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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Revista POP - Nº 12, outubro 1973, 84 pág., p/ baixar!

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MAIS UMA POP PARA BAIXAR!

Revista POP - Nº 12, outubro 1973, 84 páginas, 122.36 MB, em arquivo pdf.


Matérias com:

- Rita Lee
- Toquinho
- David Bowie
- Osmonds
- Gilbert O'sullivan
- Jean Paul Belmondo
- Telescópios



Baixe-a aqui:

http://www.easy-share.com/1907164527/Revista POP - Nº 12, out. 1973.pdf

Em breve, outra POP!
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segunda-feira, 11 de maio de 2009

AFINAL, ROCKEIRO BRASILEIRO SEMPRE TEVE CARA DE BANDIDO?

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Até pouco tempo atrás, eu não concordava com a famosa frase setentista de Rita Lee, a de que “Rockeiro brasileiro sempre teve cara de bandido”, frase que inclusive virou verso de uma música sua, o rock Ôrra, meu! (Lança Perfume, 1980). Ela própria, por seu envolvimento com drogas, foi vítima do sistema: Rita, em agosto de 1976, aos três meses de gravidez, foi presa em sua própria casa, sob a acusação de porte de drogas, num dos fatos de truculência explícita mais revoltantes da ditadura que vinha dominando o Brasil desde 1964. Imaginem uma mulher jovem, no meio de um monte de cabeludos a banda Tutti Frutti (foto) , abrindo as portas para o rock brasileiro feminino e com músicas falando de drogas em plena época da ditadura! O site CCUEC, da Unicamp, escreveu:

"Rita Lee foi roqueira num tempo em que o fato de ser roqueiro era caso de polícia ('... roqueiro brasileiro sempre teve cara de bandido ....'). Os cabeludos eram muito discriminados e eventualmente presos, e uma mulher roqueira era uma afronta quase insuportável."

Hoje, eu vejo a coisa por outra ótica: é que a polícia da época implicava com os cabeludos, não que eles fossem bandidos realmente o problema era cisma mesmo com gente do ramo: rockeiros, motoqueiros e hippies e, reconheça-se, o envolvimento com drogas a maconha e o LSD eram indissociáveis da cultura riponga... Houve, na história do cinema brasileiro , uma banda de rock psicodélico, a Spectrum, responsável pela trilha sonora daquele que é considerado o primeiro filme hippie nacional – "Geração Bendita: É isso aí bicho!" (1971) que durante as filmagens, membros da banda e artistas foram presos e tiveram seus cabelos raspados pelas autoridades moralistas da cidade carioca Nova Fibrurgo.

É um episódio para lá de marcante e hilário o pessoal preso durante a filmagem! O jornal acima relatou o que o delegado disse ao autuar os artistas em plena filmagem:

“- Corta! Está todo mundo em cana. Ninguém sai de cena. As representações serão, agora, no xadrez, mas com artistas carecas e todos de banho tomado, asseados e limpos.”

Vale lembrar que o movimento rock é que é o determinante no aparecimento dessas tribos, e não alguma forma de bandidagem ou violência. Convém lembrar também que esse pessoal da "Era de Aquarius" não era "inimigo" do estlablishment e tampouco sonhava em tomar as rédeas do controle social, para transformá-lo, no mínimo, em uma revolução contracultural, mas o que eles queriam mesmo apenas era curtir o espírito da filosofia da Nova Era, colocar o pé na estrada num estilo de vida baseado no ócio, voltar à natureza, se amar em liberdade, montar uma banda, transar artesanato, etc., em suma, nada mais nada menos que a utopia escapista da filosofia hippie. Mas o sistema pegava pesado com eles, e em se falando dos hippies, na época, o chefe de relações públicas chamou-os de de "inimigos irreconciliáveis da higiene, cheios de parasitas e frequentes portadores de doenças contagiosas (uma clara alusão às doenças venéreas e à hepatite, subprodutos do amor livre e das injeções de drogas)." Também a morte de grandes ídolos internacionais por seu envolvimento com drogas (Hendrix, Brian Jones, Janis Joplin e Jim Morrisnson), colaborou (e muito) para estigmatizar o pessoal ligado ao rock.

Me recordo que, em minha cidade (Araras/SP), era só a polícia passar e ver um bando de cabeludos em atitudes que nem precisavam ser suspeitas, e lá vinha a tal da “geral”... Aquela moçada feliz, descontraída, "cabeça feita", bebendo cerveja, coca-cola, fazendo ou ouvindo um som e se amando em liberdade, realmente incomodava os “meganhas” acostumados até então com o ingênuo, pacato e ultrapassado footing na praça principal...

Curiosamente, já na época da Jovem Guarda, a cisma com os cabeludos (as inocentes franjinhas dos Beatles...) já dava ibope negativo: uma indústria alimentícia disse que "'aquele cabeludo' daria indigestão aos cliente de sua comida." O cabeludo era nada mais nada menos que o Roberto Carlos ...

Ao contrário do Brasil, nos EUA os hippies eram considerados vagabundos inocentes. Já polícia brasileira da época sabia sim quem eram os verdadeiros bandidos, e para ser bandido não era necessário ser cabeludo, mas simplesmente ser bandido, independente da aparência. Aliás, roqueiro brasileiro nunca posou de visual bandido. Uma coisa era ser consumidor, outra era ser traficante, e a maioria dos rockeiros daquela época, ao que eu saiba, eram apenas consumidores, fato que, reconheça-se, não os exíme da cumplicidade na contravenção. Como bem sabemos, tanto o Raul Seixas quanto a Rita Lee – nossos papas do rock –, nunca traficaram, mas eram usuários, fato que nunca negaram o Raul bem o disse em seu hit “Não quero mais andar na contra-mão”:

"Hoje uma amiga
Da Colômbia voltou
Riu de mim porque
Eu não entendi
Do que ela sacou
Aquele fumo rolou
Dizendo que tão bom
Eu nunca vi...”

Cita-se que depois que a revolução empreendida pelos tropicalistas passou – caldeirão cultural onde se incluíam a psicodélica banda Os Mutantes , o rock tupiniquim foi alçado à uma posição marginal no cenário da música brasileira. Em pleno apogeu da era do desbunde – de um lado a emergência da MPB, e de outro o clima pesado da política repressiva – , tudo isso concorreu para que na década de 1970 como queria a Rita Lee , o roqueiro brasileiro tivesse "cara de bandido", lembrando que o Maluco Beleza, por seus diversos problemas, foi um dos que mais “colaboraram” para a difusão desse estigma equivocado.

Agora, analise a situação: a maioria esmagadora dos favelados e marginais daquela época não eram cabeludos e barbudos (como forma de distinção de tribos, se assim posso dizer), e nem se trajavam com os adereços típicos dos rockeiros, ou seja, faixas na cabeça, pulseiras, colares, anéis, blusões de couro, botas, tachinhas, etc., aliás, que eu me recorde, bandidos nunca trajaram roupas típicas de rockeiros, no máximo as famosas calças "boca-de-sino" e sapatos "cavalo de aço". Tampouco o sotaque peculiar dos rockeiros tinha a ver com os verdadeiros bandidos. Na foto, bandidos da década de 80 presos em Porto Velho, após assalto ao Banco do Brasil. A legenda original diz que eles pareciam um time de várzea. Alguém aí vê alguma semelhança com roqueiros?

Mas, afinal, aonde quero chegar? É que, atualmente, a frase da Rita Lee tem ser refeita para se adaptar aos tempos atuais, digo, adaptada com mais propriedade: "Funkeiro brasileiro sempre teve cara de bandido". Mas porquê desejo isto? Veja agora os funkeiros e rappers da atualidade: cabeça raspada, touca (em pleno Verão!), tatuagens pesadas – é o mesmo visual dos malandros e contraventores das periferias, das favelas, os mesmo gesticular característico, as mesmas gírias de cadeia, o modo de falar com a mesma entonação de presidiários, em suma, é difícil distinguir um dos outros, aliás, a pergunta que fica é que se são os funkeiros e rappers que se vestem de bandidos, ou vice-versa... Aliás, parece que, atualmente, até membros de torcidas violentas de futebol adotam esse visual... (na foto, um bandido carioca moderno). Em tempo, não nos esqueçamos (jamais!), a ligação entre o cruel assassinato do jornalista Tim Lopes e funkeiros cariocas...

Um site, denominado Funk de Raiz, traz este texto como abertura:

“Em meados dos anos 90, há uma pequena reviravolta no mundo Funk. As equipes de som promovem Festivais de Rap's nas favelas onde haviam bailes e lançam em discos as gravações lá realizadas. Assim surgiram os MC's cantando funk nacional, conhecido como RAP.”

Inclusive, este site menciona como referência, e com orgulho, o nosso grande DJ Big Boy (foto) como se ele tivesse algo a ver com esses bailes funk modernos... Mas, se teve, a deturpação foi total. Nosso maior e inimitável DJ deve estar se revirando em seu túmulo! A propósito, bailes promovidos pelo Big Boy – o grande “Baile da Pesada” –, tocavam Funk verdadeiro (e muito rock e outros estilos também, ou seja, muita diversidade), algo muitíssimo superior se é que se pode comparar – essa escória de rap e funk que se ouve por aí. Saiba, clicando aqui, quem foi essa fera.

Musicalmente falando, isso que esses cariocas chamam de funk, não tem nada de Funk (com F maiúsculo) – o que aconteceu, na verdade, é que o verdaeiro Funk foi vilipendiado por uma confusão estética, se é que os curtidores do falso funk tem noção disso. Esse "estilo" medíocre dos subúrbios cariocas não tem verdadeiros instrumentistas, suingue, groove, o vocal é linear e sem emoção, e o timbre da voz é horrível – resumindo, não são cantores em hipótese alguma, e tem mais, esse negócio ridículo de neguinho ficar esfregando discos de vinil e dizer que está tocando ou fazendo música, não passa de piada barata. As bandas de Funk autêntico – Funk primórdios da black music, de meados de 1974 até 1991 – chegavam à vezes a ter mais de 20 integrantes, tinham vocais excelentes e tocavam um estilo muito rico em se tratando de música instrumental. Quanto ao Funk carioca autêntico, só para ficar num exemplo, evidencio a grande (em todos os sentidos) banda Black Rio, do célebre Oberdan.

O site Ato ou Efeito, se referindo ao moderno funk carioca, o do estilo pancadão, traz o seguinte: “Não EXISTE música no Funk. É sempre a mesma coisa, sempre a mesma batida e sempre a mesma... coisa”. À esses alienados que desconhecem o verdadeiro Funk, recomendo uma simples audição do mega-hit “Get Off” da danda Foxy – ouçam neste link do You Tube. Agora, veja este funk, o Bonde dos 40 Ladrão, e sua clara apologia ao crime.

Veja agora um dos clássicos do funk original, a música "Pick Up The Pieces", um tema instrumental da banda escocesa Average White Band, peça que vira e meche o Quinteto Onze e Meia, a banda do Programa do Jô, executa:

Se referindo à uma gang de bandidos, o Mooca Chapa Quente, bando que assalta e estupra orientais, o site da Globo noticiou agora, em 19 de maio:

"Membros da quadrilha "Mooca Chapa Quente", que assaltava casas de estrangeiros na Zona Leste de São Paulo e foi presa pela Polícia Civil, não fazia questão de se esconder. Eles planejavam os crimes em bailes funks e divulgavam vídeos de armas e munição na internet. Quem faz parte do bando tem a tatuagem de um cifrão na mão."

O Mooca Chapa Quente e o Bonde dos 40 Ladrão são a mesma galera. Enfim, nada que uma "boa" cadeia resolva, aliás, já resolveu...

O disc jockey carioca Humberto DJ, por sinal nascido no mesmo dia, ano deste que voz escreve (mas no mês de agosto; sou de janeiro) , disse:

“Sou de uma época que o funk era regido pela essência da cultura musical, atrelado aos bons costumes e a prática da verdadeira parceria, com produtores cercados de ética, profissionalismo e um grande 'feeling' em determinar o que seria sucesso ou não.”

Poderia até dizer , à esta altura, que o que se salva no funk carioca são as letras e a mensagem que elas passam, mas, sejamos realistas: elas beiram a total alienação, mediocridade e baixaria é coisa de analfabeto funcional mesmo; e olha que, nestes tempos doidos, tem gente insensata (me refiro ao Wagner Montes!...) que cria projetos de lei querendo tornar o funk carioca uma manifestação cultural oficial. Em junho deste ano, a funkeira Fernanda Abreu (ex-Blitz) afirmou que o funk carioca é "estudo sociológico"... Vejam o que pesquisador de Ciências Sociais Antonio, o professor Fernando Borges, escreveu em seu blog:

Cada vez se produzem mais panfletos e menos obras literárias, sendo que no Brasil, como é de hábito, as coisas vão ao exagero: a pretexto de se ‘dar voz aos excluídos’, eleva-se à condição de literatura o discurso dos rappers e funkeiros, malandros e contraventores da periferia das grandes cidades.

O mesmo DJ acima, se referindo ao teor das letras do funk carioca, escreveu:

“Afinal, neste país quando o assunto é sexo, tráfico e sacanagem a massa aplaude, bate palma, acha engraçado, ao contrário de antigamente, cujo repúdio era mantido, ou melhor ainda é mantido.”

Como se vê, o Rio de Janeiro começou por roubar a capital da Bahia (1763), e agora compete com os baianos para ver quem faz música de pior qualidade: é bundaxé de um lado e funk do outro... Ai, que saudade dos bons tempos do James Brown (outro que está a revirar em seu tumulo) e do verdadeiro e original Funk!

Pois é, meus caros, como se vê, entre os "bichos" dos rockeiros e o "manos" dos funkeiros e bandidos há um abismo imenso... Flower & Power era paz e amor mesmo, e não essa apologia do crime, da violência e da banalização do sexo que fazem essa outra gente, isto para não falar da exploração sexual de menores nos bailes funks financiados pelos traficantes, na favela carioca da Vila Cruzeiro (vide Elias Maluco).

Galera, olha só o comentário que descolei numa comunidade do Orkut, a “Memorias de uma época!”, falando dos rockeiros e dos bandidos do Rio de Janeiro dos anos 70, comentário de um cara que vivenciou intensamente esta época:


“(...) E como ninguém era santo e nem tudo eram flores e boas lembranças, existiam as 'bad-trips' das chamadas 'bolinhas “marcha-ré' (Mandrix, Optalidon, Artânia...), xarope Pambenil (acho que era esse o nome), Melhoral moído no cigarro, fluido de isqueiro, chá de cogumelo, etc...OBS: mas tudo isso parece 'fixinha' tendo em vista do que se consome hoje !!!

Teve gente que tremeu na rua com a simples aproximação de um Dodge preto e branco (Camburão) ou a 'Joaninha', parando para 'dar um bote' nos 'Bichos cheios de grilos na cuca'?

Parece tambem piada, mas se não me falha a memória, só existiam 3 bôcas no RJ: Saçú, Cabeção e Inferno Colorido e nenhum 'bang-bang'na rua, nem balas perdidas, nem essa verdadeira guerra civil atual do trafico.”

O depoimento veio a calhar, e o cara resumiu tudo!

Enfim, viva o James Brown, a Rita e o Raul (e o Foxy também...), e, daqui para adiante, mais respeito com essa "geração bendita"!

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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

DE ALICE COOPER À RESTART ou A EQUIVOCADA IMAGEM DO BRASIL: TERRA DE ÍNDIOS, COBRAS E ONÇAS!... (E MULHERES BONITAS!...)

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Até poucas décadas atrás, era comum a maioria dos países distantes terem um conceito totalmente equivocado sobre o Brasil, achando-o um país selvagem onde só havia mato, índios, cobras e onças. Esse mal é oriundo dos tempos coloniais, com os exploradores e cronistas dizendo coisas mirabolantes sobre o Brasil em seus livros lançados em seus países de origem. Muitas das gravuras antigas que foram retratadas em seu livros possuem imagens exageradas sobre nosso país, desvirtuando os costumes da cultura indígena.

Num livro escrito sobre o Brasil pelo pastor, missionário e escritor francês Jean de Léry (Côte-d'Or, c. 1536 - Suíça, c. 1613), encontra-se, desde a primeira edição de 1578, uma gravura na qual se distinguem diversas representações do fantástico, tais como dragões, demônios atacando os seres humanos e, bem caracterizando o "Novo Mundo", um enorme bicho-preguiça. Até mesmo os peixes voadores assumem proporções irreais em relação aos demais elementos da cena (ver graura abaixo).


Um dos poucos e pioneiros a falar bem do país foi o ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt, que ao ver Manaus na época da borracha, comparou-a às melhores cidades de sua terra, o que se deu em 1913. No entanto, em 25 de março de 1931, tivemos uma outra recaída quando o Brasil recebeu a visita de do Príncipe de Gales, o rei George e seu irmão Edward. Segundo a escritora Ivan Thaumaturgo, ambos vieram "fardados de branco, com capacetes, como se o Brasil fosse uma selva. Essa indumentária indignou nossa fibra patriótica. As pessoas comentavam que eles deveriam estar esperando desembarcar no meio de animais selvagens."

O famoso sertanista Hermano Ribeiro da Silva, nascido em Campinas, em excursão em ao interior de Goiás, em 1932, portanto no ano seguinte à vinda do rei George, procurou desmentir afama de o Brasil ser um país infestado de cobras:

“Ao subir a rampa, se não é Raimundo gritar em tempo, quase piso sobre uma jararacuçu. A gente, nos sertões, deixa de precaver-se das cobras porque somente aparecem com raridade. Semelhante fenômeno contradita o que geralmente se pensa lá fora, na visão que estabe­lece terrível e permanente ameaça das serpentes nas re­giões inóspitas do país. Aqui a multidão das seriemas, dos lagartos, dos pássaros cauãs e de tantos outros ini­migos das cobras combate-as incessantemente, de maneira que o perigo apenas existe em grau bastante reduzido. Em todas as excursões que realizei venho observando esse fato, que já Up. de Graff consignava no interessante livro sobre ‘Os caçadores de cabeças’, escrito no período dos 7 anos em que viveu na Amazônia. Afrânio do Amaral, o ilustre cientista que dirige o Instituto Butantã de São Paulo, escreve com a autoridade dos seus conhe­cimentos as seguintes palavras a propósito do assunto: ‘De acordo com as estatísticas do Instituto do Butantã, verifica-se que, ao contrário de estar diminuindo em São Paulo e no sul do Brasil em geral a densidade da po­pulação ofídica, parece que está aumentando pari-passu com o desenvolvimento agrícola que se tem observado nessa região. Efetivamente, há alguns anos eu venho mostrando, em trabalhos publicados na América do Norte e entre nós, que a crença de serem as nossas florestas infestadas de ofídios é absolutamente infundada, pois nelas esses répteis encontram muitos inimigos e inúme­ros concorrentes na luta pela vida. Logo, porém, que se derrubem as florestas e se iniciam as queimadas, e as culturas dos campos, não somente se destroem quase todos os inimigos das serpentes, mas também se propicia a vida, dos ofídios, core o estimulo que passa a receber a criação dos roedores. Esse fenômeno, observado em São Paulo e nos Estados vizinhos, foi por mim assinalado no sudoeste dos Estados Unidos e na América Central, e está sendo registrado na Austrália, em Dava, na Índia, no México e em outros regimes tropicais e sob-tropicais do lobo’.”

À esta altura, desnecessário dizer que o próprio Walt Disney criou o personagem Zé Carioca tendo uma visão "mexicana" do Brasil!... Cerca de 70 anos depois, os americanos continuavam se deliciando em mostrar o Brasil como um país selvagem. Em 2002, um episódio do desenho animado Os Simpsons mostrou o personagem Homer e sua família em férias pelo Rio de Janeiro. Encontraram uma cidade em que macacos circulavam livremente no meio da população... Para mim, isso, antes que um tremendo sarro, mostra o quanto é grande a burrice dos gringos a nosso respeito: está certo, temos índios e macacos aqui, mas não somos a Índia onde realmente os macacos vivem nas cidades em meio das pessoas!...

Quando os repórteres suecos entrevistaram o jogador Pelé na copa da Suécia em 1958, perguntaram para o rei se havia cobras no Brasil e se a capital era Buenos Aires... O que eles não se tocaram é que os tais “animais” estavam debaixo do próprio nariz deles: a nossa seleção totalmente composta por cobras da bola...

Parece mal de escocês: quando o rockeiro Dan McCafferty, cantor da banda escocesa Nazareth veio receber disco de ouro no Brasil, em 1975, pela vendagem do compacto “Love Hurts”, numa coletiva para a imprensa, surpreso pelas vendagens do disco em nosso país, ele disse: “Eu achava que aqui no Brasil não existisse nem vitrola!” ...
 

Em 1974, quando o midiático Hans Donner veio ao Brasil, e aqui arranjou um emprego na Globo, na Áustria “Todos diziam: você é louco de trocar a Áustria por um lugar de bananas e macacos”, recorda-se.


Quando a banda norte-americana Alice Cooper (foto) veio para shows no país em 1974, aprontaram os diabos no Rio e em São Paulo. O motivo da excursão ao Brasil estava ligado a um fato curioso (uma nova alienação...): Peter Shanaberg, o empresário da banda, "havia lido numa reportagem da revista Circus que o Candomblé era muito forte e popular no Brasil, e apostou que a imagem macabra de Alice iria atrair multidões aos seus shows, já que o identificaram como um mestre de cerimônias da magia negra! Um macumbeiro de respeito! (...) E os brasileiros o chamam de 'Demônio com a cobra'"...


Quanto aos suecos, o que eles precisavam saber é que, além dos cobras da seleção, houve uma outra cobra que aqui no Brasil deu o maior ibope: exatamente a jibóia do Alice Cooper... Neste mesmo ano, saía uma matéria na revista POP, onde uma garota baiana de Salvador, Rosana de Almeida, 16 anos na época, mostrava-se indignada com o que a revista Circus escreveu sobre a passagem de Alice Cooper no Brasil. Aqui, inédita na Internet, a polêmica matéria:

O BRASIL, SEGUNDO OS SOBRINHOS DA TIA ALICE

“O que eu tenho pra dizer é importante e interessa a todo mundo. Estou voltando dos EUA (morei alguns meses em Rochester, Michigan) porque não agüento mais de saudade daqui. Bem, mas vamos ao lance. Lá existe uma revista chamada Circus, que publi­cou uma reportagem sobre a excursão de Alice Cooper ao Brasil. O título? Alice Assaults Brazil! (Alice Ataca o Brasil!) Pra começar, eles falam do Brasil de um jeito que, quem lê, pensa que o nosso pais não passa de uma selva, com índios, cobras e feras. Não estou dando uma de patriota, mas o caso é que dá raiva ver esses caras dando uma idéia, completamente errada do que a gente realmente é. Eles dizem que na ‘Terra do Amazonas’ a macumba é uma religião ainda mais importante que o catolicismo, e que a vinda de Alice foi para nós o maior acontecimento, desde que os portugueses descobriram o Brasil, há quatro séculos (vejam só). E dizem mais: ‘São apenas dez horas daqui ao Rio de Janeiro de avião, mas dez anos no tempo. Para o rock. o Rio ainda está na Idade da Pedra. Contando com apenas dois ou três grupos de rock, a juventude daquele pais depende total­mente dos Estados Unidos’. E continuam: ‘A industria de discos na América do Sul é tão pobre, que os discos brasileiros só podem ser ouvidos três vezes, pois ficam tão es­tragados que têm de ser joga­dos fora’. E falam que a visita de Alice Cooper foi uma loucura, um escândalo, que até parecia que ele era um ser de outro planeta. Está certo, acredito que deve ter sido realmente uma loucura ver Alice, mas duvido que tenha sido esse escândalo que eles falaram. E mesmo que fosse, eles esquecem que lá fora é a mesma coisa, ou até pior: em abril, na Inglaterra, a loucura foi tanta num show de David Cassidy, que uma garota de 14 anos morreu de ataque cardíaco, e mil outras saíram feridas, pois queriam agarrar o homem de qualquer jeito... Os brasileiros é que são monstros, eles não... Enfim, essa é a idéia que eles têm aqui: uma terra de selvagens.”

E a POP acrescentava:

“O que a Circus não disse, Rosana, é que o ‘cavalheiro’ Alice Cooper e seu grupo de ‘civilizados ‘fizeram misérias e causaram mil estragos nos hotéis por onde passaram, em São Paulo e no Rio.”

Tem outra coisa que os suecos e norte-americanos não sabem: na década de 1950, muito antes da Tia Alice (como Alice Cooper era carinhosamente chamado no Brasil) vir desfilar aqui com sua jibóia, a gostosona da dançarina capixaba Luz del Fuego (Dora Vivacaqua) já barbarizava num palco dançando com uma jibóia... E tem mais, a belíssima Luz Del Fuego criou no Brasil o primeiro clube de nudismo de que se tem notícia, na ilha do Sol em Paquetá!... Esta, enfim, era a verdadeira entidade selvagem urbana que a Circus desconhecia...


E  já que falamos de rock aqui, convém lembrar do grande sucesso de Rita Lee, a música Luz Del Fuego, dedicada à polêmica dançarina:

“Eu hoje represento a loucura
Mais o que você quiser
Tudo que você vê sair da boca
De uma grande mulher
Porém louca!”

Na verdade, no retorno da banda aos EUA, não houve sérias intenções de banda escrachar o Brasil, aliás, os show do Palácio das Convenções foi considerado o maior show já realizado por eles, que atingiu seu recorde de público, cerca de 80 mil pessoas, e também um recorde mundial em apresentações em recinto fechado, inclusive com direito à inclusão no livro Guinnes Book. E mais, neste retorno, o próprio Alice Cooper se encarregou de propagandear o Brasil como um excelente lugar para shows elém de possuir um público muito louco. e maluco por rock.

E já que falamos de mulheres bonitas brasileiras - como a sensual Luz Del Fuego, - convém recordar que numa entrevista a revista Poeira Zine de julho/agosto de 2004, o baterista Neal Smith (foto) da banda do Alice Cooper revelou:

 "Vocês brasileiros têm as mais belas garotas do mundo!"

Assim sendo, por esta massagem em nosso ego - nosso verdadeiro e principal "orgulho nacional"! -, a banda está devidamente perdoada pela zoação feita em cima de nós na revista Circus. 

Opinião semelhante teve o baixista Stanley Clarke sobre a música brasileira e a beleza de nossas mulheres, numa entrevista para a revista "cover guitarra" em março 2000.


“Alguma mensagem para os seus fãs no Brasil?
Clarke - Vocês são uns privilegiados. Possuem - indiscutivelmente - a melhor música do mundo, os músicos mais fantásticos e as mulheres mais bonitas. Até hoje, nunca toquei ou conheci algum músico brasileiro que não tenha me impressionado a ponto de tirar o meu sono (risos). Só espero que seus leitores, se algum dia eu conhecer alguns deles, possam continuar a me mostrar que a tradição de genialidade musical brasileira continua imbatível. Deve ter alguma coisa na água que vocês bebem (gargalhadas)...”

Recentemente (março 2011), o ator Jude Law, em visita ao Brasil, no primeiro dia de desfiles das escolas de samba no carnaval do Rio, ficou rodeado de mulheres e disse estar impressionado com a beleza das brasileiras. Em entrevista ao jornal "Estadão", ele desabafou:  

"O que tem na água deste país? São as mulheres mais lindas do mundo".


Anos antes, em agosto 1987, o tecladista Brian Eno, ex-Roxy Music, em entrevista à revista Bizz havia dito o mesmo:

"O Brasil significa para mim as mais belas mulheres do mundo."


O escritor norte-americano James Ellroy, 63, participante da FLIP 2011 em Paraty, revelou uma nova visão sobre o Brasil nos EUA: 

"Norte-americanos não têm a menor ideia sobre o Brasil. Para muitos, o Brasil é sinônimo de esquadrões da morte, salsa e mulheres nuas fazendo sexo promíscuo. Nada contra mulheres nuas ou sexo promíscuo, mas não foi o que vi."


Curiosamente, a última frase dita pelo Alice Cooper à um jornalista da Folha De São Paulo, em 9 de abril de 1974, após a série de shows que fez no Brasil foi sobre "nossas riquezas" - já à caminho do avião que o levaria de volta aos EUA, ele declarou: "Adorei as mulheres brasileiras."

O cantor norte-americano de soul Billy Paul, que também esteve em turnê pelo país poucos dias antes, após folhear algumas revistas com fotos do carnaval do Rio presenteadas por seu empresário, disse à um repórter do mesmo jornal, em 26 de março: "É no charme destas meninas que pode nascer o meu divórcio."

Um outro personagem, fazendo coro ao Alice Cooper et caterva, desta vez um músico brasileiro, recentemente disse uma besteira não menor sobre o suposto primitivismo do Brasil - mais especificamente a Amazônia -, e isto como se estivesse em meados do século 20... A autor foi o jovem Thomas, nada mais nada menos que o baterista da banda Restart, que numa infeliz entrevista disse sobre como seria tocar no Amazonas:

  "Imagine você tocar no meio do mato! Nem sei como é o público de lá, não sei se tem gente, civilização."

Com a típica alienação dos estudantes adolescentes modernos que não gostam de estudar, o baterista ignora que a capital amazonense Manaus tem mais de 1,8 milhão de habitantes, além de ser sede de várias indústrias e da famosa Zona Franca!... 


Para finalizar, vamos mostrar que o brasileiro também tem jogo de cintura para se safar das pessoas com essas idéias alienadas. Numa de suas entrevistas em seu famoso programa na Rede Globo, o apresentador Jô Soares contou ao grupo teatral As Olívias, que, em sua juventude, usou um curioso modo para terminar um namoro com uma moça alemã que conhecera na Europa. Como estivesse no Brasil, resolveu por fim ao caso através de uma carta, o que o fez 9 meses depois... Humorado que é, disse como desculpa que tinha se perdido na selva amazônica... A moça, além da carta toda picada, devolveu-lhe um bilhetinho lacônico onde se lia: “Mentira!”... As atrizes entrevistadas concordaram que fora do Brasil tem gente que ainda acha que nosso país é ainda um país selvático, no que o apresentador completou: “Eu inventava que em volta do estádio Maracanã tinha um fosso cheio de jacarés!”...

FONTE:
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