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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPUZ DO MITO SACI E O BARRETE USADO PELOS NEGROS ESCRAVOS DO BRASIL


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"Seu boné vermelho é mágico: aí reside o seu 'encanto', seu poder, sua capacidade excepcional para travessuras; apoderar-se do boné do 'capetinha' é dominá-lo. Pois bem: essa carapuça vermelha corresponde ao píleo usado, em Roma antiga, por escravos libertos, como símbolo de sua emancipação; e é irmão do barrete frígio vermelho usado pelos franceses após a queda da Bastilha, em 1879, simbolizando as recém-conquistadas liberdades democráticas. Mas o Saci não veio da Europa; deve ter surgido no Brasil (no sul-sudeste?) por volta do final do século XVIII, uma vez que não consta nenhuma citação a seu respeito, em escritos de sacerdotes, cronistas e viajantes dos dois primeiros séculos. Perece ter, na origem, alguma aproximação com o Curupira e com a ave chamada saci, também ligado às circunstâncias sociais da escravidão (como no caso do Negrinho do Pastoreio)"

Fonte: PELEGRINI FILHO, Américo. Literatura folclórica. Edit. Nova Stella - USP. São Paulo, 1986, págs. 43-44.

A pintura, de 1827, é do explorador Charles Landseer, um então jovem artista inglês em início de carreira, que foi enviado ao Brasil em 1825, integrando uma importante missão diplomática britânica. Notar o capuz vermelho do escravo junto ao pilar!

A associação da pintura ao texto do Pelegrini é minha, e quero insinuar que, realmente, a pintura pode validar a opinião do pesquisador, a de que o Saci é mito genuinamente nacional, e talvez surgido nesta mesma época!