Carlos Lopes, do site Rock Express, analisando a caixa com quatro CDs e 56 faixas, lançada em setembro de 2009, escreveu: “Ao escutar esta caixa de pandora que é The Jimi Hendrix Experience, a primeira pergunta é: o que aconteceu com Hendrix "Marbles" (seu apelido à época) no verão de 1966? A caixa responde?” Lopes diz que não; e, na verdade, essa fase anterior à ida de Hendrix para a Inglaterra não é muito comentada tampouco analisada como deveria, que é o que pretendo fazer nesta matéria, lançando algumas luzes sobre este seu período relativamente obscuro. (Na foto, Hendrix em 1966, período de que trata esta matéria).
Originalmente, "The Genius of..." foi lançado nos EUA em 1973 pela Trip Records, e no Brasil em 1976. O disco foi relançado aqui em CD há uns 5 anos atrás. Desconfio que este disco – que não é tão conhecido entre os fãs de Hendrix – tem (ou deveria ter) uma importância fundamental na carreira de Jimi, não só pelas inovações que trouxe, mas por ser uma peça-chave em sua trajetória, em especial na sua fase de pré-estrelato. No entanto, ele não é um disco oficial de Hendrix, mas apenas um bootleg trazendo uma coletânea de sessões feitas com a sua primeira banda, o The Blue Flames e outras acompanhando outros dois artistas. (Na foto Hendrix, na época do exército, com sua primeira guitarra, uma Supro
Ozark). O disco, apesar de nas primeiras audições parecer mais um desses caça-níqueis mal gravados – uma dessas várias gravações ruins que foram lançadas no mundo todo por oportunistas –, é um item que merece uma melhor atenção dos hendrixmaníacos e estudiosos de sua arte. Aliás, quando se fala em Hendrix na fase anterior à sua ida para a Inglaterra, onde explodiu, só vemos discos mal gravados e ele tocando um material que está muito aquém da arte pela qual ele viria a se tornar conhecido – em suma, são aqueles discos que, em termos, só “queimam o filme” de Jimi ante os
novatos, só se prestando mesmo à colecionadores curiosos de sua carreira – posso dizer até infeliz daqueles que conheceram Hendrix através desses discos, pois eles, em sua grande maioria, “mentem” sobre a sua genialidade. (na foto, Hendrix, como um aspirante de Pelé da guitarra...)
Voltado ao “The Genius of...”, particularmente, de todos os cerca de 30 vinis e CDs que tenho de Jimi, este para mim tem uma importância especial. Foi através deste disco que vim a conhecer realmente quem era Hendrix - desde que o ouvi pela primeira vez, a verdadeira mágica de Hendrix aconteceu para mim. Foi numa situação inusitada: eu estava num feriado num rancho às margens do rio Mogi Guaçú em Cachoeira das Emas, Pirassununga/SP, e um amigo levou uma fita cassete com essa gravação – resultado: fiquei quatro dias ouvindo-a sem parar, embasbacado, abestalhado, não crendo no que ouvia. (na foto, Hendrix em 1962, no exército).
Para obter maiores informações sobre o disco, andei vasculhando sua vida neste período – entre 1964 e 66 –, época em que ele tocou e gravou com muita gente. Nesta matéria, acho interessante debater os motivos que levaram Hendrix até a Inglaterra, onde ele aconteceu como grande artista, assunto que os blogs nacionais não entram muito a fundo, ao que me parece. (na foto abaixo, Jimi com o The Isley Brothers, empunhando uma Fender Duo-Sonic, 1964). Tenho toda a certeza que essa gravação é uma peça-chave para entender esse processo. Para afirmar a vocês que posso ter
razão no que digo, baixei os dois CDs “Jimi Hendrix -1964-1966 - Jimmy James Singles” e analisei música a música, e concluí também que nenhuma delas revela quem era o verdadeiro Hendrix no período, pelo menos o Hendrix que viria a explodir em terras britânicas. Dessas gravações, o que se constata também é que os artistas que Hendrix acompanhava seguravam a sua rédea, impedindo-o de usar a guitarra como gostava e sabia, ou seja, com muita distorção, alavanca e feedback, e dentre todos, só o Curtis Knight é que lhe abriu um pouco a porteira para ele dar vazão às suas “loucuras” (foto, ao vivo com Curtis
Kinght, no clube Cheetah). A gente ouve essas gravações compiladas em “Jimmy James Singles” em 1966 e não acredita que é o mesmo Hendrix de “The Genius of...” – na maioria das músicas os artistas podaram o músico até onde puderam, sequer deixando espaço para ele fazer um mero solo. . Mas, pensando, bem, eles até que não estavam errados não, porque se o permitissem, já se sabe o que poderia acontecer... (Jimmy com Curtis Knight & the Squires, New York, 1965, usando "shaded sunburst" Duo-Sonic). A propósito, no disco “Jimi Hendrix -1964-1966 - Jimmy James Singles” Hendrix acompanha os s
eguintes artistas: Rosa Lee Brooks, The Isley Brothers, Don Covay & The Goodtimers, Little Richard, Curtis Knight (foto, disco lançado com a a banda), Curtis Knight & The Squires, Jayne Mansfield, Ray Sharpe com The King Curtis Orchestra, The Atlantic Sounds, The Icemen, Jimmy Norman, Lonnie Youngblood, Billy Lamont, Frank Howard & The Commanders, Owen Grey e, acreditem, Aretha Franklin!Num depoimento, o próprio Jimmy comentou o caso acrescentando outros senões:
"A razão pela qual eu sai não foi só por desentendimento monetário, mas porque Little Richard não me deixava usar camisas com babadinhos no palco, só aquelas roupas de seda que brilhavam. Ele me disse: 'Eu sou o único que pode estar bonito'".
Sobre este seis meses que Jimmy tocou com ele, há um caso que deve ter enfurecido pacas o vaidoso "Ricardinho": "Num desses shows, Jimmy é assediado violentamente pelas fãs, que o confudem com Little Richard"...
Veja este vídeo, de um filme sobre Hendrix, de 1973,
Eu aprendi a gostar do Jimi e a fazer solos de blues ouvindo exaustivamente este “The Genius of...”, em especial as versões de “Red House” e “People, People”, que são ótimas! (na foto, Jimi Hendrix e Billy Cox com os The King Casuals, 1962) Aliás, essa versão de “People, People” é tão boa quanto a clássica versão “C# Blues (People, People, People)” ao vivo, do disco “Experience”– o do filme –, do show de 18-2-1969, em London, Inglaterra. Aliás, é surpreendeente notar como as duas versões são distintas e belas, e chegam até a nem parecer a mesma música; nisto, está também a genialidade de Hendrix - a de recriar uma mesma música através do improviso. Quanto a “Red House”, ela tem uma levada e um
arranjo diferente de todas as outras que se ouve em outros discos, aliás, é a minha versão predileta, pois é meio rhythm blues, suingada, e, pensando bem, é uma grande pena Jimi não ter mantido esse arranjo, pois assim ele "disfarçaria", ou fugiria um pouco do padrão comum e "enjoado" do blues "12 bar" (na foto,com King Curtis, 1965). Ouça "Red House" no disco "Are You Experinced?", e depois esta, e você vai concordar que é esta versão que devia estar no disco oficial. Ela é simplesmente animalesca! Aliás, no último dia de gravação do primeiro disco do Experience, em 13 de dezembro, que durou dois dias, Chas Chandler insistiu para que Hendrix desistisse de gravar "Red House" (existe uma mixagem onde esse pedido está registrado para a posteridade a fim de que ninguém possa negar) e ele acabou concordando porque estava mais interessado em novidades mesmo do que ficar tocando uma forma "tradicional" de blues. O fato é que a versão de "Red House" no LP inglês (ela não entrou na versão norte-americana) alavancou o álbum inteiro à categoria de "maestria de guitarra" com a técnica aprimorada de execução empregada na mesma música.
O uso da alavanca, o sustainer da guitarra e a velocidade dos solos – levando-se em conta o que rolava de inovador na época – são incríveis em ambas as músicas. Na minha opinião, a impressão que se tem é que nunca Hendrix solou tão bem como nessas gravações – ele estava muito à frente de seu tempo! (Na foto, Hendrix e Wilson Picket, maio 1966). Com muita probabilidade, ninguém até então havia tocado blues dessa maneira, tão suja, tão agressiva e tão rápida como ele. Pode-se até imaginar que o Hendrix era bastante "tesourado" pelos artistas que acompanhava, e por isso mesmo tocava meio reprimido, e quando ele podia tocar sem amarras alguma, com raiva ele abria as comportas e soltava seus demônios, o que é o caso do disco em questão.
Abrindo uma aspas aqui, por volta de 1987, o guitarrista Buddy Guy fez um show no Palace
mundial. Aliás, amps Marshall de Hendrix eram envenenados por seu engenheiro de som porque ele queria o som de Buddy, só que bem mais alto... Jimi era grande fã de Buddy Guy, à ponto de que quando ia aos shows de seu ídolo, levava um gravador e se sentava na primeira fila para gravar suas estonteantes performances e truques para tirá-los em casa depois. Sobre uma dessas passagens, Buddy comentou:Em uma antiga entrevista, Buddy contou de uma conversa com seu filho:
Aqui, as duas pérolas de "The Genius of Jimi Hendrix":
Há outras músicas boas no disco, como os dois souls “She’s A Fox” (acompanhando The Iceman) e “Sweet Thing” (com Billy LaMont) – que, aliás, constam de “Jimmy James Singles”, inclusive, vale a pena ouvir “She’s A Fox”, pois nela usa (de leve) a mesma técnica de “Little Wing” e os tais alto-falantes rotativos (caixa Leslie), mas as que importa mesmo nesta análise que faço são as duas citadas, cada uma abrindo um lado do disco. Uma pergunta que fica é porque as outras músicas de “The Genius of...” não entraram nessa
coletânea “Singles...” – será porque esses dois discos só reuniram músicas
banda Curtis Knight and The Squires, notei que há músicas que cairiam melhor em “The Genius of...”, pois ambos os discos são gravações muito próximas, lembrando que o Curtis, apesar de "segurar" Jimi no que diz respeito ao uso de distorção, às vezes dava toda a corda àquele que ele chamava de “guitarrista muito talentoso”, permitindo que tocasse dois números instrumentais em cada show. Fayne Pridgeon costumava dizer o mesmo a Jimi, quando ambos faziam amor (na foto, na banda de Curtis Knight). Ouça esse disco neste link, que também é um bom exemplo do que o Hendrix estava tocando na época:
Quanto ao “The Genius of...”, ele foi gravado em 1966
A importância de “The Genius of...” reside também no fato de que Hendrix faz os vocais (nas músicas com o The Blue Flames) – talvez suas primeiras gravações solos como vocalista –, ressaltando-se que ele já se mostrava um inspirado cantor, usando todos os recursos de vocalização blues que aprendera com inúmeros artistas que tocara, como por exemplo, Curtis Knight e Little Richard (foto). Inclusive, em "Red House", já se evidencia - aliás, já está sacramentado - aquele estilo tão seu de cantar a música e dobrar a voz solando em uníssono (e em improviso), que - ao que eu saiba - ele levou para o túmulo consigo e não deixou descendentes. Na verdade, quem às vezes fazia algo próximo disso era um guitarrista inglês meio hendrixiano (até na voz!), o ótimo Roye Albrighton, da banda progressiva Nektar - ouça "Woman Trouble" e tire suas conclusões.
Em se falando da guitarra usada nestas gravações com o The Blue Flames, acho muito bom o timbre, mas que marca seria? Em 1964, quando chegou a Nova Yorque, Jimi tocava com Billy Cox, Leonard Moses e Jolly Joger, usando uma velha Epiphone (foto). Mas, ao que parece, a guitarra usada em "The Genius of..." não é uma Ephifone. Por que digo isso? Ocorre que, desde que ouvi este disco, eu conheço muito bem esse timbre de guitarra, e, por
volta de 2005, ouvindo o disco duplo “The Blow-Up” (1978) da banda Television, reconheci-o na guitarra do Tom Verlaine. Fui conferir que guitarra era e vi que Verlaine usa com frequência uma Fender Jazzmaster (foto,). No entanto, convém lembrar que tanto Richard Lloyd quanto Tom Verlaine usavam Fender Duo-Sonic também. Na verdade, o fato tem de ser melhor checado. Para formar o The Blue Flames, em junho de 1965, ele comprou uma nova guitarra na loja Manny's,
mas antes de formar essa banda, Jimi tocava na banda de King Curtis usando uma Duo-Sonic branca (na foto, Hendrix com uma Jazzmaster). Enfim, as duas guitarras usadas por Jimi nessa época eram a Duo-Sonic e a Jazzmaster, mas a semelhança do timbre da guitarra de Jimi nas gravações de "People, People" e "Red House" com a guitarra de "Blow-Up" de Verlaine. A Cover Guitarra Nº 171, trouxe uma matéria com uma Jazzmaster 1960, em que diz:
velha’. Com saturação, os captadores chiaram um pouco, exceto na posição central das chaves. Uma característica própria da Jazzmaster é o seu tone lead circuit. Ao acionar a chave de duas posições, que fica acima do captador do braço, conseguimos uma sonoridade mais cheia e encorpada, algo pensado para os músicos de jazz.”O site Cifra Club News comentou a Jazzmaster:
Ouça amostras de “The Blow-Up” com o Television:
Ou baixe o disco:
Restava, então, checar que guitarras Hendrix usava quando gravou “The Genius of...”. Na revista On & Off (Nº 9) encontrei as guitarras usadas por Hendrix nesse período:
tocava com Little Richard (1965); um vídeo de Hendrix tocando com os cantores Buddy & Stacey (foto) neste ano: http://www.youtube.com/watch?v=GaIxswG7d84
Após ouvir o “The Blow-Up”, acredito que Jimi tenha mesmo usado uma Fender Jazzmater na gravação do “The Genius of...”, pois o timbre é o mesmo. A distorção usada em ambas as músicas citadas leva a crer que, na época, ninguém tinha uma mais poderosa – tem um sustainer tremendo e a guitarra berra – é de se lamentar que o Hendrix não tenha mais o usado essa guitarra daí para diante. Acredito que ela tinha esse som incrível, com certeza era devido mais ao desenho do corpo que aos captadores. Convém lembrar também que foi nessa época que os Stones foram ver Jimi e os The Blue Flames no Café Wah? (foto), e Linda – a esposa de Keith Richards –
Linda Keith (foto) que estava trabalhando
A história acima lembra também outro caso, ocorrido dois anos antes, em 1964, com Gene – o filho do Les Paul (o criador da célebre guitarra, falecido recentemente, 13-8-2009) –, que dando um rolê pela noite de Nova Jersey, pararam num clube em Lodi, e Gene foi conferir o show que rolava naquela casa. Ele ficou completamente estupidificado com o que viu e ouviu. Ele voltou e disse ao seu pai: “Pai, é melhor você ir conferir por si mesmo. Tem um cara lá estraçalhando a guitarra!” Les Paul (foto) entrou e parou para escutar, e ficou deveras impressionado com o que ouviu. Acredito que de
Mas, afinal, o que disse Muddy para Jimmy? Pois bem: quando ele se encontrou com Jimmy pela primeira vez em Chicago, ao notar o seu notável talento - e também lhe dizer que ele se parecia com o bluesman Robert Johnson -, aconselhou: "Vá para Nova York, garoto. Se você quer alguma coisa além desse vida, vá para Nova York". Quanto à opinião de Linda que, se baseando
Tem outro depoimento interessante também – aliás, fantástico – no livro “Jimi Hendrix – O Domador de Raios” (1984), de Ana Maria Bahiana, em que ela fala das primeiras impressões que Hendrix causou
Outro que colaborou para a ascensão de Hendrix foi o cantor e guitarrista John Hammond Jr. (foto), filho do famoso crítico de jazz e blues. Segundo ele, o encontro do então Jimmy James com Chas Chandler se deu no Café Wha?, mas sim no noutro café, o Café a Go Go. Na verdade, Chas já havia visto Jimmy no Café Wha? e no Go Go, acredito, se deram os acertos finais. Ele se recorda do dia em que o ouviu tocando Hammond então, em agosto de 1966, entra para a banda de Jimmy e começam a tocar junto no Café a Go Go. No mês seguinte, após ouvir Jimmy atuando nesta casa, Chas Chandler convence-o a ir para a Inglaterra, o que se dá no dia 23 de setembro.
Ouçam, e depois tirem suas conclusões, mas, sinceramente, não dá para comparar... No ano seguinte, com o lançamento do primeiro disco do Experience, só “Manic Depressions” já bastava para tirar Beck (foto) do campo das disputas, e mandar o cara enfiar sua violinha no saco e sair batido... Aliás, não só o Beck, como o Clapton, Page e o Pete Towshend também. "Truth" do Beck e "Wheels of Fire" do Cream são ótimos discos, mas não superam em virtuosismo e inovações os dois primeiros discos do Experience. Isto foi extraído do já citado site Rock Press, onde se analisa o primeiro disco do Experience, e mostra outras facetas inéditas sobre o disco:Sobre o Beck e o Townshend, vejam a historia que o guitarrista Robertinho do Recife contou num exemplar do jornal Hit Pop de junho de 1977:
Essa história, além de deixar entrever que o show estava incomodando o próprio Beck, mostra que ele, enfim, de modo indireto, reconhecia a evidente superioridade de Hendrix. Aliás, se analisarmos a vertiginosa ascensão de Hendrix como músico, cantor, explorador de tecnologias e domínio de estúdio no período compreendido entre 1967 e 1970 – que foi muitissímo superior à de Beck no mesmo período –, imagine-se o que Hendrix não teria feito em meados dos anos 70 quando Beck gravou “Blow by Blow” e “Wired”. É como uma “Regra de
Townshend, instado sobre Jimi, foi sincero como Clapton: "Ver Jimi tocando me destruiu! Quer dizer, era difícil ver alguém fazendo o que você sempre quis!"
Beck, por sua vez, numa entrevista décadas depois, não deu o braço a torcer: "Meu relacionamento com ele era difícil, pois ambos estávamos à procura da mesma coisa: um jeito selvagem de tocar"... No entanto, na época, ele teceu este comentário após ouvir Hendrix nas primeiras vezes: “His music hits me straight between the eyes!”, ou seja, dizia que sua música o acertava diretamente na testa, entre os olhos... Aliás, esta frase serviu de título de um dos discos de um dos grandes fãs de Hendrix, Ritchie Blackmore e sua banda Rainbow, o disco lançado em junho de 1982, “Straight Between the Eyes”.
Beck concedeu em abril de 2010 uma entrevista para o site Telegraph.co.uk onde, finalmente, ele entrega os pontos, e em um trecho ele explica que o guitarrista que realmente o impressionou foi Jimi Hendrix.
Nós todos parecíamos que tínhamos saído de uma vitrine da Burton (loja de roupas masculina mais famosa na Inglaterra). Lá estava o Jimi com sua jaqueta militar, seu cabelo esvoaçante, tocando com os dentes. Nós teríamos adorado ter feito isso.
Quando ele chegou me atingiu como um terremoto. Eu tive que pensar muito sobre o que fazer em seguida. Na verdade, as feridas eram muito profundas e eu tinha que curá-las sozinho.
Eu estava constantemente procurando outras coisas para fazer na guitarra, alcançar novos lugares. Eu tenho que sentir que isso é meu. Se eu não me sinto especial, eu simplesmente não faço."
Convém recordar que em Londres, naqueles tempos, qualquer coisa que os Stones e os Beatles dissessem sobre um artista ou um estilo musical, era aceito como verdade absoluta e indiscutível, e o entusiasmo de John Lennon, Paul McCartney e Mick Jagger muito contribuíram para que artistas como Bob Dylan e James Brown fossem aceitos e reconhecidos na Inglaterra, e assim se deu com Jimi Hendrix.
Bom, amigos, era o que eu tinha a dizer. Boas audições, conclusões e aprendizados com o nosso mestre Jimi Hendrix!


























