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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

DR. NARCISO GOMES ATENDE PACIENTE MESMO DEPOIS DE MORTO! FOLCLORE ARARENSE? NÃO, CASO VERDADE!

Uma das histórias mais marcantes envolvendo o célebre dr. Narciso Gomes (1857-1923) – o “Pai dos Pobres” – foi recolhida pelo locutor e radialista Cardoso Silva e publicada no extinto Jornal de Araras, em 25 de junho de 1953. Décadas depois, o escritor Emilio Wolff publicou-a em um livro biográfico e, mais recentemente, o professor Adilson Costa Oliveira transformou-a numa história em quadrinhos.

Essa história narra uma curiosa passagem envolvendo esse famoso médico, uma história de cunho sobrenatural, mas que o espiritismo explica normalmente, em que ele, mesmo depois de morto, fora atender um paciente na zona rural da cidade. O ocorrido se deu em Araras, cidade do interior de São Paulo, sendo considerado fato histórico na cidade. Foi no distante 24 de agosto de 1923, data de falecimento do médico.



NARCISO, VESTIDO DE BRANCO

por Cardoso Silva

Terça feira chuvosa. Ruas velhas borradas de lama. E uma espécie de fúnebre pregão reboando em todos, os cantos da velha Araras

– Doutor Narciso morreu!...

há embaixo, na rua Tiradentes, na casa que ficava quase à esquina, junto da desaparecida Farmácia Auro­ra (onde hoje é loja de calçados) foram chegando as pessoas amigas, os políticos, o povo, enfim, que levava uma lágrima sentida ao cadáver do pai dos pobres na e mais tocante das homenagens silenciosas!...

A cidade ficou soturna. Um movimento lento levava as criaturas para o esquife de Narciso Gomes. Feriado local. Luto nas almas companheiras do homem de grande caráter. Do médico de confirmada sabedoria. E a noticia se espalhando, cada vez mais:

– Doutor Narciso morreu!...

Naquela tarde o chouto surdo dos pés acompanhantes levariam o cadáver do político honesto em caixão pranteado para a Necrópole Municipal. A chuva continuava. Dir-se-ia, que também, chorava a natureza sincera da Araras que já aconteceu!

* * *

Chuva cai. Lama vermelha nos caminhos molhados. Uma casa de caboclo. Uma enferma, esquálida, muito pálida, sobre cama humilde. Arqueja. Arfa. Pneumonia dupla. Uma cliente do dr. Narciso Gomes. O marido – um caboclo magro e forte – nervoso. Percebe a febre dominando a pobre esposa. E pensa:

– Chove muito. Ele não virá.

A doente geme. O marido sofre. Derrepente, panca­das secas na porta de velhas tábuas. O caboclo atende. Ë o médico que chega. O dr. Narciso, em pessoa. E co­mo sempre:- todo vestido de branco. Terno de linho branco. Sapatos brancos, de praia. Meias brancas. Gravata branca numa camisa branca de duro colarinho branco. E – curioso! – cabelos brancos. Entra. Cumprimenta cordial, afável. Como sempre. E atira a clássica pergunta:

– Como vai a nossa doente ?

Vão ao quarto. A alegria do caboclo é tanta que nem repara que ainda está chovendo muito, lá fora, mas, que o querido médico não está molhado. Que seus pés não trouxeram barro do caminho. Que não havia, sequer, um cabriolé à porta. O caboclo nem se lembra de perguntar sobre a maneira pela qual dr. Narciso ali chega­ra. O médico examina sua paciente. Sorri e afirma:

– Você, compadre, ainda hoje mande aviar es­ta receita que vou dar. Não precisarei vir mais, entende? Sua mulher está salva. Basta que tome, direitinho, o re­médio que receito.

– Sim, senhor, doutor. Ainda hoje...

E, após ter feito a receita, assina e data. Depois, num sorriso paterno, carinhoso, despede-se da sua cliente. E o caboclo:

– Quando é que volta, doutor?

– Não sei – suspirou dr. Narciso.

E vendo que o médico se afastava do quarto, o caboclo:

– Já se vai? Não quer que lhe acompanhe?

– Não – foi a resposta. Para onde vou, preciso ir sozinho.

E a um gesto seu fez com que o marido ficasse junto da doente. E saiu. O caboclo escutou quando a porta se abriu e o ruído foi acompanhado pelo ribombo de um trovão mais forte. A chuva continuava cair...

* * *

A mesma tarde de chuva. O caboclo entra em Araras e percebe o ar de tristeza que envolvia a cidade to­da. Ruma, direitinho, para a Farmácia Aurora. Encontra-a fechada. O caboclo pensa que é feriado nacional. Bate ao portãozinho, de lado. A senhora do farmacêutico atende e o caboclo, molhado de chuva:

– Tarde! Vim mode aviar uma receita!

– Meu marido não está. Foi ao cemitério, no enterro... O senhor, se quiser, pode entrar e esperar na farmácia. Não há-de ficar sob a chuva!

– Brigado, eu espero!

Na foto, a Farmácia Alemã, de Paulo Kuhlmann, 1914 (atual Sapataria Buzolin), onde se deu o corrido.

E esperou. Sentado num banco característico da conhecida botica da cidade velha. Veio o farmacêutico. Saudou o freguês, num sorriso. Mas, o caboclo notou tristeza no rosto amigo do simpático farmacêutico. Explicou, ao que vinha, O espanto foi natural:

– Mas, o senhor está certo do que diz? Isso foi hoje?

– Sim, senhor. Hoje... ali pelas duas horas. De­pois que ele saiu tomei do cavalo e vim depressa por­que ainda hoje devo começar a dar o remédio p’ra mulher!

O farmacêutico não aguentou mais:

Não posso crer! Nessa hora estávamos fazendo sentinela ao cadáver do dr. Narciso Gomes e ele, de fato, estava inteiramente vestido de branco.., até os sa­patos! Se estou chegando do cemitério agora mesmo! Se estou vindo do enterro dele...

É justo! O caboclo empalideceu. Começou a suar frio. Tomou novo alento e estendeu a receita. Ali estava a assinatura autêntica do dr. Narciso Gomes. Ali estava a data assinalada.

Mesmo depois de morto, dr. Narciso, vestido de branco, fora socorrer mais um dos seus pobres. O cabo­do estava lívido. E o farmacêutico desmaiou.

S. Paulo - junho de 1953

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

HÁ 100 ANOS, PRAGAS DE GAFANHOTOS EM ARARAS

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Houve um período em Araras, que a impressão que se tinha é que a cidade parecia viver sobre uma forte ameaça apocalíptica, como as que ainda ocorrem no Egito (foto, 17-11-2004), sendo “castigada” por uma trindade de pragas naturais, doenças endêmicas e fenômenos climáticos. O fato se deu entre os anos de 1906 a 1918, mas não foi apenas Araras quem padeceu dessa “maldição” – toda a região, bem como outros estados, esteve envolvida no processo. Primeiro foram as nuvens de gafanhotos, depois a “grande geada” e por fim a terrível “gripe espanhola”. Mas o que nos interessa aqui é somente as pragas de gafanhotos.

Os registros mais antigos sobre as pululações de acrídeos na cidade, ou seja, do aparecimento de grandes nuvens de gafanhotos, datam de um século atrás, em setembro, outubro e novembro de 1906, e, anos depois, em maio de 1909, em setembro de 1917, e outra em fevereiro de 1918. Nos princípios deste último ano, um tenente coronel, o senhor Fernando Silva, proprietário da fazenda Japuana, no Rio de Janeiro, comunicava à Sociedade Nacional de Agricultura que o pássaro anu era um excelente destruidor de saltões. Segundo uma reportagem do extinto jornal Cidade de Araras, de 21 de outubro de 1906, os ararenses estavam sentindo-se ofendidos, pois os tais insetos teimavam em não aparecer na cidade, ao contrário das cidades vizinhas: “Já estava doendo ao nosso amor próprio local a desatenção com que os gafanhotos, correndo por toda parte, ‘fazendo pouco bem e muito mal’, no dizer da canção, – esqueciam-se descortezmente de nós”. Em setembro, uma pessoa vinda da Capital, trouxe alguns exemplares, que ficaram expostos na redação do jornal, e a mesma afirmou que os gafanhotos “limitavam-se a interromper o trânsito dos bondes, o que não é pequena proeza para bicho tão pequenino”.

Finalmente, os visitantes tão esperados apareceram: “Ora afinal chegou a vez: estão entre nós os gafanhotos”. A seguir, nova decepção: “Não vieram em nuvens negras, de obscurecer os sol, conforme o gáudio dos telegramas”. As nuvens passaram voando alto e “Nem a binóculo!” foram vistas... Numa sexta-feira, porém, os insetos resolveram dar as caras: (...) vieram em número maior e desceram à terra, naquela desordem inestética de que falamos”. O povo foi ao delírio: “houve quem visse nuvens negras, galhos vergados, campos literalmente cobertos, caminhos entupidos e etc.”. Estranhamente, a reportagem dizia que não houve prejuízos nas lavouras, mas, do contrário, os gafanhotos teriam de arcar com as perdas: “Não nos conta que os amáveis hóspedes tenham feito estragos dignos das crônicas, mas se alguém se julgar prejudicado que lhes apresente a conta no mais breve prazo”.. Quem saiu ganhando foram os animais: “As aves de terreiro fartaram-se, rachando de cheias, e graves perus, muito sérios, assonsados, banzando como bobos, de asas largadas, a não poder mais”... Em novembro, o mesmo jornal distribuiu um folheto com orientações de como combatê-los, época em que os saltões principiavam a brotar da terra e os fazendeiros começaram a “guerreá-los com método”, e havia “fiscais exclusivamente encarregados de vigiar-lhes a explosão”.

Ironia do destino, uma semana depois, tudo levava a crer que os tais insetos haviam mesmo se simpatizado com a cidade e resolveram ficar... e não se fizeram de rogados:“Há cerca de dez dias tem feito permanência em nosso município grandes bandos de gafanhotos, em mais ou menos abundância”. No entanto, houve prejuízos relativos, com “campos, mais ou menos arrasados, árvores e até galhos de café danificados e pequenas roças novas de milho completamente e radicalmente destruídas”. Uma nova preocupação surgia, então: eram os ovos colocados no chão e o surgimento dos terríveis “saltões” – a fase jovem do gafanhoto. Era “época de plantações de milho, cujas roças deverão nascer pelo tempo em que os saltões a saírem dos ovos postos agora hão de estar em plena fase de atividade destruidora”. Em novembro o jornal falava da “formidável eclosão dos gafanhotos”, da “calamidade destruidora”, e, apesar do “grande empenho em destruir os ovos (...) surgiram da terra (...) nuvens e nuvens de gafanhotos”. De um fazendeiro que não se precaveu, escreveu-se sobre o cafezal novo e os replantes, que tiveram suas folhas e rebentos verdes destruídos pelos saltões:

“Vimos em um terreno, talvez excepcionalmente estranho a esses cuidados, tão densa, compacta e cerrada mancha de saltões a evoluírem, fazendo seus estragos, que não se pode medir o estrago que eles vão fatalmente causar antes de levantarem vôo.”

O mais engraçado é que neste período, além de uma “semana de crimes”, um vento forte e constante, vindo do Noroeste, castigou a cidade, que por esta época, tinha suas ruas de terra: “E quando se abria a boca para falar, ao descompasso de tantas hostilidades, vinha uma nuvem de pó dar a resposta(...)”...

Em outubro de 1909 a coisa piorou e os gafanhotos vieram em maior número. O Cidade de Araras citou que grande parte de Araras foi invadida por gafanhotos e “A invasão foi talvez maior que a que se deu há cerca de três anos.”

Segundo o historiador Ricardo Artigiani (Mogi Guaçu – Três séculos de história), após a “grande geada” ocorrida entre os dias 25 e 26 de junho de 1918 em nossa região – fenômeno que atingiu toda a lavoura cafeeira, com os termômetros registrando 4 graus abaixo de zero –, surgiram grandes nuvens de gafanhotos, que diziam ser oriundas do sul do País, mas hoje, sabe-se que é limitada a capacidade de deslocamento dos enxames, ao contrário do que se supunha anteriormente. Registros citam que uma nuvem imensa e compacta, com alguns quilômetros de largura, cortou o céu da Mogi durante horas, seguindo em direção de Minas Gerais.

Em setembro de 1917 e fevereiro de 1918, meses antes de acontecer essa geada, houve em Araras dois novos surtos. No R. G. do Sul (Panambi e Passo Fundo) já havia registros desde 1906 e 1907, em época de forte seca. Os relatos sulistas surpreendem: em setembro de 1917, desceu nas proximidades da Estação Bocca, em Santa Maria, uma nuvem com extensão aproximada de 2 quilômetros “que obscureceu completamente o sol”. Dizia ainda a reportagem sobre a incrível dimensão do fenômeno: “Uma nuvem que apareceu em Julio de Castilhos até Val da Serra, tomava uma extensão de 32 quilômetros, tudo devastando”. Pragas de gafanhotos apareceram também em Paraibuna e S. J. dos Campos, e eram tantos que os pés de milho nas plantações vergavam ao peso dos insetos. Outra passagem revela um cenário inimaginável: “os caminhos tomavam um aspecto estranho, tapizados pela espessa camada verde de gafanhotos. Na sua obra destruidora, a infinidade de insetos fazia um ruído semelhante ao trovão de longe”. A escritora Zica Bergami – a famosa compositora da canção “Lampião de gás” –, escreveu que, em 1918, passou sobre São Paulo, Capital, uma nuvem de gafanhotos. Em seu curioso relato, ela escreveu:

“Deu-se pela manhã quando chegou aos nossos ouvidos, um ruído muito estranho, vindo do alto. Olhamos assustados, para cima e avistamos uma enorme mancha negra de milhares desses insetos, voando, todos jun­tos, desesperadamente.

Perguntamos ao nosso tio, o que era aquilo. Mas, antes da resposta, começaram a cair gafanhotos mortos por todas as partes. Nos telhados, no chão, nas árvores, onde ficavam dependurados, nos peitoris das janelas e até dentro de casa.

Tivemos receio de que nos atacassem, mas, felizmente, depois daquele estardalhaço todo, zumbindo, zumbindo, os doidos foram-se distanciando, desaparecendo no infinito.”

Em Araras, além dos milharais, outras culturas que sofreram com a praga foram a de cana-de-açúcar e de arroz. As reportagens não descrevem qual era a espécie de gafanhoto, mas deve ser a Rhammatocerus schistocercoides. Estudos recentes sobre a bioecologia do gafanhoto concluíram que as pululações estão ligadas ao regime das chuvas, especialmente durante os meses de agosto, setembro e outubro, que é o período crítico no ciclo de vida do gafanhoto.

Uma descrição fiel do que é um ataque maciço de uma legião de gafanhotos, foi feita por E. Souza de Almeida, em seu livro O Homem e os Insetos (1946), mas o texto é sobre um ataque de “gafanhotos marroquinos” (Docitaurus maroccanus Th.), ocorrida no norte da África e sul da Europa.

“Em cada muda que sofrem param e sobem aos arbustos, prendem-se com as garras das patas posteriores e dependuram-se de cabeça para baixo. E nesta posição que se dão as metamorfoses.

Nas primeiras mudas não têm asas e denominam-se, em linguagem vulgar, saltões. Na 3a idade aparece nos gafanhotos marroquinos a cruz branca do tórax, bem característica da espécie e passam ao estado de ninfa, caracterizada pelos cotos das asas.

Depois da última muda atingem o estado de adulto. Ficam imóveis 2 a 8 dias há espera que os tegumentos endureçam. Passam depois alguns dias em ensaios de vôo. Nesta ocasião, a quem observa de longe, parece que a superfície do terreno está em ebulição e atirando com jatos para o ar. São os gafanhotos nos vôos de ensaio. Até que uma manhã, em geral quente, e com ligeira brisa, todo o bando, como a um sinal dado, levanta vôo e parte, seguindo em geral a direção do vento. Este primeiro vôo é pesado e curto, mas em cada dia mais adiantam e, normalmente, podem fazer 80 a 50 quilômetros diários. Tem-se registrado, porém, 400 a 100 quilômetros e mesmo mais. Os Açores têm sidos atingidos com vôos que partem da costa de África a mais de 2.000 quilômetros.

Tais vôos são impressionantes e levam a desolação e a fome às mais ricas regiões.

De repente, na linha do horizonte, desenha-se uma nuvem negra de contornos irregulares, simultaneamente ouve-se forte sussurro, que aumenta rapidamente e lembra a zoada que faz a aproximação de forte aguaceiro.

Em breve a nuvem cobre todo o horizonte e o Sol escurece. Começam a cair gafanhotos, como chuva viva, e não tarda que todo o solo, todas as árvores e todos os arbustos estejam cobertos.

Mal se vê, tão densa e negra, a nuvem dos acrídeos que continuam a passar. No solo formam uma massa movediça de muitos centímetros de altura. As árvores vergam ao peso dos corpos de milhares de insetos que sobre elas pousam Passam-se horas, e os gafanhotos continuam a cair como granizo. À meia tarde a nuvem adelgaça-se pouco a pouco até que desaparece; os gafanhotos pousaram. Então o Sol mostra-nos um espetáculo que jamais esquece. Quanto a vista alcança está coberto de gafanhotos entretidos a roer tudo quanto apanham. Durante a noite ouve-se perfeitamente o ruído que fazem milhares de mandíbulas. Encontram-se gafanhotos por toda a parte, nas casas penetram pelas janelas e portas mal fechadas, e precipitam-se às centenas pelas chaminés abaixo. Os depósitos e poços ficam atulhados. Nos cursos de água os corpos dos que morrem afogados formam montões e sobre eles passam os outros.

No dia seguinte, a uma certa hora da manhã, já com o Sol alto, todo o imenso bando levanta vôo e segue na mesma direção levando para mais longe a devastação e a fome.

Nada se pode comparar ao aspecto em que fica uma região devastada pelos gafanhotos. As searas desapareceram, das hortas nem vestígios, onde havia pomares e veigas verdejantes hoje só se vê o chão negro, como que queimado. E, no meio desta desolação, as árvores levantam os braços nus o descascados como que implorando socorro.

É a miséria, a mais negra fome, a conseqüência desta devastação formidável!

Há poucos anos, numa invasão que sofreu a nossa província de Angola, numa povoação perto de Luanda, os gafanhotos, depois de terem devorado toda a vegetação, viraram-se ao capim seco que cobria as palhotas dos pretos e deixaram-lhes somente a armação. Entraram pelo teto de um armazém e destruíram tudo quanto encontraram: os panos de ramagem que os negros tanto apreciam, o peixe defumado, as massas, e até uns presuntos que estavam dependurados e ficaram reduzidos aos ossos.

No fim de uma série de vôos os gafanhotos param e fazem as posturas.

Pouco depois da fecundação das fêmeas os machos morrem.

Após a postura os bandos, muito dizimados, iniciam os vôos de regresso, mas parece que alcança o ponto de partida; as epidemias e os inimigos em breve os destroçam por completo. Mas ficam ovos na terra que na primavera dão origem a nova invasão.”


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BIBLIOGRAFIA

Consultar autor
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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A CHEGADA DA TELEVISÃO EM ARARAS, HÁ 60 ANOS...


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Em pleno advento
da era da TV digital no País, é oportuno saber como se deu a chegada da televisão em nossa cidade, data esta que seria as bodas de ouro no ano passado, mas como os jornais da cidade me fecharam as portas (e a data passou em branco para os três jornais!...), esta matéria não pode ser vista pelo povo ararense. Poucos se recordam deste cinqüentenário episódio, pois não houve uma inauguração oficial do serviço em Araras, uma vez que já no segundo trimestre de 1957, alguns cidadãos mais “apressados” já haviam comprado televisores em outras cidades e puderam sintonizar os canais por meio de antenas instaladas em Valinhos, e depois Limeira. Finalmente, na primeira semana de fevereiro do ano seguinte, com o funcionamento da antena local e o início da venda de televisores na cidade, Araras pode contar com sua própria transmissão de sinais. Na foto do autor, o atual parque de transmissões do Jardim Piratininga.
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No entanto, oito anos antes, em 18 de setembro de 1950, com muita improvisação, a televisão já havia sido inaugurada no Brasil, com o início das transmissões da PRF-3 TV Tupy-Difusora em São Paulo, emissora pertencente à rede dos Diários Associados de Assis Chateaubriand, que foi a primeira emissora a operar na América Latina. Na inauguração, com o programa “TV na Taba,” estavam nada mais nada menos que Lima Duarte, Lolita Rodrigues e Mazzaropi. O visionário Chatô já era um velho conhecido de Araras, uma vez que, em 1942, viera inaugurar o nosso “Campo da Aviação”, fruto de outra iniciativa sua, a campanha “Asas para o Brasil”.
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Na figura, o primeiro logo da televisão brasileira – o “mascote” da Tupy – o popular indiozinho curumim, com seu indisfarçável jeitão de Gasparzinho, uma marca que o pessoal da época jamais esqueceu.
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Sobre a novidade, em março de 1957, o extinto Jornal de Araras trazia trouxe uma alvissareira notícia sobre a possibilidade da vinda da nova maravilha tecnológica à cidade: “Com a instalação de uma antena receptora e transmissora, no ponto mais alto da Valinhos, é bem provável que Araras venha a ser incluída entre as cidades que poderão assistir os programas de televisão apresentados pelas emissoras paulistanas. O fato é que dentro de pouco tempo, 35 cidades interioranas estarão ligadas por estações retransmissoras graças aos esforços de uma indÚstria paulista, que anonimamente vinha providenciando a aparelhagem.”
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Em outubro, uma nova notícia anunciava que, com a ultra-freqüência, Araras já podia assistir aos programas de televisão. A Tribuna do Povo, por sua vez, noticiava:“Muito possivelmente, até novembro próximo, os ararenses poderão também usufruir das transmissões televisionadas pelos três atuais canais de televisão da Capital Paulista”. Os compromissos seriam firmados entre três empresas, duas ararenses, dos pioneiros Alaor Kammer e Laerte Franzini, proprietários da Kammer Eletrolar e da A Iluminadora, respectivamente, em parceria com a Indústrias Elétricas Fixolux Ltda., da capital, que se encarregaria de instalar as torres de recepção em Araras. A reportagem findava sem entrar em detalhes, dizendo que a empreitada só se concluiria “caso se alcançasse um número de interessados pré-estabelecido.” Neste mesmo mês, o Jornal de Araras alertava: “Para efetivação dessa instalação basta que a cidade tenha 100 televisores com U. H. F. Naturalmente os primeiros subscritores terão a vantagem da instalação da antena que será feita pela firma fornecedora do aparelho U. H. F. gratuitamente”. A reportagem trazia uma lista com os primeiros subscritores.
Na foto, Orlandinho Zaniboni, durante a 1ª transmissão dos serviços de televisão em Araras, nos altos do Jardim Piratininga.
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Em de janeiro do ano seguinte era iniciada a construção dos retransmissores nos altos do popular “Morro do Cuba” – o atual Jardim Piratininga. Um técnico que já havia feito instalação semelhante em Santos foi contratado para o serviço. As transmissões chegavam no sistema UHF, depois convertidos para VHF. Dizia a Tribuna: "Dentro do prazo de 30 dias, em caráter experimental, o serviço acima estará montado, com um canal de TV em franco funcionamento; e dentro do prazo de 90 dias, e caráter definitivo, os três canais paulistas". Quanto aos televisores que desde março de 1957 vinham funcionando em Araras, recebendo sinais através da antena de Limeira instalada nos altos do Morro Azul, o senhor Laerte Franzini advertiu que eles não conseguiriam "sintonizar as transmissões da torre a ser instalada em Araras", devido ao sistema diferente de transmissão das antenas.
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Na primeira semana de fevereiro, a Tribuna anunciava que, finalmente, “o povo aderia a televisão”, chamando a atenção para o fato de que "de uns dias para cá muitas antenas foram erguidas pela cidade”. Dizia também que a venda de aparelhos duplicara na cidade, “ou talvez, chegou até a triplicar”.
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O primeiro anúncio de venda de televisões (ao lado) foi publicado na Tribuna no dia 6 de fevereiro de 1958. Curiosamente, esta loja era propriedade do pioneiro Laerte Franzini, um dois responsáveis pela construção da primeira torre de transmissão.

CURIOSIDADES 
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Segundo o escritor Alcyr Matthiesen, na cidade, o “primeiro aparelho de TV 16 x 9 foi adquirido pelo senhor Dante Rodini”. Fato curioso mesmo nesta época, foi um anúncio na Tribuna, em que uma loja local, a Rosenthal & Cia. – que se auto-intitulava “A Cidade dos Móveis” – alardeava que estavam à venda em sua loja televisores “com 100% de funcionamento”... É que todos os aparelhos de TV tinham de passar por uma pequena modificação antes de sua instalação, para que as “recepções fossem mais satisfatórias”. 

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 Orlando Fugagnolli, um dos pioneiros a montar, nos anos 1950, uma TV em Araras. Faleceu em 09-06-2013, aos 79 anos
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PERGUNTAS E RESPOSTAS...   
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E o advento da TV em 1958, já chegava causando furor na cidade com suas novidades: em julho, a ararense Ruth Marquezani Dezotti era contemplada com uma máquina de costura da marca Leonam, no pioneiro programa desse gênero ainda tão em voga, o famoso “Perguntas e respostas”, da Tupi-Difusora, canal l3, patrocinado pela Cera Verniz Fidalga, apresentado por Aurélio Campos, cuja principal atração fora a então famosa cantora Marlene.

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TRANSMISSÕES CLANDESTINAS, JÁ NAQUELA ÉPOCA!...
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CÁPSULA DO TEMPO 
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Se retornássemos em 1958, quais seriam os programas que poderíamos assistir? Alguns exemplos: o famoso “Almoço com as estrelas” com Lolita e Airton Rodrigues; o célebre “Um instante, maestro” com o polêmico Flávio Cavalcanti, ou o então saudoso “Discoteca do Chacrinha”. As crianças da época se deliciavam com o “Capitão 7” – o primeiro seriado de aventura, exibido entre 1954 e 1963 –, ou mesmo o velho “Sítio do pica-pau-amarelo”, no ar desde 1950. Novelas? Haviam sim, destacando-se as famosas “Sétimo Céu”, “A Muralha” e “O Direito de Nascer”. Como se vê, as coisas não mudaram muito...

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VÁLVULAS & TRANSISTORES x CHIPS & FIBRAS ÓTICAS
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Do antigo padrão hi fi (alta fidelidade) para o high definition (alta definição) houve sensíveis mudanças, mas uma pergunta que vem a calhar: se um moderno televisor LCD de 40 polegadas, tela de cristal líquido de alta definição e som surround é, em termos comparativos, mais caro que um televisor de 1950 de 12,5 polegadas, preto e branco com som mono? Surpresa: não! Um televisor GE, à venda na antiga loja Sears, em setembro de 1950, custava 12.950 cruzeiros, o que daria hoje, corrigido pelo IGP-DI, R$ 9,7 mil, enquanto que um televisor digital sai no máximo por R$ 8 mil (cotação do início de 2008).

Sabe-se que, na inauguração da TV em São Paulo havia cerca de 200 aparelhos em funcionamento. Em 1958, como se viu, Araras iniciou suas transmissões com 100 aparelhos, e hoje, sendo ele um eletrodoméstico acessível à todos, e também levando-se em conta os cerca de 110 mil habitantes ararenses, é possível que haja no mínimo 30 mil aparelhos na cidade. Quanto ao número de televisores digitais, com certeza, devem ser poucos ainda, isto, até que ele venha a se tornar algo tão comum quanto o celular. Por fim, lembremos que, em 1993, quando o celular era privilégio de cerca de duas mil pessoas no Rio de Janeiro, um modelo portátil da NEC custava em torno de US$ 3 mil, portanto...

 Hoje, o "Morro do Cuba" e suas torres

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BIBLIOGRAFIA: Consultar autor
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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

AS SETE MARAVILHAS DESAPARECIDAS DA CIDADE DE ARARAS/SP


"O homem sonha monumentos
E só ruínas semeia
Para a pousada dos ventos."
(Paulo Eiró)

Por ocasião da recente eleição das setes maravilhas do mundo atual, o “Estadão” trouxe uma matéria recente do jornalista Sérgio Augusto (fev.2008) – “Factóide dos desocupados” – onde este afirmava que “O ser humano é o único animal que faz e gosta de fazer listas”. Disse ainda que “a maioria das listas é arbitrária, inútil, perecível, com forte tendência ao ridículo”. Disse mais e pegou pesado: as listas são “Dominadas por jovens com ociosidade e ignorância para dar e vender, a grande infovia é uma fórmula 1 de disparates e cânones estapafúrdios”. Não vou entrar aqui no mérito da questão (que, inevitavelmente, causa ressentimentos bairristas), nem “assino embaixo” do que disse Sérgio, mas este assunto me diz respeito e me atrai por outro viés: o da preservação de bens históricos e naturais. E a lista que hoje aqui se publica nada tem a ver com a primeira, mas guarda certa relação com a recém-votada “7 Maravilhas de Araras”. É ela, além de didática, uma lista de protesto, alerta e lamentações, onde incluo alguns dos muitos patrimônios que foram postos abaixo sem muita cerimônia e compaixão, devido falta da informação e bom senso das sucessivas administrações. Muitos outros bens de não menor importância poderiam ser incluídos nela, logo, as escolhas não foram tão criteriosas. Através desta lista, podemos nos dar conta de que o mal é antigo – vem dos primórdios essa prática de demolir bens históricos em prol de construções e benfeitorias modernas, daí talvez a antiga alcunha de “Araras, cidade progressista”...


1- BOSQUE DA “PRIMEIRA FESTA DAS ÁRVORES DO BRASIL”: plantando em 7-6-1902 por ocasião da festa, localizava-se abaixo da praça “Martinico Prado” e do T. G., ao lado de uma belíssima aléia de bambuais. Em 1947, na administração de José Paulino de Oliveira, a prefeitura elaborou no local um plano de loteamento, e foi o golpe fatal que colocou abaixo esse importante bosque da chamada “Cidade das Árvores”... Na foto, década de 1950, o lugar onde ele se situava, donde se conclui que a área era tão extensa quanto o Lago Municipal. Esse bosque constituía um testemunho vivo daquele que foi considerado pela revista Silvicultura como o “Primeiro movimento brasileiro de tomada de consciência do problema ambiental”, assim como era o símbolo maior do “Primeiro movimento ecológico brasileiro”, como colocou o Jornal da Tarde em 1978, fato que as administrações e o povo teimam em ignorar, mantendo o país alheio à iniciativa tão pioneira. Estes procedimentos insensatos provam claramente que em Araras, há muito, a natureza é a última que fala em questões imobiliárias...



2- PALACETE DO BARÃO DE ARARI: residência de José de Lacerda Guimarães, que se situava em frente a atual “Praça Barão”. Tempos depois da morte do barão, foi transformando no Palace Hotel, o que se deu em 1929. Foi nela que se recepcionou D. Pedro II e sua comitiva, em 1887, quando José recebeu o título de barão. Foi demolido em 1981 para a construção da nova sede do banco Itaú, ao que se sabe sem qualquer protesto dos povo ararense. Isto representou não só a perda irreparável de um bem histórico de excepcional valor – um “vestígio” do passado que nos permitia recordar a morada de um dos grandes fundadores de nossa nação e, conseqüentemente, a descaracterização do mais antigo logradouro urbano, a praça Barão, lugar onde nasceu o primeiro núcleo populacional da cidade. Infelizmente, essa força centrípeta que atrai bancos para os centros históricos das cidades do interior, impede-os muitas vezes de acordar para a política do restauro privado de edifícios históricos para fins comerciais.



3- HORTO FLORESTAL DO LORETO: era a grande reserva artificial de eucaliptos da cidade, além de possuir pequenas reservas de Mata Atlântica integradas à ele. Devido a sua importância, foi citado no livro “A Onda Verde” de Monteiro Lobato em 1920, lembrando-se que seu criador – o visionário Navarro de Andrade – foi o pioneiro da introdução do eucalipto no Brasil, com a sábia intenção de preservar matas nativas e abastecer as locomotivas com lenhas de plantações desta espécie. Constituía ele um excelente recanto para amantes da natureza, ideal para piqueniques, treckers, ciclistas e os que gostavam de se enveredar e se perder por seus sossegados aceiros. Na foto, no final da década de 1970, a parte sudoeste do horto. Ao contrário do seu “irmão” rio-clarense, ele não foi tombado, à salvo de “sem tetos” e “sem terras”, e, infelizmente, recebeu o golpe de misericórdia em 1997 quando foi definitivamente desflorestado para dar lugar a assentamentos... Aliás, nossa vizinha é uma cidade que preservou grande parte de seus bens históricos e culturais, como também a maior parte de seu equipamento ferroviário, além do seu imponente horto, isto, sem se gabar de ser uma “Cidade das Árvores”, slogan que não é nada bom para Araras como conceito sociológico, pois reduz a imagem de cidade à uma qualidade que ela não possui. Como se vê, os ideais conservacionistas do grande Navarro não fizeram eco na... “Cidade das Árvores”. Curiosamente, antes do advento dos motéis e drive-ins na cidade, o horto era o “malhômetro natural” da galera da época. Bons tempos estes!



4- ESTAÇÃO “SÃO BENTO” DA FEPASA: Inaugurada em 1885, era constituída de depósito e estação, e assim permaneceu até 1922, quando ganhou um novo prédio, ao lado do antigo, que permaneceu somente como depósito. Foi demolida quase que conjuntamente com a estação do Loreto, ou seja, após 1986. Com seu desaparecimento, o bairro circunvizinho decaiu consideravelmente e até a escola foi desativada! Nesta estação, há mais de um século, desembarcaram pintores de renome, como o francês Gabriel Biessy e o grande pintor regionalista Almeida Jr., que pintaram belos quadros tendo como motivo a fazenda Montevidéu e seus proprietários. Sabe-se que seu famoso quadro, o célebre “Caipira picando fumo”, foi pintado da janela de uma fazenda onde ele estava, de onde teria visto o tal caboclo, cujo apelido era “Quatro Paus”. É de se perguntar se esta fazenda não seria a Montevidéu ou a São Bento? Quem o dirá?...


5- CORETO "CHAMPIGNON": este coreto em forma de cogumelo gigante, foi construído em 1901 por Otávio Monti, pintor e arquiteto amador oriundo da Itália. Se situava no mesmo lugar onde hoje se ergue a Fonte Luminosa. Os antigos dizem que foi a primeira obra feita em concreto armado no Brasil, isto, décadas antes de ter sido inventado na França. A Internet diz que ele foi inventado pelo francês Joseph-Louis Lambot em 1845, mas Inglaterra e EUA também reivindicam a paternidade. Visto como um "monstrengo" por alguns "progressistas", foi posto abaixo em 1940. Curiosamente, o mesmo se deu com um coreto que ficava no cume do Corcovado carioca, que foi demolido para dar lugar à famosa imagem do Cristo Redentor em 1931 - a causa da demolição de nosso coreto foi menos nobre: deu lugar à um insosso lago com estátuas... Não se sabe se sua demolição foi motivada por alguém que soube do caso do coreto carioca. Conhecido também como "guarda-chuva", foi um dos primeiros bens históricos demolidos em nome da "picareta do progresso", como se disse na época. Houve raros protestos, mas levando-se em conta que nesta época os ideais de preservação sequer ensaiavam os primeiros passos na cidade, a maioria dos homens de então não poderiam aquilatar a importância cultural e arquitetônica que esse monumento teria com o passar dos anos se preservado. Numa época em que os ararenses se gabam de ter sapos, gnomos e cogumelos em seus jardins, o velho Champignon não faria feio nos dias atuais...



6- ESTAÇÃO “LORETO” DA FEPASA: na década de 1920, costumavam desembarcar nesta estação a famosa troupe da Semana de Arte Moderna de 22: Villa-Lobos, Blaise Cendrars, Tarsila do Amaral, Mario e Oswald de Andrade, Victor Brecheret, Lasar Segall, etc. Ali, eram recebidos pela “grande musa de nossos artistas das primeiras décadas do século XX”, a célebre Olívia Guedes Penteado, em sua bela fazenda, a Sto. Antonio – “marco da cultura europeizante”, “polo convergente da elite cultural da S. Paulo do momento”. Fato não confirmado, dizem que Villa-Lobos, em viagem de trem para a fazenda, compôs a famosa “Trenzinho Caipira”. Para se chegar à fazenda, havia uma estrada com uma belíssima aléia de bambuais – a “Via Carola” – que, partindo da estação, se estendia até a entrada da mesma. Inaugurada em 1899, foi desativada em 1962 e, por fim, demolida após 1986, o que também se deu com a singela estação do Remanso. Assim como estas, o bambual também foi colocado abaixo, mas o motivo foi a construção do Nosso Teto I em 1981, quando foi transformando por seus moradores em cercas para suas novas casas...



7- ARQUIBANCADA DO “COMERCIAL FUTEBOL CLUBE”: um monumento vivo da época de ouro do futebol local, erigida no campo da grande agremiação surgida em 1929. Em 1988 o estádio receberia nova iluminação, mas anos depois, a arquibancada foi posta abaixo, dizem que para se lotear o estádio... Se o verdadeiro problema fosse avarias em sua estrutura, é óbvio que ela poderia ser restaurada sem problemas. Na foto, a arquibancada em 1948, década em que foi construída. Dizem também que sua demolição foi o primeiro passo dado por aqueles que tinham a intenção de abrir uma rua ali e desafogar o trânsito, priorizando-se assim o maior sonho de consumo do ararense, digo, o automóvel, em detrimento do elemento humano, ou seja, o torcedor e o jogador. Lembrando-se de como as coisas velhas e históricas são desprezadas e vivem em constante situação periclitante na cidade, passo aqui a palavra ao velho e sábio São Lucas que, parecendo se referir à Araras, escreveu em seu evangelho: “Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”...
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terça-feira, 9 de setembro de 2008

USINA PALMEIRAS, ARARAS, SÃO PAULO, GANHA COMUNIDADE NO ORKUT!

A EXTINTA USINA PALMEIRAS GANHA COMUNIDADE NO ORKUT!

Usina Palmeiras, num final de tarde de inverno no distante 28-8-1985 .
A foto é do falecido fotógrafo ararense Pérsio Galembeck Campos.


A Usina Palmeiras foi umas das três usinas de cana de açúcar que existiam em Araras. Digo isto, porque ela não mais existe. e funcionou entre 1946 e 1992, deixando muitos "orfãos".

Visando congregar amigos que moraram ali, bem como trabalhadores e frequentadores do lugar, este que vos escreve criou uma comunidade no Orkut - "EU MOREI NA USINA PALMEIRAS" -, onde os visitantes poderão se inscrever e compartilhar assuntos de seu interesse.

Hoje, em ruínas e relegada à condição de "fogo morto", ninguém mais entra ali, e talvez nem dêem autorização para tal!...

Fotograma de filme desaparecido, por ocasião de
sua fundação no distante 28 de dezembro de 1946.

Aqui vai o endereço da comunidade "EU MOREI NA USINA PALMEIRAS":

http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=66389369


O s 1º, 2º, 3º e 4º anos do grupo escolar Usina Palmeiras em setembro de 1971. Foto rara cedida gentilmente pela professora Maria Conceição Lucrédio Melari.


Páteo da Usina e depósito, em época de safra, com os caminhões
na fila, vista à partir da garagem da casa do autor, em 1976.

* AVISO: naturalmente, o visitante só poderá acessar a página da comunidade se for usuário do Orkut.

Aqui, a descrição postada no perfil da comunidade:

Esta comunidade é dedicada àquele paraíso que foi a Usina Palmeiras, hoje um lugar desolado e em ruínas, para tristeza de todos os que viveram ali. Nesses tempos promissores de álcool biocombustível e bioeletricidade, o desaparecimento desta empresa é uma verdadeira perda econômica p/ a cidade!

Mas ñ fique triste, amigo, q/ aqui você vai poder fazer uma viagem virtual pela Usina, até uma "volta no tempo", revendo c/ minúcias todos os recantos possíveis.

Obviamente, esta é uma página p/ pessoas nostálgicas e saudosas, e aqui, poderemos contar histórias, rever e localizar velhos amigos, colocar assuntos em dia, matar a saudade, trocar fotos, etc.

As fotos disponibilizadas por mim estão no link abaixo, e todo mês colocarei novas fotos do meu arquivo, mas conto c/ novas fotos de todos os que participarem - é só me enviar ou dar um toque p/ q/ eu possa fotografá-las ou escaneá-las:

http://www.orkut.com.br/Album.aspx?uid=4997909905297965583&aid=1217864294

V-Newton, aos 13 anos, com sua indefectível luneta em ação nos arrabaldes sagrados da Usina Palmeiras!


A Usina, em 1973, em foto do amigo Osvaldo Tesche.

Foto cedida gentilmente pelo amigo Valter Tumoli

Nova página para a Usina Palmeiras: "Memórias sobre a Usina Palmeiras"

Divulgue a comunidade, please!