Caros cidadãos ararenses, venho através deste post falar aqui de um problema de suma importância, e que passa despercebido pela maioria das pessoas: a falta de arborização nas ruas centrais de Araras. A foto ilustra perfeitamente o que é hoje a mais famosa rua do comércio central da cidade, a rua Tiradentes: uma passarela imensa onde o número de árvores nas calçadas está quase próximo do zero! O mesmo se dá com outra rua comercial, a Júlio Mesquita, e muitas outras ruas do centro. Duvidam? Pois então abram o Google Map e chequem nas fotos aéreas a gritante ausência de árvores. No trecho mais comercial da Tiradentes, compreendido entre as ruas Armando Salles de Oliveira e Chico Pinto, foram contadas apenas 10 árvores nas calçadas, num espaço que em que se alinham 10 quarteirões, sendo que a maioria deles não têm árvore alguma!
Como se sabe, desde a década de 50, quando a cidade começou a colecionar prêmios como uma das cidades que mais se desenvolve no Brasil, com a urbanização e o desenvolvimento industrial, o número de árvores, áreas verdes e quintais arborizados caiu drasticamente na zona central cidade, e esta rua é um perfeito reflexo dessa postura.
É óbvio que ninguém quer uma árvore em frente ao seu estabelecimento, porque, alegam, elas impedem a livre visualização de sua loja, de vitrines e letreiros da fachada, e até mesmo dizem que impedem o livre trânsito dos clientes. Isto para não falar do quesito "vaidade", o de exibir sua loja (e residência) sem entrave algum!... Não sou da opinião que uma pessoa sempre deva olhar para cima para procurar o estabelecimento onde irá comprar toda vez que for ali - quem visitou uma loja uma ou duas vezes, o endereço já estará mentalizado é só voltar ao lugar sem problemas. Além disso, o que mais interessa às pessoas é o que está dentro dela e não fora. Quanto ao "livre trânsito dos clientes", com certeza, há mais carros nas ruas, seja estacionados, seja de passagem, que árvores nas calçadas impedindo o "ir e vir" dos clientes. Esse trecho de rua, aliás, já devia ter sido transformado em calçadão há muito, e mais, ser intensamente arborizado, mas "motivos comerciais" insensatos impedem que isto aconteça!...
O problema é que, em dias de verão, essa "rua pelada" se torna um lugar desagradável, pois fica excessivamente quente e abafado. Mas, o que causa essa chamada "ilha de calor" nesse longo alinhamento de prédios? Como se sabe, as ilhas de calor urbanas são regiões com temperaturas mais elevadas que o normal, pelo fato der reterem calor nas edificações devido à falta de vegetação, acarretando também a problemática diminuição da umidade relativa do ar. Edificações cobertas com materiais que absorvem calor, como as telhas de amianto, comuns em grandes galpões, também aumentam sensivelmente o calor nestas áreas. Isto para não falar no trânsito intenso de carros e sua consequente poluição. O problema é tão grave que especialistas em aquecimento global chamam esses locais de "desertos artificiais". Outro problema comum, é que a falta de árvores também diminui a biodiversidade, além de comprometer as funções estética e de lazer. Indo mais fundo ainda, diria que nestes locais, em dias de verão, é aumentada a pressão arterial das pessoas com predisposição para essas doenças.
A que pergunta que fica é: realmente o comerciante (e o cidadão) ararense age como se realmente morasse na chamada "Cidade das Árvores"? Não nos esquecamos que Araras foi a primeira cidade na América do Sul a realizar uma festa em homenagem às árvores, e considerada por publicações especializadas como o “Primeiro movimento brasileiro de tomada de consciência do problema ambiental”, e até mesmo o “Primeiro movimento ecológico brasileiro”!
Jamais nos esqueçamos que o bosque plantado por ocasião desta festa em 1902, se localizava abaixo da praça “Martinico Prado”, e em 1947, por questões imobiliárias (sempre elas!), foi colocado abaixo! Depois, em 1985, houve outra atitude semelhante: era posto abaixo o belíssimo Horto Florestal do Loreto, um agradável recanto que, inclusive, devido a sua importância, foi citado no livro “A Onda Verde” de Monteiro Lobato em 1920, lembrando-se que seu criador – o visionário Navarro de Andrade – foi o pioneiro na introdução do eucalipto no Brasil, com a sábia intenção de preservar matas nativas e abastecer as locomotivas com lenhas de plantações desta espécie. Constituía ele um excelente recanto para amantes da natureza, ideal para piqueniques, treckers, ciclistas e os que gostavam de se enveredar e se perder por seus sossegados aceiros. A ruína começou no início da década de 80 com a contrução dos conjuntos habitacionais "Nosso Teto", enquanto canaviais das redondezas permaneciam incólumes!... Ao contrário do seu “irmão” rio-clarense, nosso horto não foi tombado, e, infelizmente, quase recebeu o golpe de misericórdia em 1997, quando novos trechos foram desflorestados para dar lugar a assentamentos!... e os canaviais observavam tudo impassíveis!...
Enfim, comerciantes da rua Tiradentes (e outras ruas comerciais), que tal agirmos como se realmente fossemos habitantes da Cidade das Árvores, e, portando-se como cidadãos seriamente preocupados com questões socioambientais, inverter esta crítica situação, cada qual plantando uma árvore adequada em frente ao seu estabelecimento?! Não sou pessimista, mas duvido que estas palavras surtirão algum efeito, e, assim sendo, a única saída será a própria Prefeitura tornar isso uma medida obrigatória!... Ou será que teremos de continuar a viver hipocritamente, ostentando um título "para inglês ver", esse, o da "Cidade das Árvores"?!...
INCONTESTÁVEIS MOTIVOS PARA A REARBORIZAÇÃO DA TIRADENTES!
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