Mostrando postagens com marcador araras. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador araras. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O BACURAU-MIGRADOR NORTE-AMERICANO (Chordeilles acutipenis) NA PRAÇA BARÃO DE ARARAS



Todo ano, entre o final do mês de Outubro e o princípio de Novembro, um grande número de pássaros, na condição de visitantes setentrionais abandona o inverno da América do Norte em busca do verão brasileiro. Dentre estas aves está uma espécie de bacurau, conhecido como bacurau norte-americano ou migrador (Chordeiles minor).  Na cidade onde resido, Araras, Estado de São Paulo, Brasil, estas aves são encontradas nas praças centrais, onde passam o dia, perfeitamente adaptadas ao conturbado ambiente urbano. Fazem deslocamentos coletivos ao pôr-do-sol, dirigindo-se para o leste, como que querendo apressar a chegada do noite, fugindo do poente, regressando logo depois, no escuro, como bem observou o ornitólogo Helmut Sick já falecido, em sua livro “Ornitologia Brasileira - Uma Introdução”. 

Abaixo, foto de novembro de 1991, na mesma praça, foto do finado Pérsio Galembeck Campos, encomendada por mim.



A árvore dominante nesta praça é a (Caesalpina peltophoroides, foto acima), conhecida popularmente como “Sibipiruna”, espécie muito comum na Mata Atlântica. Passam o dia repousando em seus galhos em posição contrária à da maioria dos pássaros, ou seja, no sentido do próprio galho, como que querendo se ocultar, estratégia comum entre as aves desta família. Ficam pousadas em galhos a partir de quatro metros de altura à sombra ou ao sol. Sua presença nestes locais não é facilmente notada, a não ser quando pousam em locais abertos ou saem voando ao crepúsculo ou no início de tempestades.

 
A observação mais relevante que fiz sobre esta ave foi em 16/1/1995 (foto), no centro da cidade. No início da manhã vi um destes bacuraus pousado no cano inclinado de um semáforo num local de tráfego intenso, e ali ele ficou até por volta do meio-dia. O curioso é que a ave não se mantivera pousada como o faz normalmente nas árvores, ou seja, no sentindo do longitudinal do galho, mas transversalmente como a maioria das aves. Pouco tempo depois passou para o cano oposto onde, sob sol intenso, ficou até o meio da tarde, quando procurou abrigo sobre a sombra da junção do cano onde repousava com o cano vertical que sustenta o semáforo; porém, com o deslocamento do sol, o pássaro voltou a ser iluminado. Nesta tarde, São Paulo teve o seu dia mais quente do ano após nove anos. A temperatura atingiu 42° centígrados, o que demonstra a enorme resistência que estas aves tem no se expor à luz solar direta. Convém lembrar que a cerca de 10 metros do semáforo havia o arvoredo da praça de uma escola. No mesmo local, em outra data, vi durante o dia, o que parecia ser uma destas aves pousada num fio elétrico como uma ave comum!

Um dia de chuva forte na praça principal, vi um bando de cerca de 22 destes bacuraus deixarem seus pousos e se dirigirem para o nordeste da cidade, mas devia haver mais indivíduos porque não pude visualizar todo o céu acima da praça.

.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A ESTRANHA CHAMINÉ DA FAZENDA SÃO JERÔNIMO! UMA VERDADEIRA OBRA-DE-ARTE!


Quer conhecer, amigo, uma chaminé que é uma verdadeira obra-de-arte, uma joia de desafio e precisão arquitetônica? Então vai dar uma olhada na chaminé que existe na fazenda São Jerônimo, à sudeste da Usina São João!

Ela começa mais larga na base que na abertura acima, como toda chaminé, mas depois, estranhamente, vai se alargando mais e mais, mas de maneira muito sutil, quase imperceptível, de modo que da base até o abertura final não resultou numa linha reta, como é normal em todas as chaminés, mas uma curva levíssima que pode passar desapercebida aos desatentos! Imagina a maestria do construto para assentar tijolos assim, milimetricamente, para causar esse feito, efeito que se nota mesmo à distância!

Segundo o senhor Geraldo Botezelli (92 anos em 2021), ex-funcionário da usina São João, esta chaminé possui aquela dilatação sutil ao longo de sua estrutura que é para funcionar como uma espécie de sifão e dar embalo à emissão de fumaça.

Se estou certo no que vi, esta chaminé tem que ser estudada por meios matemáticos para se saber como conseguiram fazer esta façanha para lá de desafiadora! Para mim, é coisa de construtor de pirâmides!


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

UM OVNI, DO TIPO SONDA, QUE FOTOGRAFEI SEM TÊ-LO VISTO!


Dia 3 de setembro do ano passado, 2012, fui fazer algumas fotos noturnas na zona rural do lado norte da cidade de Leme (SP), numa estrada além do bairro São Bento, da vizinha cidade de Araras. Estava eu do lado nordeste da fazenda Lagoa Funda (22°14'5.74"S, 47°21'37.23"O), e o motivo principal das fotos naquele momento era esta fazenda e suas luzes. Para minha decepção, ao abrir as fotos em meu computador na mesma noite, notei ficaram todas desfocadas e os ruídos (granulações) muito acentuados. Mas algo chamava a atenção nas quatro tomdas que fiz: uma luz verde-azulada que eu não vi enquanto fotografava, e ao analisá-la, tudo levava a crer que se tratava de um OVNI. Tinha um caminhão na fazenda com os faróis acesos, de cor laranja, o que me chamou a atenção à princípio. A grande luz amarela era uma luz externa, talvez de alguma parede da fazenda. Já a pequena luz verde-azulada no céu é o suposto OVNI, que parece ser do tipo sonda, portanto de pequenas dimensões. Ao que parece, ele saiu do lugar onde fica a lagoa situada ao lado da fazenda, talvez imergido dela. Não se ouviu ruído algum no céu durante as tomadas. É comum este tipo de aperelho estar associado à cursos d'água.

Por sorte, sempre quando fotografei o objeto estava parado no céu, mas a sequência das fotos revela que se moveu sutilemente no céu no intervalo entre as tomadas.

Eu e um grupo de amigos vimos um aperelho desses passando sobre nós na Usina Palmeiras (há cerca de 8 quilômetros da fazenda Lagoa Funda) nas férias de 1976. Tinha uns 30 cm de diâmetro e atrás dele havia uma pequena cauda azulada! Notar que o OVNI da fazenda tem uma "névoa" acima e à direita dele, o que é visível nas quatro tomadas.

Na quarta foto, nota-se que, sem querer, a regulagem de distância da máquina estava ótima para a focagem do OVNI, e por isto mesmo ele é visto em sua perfeita forma esférica, o que foi uma grande sorte.

A fazenda estava à cerca de 500 metros de mim, e acredito que o OVNI há uns 200 ou 300 metros.

Foi realizado um tratamento nas fotos com o programa Corel Photo Paint, de modo a clareá-la, aumentar os contrastes, reduzir as granuções e a evidenciar melhor a forma do OVNI.

Notar seu deslocamento pelo céu - coisa que eu teria notado se ele estivesse visível: por exemplo, na foto 2, marquei a "posição 1" onde ele estava na foto 1 e ele já na nova posição no céu, e assim sucessivamente.

Se notarmos, da foto 1 para a foto 2 o objeto pareceu se aproximar mais do lugar onde eu estava. Esta região da cidade é um lugar que parece atrair este tipo de fenômeno, e eu mesmo já registrei pelo menos 6 ocorrências ocorridas desde meados do século passado.

Aqui, um video onde pode ser visto um OVNI semelhante, que surge no céu atrás da repórter de TV New Broadcast, Ontario, Canadá, em 2 de outubro de 2014.

.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

LUDITAS ÀS AVESSAS!!!...



Neste ano, 2012, está fazendo 200 anos que os revoltosos conhecidos como luditas fizeram uma série de destruições de tecelagens em Nottingham, na Inglaterra, entre fevereiro e março desse ano. Em plena era da Revolução Industrial, quebraram máquinas e depois incendiaram os edifícios. Mas, afinal, quem foram os luditas? Pois bem: o ludismo foi um movimento que ia contra a mecanização do trabalho, surgido com o advento da Revolução Industrial. Adaptado aos dias de hoje, o termo ludita se refere à toda pessoa que se opõe à industrialização intensa ou mesmo à novas tecnologias, como este que vos escreve... Este movimento social é hoje conhecido como o neoludismo. Um exemplo de um autor que se identifica com esta designação é Kirkpatrick Sale, que escreveu o livro "Rebels Against the Future" ou Movimento Operário. Segundo os luditas, por serem mais eficientes que os homens, as máquinas tiravam seus trabalhos, requerendo, contudo, movimentos operários e duras horas de jornada de trabalho. E, curiosamente, a mesma revolta (sem tal violência, mas com  mesma gravidade) não se deu com nossos cortadores de cana com o surgimento das colheitadeiras mecânicas, que dispensaram a mão-de-obra da classe?!... (na ilustração, Ned Ludd, o líder dos Ludistas, gravura de 1812)
E já que estou falando de tecelagens, gostaria de dizer à meus amigos que meus pais – os jovens e belos conhecidos como Walter Daltro e Maria de Lourdes Rocha –, eram funcionários de uma mesma tecelagem, a "Textil São Antonio", hoje demolida, que ficava na Avenida Leme, Nº 80, de propriedade de Armando Lagazzi. Meu pai trabalhou ali entre 1951, aos 14 anos, até 1957, e minha mãe na mesma época – ela, como tecelã e ele como contador no escritório da empresa. É oportuno lembrar que, tempos depois – creio que no final da década de 90 –a tecelagem encerrou suas atividades, e na década seguinte ocorreu um estranho incêndio ali, e não se sabe de origem criminosa. Vale dizer – modéstia às favas – que sem a existência desta tecelagem – onde meus velhos se conheceram e se enamoraram –, este que vos escreve talvez não existisse!... (na foto, acima e à direita, a tecelagem em 1980)

Bem lembrado, é oportuno dizer que também, há exatos 155 anos atrás, no dia 8 de março de 1857, nos EUA, os patrões e a polícia trancaram as portas de uma tecelagem e depois atearam fogo, matando 129 operárias carbonizadas! Daí, caso não saiba, surgiu o Dia Internacional da Mulher!

Curiosamente, também exatos 200 anos depois do quebra-quebra dos luditas ingleses, em 4/04/2012, a Prefeitura Municipal de Araras aprovava o projeto para a construção de um novo edifício na cidade – o imponente "Vitrallis - Premium Residences", edifício que, por ironia do destino, vai se situar exatamente no mesmo local onde se erguia a extinta Textil São Antonio, onde, repito, a pombinhos apaixonados Daltro & Rocha uniram seus corações!...

À esta altura, meu leitor deve estar matutando aí: "Mas aonde esse danado do Wenilton quer chegar?!" Pois bem: é que dói ver uma tecelagem linda como era a São Nicolau encerrar suas atividades, pegar fogo e depois ser demolida – que ela era, de certo modo, um lugar sagrado para mim, cidadão extremamente preocupado com a preservação de nosso edifícios históricos ou antigos. Se situava a São Nicolau na espinha dorsal de Araras onde se alinharam e conviveram Daltros e Rochas desde o final do século 19 até o final do século seguinte. Daltros moraram ao longo da "Antiga estrada para Leme" (hoje Avenida Maria Muniz Michielin e Avenida Leme); Daltros construíram a Usina Palmeiras – meu paraíso extinto onde moramos na melhor época de nossas vidas!; Rochas moraram na mesma estrada, na fazenda Montevidéo, onde meu avô Francisco Rocha fora feitor, e meus tios – e minha mãe! –, nasceram! Meu avós Rocha, depois, moraram na rua Lacerda Franco, que vai desembocar exatamente na Avenida Leme. Meu pai, antes de mudarmos para esta usina, teve uma leiteria na rua Albino Cardoso, que forma uma bifurcação com a Lacerda Franco. Como se vê, por gerações e gerações, Daltros e Rochas se deslocaram e conviveram nesta importante espinha dorsal que era a principal via da Araras antiga por boa parte deste período.

Mas, se posso falar em luditas modernos – e não estou se referindo à mim –, ou melhor, em uma espécie diferente de ludista: luditas "negativos", luditas ás avessas, diria que são os capitalistas chineses! No caso, são os verdadeiros responsáveis pela ruína de nossas tecelagens! Sim, a onipresente China capitalista e sua competição selvagem desonesta!

Mas a coisa não parou por aí, pois há outras espécies de luditas às avessas nesta cidade, como, p. ex., certos empresários do ramo imobiliário, que mal vêem um terreno baldio, uma empresa fechada, uma casa antiga ou um casarão centenário, e dirigem para eles toda a sua sanha e cobiça imobiliária, fazendo tabula rasa de tudo! E nisto se inclui também os proprietários desses imóveis, que detestam tudo o que é antigo, não importa a história que há por detrás deles! E nisto, amigos, quanta coisa linda e de extrema importância histórica se perdeu! Araras já foi a terra de dezenas de tecelagens (e quanto casais ararenses não nasceram aí!), de inúmeras fábricas de mandiocas e de olarias sem fim! E onde foi parar toda essa maravilha? Não vou comentar aqui.

Ah, aquele pequeno trecho de rua em frente à Textil São Nicolau, quanto frequentei e quantas histórias vivi ali, eu, meus irmãos e amigos! Ali, aos 5 anos, fui ao circo pela primeira vez e ouvi todo feliz pela primeira vez a canção "Datemi un martello" com a sensação da época, a cantora Rita Pavone! Nesta mesma época, ali também, ouvi deslumbrado pela primeira vez o "martelar" incessante de uma velha araponga que ficava numa gaiola do posto do Henrique Volpi! Ali também o bar do velho Espica, onde tantos doces comprei e tantas caronas para a Usina pegamos ao sair mais cedo da escola! O último ponto de ônibus da Usina dentro da cidade, que nos recolhia ali todo final de tarde!

E eu fico pensando em todas estas maravilhas e seu melancólico final... e perguntas teimosas vem martelar minha inquieta cabeça: Até quando esses luditas às avessas vão destruir tudo? Quais serão seus próximos alvos? Como lutar contra eles? É quando me vem à cabeça a velha sentença do Caetano Veloso, que dizia da "força da grana que ergue e destrói coisas belas"!... Não, eu não me conformo, nunca me conformarei, e enquanto existirem luditas às avessas nesta cidade, haverá este "ludita positivo", o neoludita Wenilton, que com sua pena combaterá ferrenhamente para preservar nossas coisas belas que a maldita "força da grana" destrói sem piedade!

FONTE:
http://www.vitrallis.com.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ned_Ludd
http://www.abrazrj.com.br/index.asp?pageURL=48&NOticia=5&sector=0

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A RUA TIRADENTES EM ARARAS - UM DESERTO DE ÁRVORES!!!...
























Caros cidadãos ararenses, venho através deste post falar aqui de um problema de suma importância, e que passa despercebido pela maioria das pessoas: a falta de arborização nas ruas centrais de Araras. A foto ilustra perfeitamente o que é hoje a mais famosa rua do comércio central da cidade, a rua Tiradentes: uma passarela imensa onde o número de árvores nas calçadas está quase próximo do zero! O mesmo se dá com outra rua comercial, a Júlio Mesquita, e muitas outras ruas do centro. Duvidam? Pois então abram o Google Map e chequem nas fotos aéreas a gritante ausência de árvores. No trecho mais comercial da Tiradentes, compreendido entre as ruas Armando Salles de Oliveira e Chico Pinto, foram contadas apenas 10 árvores nas calçadas, num espaço que em que se alinham 10 quarteirões, sendo que a maioria deles não têm árvore alguma!

Como se sabe, desde a década de 50, quando a cidade começou a colecionar prêmios como uma das cidades que mais se desenvolve no Brasil, com a urbanização e o desenvolvimento industrial, o número de árvores, áreas verdes e quintais arborizados caiu drasticamente na zona central cidade, e esta rua é um perfeito reflexo dessa postura.

É óbvio que ninguém quer uma árvore em frente ao seu estabelecimento, porque, alegam, elas impedem a livre visualização de sua loja, de vitrines e letreiros da fachada, e até mesmo dizem que impedem o livre trânsito dos clientes. Isto para não falar do quesito "vaidade", o de exibir sua loja (e residência) sem entrave algum!... Não sou da opinião que uma pessoa sempre deva olhar para cima para procurar o estabelecimento onde irá comprar toda vez que for ali - quem visitou uma loja uma ou duas vezes, o endereço já estará mentalizado é só voltar ao lugar sem problemas. Além disso, o que mais interessa às pessoas é o que está dentro dela e não fora. Quanto ao "livre trânsito dos clientes", com certeza, há mais carros nas ruas, seja estacionados, seja de passagem, que árvores nas calçadas impedindo o "ir e vir" dos clientes. Esse trecho de rua, aliás, já devia ter sido transformado em calçadão há muito, e mais, ser intensamente arborizado, mas "motivos comerciais" insensatos impedem que isto aconteça!...

O problema é que, em dias de verão, essa "rua pelada" se torna um lugar desagradável, pois fica excessivamente quente e abafado. Mas, o que causa essa chamada "ilha de calor" nesse longo alinhamento de prédios? Como se sabe, as ilhas de calor urbanas são regiões com temperaturas mais elevadas que o normal, pelo fato der reterem calor nas edificações devido à falta de vegetação, acarretando também a problemática diminuição da umidade relativa do ar. Edificações cobertas com materiais que absorvem calor, como as telhas de amianto, comuns em grandes galpões, também aumentam sensivelmente o calor nestas áreas. Isto para não falar no trânsito intenso de carros e sua consequente poluição. O problema é tão grave que especialistas em aquecimento global chamam esses locais de "desertos artificiais". Outro problema comum, é que a falta de árvores também diminui a biodiversidade, além de comprometer as funções estética e de lazer. Indo mais fundo ainda, diria que nestes locais, em dias de verão, é aumentada a pressão arterial das pessoas com predisposição para essas doenças.

A que pergunta que fica é: realmente o comerciante (e o cidadão) ararense age como se realmente morasse na chamada "Cidade das Árvores"? Não nos esquecamos que Araras foi a primeira cidade na América do Sul a realizar uma festa em homenagem às árvores, e considerada por publicações especializadas como o “Primeiro movimento brasileiro de tomada de consciência do problema ambiental”, e até mesmo o “Primeiro movimento ecológico brasileiro”!

Jamais nos esqueçamos que o bosque plantado por ocasião desta festa em 1902, se localizava abaixo da praça “Martinico Prado”, e em 1947, por questões imobiliárias (sempre elas!), foi colocado abaixo! Depois, em 1985, houve outra atitude semelhante: era posto abaixo o belíssimo  Horto Florestal do Loreto, um agradável recanto que, inclusive, devido a sua importância, foi citado no livro “A Onda Verde” de Monteiro Lobato em 1920, lembrando-se que seu criador – o visionário Navarro de Andrade – foi o pioneiro na introdução do eucalipto no Brasil, com a sábia intenção de preservar matas nativas e abastecer as locomotivas com lenhas de plantações desta espécie. Constituía ele um excelente recanto para amantes da natureza, ideal para piqueniques, treckers, ciclistas e os que gostavam de se enveredar e se perder por seus sossegados aceiros. A ruína começou no início da década de 80 com a contrução dos conjuntos habitacionais "Nosso Teto", enquanto canaviais das redondezas permaneciam incólumes!... Ao contrário do seu “irmão” rio-clarense, nosso horto não foi tombado, e, infelizmente, quase recebeu o golpe de misericórdia em 1997, quando novos trechos foram desflorestados para dar lugar a assentamentos!... e os canaviais observavam tudo impassíveis!...
 
Enfim, comerciantes da rua Tiradentes (e outras ruas comerciais), que tal agirmos como se realmente fossemos habitantes da Cidade das Árvores, e, portando-se como cidadãos seriamente preocupados com questões socioambientais, inverter esta crítica situação, cada qual plantando uma árvore adequada em frente ao seu estabelecimento?! Não sou pessimista, mas duvido que estas palavras surtirão algum efeito, e, assim sendo, a única saída será a própria Prefeitura tornar isso uma medida obrigatória!... Ou será que teremos de continuar a viver hipocritamente, ostentando um título "para inglês ver", esse, o da "Cidade das Árvores"?!...

INCONTESTÁVEIS MOTIVOS PARA A REARBORIZAÇÃO DA TIRADENTES!

.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O HABITANTE DA “CIDADE DAS ÁRVORES” E OS CAPINZAIS QUE O INCOMODAM...

.

“O que é uma erva daninha? Uma planta cujas
virtudes
ainda esperam para ser descobertas.”
 (Ralph Waldo Emerson, 1803-1882, 
crítico e poeta norte-americano)

Anos atrás, num exemplar do Tribuna no Bairro, suplemento do jornal Tribuna do Povo, estampado em sua última página vinha uma matéria que muito me incomodou, e incomodou tanto quanto um capinzal pode atazanar alguém em plena zona urbana. Ali, em letras caixa-alta e negrito, lia-se a fatal sentença: “MATO ALTO INCOMODA” – o invariável e recorrente protesto contra as “pragas” que infestam os nossos mal-amados quintais, terrenos baldios e lavouras!

O reclamante da chamada “Cidade das Árvores” protestava: “O acúmulo de mato e animais, além de anti-higiênico, atrai muitos ladrões que se escondem no terreno”.

É oportuno recordar: poucos anos depois da inauguração do Parque Ecológico em nossa cidade, um outro jornal ararense trazia a seguinte reclamação: de um conhecido colunista “Alguém pode me dizer quando aquele matagal, que atende pelo nome de Parque Ecológico, vai ser cortado. Tenho a impressão que passar por lá a pé, é risco na certa de um assalto, uma picada de aranha e uma mordida de cobra.”

Antes de mais nada, manda a conveniência que eu pergunte: desde quando capim é “anti-higiênico”? Esquece-se o cidadão que, muitas vezes, os verdadeiros responsáveis pelo aumento de ratos, aranhas, sapos, cobras, pernilongos, e outros animais são as próprias pessoas que ali depositam sacos de lixo, entulho e outros quejandos. E se estes mesmos animais “indesejáveis” também são encontrados em plena zona urbana, os responsáveis diretos por isso somos nós mesmos, e o mato nem sempre tem a ver com esse problema. Oras, é óbvio que as cobras surgem na cidade devido à proliferação de ratos; o mesmo se dá com os insetos, que quanto maior a quantidade de lixo entulhos e esgotos,a céu aberto ou não tratados, maior é o seu número. E aranhas, assim como os sapos, não surgem nestes lugares em busca das baratas? Madeiras abandonadas em terrenos baldios, p. ex., podem se tornar um verdadeiro foco de cupins, que, por sua vez, podem infestar um bairro inteiro!

Quanto aos exóticos caramujos africanos (Achantina fulica) – que comprovadamente podem causar danos à saúde como diarréia, desidratação, perfuração e infecção intestinal –, de onde você acha que eles surgiram? Nada mais nada menos de criadores que, abandonando sua criação devido à perda de interesse comercial, acharam por bem soltá-los na natureza, onde, encontrando ambiente propício, se transformaram numa verdadeira praga. Esta espécie de caramujo é um animal oportunista, que prefere o ambiente urbano às matas, já que na cidade encontra alimento mais fácil. As pessoas jogam lixo nos terrenos e em locais inadequados, que são justamente o lugar onde ele vai se refugiar e alimentar. Além disso, ele também se alimenta de fezes de cães e gatos. Esse animal, que se tornou um grande problema em muitas cidades, foi “importado” para ser utilizado como alimento na criação de aves domésticas, e, acredite, na culinária humana, substituindo o tradicional “escargot” por apresentar vantagens no tempo de crescimento individual e resistência às condições ambientais.

Voltando ao problema dos terrenos baldios e os bandidos que se ocultam no meio dos capinzais, pretende o reclamante que acreditemos que os grupos de assaltantes, semanalmente, fazem ali secretas reuniões, desmanchem carros, escondam armamentos ou façam pontos de venda de droga? Convenhamos!... Isso é reclama-se por reclamar, fato que, no fundo, não passa de ódio vegetal, dendroclastia mesmo! Será, então, que a saída será dar cabo de todos os capinzais urbanos?

Me perdoem os discriminadores das espécies vegetais menos carismáticas e sem valores atrativos, mas o problema não é o capinzal, que o capinzal em si é natureza também. Convém esclarecer que a mamona, p. ex., – popularíssima invasora dos terrenos baldios – já foi planta de jardim no século XIX! E quantas plantas ornamentais modernas já não foram mato um dia? Quantas plantas medicinais há nestes terrenos, que são relegadas à condição de plantas invasoras, daninhas, mato enfim!...

Imaginem se os nosso índios, cada vez mais aculturados, começarem a raciocinar como os urbanos – que tem visão unilateral e míope da natureza: em breve irão reclamar à FUNAI de “matos sujos” por capinar, de pragas de mosquitos, cobras, baratas, ratos e escorpiões, e eis a natureza brasileira em sério perigo! Valei-me, São João Gualberto!

Os quintais e terrenos baldios são áreas vitais, uma vez que servem como local de absorção de chuvas, e os nossos “higiênicos” quintais concretados e azulejados são um dos responsáveis pelas enchentes. Neles, as águas pluviais não têm como penetrar no solo, a não ser pelo ralo que vai levar a água até os ribeirões, que nem sempre podem conter esta mesma água que poderia ser absorvida pela terra caso os quintais e ruas fossem permeáveis. Também ignora-se que os mal-amados brejais são habitats imprescindíveis para inúmeras espécies vegetais e animais, e desempenham papéis importantes, como filtrar a poluição e servir como áreas de contenção de enchentes, e não são lugares insalubres, como se pensava desde o século XIX? – me refiro à chamada “teoria miasmática”: aquela que afirmava que as doenças provocadas por “miasmas” ou emanações malignas provenientes do solo, da água ou do ar “estagnados”.

E os responsáveis pelos mares de espuma da cidade de Pirapora (foto), não somos nós mesmos, com todas as substâncias poluidoras que, dentro de nossa própria casa, botamos ralo abaixo todo santo dia? Uma pequena lista desse descarte monstruoso que ocorre diariamente: óleo e vinagre, farinhas diversas, sal e açúcar, gordura e banha, temperos , restos de inúmeras bebidas; creme dental e de barbear, anti-séptico bucal, gel capilar, sabonete, xampu, filtro solar e outros cosméticos; detergente, sapólio, fragmentos de esponja de aço, amaciante, cera, água sanitária, desinfetante, alvejante, odorizante; resíduos industriais como graxa, solvente, gasolina, álcool, querosene, etc. O irônico é notar que boa parte destas substâncias são usadas devido à nossa insensata vaidade...

De quantas coisas como estas, em prol de nós mesmos, poderíamos abrir mão sem deixar de viver melhor, e, assim, praticaríamos o mais nobre do deveres que é manter a natureza limpa e “higiênica”. No caso de Pirapora, a grande ironia é que a espuma que torna nossa casa, roupas e objetos mais limpos é a mesma que depois causa aquela verdadeira desgraça flutuante no rio!...

E olha que sequer mencionamos a “poluição da moda”!... Na verdade, ela existe há muito tempo, mas só há poucos anos foi estudada sistematicamente. Me refiro à chamada poluição hormonal. Esta, é um tipo de contaminação da água que se dá através da urina., uma vez que anticoncepcionais e medicamentos de reposição hormonal são eliminados nas águas através da micção. (clique na imagem para ver a pesquisa) Os problemas no meio ambiente decorrente desses resíduos são muitos e preocupantes. Esse fenômeno é causado tanto por hormônios naturalmente excretados pelas mulheres, quanto por pílulas anticoncepcionais, e também pelos chamados xenostrógenos, que são hormônios presentes em compostos industriais que têm efeitos semelhantes ao estrógeno, causando por exemplos, a femeninilização de peixes machos (Ecotoxicology an Enviromental Safety, 9 agosto 2011). O fenômeno vem acontecendo com o lambari-do-rabo-vermelho (Astyanax fasciatus) na hidréletríca de Furnas, em Minas Gerais. Segundo a bióloga Mércia Barcellos da Costa, da Universidade Federal do Espírito Santo, “Todas elas têm ação estrogênica e mesmo quando não são hormônios reais, agem no corpo de forma parecida”. Ainda segundo a pesquisadora, um desses compostos, o tributilestanho (TBT), provoca mudança de sexo de algumas espécies de animais. Em humanos, suspeita-se que o contato com a água com excesso de hormônios esteja antecipando a menstruação das meninas e a diminuição de espermatozóides nos homens, além de câncer. Pesquisadores constataram que resíduos de colesterol, hormônios sexuais, produtos industriais e uma infinidade de substâncias microscópicas não são eliminados nos sistemas de tratamento das cidades brasileiras, porém, até o momento, isto não significa que a água seja imprópria para o consumo. Segundo todos os padrões internacionais de potabilidade, a água que chega às torneiras dos brasileiros é limpa e está pronta para beber. O problema é que, até hoje, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não avaliou os riscos para a saúde desses resíduos. Quer entrar fundo neste assunto (e se assustar), lei a este artigo: http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/437/artigo126067-1.htm

Quanto ao reclamante do Parque Ecológico, eu pergunto: será que o s matos, as cobras e aranhas não podem viver em paz nem mesmo num parque ecológico?! Ao menos se ele reconhecesse que o nosso Parque Ecológico de ecológico pouco ou nada tem... Festa do peão em parque ecológicos!, lagos artificiais, vegetação exótica! Só em Araras mesmo...

É óbvio que nenhum dos que reclamam dos capinzais, notam que eles também se prestam como áreas sinantrópicas, ou seja, lugares de atração e fixação da fauna nas zonas urbanas. Quanto aos animais indesejáveis já citados anteriormente, eles vêm para cidade com ou sem a existência de matagais e terrenos baldios, e que o diga o pernilongo da Dengue. Na última casa onde morei, havia um quintal ao lado , com muito mato, e que não era nenhum esconderijo de ladrões, mas sim um verdadeiro refúgio de pássaros, como rolinhas, avoantes, asas-brancas, pardais, anus, tizius, bicos-de-lacre (foto), sabiás, coleirinhos, bigodinhos, tico-ticos, bem-te-vis, sanhaços, etc.

Além disso, hoje se sabe, p. ex., que o popular mato (Croton glandulosus, foto), esse que cresce espontaneamente em terrenos baldios, não é mais considerado erva daninha – mesmo em plantações, onde é combatido com roçadeiras, enxadas e herbicidas, ele têm a função de atrair insetos que predam pragas das lavouras. Eis enfim a profecia de Ralph Waldo Emerson se concretizando, centenas de anos depois!

Peter Tompkinns e Christopher Bird, em seu livro A Vida Secreta das Plantas, lançado em 1974, trazem o seguinte texto, versando sobre a importância das chamadas “ervas Daninhas”:

“A opinião de Soloukin sobre a simbiose das plantas valida a de um professor de botânica e conservacionista americano,o Dr. Joseph Cocannouer, que, enquanto Sir Albert Howard trabalhava na Índia, dirigiu o Departamento de Solos e Horticultura da Universidade das Filipinas por uma década e estabeleceu na província de Cavite uma grande estação experimental. Em seu livro O mato , um guardião do solo, publicado há quase 25 anos, Cocannouer sustenta a tese de que, longe de serem nocivas, as plantas normalmente assim consideradas e rotular das de ‘daninhas’, como a tasna ou tasneira, o quenopódio ou anserina, a beldroega e a urtiga, bombeiam minerais do subsolo, especialmente os que se tornaram escassos na camada superior, e são excelentes indicadores das condições da terra. Como vegetação associada, elas ajudam as plantas domésticas a aprofundar suas raízes até fontes nutrientes que, de outro modo, ficaram fora do seu alcance.”

O verdadeiro problema desta mentalidade retrógrada é que fomos, aos poucos, nos distanciando das raízes de nosso passado rural, aceitando inconscientemente o grau de demência que a sociedade “civilizada” nos impôs, desruralizando as cidades e ficando cada vez mais apartados e alienados da natureza. É simples constatar que estamos tomando o mesmo rumo que o Rio de Janeiro, onde, como disse o Millôr, a área verde do habitante é um vaso de samambaia... Ironias à parte, me vem à mente uma pergunta que não quer calar: por que a maioria dos homens, que bem poderia preservar seus quintais de terra e árvores, não se preocupam com isto e não pensam duas vezes em abrir mão da parte que lhes cabe? Até quando teremos de conviver com a febre do chamado “quintal lajotado”, do quintal com edículas entulhadas de coisas inúteis, do quintal com piscina e churrasqueira que, passada a febre da inauguração, caem no esquecimento?

E – tenham certeza –, é também por se raciocinar assim – como no século XIX, reconheça-se –, que se pôs abaixo o bosque onde se deu a Festa das Árvores em 1902, extinto em 1947, e o Horto Florestal da Fepasa, desapropriado e colocado baixo em 23 de julho de 1981. A propósito, é só dar um pulinho até a vizinha cidade de Rio Claro – que não é nenhuma “Cidade das Árvores” –, e notar, já da rodovia Wilson Finardi, que seu horto está ali, integro e salvaguardado para as gerações futuras, enquanto nós, na hipócrita “Terra dos Canaviais”...

Enfim, espero estar vivo um dia para ver surgir uma nova lei que venha a proteger os capinzais pelos mesmos motivos que expus acima: lugares de atração e fixação da fauna, de absorção de águas das chuvas, e até de lazer, mas, ah!, eu já prevejo o meu irritado leitor querendo me perguntar: – Mas, Wenilton, você é radical demais, rapaz! Não se pode aceitar um quintal ou praça com mato como um lugar desfrutável! E eu lhe responderei: – Não sou tão radical assim, meu caro – apenas um marxista, tendência Burle...
.

quinta-feira, 11 de março de 2010

“SINHÁ MOÇA” – UM LIVRO, UM FILME E UMA NOVELA INSPIRADOS NA HISTÓRIA ABOLICIONISTA DE ARARAS

.
Em 13 de março de 2006, a Rede Globo colocava no ar pela segunda vez, a novela de época “Sinhá Moça”. Muitos ignoram – exceção feita aos mais antigos, historiadores e aos que leram o livro do Alcyr Matthiesen, “Araras - Retratos da História”, – mas a novela, cuja primeira versão foi em filme, tem a ver com Araras e a história de seu movimento abolicionista. Em março de 2010, após o grande sucesso do remake de 2006, a mesma emissora decidiu reapresentar no horário vespertino em “Vale a pena ver de novo.”

Sinhá Moça foi adaptada do livro homônimo da escritora Maria Dezonne Pacheco de Fernandes. A novela, no entanto, foi um remake do escritor Benedito Ruy Barbosa, e a primeira adaptação, também dele, é de 1986, para a mesma rede de televisão, tendo como protagonistas, a famosa dupla de renome internacional, Lucélia Santos, como Sinhá Moça, e Rubens de Falco, como Barão de Araruna, e também o ator Marcos Paulo como Rodolfo. Na última versão, os atores eram Débora Falabella, Osmar Prado e Danton Mello, respectivamente.
A escritora (foto, década de 1950), nascida em Itu e 8 de dezembro de 1904, residia em Araras na primeira metade do século XX, na fazenda Araruna, de propriedade de seus avós, próximo à estação do Elihu Root. Sua mãe, Clarinda, era ararense. Faleceu em 2 de março de 1998.

A novela foi uma ótima oportunidade para os ararenses conhecerem um pouco mais algumas facetas sobre a história da abolição local, pois, como veremos, ela teve inúmeras de suas passagens inspiradas nos fatos que ocorreram aqui na década de 1880. Dez anos após o lançamento do livro (1942), já grande sucesso e em terceira edição, ele foi finalmente adaptado para o cinema, por obra do cineasta Tom Payne, e é sobre o filme que iremos falar agora.

Tudo começou quando Franco Zampari – o pioneiro do cinema brasileiro – instou a autora a ceder os direitos para adaptá-lo ao cinema. Após uma reunião em Araras da escritora com o pessoal da Vera Cruz – uma espécie de versão brasileira de Hollywood – as filmagens tiveram início em junho de 1952. Parte do filme foi financiado pelo marido da escritora, o senhor João Pacheco Fernandes, que era presidente do Banespa na época. Foi uma das produções mais caras da Vera Cruz, pois visava atender também o mercado internacional. (foto, Eliana Lage como Sinhá Moça). As fontes se contradizem nas informações sobre o sucesso do filme – uns dizem que teve uma fraca bilheteria, outras que chegou a superar o famoso “O Cangaceiro”, que havia batido recordes de público.

Maria Dezonne, em fevereiro de 1952, em depoimento ao Jornal da Noite, da Capital, se referindo ao livro, afirmou:

A mucama Virgínia
“(...) trata-se de um romance verdadeiro (...). Não é obra fictícia. Fi-lo na fazenda de meus pais, em Araras, num recanto bucólico, onde só tinha como confidente a velha Virgínia, hoje com 77 anos de idade e que foi minha grande auxiliar na reconstituição das cenas históricas ao natural. (...) a mucama Virgínia do meu romance é a mesma que viverá seu próprio e autêntico papel no filme. Ela acompanha a minha família há mais de 50 anos, tendo sido filha de escravos”.

A coleção Nosso Século (1985) traz um trecho de um depoimento da romancista “que aborda o movimento abolicionista em tons cor-de-rosa”:

"Sinhá Moça representa o que eu achei que todas as mulheres brasileiras deveriam sentir. Esse espírito de fraternidade (...); essa preocupação com os menos protegidos da sorte... E um símbolo, afinal, a Sinhá Moça ( ... ). Eu penso que o filme traz elevação, e leva ao estrangeiro o que nós temos de melhor, que é a nossa formação, a aristocracia dos nossos lares... Veja O Cangaceiro, apresentado no estrangeiro; é como um quisto moral, não é? Não mostra bem certo o que é verdadeiramente, o que foi verdadeiramente o Brasil...”

A escritora afirmou ainda que o barão de Araras, em 4 de abril de 1888, “foi o ilustre ararense o primeiro homem no Brasil a dar liberdade aos homens que mantinha em sua propriedade”. É provável que foi daí que nasceu a ideia equivocada na cidade de que Araras foi a primeira a libertar seus escravos no Brasil. Virgínia, que em entrevista ao mesmo jornal, disse ter presenciado a abolição em Araras, revelou: “Vinha vindo da escola, quando o sr. João Pedro de Souza, intendente de Araras, me disse no dia 13 de maio de 1888: ‘Hoje não tem escola. Foram libertados todos os escravos’”, e complementou corroborando sua patroa dizendo que o barão de Araras já se havia antecipado à Lei Áurea, libertando seus escravos de sua fazenda, a São Joaquim. Disse ainda que o dono da fazenda São Tomé acolhia generosamente os escravos das diversas fazendas circunvizinhas, e a molecada, em consequência, cantava este estribilho: “Seu Lourenço Dias, quero ver balancear só”. Em 6 de fevereiro de 1956, o extinto jornal Semanário de Araras entrevistou um cidadão ararense, de 89 anos de idade, que havia presenciado a abolição da escravatura em Araras, o senhor João Antonio Eliseu, nascido em 1875. Disse ele:

“– Recordo-me que naquele dia, o genro do Barão de Arari, sr. João Soares do Amaral, chamou os escravos e lhes disse: – De hoje em diante vocês não são mais escravos, vocês estão livres. Mas aqueles que quiserem continuar a trabalhar na fazenda podem ficar, e quem não quiser pode ir embora.”

Décadas depois, em entrevista concedida à Tribuna do Povo em julho de 1977, Maria Dezonne (foto recente) revelou que o filme foi “classificado em 1o lugar e laureado com os mais disputados troféus”. Foi premiado no festival de Cannes; em Veneza recebeu o “Leão de Bronze de São Marcos”; na Alemanha Ocidental, o prêmio “O.C.I.- Oficial Católico Internacional”; em Punta del Este”, a ‘Lanterna Simbólica’, oferecida pelo Vaticano; também o Medaille D’Honneur L’Ouvre Nationale Du Teatre Al’Hospital - Academie Ansaldi em Paris. No famoso festival de Veneza, onde o filme concorreu com “Moulin Rouge”, era a primeira vez que o Brasil havia sido premiado. Também foi premiado em Varsóvia, Berlim e recebeu inúmeros prêmios no Brasil.

Em 22 de agosto de 1954, houve no Núcleo Araruna uma festa em homenagem à autora e o elenco do filme, festa esta filmada pela TV Tupi. Um trecho do discurso feito pelo professor Vicente Ferreira dos Santos na homenagem, dizia:

“O enredo de ‘Sinhá Moça’ constitui um dos capítulos mais belos e sugestivos da história de Araras (...) realçando as cenas de tentativa de fuga dos escravos procedentes muitas vezes de longínquas paragens, almejando com ansiedade atingir nossa cidade, pois aqui estavam a salvo do cativeiro”.

Em outro trecho, se referindo à avant-premiere do filme no cine Santa Helena, falou:

“(...) os ararenses se sentiam emocionados, quando em um dos lances de grande intensidade emotiva, os pretos foragidos, em massa, com mulheres e crianças, perseguidos pelos ‘capitães do mato’ e pela polícia, repetiam a seus companheiros a frase, que tanto nos sensibilizou: – Em Araras, negro não é mais escravo”.

O já citado Jornal da Noite, vaticinando sobre o filme, afirmou:

“O final do filme será uma consagração, verdadeiramente apoteótica, aparecendo os escravos, já libertos, arrancando as correntes que ofereciam como dádiva a Deus, à frente da Igreja principal da cidade de Araras, enquanto os sinos repicavam em regozijo”.

A autora, numa entrevista ao programa "Fantástico" da Rede Globo gravada em 9 de maio de 1985:


SERIA O BARÃO DE GRÃO-MOGOL O BARÃO DE ARARUNA DA NOVELA SINHA MOÇA?

Em outra ocasião já tive a oportunidade de falar na Tribuna do Povo das maldades que o fazendeiro Gualter Martins Pereira – o lendário barão de Grão-Mogol (ilustração), da vizinha cidade de Rio Claro, praticava contra seus escravos, foi quando fiz a matéria O Folclore da Bananeira na Morte do Barão de Arari (9-2004). Recentemente, escrevi uma matéria sobre “Sinhá Moça”, o livro que deu origem ao filme e à atual novela da Rede Globo. Ocorre que novas pesquisas sobre o tema me levaram à descobertas curiosas e surpreendentes, de que irei tratar agora.

Acredito que muitos ararenses devam se perguntar: – Mas, afinal, quem seria o tal de barão de Araruna da novela? Em que a autora do livro se inspirou para compor o personagem? E Sinhá Moça e o Irmão do Quilombo, também existiram?
Pois bem: o senhor Cardoso Silva – um conceituado e idôneo radialista – que morou em Araras, e à época residia em São Paulo, lançou algumas pistas. Cardoso era escritor freqüente dos jornais ararenses da época, escrevendo sobre reminiscências e tipos populares de rua, aliás, era o seu assunto predileto. Sobre o filme, escreveu ele o seguinte sobre o filme no extinto Jornal de Araras (7-1953):

“Vou lhe prometer uma coisa: falar de algo que muito me orgulhou. E tudo por causa do ‘filme’ do Tom Payne que se chama ‘Sinhá Moça’, ainda em exibição por aqui. O nome de Araras dança e re-dança no enredo da história. Lembra passado do eminente Barão do Grão-Mogol – (e eu sei que você entra no cemitério de Araras e nem dá importância para aquele túmulo velho, esquecido, do ilustre cidadão, que ali ainda existe!) e transpira bravura de Lourenço Dias quando roubava escravos de todas as fazendas p’ra levá-los aos ‘palmares da fazenda São Tomé’.”

Caso o que escrevera Cardoso seja verídico, lembrando-se que a escritora nada afirmou disto em suas entrevistas, podemos concluir que ela se inspirara no tal barão para compor o fictício personagem da novela – o barão de Araruna –, interpretado pelo ator Osmar Prado (foto). Apesar de suas sabidas maldades, esse barão (que era mineiro, mas não era nenhum “come-quieto”, como veremos), em 26-10-1871, assinou uma ratificação passada em cartório, em que assegurava a liberdade dos filhos de suas escravas nascidos de 1871 em diante. Anos depois, em 21-2-1887, ele apresentou na Câmara de Rio Claro uma indicação que promovia a criação de um “livro de ouro, para concorrer com os seus irmãos no desenvolvimento da santa e humanitária idéia da libertação dos escravizados do município”. O pedido foi aceito e em 5-2-1888, ele dava liberdade total aos seus escravos, com 93 dias de antecipação à “Lei Áurea”, portanto, meses antes que a façanha do barão de Araras.

Cardoso se equivocou ao dizer que o barão de Grão-Mogol está enterrado no cemitério de Araras. Seu túmulo (foto), hoje jaz solitário em meio um terreno pertencente à fazenda Angélica, na verdade, um canavial à beira de uma estrada, bem distante da sede. E mais, segundo um depoente, o ararense Miguel Curtulo (85 anos, 2006), o barão foi enterrado no cemitério de Rio Claro, mas pouco depois, ele começou a aparecer à noite em sua fazenda como uma assombração. Diziam que ele queria se enterrado em suas terras, e a solução foi trazer seus despojos de volta, e enterrá-lo no cemitério da fazenda junto de seus escravos. Da família, o que se sabe, o único túmulo que se encontra no cemitério de Araras é o da baronesa, a senhora Emília Martins Pereira, que falecera aos 99 anos em plena demência.

Aos antigos dizem que o barão, depois que sua esposa enlouqueceu, passou a mantê-la trancafiada num sótão da casa-grande. Até há décadas atrás, se dizia que havia na parede desse sótão, o desenho do contorno de seu corpo, feito por ela mesma à giz, mas o reboco caiu e o desenho se perdeu, como eu mesmo testemunhei. O escritor Emílio Wolff, em seu livro Nosso Folclore (vol. II,1985), recolheu uma história que fala sobre a índole de um barão, a que não deu o nome, mas todos os indícios levam a crer que seja o barão de Grão-Mogol. Lê-se no texto: “O casarão da fazenda tinha três andares: Térreo: Senzala; Sobrado: Residência do Barão; Sótão: Prisão perpétua de sua esposa, a fim de poder cortejar lindas pretas escravas de sua propriedade" (foto). O excelente livro Rio Claro: Um Sistema Brasileiro de Grande Lavoura, 1820-1920, do pesquisador norte-americano Warren Dean (1977) traz o seguinte sobre o assunto: “Declaração feita pelo Sr. Pedro Rossi e Senhora, em Rio Claro, em 13 de dezembro de 1968. O barão, sob o falso pretexto de que sua mulher era demente, mantinha-a presa no sótão.”. No entanto, em 25-10-1931, o historiador ararense Vicente Ferreira do Santos, publicou uma matéria na Tribuna, onde resgatara um texto do mesmo jornal, de outubro de 1899, que dizia da situação em que se encontrava a baronesa: “Publica-se um edital de interdição da Baronesa de Grão-Mogol, que foi julgada incapaz de reger sua pessoa e bens. Assina-o o juiz de direito de Rio Claro, dr. José de Andrade Guimarães.”

O livro de Warren também dá conta de uma terrível realidade, a do famoso tratamento do barão para com suas escravas:

“Para algumas pessoas, indubitavelmente, a instituição da escravatura era uma licença para a satisfação dos desejos, fossem eles quais fossem. O capanga do barão de Grão-Mogol, um negro liberto baiano que continuou a viver na casa-grande da fazenda muito depois da morte do barão e da partilha de suas propriedades, deixava atônita a família de imigrantes que cuidava dele em seus últimos anos, com as histórias das orgias sádicas presididas pelo barão no seu porão, tendo como convidados todos distintos membros da elite local, e as escravas do barão, acorrentadas a postes e grades, como pièce de résistance.”

Em 1864, o jornalista e romancista francês Jean Charles Marie Expilly, que esteve no Brasil por longo período, publicou, em Paris, livro intitulado “Les femmes et les moeurs du Brasil” (Mulheres e costumes do Brasil), onde ele diz:

“(..) a escravidão entregava a mulher cativa ao capricho do homem branco, e tão natural isto se afigurava, como uma das conseqüências da vida das senzalas e das suas brutais tradições que, a circunstância de rodearem o agricultor-barão dezenas de mulatinho, filhos ilegítimos dele, não escandalizava, nem comprometia a gente austera”.

O mesmo texto de Wolff, traz outras revelações, mas como é um texto já publicado na Tribuna, faço um resumo dele aqui. Escreveu ele, que o barão, certa vez, cometeu uma maldade tão terrível que resultou em três mortes seguidas:

“Uma preta velha, que foi escrava da fazenda de café do Barão, contava que certa vez, uma escrava, de cesta na cabeça, uma criança nos braços e outra agarrada na saia, vinham em direção à senzala. Ao se aproximarem do lago, o Barão, que seguia seus passos, arrancou-lhe o filhinho e o jogou na lagoa. A mãe, desesperada, atirou-se na água para salvá-lo. Como não sabia nadar, morreram afogados, mãe e filho. A menina, que ficara em terra, instintivamente também foi ao encontro da mãe para morrer com ela.”

Não é de se duvidar que o barão, ao assassinar a criança, estaria dando cabo daquele que talvez fosse um provável filho seu com a escrava. Qual outro motivo? De fato, na atual novela, além de o barão de Araruna ter tido um filho bastardo com uma escrava – o mestiço Dimas –, houve um capítulo em que ele tentou abusar da negra Adelaide, a bela mucama de Sinhá Moça.

Outra passagem do texto de Wolff, também traz o seguinte: “Dizia-se ainda que, o Barão costumava matar a tiros alguns de seus escravos, por simples diletantismo, enterrando-os no cemitério da Fazenda”. Curiosamente, na mesma novela, um escravo revoltoso, é ameaçado de morte pelo barão.

O livro de Warren também esclarece: “diz-se que o barão de Grão-Mogol reconheceu 15 de seus filhos de escravas, todos os quais partilharam sua herança, a plantação da Angélica. Não se encontrou nenhum caso semelhante.” Warren, se fiando em trabalho de F. J. de Oliveira Viana (Populações Meridionais do Brasil), cita que este descrevia liricamente os barões como “garanhões fogosos da negrada”.

Um outro depoente, o senhor José Aparecido Begnami (85 anos, 2009), chegou a conhecer quando moço o célebre Tio Braz, um capanga do barão de Grão Mogol, e também chefe de escravos na fazenda Mata Negra. Das terríveis histórias que chegaram até nós sobre assassinato de recém-nascidos filhos de escravos e dos próprios escravos da fazenda, Tio Braz era o encarregado de muitos desses macabros serviços. Os adultos eram amarrados com pedras presas ao corpo e jogados um tanque que ficava para cima da fazenda Angélica, que, segundo Cidão, deve existir até hoje. Por essa época, era tudo fazenda Mata Negra, mas, depois, o fazendeiro e vereador José Ribeiro de Almeida Santos Filho comprou terras e abriu a fazenda Angélica. Tio Braz morreu com 120 anos, com as pernas comprometidas e infestadas de bichos-de-pé, que eram extraídos por um tal de “Bepão” Perinotto, usando-se a ponta de uma faca, momento em que Braz urrava e chorava de dor. Uma morte até branda para um homem que tanto mal fez aos escravos.

Quanto à personagem Sinhá Moça, não se sabe se ela foi inspirada na filha do barão de Grão-Mogol, a jovem Olinda, da qual não se têm informações. Porém, é provável que a cozinheira do barão – chamada “Ba” na novela –, seja inspirada em Virgínia, a empregada que narrou à escritora muitas das cenas reais utilizadas no livro , a negra, que no filme, interpretou seu próprio papel. Virgínia faleceu em São Paulo em 3 de dezembro de 1957 aos 82 anos, consternando o meio cinematográfico do país.
Agora, quanto ao “Irmão do Quilombo” (que um texto da Internet dizia que “parece o Zorro, com sua vida dupla, é bem verdade”), como vimos no texto do Cardoso, seria então o abolicionista ararense, o célebre Lourenço Dias (foto). Lourenço (1840-1898) tinha um quilombo particular em sua fazenda, a São Tomé, onde se reuniu mais de 400 escravos – o “palmares” ararense, a que se refere Cardoso – onde recolhia os escravos que fugiam de outras fazendas locais e da região – é somente o que afirmaram os historiadores locais, mas dizer que ele abria senzalas das fazendas na cidade na calada da noite para libertar escravos, como acontece na novela, só a autora do livro poderia confirmar, no entanto, ao contrário do que eu afirmei na última reportagem, a escritora Maria Dezone Pacheco de Fernandes já falecera.

De acordo com a tradição e a memória oral resgatada pelos antigos escritores, tanto barão de Grão-Mogol quanto o barão de Arari, por terem sido maus para com seus escravos, quando faleceram, o corpo de cada um desapareceu e em seu lugar, tiveram que colocar um tronco de bananeira no caixão para que pudessem realizar o enterro – um fato folclórico comum em muitas regiões do Brasil.

Por fim, não nos esqueçamos o que comentou dona Mariazinha à respeito de seu livro “Sinhá Moça”, em depoimento ao paulistano Jornal da Noite (2-1952):

“trata-se de um romance verdadeiro (...). Não é obra fictícia. Fi-lo na fazenda de meus pais, em Araras, num recanto bucólico, onde só tinha como confidente a velha Virgínia, hoje com 77 anos de idade e que foi minha grande auxiliar na reconstituição das cenas históricas ao natural. (...). Ela acompanha a minha família há mais de 50 anos, tendo sido filha de escravos”.


CURIOSIDADES SOBRE O FILME

– A estação do Elihu Root (foto, 1995), foi imortalizada como estação Araruna no filme, em que não só aparece como também foi usada para o transporte dos atores. Houve uma cena marcante, aquela em que ocorre uma tentativa de desembarque de tropas na estação para sufocar a rebelião dos escravos, e que foi frustrada por um grupo de mulheres que compareceu à gare, impedindo a ação dos soldados;

– Para as filmagens, a Vera Cruz construiu um cenário representando “a praça de Araras, a Igreja local, além dos demais pontos de referência do filme”. Sobre o estado da fazenda na época da filmagem, o Jornal de Araras escreveu: “Pode nossa reportagem ver o lugar onde ficava o tronco, e em companhia da homenageada, visitar as ruínas da antiga sede. A senzala, vimos de passagem, devido estar longe da antiga sede.”;

– Os atores principais de Sinhá Moça eram Anselmo Duarte (O Pagador de Promessas), Eliane Lage (esposa do cineasta Tom Payne), e a atriz Ruth de Souza (foto), que foi a primeira artista brasileira a ser indicada para um prêmio em Veneza, só perdendo por dois votos para Lili Palmer, atriz do filme “Leitos Nupciais”. Dentre as outras atrizes na disputa do melhor prêmio, estavam nada mais nada menos que Katherine Hepburn e Michele Morgan, fato que, por si só já constitui um prêmio. Matéria de capa da conceituada revista Manchete em 16 de maio de 1953, Ruth foi considerada a maior atriz negra do Brasil;

– O poeta modernista Guilherme de Almeida – o “Príncipe dos Poetas Brasileiros” –, que viveu sua infância em Araras, foi um dos responsáveis pelos diálogos adicionais do filme;

– O crítico de cinema da Folha de São Paulo, José Geraldo Couto,analisou o filme: “‘Sinhá Moça’ apesar de ser produção de época, misto de épico e melodrama, e de se ressentir da artificialidade dos diálogos, continua vivo por conta do dinamismo da montagem, da iluminação e dos movimentos de câmara. A seqüência final, espécie de Carnaval à luz dos archotes pela libertação dos escravos, mantém seu impacto dramático e visual”;

– O presidente Lula, em 2003, em conversa com o ator José Wilker sobre os novos projetos deste à frente da Agência Nacional de Cinema, confessou ao ator seus gostos cinematográficos, e disse ser fã do filme Sinhá Moça.

– O filme foi relançado em 2004 em DVD, no primeiro volume da “Coleção Vera Cruz”, junto de “Tico-Tico no Fubá” e “Uma Pulga na Balança”;

– O ator Anselmo Duarte, falecido em 18-10-2009, não filmava desde 1979, quando dirigiu “Os Trombadinhas”, filme produzido e interpretado por Pelé. Costumava reclamar do pessoal do Cinema Novo, afirmando que preferiu ficar longe do cinema, vivendo um exílio voluntário: “A inveja pela Palma de Ouro desencadeou um processo de aniquilamento, iniciado pelo pessoal do Cinema Novo e que fez com que me sentisse sem ambiente no Brasil”, comentou ele em entrevista ao Estadão em 1999.

BIBLIOGRAFIA (24 fontes)

*Atualizado em 22-11-2010
.