quinta-feira, 12 de junho de 2025

ALGUNS NOMES QUE CRIEI PARA DUPLAS CAIPIRAS E DE PALHAÇOS


 
ALGUNS NOMES QUE CRIEI PARA

* DUPLAS CAIPIRAS:

- Quibebe & Cambuquira

- Tiziu & Tuim

- Tareco & Terem

- Chucro & Pangaré

- Pé Vermeio & Pé Rapado

- Lascado & Lasquêra

- Pai D'égua & Pai dos Burros

- Busca-pé & Belezudo

- Trupicão & Escangaiado

- Chiqueiro & Mangueirão

- Picão & Carrapicho

- Jaú & Jaó

- Zinga & Zagaia

- Curau & Pamonha

- Piraquara & Saquarema

- Tijuco & Pirapitinga


* DUPLA DE PALHAÇOS:

- Ortega & Urtiga

- Maxixe & Maxuxo

- Matraca & Maritaca

- Ararinha & Ariranha

- Ximbica & Calhambeque

- Chulipa & Chulapa

- Gorgonzola & Parmesão

- Caipora & Curupira

- Garrucha & Trabuco

- Perereca & Pororoca

- Madruga & Patropi

- Baltazar & Consorte

- Pindura & Pindaíba

- Xepa & Muxiba

- Bochincho & Fuxico

- Estalo & Eureka

- Caçapa & Alçapão

- Mutuca & Muriçoca

- Sirigaita & Regateira 

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sábado, 17 de maio de 2025

BATISMOS DE MOTOCLUBES: A SAGA!...

Batismos de motoclubes são uma coisa curiosa. No Brasil, parece haver uma clara tendência para nomes na língua inglesa, como, por exemplo, utilizando-se nomes de animais: falcão, pantera, tigre, búfalo etc. Poderia dizer que tudo não passa de complexo de vira-lata, mas não é nada disso, pois, surpreendentemente, encontrei nomes como Jacarés, e inacreditáveis Gambás e  Bodes!...

Diversos motoclubes brasileiros tiveram queda por nomes de tribos indígenas norte-americanas, como Navajos, Sioux, Comanches, Cheyennes e Apaches, nomes que, reconheça-se, soam grandiosos.

Motoclubes com nomes de tribos brasileiras, encontrei um chamado Guarani. Mas não encontrei batismos com nomes como, por exemplo, das tribos ianomamis, javaés, guatós, potiguares, pataxós, bororos, terenas etc. São nomes que parecem não soar bem, mas há nomes belíssimos, que enchem a boca ao falar, como Xavantes, Caingangues e Turunas, nomes que,aliás, passaram batidos pelos motoqueiros, digo, motociclistas...

Temos um moto clube, vizinho nosso aqui, da cidade de Leme, batizado como Os Abutres, ave africana, e outro em Guarulhos, o Corvos do Brasil, nome de origem europeia,  mas duvido que eles tenham cogitado de batizar-se como Os Urubus...

Bom gosto, inteligência e criatividade é tudo em batismos do gênero, mas nomes esdrúxulos e de mau gosto existem sim, como: Ciclopés, Mármore, Jazigo, Mural, Óculos, Relógio, Uscaravelhos e Motocróbios... Realmente não dá!... Mais que esdrúxulos, são ridículos!...

segunda-feira, 28 de abril de 2025

AS ANTIGAS PIXAÇÕES DAS CASAS PERNAMBUCANAS: UMA FORMA PRIMITIVA DE PROPAGANDA E MARKETING

Era muito comum até a década de 1970, ao se viajar pelas estradas rurais da cidade, se deparar com pichações feitas por nada menos que (pasmem!) as Casas Pernambucanas. Nada escapava de seus grafites feitos com cal virgem ou tinta branca, e eram pinturas bem rústicas, com letreiros malfeitos. Na verdade, podia-se vê-las por toda a cidade em barrancos, postes, pontes, porteiras, muros etc. Vale lembrar que a empresa chegou à Araras antes de 1927, e esta prática rústica de propaganda começou em 1930, no Morro do Penedo, em Vitória, Rio de Janeiro.



Até o momento, há um único registro de uma pixação dessas em Araras, que encontrei numa antiga revista lançada em 1968 por um dos antigos prefeitos, Ivan Estevan Zurita, pixação esta feita - por incrível que pareça - diante da fábrica da Nestlé. Num pequeno jardim em frente à empresa se podia ver a rústica pichação nos bordos de um canteiro sobre o Córrego do Facão...

Segundo o blog Art Garagem, 

“No Brasil, como vimos, o grafite surgiu há quase trinta anos atrás, durante a década de 60, quando grupos políticos pichavam nos muros das cidades frases tais como "ABAIXO A DITADURA". Em São Paulo, inscrições do tipo "CASAS PERNAMBUCANAS" e "CÃO FILA KM 26" já eram conhecidas dos paulistanos mas não pertenciam a um movimento organizado nem despertavam muitas reações, servindo como reforço de imagem para alguns comerciantes."

Vale lembrar que a pichação, mesmo ilícita, é um meio de propaganda que era utilizada por políticos até poucas décadas atrás, e tenho dois registros notórios destas práticas que podem ser vistos nas fotos anexas.


O hábito da pichação, certamente, foi considerado algo condenável desde sempre, mas, na época, não houve, ao que se sabe, registro de reclamações. Lawrie Reid, em seu livro “Flanando pelo mundo” (1961), condenado severamente o hábito da pichação como meio de propaganda apelativa, escreveu numa arguta e importante observação: 

“Existem também, poderosas firmas brasileiras, que, na voracidade do ganho, não se pejam de, em propaganda comercial, borrarem pontes, viadutos, estradas e monumentos, tudo que lhes caia à mão, desde que nada paguem pelo anúncio.”

Em agosto de 2023, demolição revelou publicidade antiga (não pixação) das Casas Pernambucanas, em São paulo, na rua Álvaro Ramos, Belenzinho.

Encontrei registros de antigas pixações em Araras já nos tempos do primeiro ginásio de Araras, em 1943 ― que funcionava onde hoje é o grupo escolar "Zurita" ―, numa nota publicada num jornal local, mas certamente, as pixações existiram desde os tempos de vila, assim como as pinturas rupestres provam que os humanos, desde os seus primórdios, gostam de deixar seus registros para a posteridade. No caso das pichações, antigamente era difícil encontrá-las pela cidade, ao contrário de hoje, em que é praticamente impossível encontrar um lugar qualquer da zona urbana que não esteja pixado...

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EDDIE VAN HALLEN E O "MEDO" DO PEDAL WAH-WAH...

EDDIE VAN HALLEN E O "MEDO" DO PEDAL WAH-WAH...

Tenho uma curiosidade para falar sobre o guitarrista Eddie Van Halen, algo que nunca li ou ouvir alguém falar a respeito dentro do que pretendo expor.

Apesar de, estranhamente, existir hoje no mercado um pedal de wah-wah, da marca Dunlop, uma coisa que muito me estranha é o Eddie nunca ter usado um pedal desses em toda a sua carreira musical! Lembremos que é fato notório e sabido que ele se recusava, pelo menos inicialmente, a usar pedais de efeito (distorcedores), embora usasse um flanger ocasionalmente.

Certa vez, Eddie alegou que, quando começou, não tinha dinheiro para comprar um wah-wah, o que acredito ser desculpa esfarrapada... Oras, desde o início da carreira ele comprava amplificadores Marshall e boas guitarras, mas não tinha dinheiro para comprar um mero pedal wah-wah!...

Pode ser uma pretensão o que eu vou afirmar - afinal, quem sou eu?! -  mas sou da opinião que, é possível, que ele  não gostou dos efeitoas e recursos do wah-wah ao tentar usá-lo,  ou então, até mesmo, de algum modo, não conseguia usar ou se entender com o pedal...

Afinal, já passou por cabeça de vocês, entendidos de guitarra, o que ele poderia ter feito usando um pedal desses com o som poderoso de guitarra que tinha? Talvez trouxesse inovações, assim como fez com o flanger. Mas, pensando bem, acho mesmo que o Jimi Hendrix esgotou as possibilidades...

É uma crítica dura, a minha - um ato iconoclasta, alguém diria - mas ninguém é perfeito, e o Eddie também não o era... E, antes que me interpretem mal ao ousar criticar um deus da guitarra, gostaria de dizer que eu amo o Eddie Van Hallen com todo o meu coração, e tenho a maior admiração por ele, por sua arte e as inovações absurdas que trouxe para o mundo do Rock,! Aliás, ele é um dos meus  guitarristas prediletos!...



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

O FOLCLORE DA BANANEIRA NAS MORTES DOS BARÕES DE ARARY E GRÃO-MOGOL

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Este texto que hoje publico, diz respeito ao folclore da flora em torno de uma planta frutífera, a popular bananeira, originária do sudoeste da Ásia e, ao contrário do abacaxi, não nativa no Brasil, como muitos creem. E dentre as diversas e ricas histórias folclóricas que dizem respeito a esta planta, apresento este ensaio sobre a sua ligação com o folclore da morte, a escravidão e o baronato. O ensaio diz respeito ao folclore desta planta envolvendo dois barões locais: o barão de Arary, de Araras (fazenda Montevidéu), e o de Grão-Mogol, de Rio Claro (fazenda Angélica). Lembremos que ambas as cidades são vizinhas e muito inter-relacionadas desde sua fundação, como, por exemplo, em eventos como feiras, parelhas de cavalo, futebol; namoros e casamentos; mudanças de município; negócios em geral etc.

O Barão de Arary

O caso Barão de Arary (José de Lacerda Guimarães, 1822–1897) se deu numa curiosa passagem envolvendo ele e seus escravos. A história, recolhida pelo falecido escritor e pintor Emílio Wolff (1902-1995) em seu livro Nosso Folclore (1963), conta que esse barão tratava seus escravos com rigor. Quando faleceu, segundo reza a lenda, os familiares determinaram que seu corpo fosse velado por quatro escravos, em câmara ardente que foi armada na sala de visitas. Por volta da meia-noite, os mesmos resolveram tomar café e dirigiram-se para a cozinha. A certa altura, ouviram um forte estrondo que pareceu vir da sala onde estava o corpo do barão, e para lá acudiram. Já na sala, se depararam com um clarão que ia se dissipando, acompanhado de fumaça com cheiro de enxofre, e o corpo do barão sumira! Após o fato, a família desejou que no lugar de seu corpo fosse colocado um tronco de bananeira, e assim, José foi sepultado no dia seguinte ao amanhecer. O fato se deu 19 de outubro de 1897, quando o barão estava com 76 anos. Segundo o etnomusicólogo Paulo Dias, o “fumo espesso é indício inequívoco da presença do demônio, cujo exorcismo é levado a cabo pela leitura do Credo”. No distante 1931, uma tal de Zuleika de Lima publicou um conto no jornal Tribuna do Povo, intitulado “O bode preto”, conto que versava sobre maçonaria, onde se lê algo pertinente, que se deu durante o velório de um homem maçon:

“Tudo ia às mil maravilhas; entretanto, lá pelas horas mortas ouviu-se um tropel medonho, aproximava-se um cavaleiro. Sem que soubessem a razão todos sentiram arrepiarem-se os cabelos. Finalmente entrou um homem que, sem dizer palavra, assentou se ao lado do caixão. Os circunstantes olharam-se pasmados da esquisita aparição, mas tudo ficou como se nada houvesse.
O homem continuou em silêncio, porém, quando o relógio bateu compassadamente meia-noite, quando o relógio bateu compassadamente meia-noite, ele disse: fechemos o caixão. E fechou-o. Depois do que, colocando-se no meio da sala começou a virar que nem pião e deu um formidável estrondo, enchendo a casa de forte cheiro de enxofre.
Foi um susto medonho, todos fugiram deitando o morto.
No dia seguinte, muito receosos, levaram o féretro ao cemitério. O peso do cadáver era extraordinário; foi com grande custo que conseguiram chegar ao campo santo.
À beira do tumulo, como é de regra, o coveiro abriu o caixão; todos ficaram maravilhados; no caixão, em vez do cadáver, estava um pau de bananeira.”

A fazenda Montevidéu - Araras-SP

O mesmo Emílio Wolff recolheu outra história sobre o assunto em seu livro Nosso Folclore (Vol. 2, 1985), que fala sobre a índole de um barão, ao qual não deu o nome, mas todos os indícios remetem ao lendário Barão de Grão Mogol (Guálter Martins Pereira, 1826-1890). A mesma história da bananeira envolvendo o barão ararense, se deu com este fazendeiro da cidade de Rio Claro, na verdade, originário de Minas Gerais. Quem trouxe outras contribuições à esta história sobre a estranha morte desse barão, , envolvendo o folclore da bananeira e a escravidão, foi Ari Roberto Pesce, que a ouviu de seu tio, o senhor Santo Medina, antigo morador da fazenda São José e depois residente em Rio Claro. Segundo este, no dia do velório deste barão surgiram alguns homens estranhos, vestidos de preto e todos tinham os pés em forma de pé de pato. A certa altura, estes homens misteriosos tomaram o corpo de barão e partiram levando-o consigo para local ignorado. Depois, para que a família pudesse realizar o enterro, a solução foi colocarem um tronco de bananeira no lugar do corpo. 

O Barão de Grão-Mogol

Consta que ele, já bastante idoso, certamente movido por remorsos, Guálter trabalhou muito para a causa da abolição em Rio Claro, cidade que, inclusive, libertou seus escravos antes de Araras. Ele tinha estreitas relações com Araras neste quesito, e há uma ata na Câmara Municipal de Araras, referente a libertação dos escravos na cidade (8-4-1888), onde se lê: “Durou vários dias a Festa da Liberdade, na qual tomou parte saliente o Barão de Grão Mogol”, o que vem validar a história recolhida por Emílio Wolff. Inclusive, nas comemorações da abolição da comunidade negra que se deram no Largo da Capela Santa Cruz em Araras, evento que durou oito dias, Guálter esteve presente. Sua esposa, Emília Martins Pereira, está enterrada no Cemitério Municipal de Araras, num suntuoso jazigo. Segundo o livro “Memórias da Fazenda Angélica”, de Ariovaldo José Seneda (2004), um dos desejos do barão foi ser enterrado junto de seus escravos em seu jazigo, que fica na borda de um canavial atrás da fazenda Angélica, local muito visitado. Corroborando este fato, e acrescentado um curioso detalhe, colhi uma história narrada à mim pelo ararense Miguel Curtulo, 82 anos (1921), que afirmou que o barão, após morto e enterrado no cemitério Municipal de Rio Claro, começou a aparecer à noite em sua fazenda como uma assombração. Diziam que ele queria se enterrado em suas terras, e a solução foi trazer seus despojos de volta e enterrá-lo no cemitério junto de seus escravos.

Jazigo da Baronesa de Grão-Mogol 
no Cemtério Municipal de Araras

Sobre a crueldade deste barão para com seus escravos, Wolff escreveu:

“Uma preta velha, que foi escrava da fazenda de café do Barão, contava que certa vez, uma escrava, de cesta na cabeça, uma criança nos braços e outra agarrada na saia, vinham em direção à senzala. Ao se aproximarem do lago, o Barão, que seguia seus passos, arrancou-lhe o filhinho e o jogou na lagoa. A mãe, desesperada, atirou-se na água para salvá-lo. Como não sabia nadar, morreram afogados, mãe e filho. A menina, que ficara em terra, instintivamente também foi ao encontro da mãe para morrer com ela. Assim, três vidas se perderam para gáudio do senhor Barão." 

A fazenda Angélica - Rio Claro-SP

Wolff escreveu ainda que Guálter costumava matar a tiros alguns de seus escravos por puro sadismo, enterrando-os depois no cemitério da fazenda. Menciona ainda outra história conhecidíssima e muito divulgada, a de que este barão trancafiava sua esposa no sótão do casarão, a fim de poder cortejar lindas pretas escravas de sua propriedade. 

O jazigo do Barão de Grão-Mogol 
na fazenda Angélica, Rio Claro-SP

Não aprofundei minhas pesquisas a ponto de decifrar se estas histórias folclóricas fazem parte da tradição oral africana de escravos que aqui aportaram. O eminente Câmara Cascudo (1898-1986), em seu livro “Dicionário do Folclore Brasileiro” (1952), no item bananeira nada registra sobre o folclore desta planta associado à morte. Com muitas variantes, há inúmeras histórias por este Brasil afora, recolhidas por outros folcloristas e memorialistas, e esta temática da morte ligada à bananeira e à escravidão foi muito associada naqueles tempos à morte de muitos fazendeiros e barões cruéis para com seus cativos.  

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segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

COINCIDÊNCIAS ENTRE A ARTE E A VIDA REAL

A primeira vez que pus meus olhos neste belíssimo quadro ― "Saudades" (1899), do famoso pintor caipira Almeida Júnior (1850-1899) ―, imediatamente ele me remeteu ao filme "Inocência", de 1981, estrelado por nada menos que a premiada atriz Fernanda Torres e o Edson Celular, filme, aliás, muito bom ― uma ótima adaptação do famoso romance do escritor Visconde de Taunay (1843-1899), livro de 1872, para mim, o mais belo romance regionalista brasileiro, livro de cabeceira, aliás.



Digo que o quadro me chamou a atenção pois a impressão que a pintura me passa é a da própria Inocência (do filme) estar à janela de seu quarto do sítio onde morava, lendo uma provável carta de Cirino, cheia de saudades esperando seu retorno. Escrevi isto, poisa semelhança física da moça da pintura com a própria Fernanda Torres é impressionante!


Há mais coincidências: o fato de o Almeida Júnior ter sido assassinato à punhaladas por um primo seu, pois era amante da esposa deste. Foi considerado o mais famoso crime passional brasileiro da época, comovendo o País. Também, no livro, o personagem Cirino foi assassinado pelo enciumado Manecão, namorado de Inocência. Cirino pretendia desposar Inocência.

Os livros que tenho do romance "Inocência, 
e das pinturas do Almeida Júnior.

O quadro "Saudades" foi uma das últimas pinturas feitas por Almeida Júnior antes de ser assassinado, e, por outra curiosa coincidência, o Taunay faleceu no mesmo ano que o Almeida Júnior.

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