Era muito comum até a década de 1970, ao se viajar pelas estradas rurais da cidade, se deparar com pichações feitas por nada menos que (pasmem!) as Casas Pernambucanas. Nada escapava de seus grafites feitos com cal virgem ou tinta branca, e eram pinturas bem rústicas, com letreiros malfeitos. Na verdade, podia-se vê-las por toda a cidade em barrancos, postes, pontes, porteiras, muros etc. Vale lembrar que a empresa chegou à Araras antes de 1927, e esta prática rústica de propaganda começou em 1930, no Morro do Penedo, em Vitória, Rio de Janeiro.
Segundo o blog Art Garagem,
“No Brasil, como vimos, o grafite surgiu há quase trinta anos atrás, durante a década de 60, quando grupos políticos pichavam nos muros das cidades frases tais como "ABAIXO A DITADURA". Em São Paulo, inscrições do tipo "CASAS PERNAMBUCANAS" e "CÃO FILA KM 26" já eram conhecidas dos paulistanos mas não pertenciam a um movimento organizado nem despertavam muitas reações, servindo como reforço de imagem para alguns comerciantes."
Vale lembrar que a pichação, mesmo ilícita, é um meio de propaganda que era utilizada por políticos até poucas décadas atrás, e tenho dois registros notórios destas práticas que podem ser vistos nas fotos anexas.
O hábito da pichação, certamente, foi considerado algo condenável desde sempre, mas, na época, não houve, ao que se sabe, registro de reclamações. Lawrie Reid, em seu livro “Flanando pelo mundo” (1961), condenado severamente o hábito da pichação como meio de propaganda apelativa, escreveu numa arguta e importante observação:
“Existem também, poderosas firmas brasileiras, que, na voracidade do ganho, não se pejam de, em propaganda comercial, borrarem pontes, viadutos, estradas e monumentos, tudo que lhes caia à mão, desde que nada paguem pelo anúncio.”
Encontrei registros de antigas pixações em Araras já nos tempos do primeiro ginásio de Araras, em 1943 ― que funcionava onde hoje é o grupo escolar "Zurita" ―, numa nota publicada num jornal local, mas certamente, as pixações existiram desde os tempos de vila, assim como as pinturas rupestres provam que os humanos, desde os seus primórdios, gostam de deixar seus registros para a posteridade. No caso das pichações, antigamente era difícil encontrá-las pela cidade, ao contrário de hoje, em que é praticamente impossível encontrar um lugar qualquer da zona urbana que não esteja pixado...
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