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sábado, 13 de novembro de 2010

HISTÓRIAS CÔMICAS DA REVOLUÇÃO DE 1932

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Lendo um livro do grande escritor Cornélio Pires (1884-1958), encontrei estas engraçadas histórias. Nascido em Tietê, São Paulo, Cornélio foi escritor, compositor, conferencista, jornalista, contador de causos, folclorista e poeta.

As histórias são reais e constam do livro "Chorando e rindo", de 1933, onde relata episódios e histórias da Revolução de 1932, recolhidas por ele pessoalmente ou enviadas por contribuidores das regiões envolvidas no conflito.



EM BEBEDOURO

No dia seguinte ao da chegada, um soldado goiano, procura um lugar para lavar o rosto. Entra numa privada e exclama:

- Êta paulista besta! onde se viu botar uma bacia nesta artura?

Outro companheiro que estava no compartimento próximo responde:

- Camarada, faça corno eu, puxe o cordão, que a água sai em cascata, mas lave depressa porque a bacia é furada.


CHUMBO TROCADO...

Escreve-me uma tieteense, conterrânea minha:

Entraram em um restaurante, um paulista e um gaúcho; este sentando-se junto a uma mesinha disse ao garção:

- Traga-me depressa um Paulista! - O coitado do garção sentiu-se bastante embaraçado e viu-se na necessidade de pedir explicações.

- Não sabes o que é um paulista? - disse o gancho. - Será que você é tão burro assim que ainda não conhece o paulista? "paulista é canja" traga-me esse prato. Foi servido imediatamente o gaúcho.

O paulista que entrou na mesma ocasião, ouviu tudo sem dizer palavra. Logo que o seu companheiro de restaurante foi servido, chamou pelo garção e disse-lhe:

- Traga-me depressa um gaúcho !

Coitado do garção! Viu-se novamente em palpos de aranha!

- Não sabes o que gaúcho? - diz-lhe o freguês: - Gaúcho é um espeto muito comprido em cuja ponta traz um pedaço muito insignificante de carne seca e o resto tudo é farofa ...

Desta vez quem não gostou muito, foi o gaúcho.


BOM ATIRADOR

Surgira sobre uma cidade do interior um avião, antes dos ataques a cidades abertas que tanto enodoaram a civilização brasileira.

Era um desses aviões que jogavam boletins. Quando o aparelho passava alto sobre o sitio do Juvêncio, a poucos quilômetros da cidade, o caipira passou a mão na pica-pau, saiu no terreiro e lascou fogo no "bicho"! Mas na hora em que o caipira deu o tiro, o aviador soltou uma nuvem de boletins. E o roceiro, todo orgulho, gritou para dentro

- Eh! Muié ! Matá num matei, mais ranquei pena!


SIM-SENHOR!

Dentre as tropas adversárias que estiveram em Jaú, havia sertanejos do alto sertão do Pará, vindos via-Goiás.

Um deles comprou um pacotinho de amendoim torrado e deliciou-se com a novidade.

- Experimenta, Jusé! Esses pulista faiz cada docinho gostoso! Oia só?! Gente danada de pacencia! Veja só como eles embruiam tão bem esses docinho em papé de seda vermeio !!! E pôs-se a tirar a pelezinha do amendoim...

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