­do de Minas convivem com o efeito residual de oito séculos de dominação árabe na Península Ibérica, desde a Baixa Idade Média até a boca do Renascimento. Ou seja, enquanto os bisa­vós do Sr. Mazaropi eram educados pelos bárbaros cristãos, em todo o Velho Continente, a Península Ibérica (Portugal e Espanha) recebia uma sofisticada educação, com a cultura moçárabe. É que o povo árabe, naquele momento, era a sociedade mais culta do planeta.

E encontramos esses oito séculos de cultura no sertanejo analfabeto. Seus antepassados chegaram ao Brasil nos séculos 16 e 17. No Nordeste e nos Gerais, empobreceram, tornaram-se analfabetos, mas tanto amavam sua herança moçárabe dos avô que começa­ram a dançar cultura, cantar cultura, falar cultura. E a ler conceitos, metafísicos nos eventos do dia-a­dia; a fazer pentimento, sobrepondo à dura paisagem nordestina chaves de conhecimento esotérico; e uma humorada Weltanschauung que sobrevive à miséria, estabelecendo eixos filosóficos a sintaxe de uma língua têxtil.

Cultivaram musicalmente os mo­dos dórico e mixo­lídio, este, geral­mente, com a quarta aumentada (estudo de Heraldo do Monte), os mesmos mo­dos nos quais se compuseram as primeiras canções do pré e do Tropicalismo. Será que eu exagero quando digo ‘falar cultura’? Pois deixem hoje o capítulo da novela e leiam um capítulo de Guimarães Rosa. Valeu!”

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Sobre esses estudos do violeiro e guitarrista Heraldo do Monte, citado na entrevista por Tom Zé, transcrevo aqui um trecho extraído de uma entrevista de Heraldo e o guitarrista Olmir Stocker, extraída da revista Cover Guitarra, em que Heraldo (foto) comenta o que estava ocorrendo com a música nordestina naquela época, no carnaval de 2000, quando uma “molecada” estava usando escalas hungaras e, por isso, descaracterizando a original música nordestina:

(...) Só existem três escalas sacramentadas na cultura nordestina: o mixolídio (Do/Fá/Mi/Fa/Sol/La/Si bemol), o mixolídio com a quarta aumentada (Do/Re/Mi/Fa#/La/Si Bemol) e o dórico (Do/Re/Mi bemol/Fa/Sol/La/ Si bemol), que seria a escala menor. O que esses caras estão usando é a escala húngara básica - Do/Re/Mi bemol/Fa#/Sol/La bemol/Si. Isso está se descaracterizando muito, sabe? Mas não são muitos...”

Clique aqui e saiba mais sobre este estilo musical:

http://www.jangadabrasil.com.br/dezembro52/of52120a.htm

http://www.brasilfolclore.hpg.ig.com.br/cantosdecegos.htm

www.sac.org.br/ 60_anos_123.htm



FONTE:

4 fontes de textos; 5 fontes de imagens - consultar autor.
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O GUITARRISTA JOHN MC LAUGHLIN EM MAUS LENÇÓIS NUM IMPROVISO COM O BRUXO HERMETO PASCHOAL.

c Quem assistiu na época, ou em reapresentações na TV, do Festival de jazz de São Paulo, ocorrido há trinta anos atrás (1978), se recorda da célebre noite em que o gênio da guitarra jazz rock John Mc Laughlin se viu em maus lençóis num improviso com o bruxo Hermeto Paschoal.

É que na hora em que Hermeto se concentrava para iniciar sua apresentação, disseram que o Mc Laughlin “começou a fazer barulho com o amplificador colocado no palco”. Hermeto não gostou nada do que ouviu, e quando chegou a vez do guitarrista tocar, mandou avisar que ia entrar no palco. Mc Laughlin ficou transtornado, principalmente quando o bruxo disse que ia tocar sintetizador, instrumento que jamais havia tocado antes...

Hermeto entrou e arrasou, deixando Mc Laughlin em apuros: este se machucou um pouco na hora de improvisar pois o bruxo inventou de tocar música nordestina... Essa estilo musical costuma explorar escalas não muito convencionais na música ocidental. E o improviso feito por Hermeto explorava o uso do intervalo de quarta aumentada, “acidente” que derruba mesmo – é a dominante da dominante que aparece em momento inesperado.

Veja na ilustração um exemplo de uma melodia que usa este intervalo.











FONTE:

Contatar autor.
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quarta-feira, 4 de junho de 2008

DO ALÉM - trechos de um livro meu em construção

Aqui vão algumas frases e pensamentos criadas por mim, extraídas de um livro que venho fazendo aos poucos. Neste livro, fui ou recriando frases ou inventando pensamentos seguindo a linha de raciocínio ou estilo de cada personagem inserido nele, como se eu fosse um médium espírita que os tivesse psicografado.

"O mais é onanismo sem esperança de filhos." (Carlos Drummond de Andrade, poeta)
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"Pesadelo que se sonha só, é um pesadelo que se sonha só, mas pesadelo que se sonha junto é despertar com a sogra em nossa cama." (Raul Seixas, cantor)
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"Uma artista com uma grande carreira pelas costas".
(Constance Bennet, atriz, sobre a Mulher Melancia)
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"E que seja infinito enquanto duro." (Vinícius de Moraes, poeta)
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"A Astronomia está para a Astrologia assim como a Química está para a Alquimia." (Pierre Janet, psicólogo e neurologista)
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"O Ernesto alguém enterrou
Num canto qualquer de La Paz
Nós fomos não encontremos o Tchê
Nóis fiquêmo cuma baita de uma réiva
A outra vez, nóis não vai mais."
(Adoniram Barbosa)
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"Quando eu andava armado, costumava dizer: 'Antes de o ladrão
me mandar para o sétimo céu, eu mando ele para o quinto dos infernos.'" (Dante Alighieri, escritor)
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"A ruína do sábio: ter conhecimento mas humilhar à quem não conhece; ter didática e não praticá-la; desconhecer algo, não admitir que desconhece e se recusar a conhecê-lo". (São Beda)
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"O matar muitos é heroísmo, o matar poucos é crime: o matar como
militar faz os condecorados, o matar como civil os condenados." (Padre Antonio Vieira)
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"O mundo divide-se entre os que raciocinam por si próprios e o que raciocinam com a coletividade." (Nelson Rodrigues, dramaturgo)
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"- Cavalheiro, esta é a primeira vez que vejo uma barata se salvar de um afogamento, nadando para uma bosta que flutua..." (Wiston Churchill, político e estadista)
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* A ilustração deste POST é de minha autoria e se chama "O Caixão do Ilusionista"

O CHUTE MAIS BELO DE TODOS OS TEMPOS!



Veja aqui, aquele que pode não ter sido o gol mais bonito da história do futebol, mas, particularmente, considero o chute mais belo e animal dado por um ser humano numa bola. Me refiro ao capitão da Seleção Brasileira 1970, Carlos Alberto Torres, na final com a Itália, que foi o gol que deu a vitória da Copa ao Brasil.

Aliás, essa seleção foi escolhida como sendo o melhor time de todos os tempos, de acordo com uma enquete mundial conduzida pela revista World Soccer magazine, e divulgada nesta segunda-feira. De acordo com a revista, "o time brasileiro, que ganhou a Copa do Mundo de 1970 com grande estilo, tornou-se num mito, sendo o principal expoente do jogo bonito".

Esse, que foi o quarto gol do Brasil na final, foi um "momento de arte pura do futebol brasileiro em uma Copa do Mundo", e teve a participação de mais dois jogadores: os santistas Clodoaldo e Pelé, que deu o passe para Carlos Albertos. A propósito, o time que mais cedeu jogadores para as conquistas de 1958, 62 e 70 foi o Santos. O gol de Carlos alberto endossa o que eu digo. Confiram no link abaixo do You Tube, e vejam o corpo do grande capitão se desdobrando de uma maneira elástica inacreditável - o Rivelino que me perdoe, mas este chute foi uma verdadeira "patada atômica", como se dizia na época!

http://br.youtube.com/watch?v=_Vysv2hJqco&feature=related

NO TEMPO EM QUE OS PROFESSORES GANHAVAM BEM...

Com freqüência, ouvimos velhos professores dizendo: "Antigamente, os professores ganhavam bem". Cansei de ouvir isto, até que, um dia destes, tive uma surpresa ao ler uma entrevista na revista Língua Portuguesa (núm. 29), com o gramático, filólogo e professor Evanildo Cavalcante Bechara, 80 anos. Em minha opinião, acredito que a maioria de nós realmente não sabe o que é esse "ganhava bem". Então, prepare-se para ler o que o Evanildo escreveu sobre o salário de um professor há 50 anos atrás:

Língua Portuguêsa: "Qual a diferença entre ser professor naquela época e hoje?"
Evanildo: "Os professores tinham salário admiravelmente bom. Entrávamos como letra o no ensino público. Há até a música 'Maria Candelária é alta funcionário, caiu na letra o'. Nosso salário na época, era pouco menor do que o soldo de um coronel. Tanto que os professores do Colégio Militar entravam para o magistério militar na patente de coronel. Com o primeiro salário que recebi como professor da prefeitura do Distrito federal, comprei à vista um terreno na Ilha do Governador. Hoje, se um professor municipal juntar um ano de salário não daria para a entrada..."

Um terreno na Ilha do Governador com o primeiro salário!! Realmente, o salário era bom mesmo!
Este é mais um dos motivos que levam a me recusar a dar aulas.
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segunda-feira, 2 de junho de 2008

COLUNISTA DO NOTÍCIAS POPULARES MATA O GUITARRISTA STEVE VAI!!!...



Como a comunidade rockeira bem sabe, no distante 27-08-1990, o guitarrista norte-americano Stevie Ray Vaughan morria, aos 37 anos, em um acidente de helicóptero em Alpine Valley, Wisconsin, junto a três outros músicos que pertenciam à banda de Eric Clapton. Pois bem: daí que um certo colunista mal-informado do extinto jornal Notícias Populares (que Deus o tenha!...), o supra-sumo da imprensa marrom brasileira, publicou uma célebre reportagem cuja foto publico neste fotolog. Aliás, esta reportagem é uma raridade, qu eu fiz questão de guardar pois sabia que ia ter valor com o passar do tempo. Analise-a, e veja ao final da mesma, o infeliz do colunista mandando o Steve Vai para a terra dos pés-juntos!... Deixa o Vai saber disso...

domingo, 1 de junho de 2008

11 CONSIDERAÇÕES SOBRE ADELIR, O "PADRE VOADOR", DIGO, O "PADRE AVOADO"... by V-Newton



1- O Padre Avoado não saber usar o seu GPS vá lá, mas ir para o alto-mar sem âncora é imperdoável.

2- Acreditava-se inicialmente que o Padre Avoado tivesse umas recaídas à la padre Bartolomeu de Gusmão (o do balão voador). Ledo engano: o infeliz tinha sim é recaídas à la Padre Vieira: foi pregar aos peixes.

3- O Padre Avoado queria em sua aventura chamar a atenção para o trabalho realizado em sua paróquia . Porém, os 500 e tantos mil reais que ele amealhou saíram de nossos bolsos, gastos nas infrutíferas buscas para localizar o infeliz!

4- Notícias que gostaríamos de ver: "Padre voador cai em alto-mar e explosão de balões causa terremoto no sul-sudeste do Brasil"

5- Outra: "Mergulhadores juram ter visto o padre voador passeando na companhia do Ulisses Guimarães!"

6- Padre Adelir queria, em seu vôo maluco, chamar a atenção para a causa nobre de sua "pastoral rodoviária". O tiro saiu pela culatra: acabou chamando a atenção de balonistas, bombeiros e a marinha.

7- Nem o padre Alexandre Gusmão e seu balão foi tão indisplicente quanto o Padre Avoado; ele sabia que, em pleno seculo 18, por pior que fizesse, estava colaborando com o avanço da astronáutica. Já o Padre Avoado não só errou na geografia como também errou de século. É... enfeites de festa de aniversário tem hora certa para usar...

8- Deu na Espanha: tubarão de 9 metros encontrando na costa morreu após ingerir um dos balões do Padre Avoado.

9- Padre Marcelo protesta: "Ir à Roma e não ver o Papa, vá lá, mas o padre AdeliR ir ao céu e não saber ler o GPS é um sacrilégio!"

10 - Rede Globo pretendia processar o padre por roubar idéias do programa Balão Mágico. Teve gente que ao saber disso protestou: o balão do padre era mágico mesmo - não foi à toa que o padre sumiu.

11- Finalmente acharam os restos mortais do padre Adelir. Acharam só as pernas... felizmente, ele teve com o que pousar. A cabeça, ao que parece, ficou nas nuvens.