quinta-feira, 11 de março de 2010

“SINHÁ MOÇA” – UM LIVRO, UM FILME E UMA NOVELA INSPIRADOS NA HISTÓRIA ABOLICIONISTA DE ARARAS

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Em 13 de março de 2006, a Rede Globo colocava no ar pela segunda vez, a novela de época “Sinhá Moça”. Muitos ignoram – exceção feita aos mais antigos, historiadores e aos que leram o livro do Alcyr Matthiesen, “Araras - Retratos da História”, – mas a novela, cuja primeira versão foi em filme, tem a ver com Araras e a história de seu movimento abolicionista. Em março de 2010, após o grande sucesso do remake de 2006, a mesma emissora decidiu reapresentar no horário vespertino em “Vale a pena ver de novo.”

Sinhá Moça foi adaptada do livro homônimo da escritora Maria Dezonne Pacheco de Fernandes. A novela, no entanto, foi um remake do escritor Benedito Ruy Barbosa, e a primeira adaptação, também dele, é de 1986, para a mesma rede de televisão, tendo como protagonistas, a famosa dupla de renome internacional, Lucélia Santos, como Sinhá Moça, e Rubens de Falco, como Barão de Araruna, e também o ator Marcos Paulo como Rodolfo. Na última versão, os atores eram Débora Falabella, Osmar Prado e Danton Mello, respectivamente.
A escritora (foto, década de 1950), nascida em Itu e 8 de dezembro de 1904, residia em Araras na primeira metade do século XX, na fazenda Araruna, de propriedade de seus avós, próximo à estação do Elihu Root. Sua mãe, Clarinda, era ararense. Faleceu em 2 de março de 1998.

A novela foi uma ótima oportunidade para os ararenses conhecerem um pouco mais algumas facetas sobre a história da abolição local, pois, como veremos, ela teve inúmeras de suas passagens inspiradas nos fatos que ocorreram aqui na década de 1880. Dez anos após o lançamento do livro (1942), já grande sucesso e em terceira edição, ele foi finalmente adaptado para o cinema, por obra do cineasta Tom Payne, e é sobre o filme que iremos falar agora.

Tudo começou quando Franco Zampari – o pioneiro do cinema brasileiro – instou a autora a ceder os direitos para adaptá-lo ao cinema. Após uma reunião em Araras da escritora com o pessoal da Vera Cruz – uma espécie de versão brasileira de Hollywood – as filmagens tiveram início em junho de 1952. Parte do filme foi financiado pelo marido da escritora, o senhor João Pacheco Fernandes, que era presidente do Banespa na época. Foi uma das produções mais caras da Vera Cruz, pois visava atender também o mercado internacional. (foto, Eliana Lage como Sinhá Moça). As fontes se contradizem nas informações sobre o sucesso do filme – uns dizem que teve uma fraca bilheteria, outras que chegou a superar o famoso “O Cangaceiro”, que havia batido recordes de público.

Maria Dezonne, em fevereiro de 1952, em depoimento ao Jornal da Noite, da Capital, se referindo ao livro, afirmou:

A mucama Virgínia
“(...) trata-se de um romance verdadeiro (...). Não é obra fictícia. Fi-lo na fazenda de meus pais, em Araras, num recanto bucólico, onde só tinha como confidente a velha Virgínia, hoje com 77 anos de idade e que foi minha grande auxiliar na reconstituição das cenas históricas ao natural. (...) a mucama Virgínia do meu romance é a mesma que viverá seu próprio e autêntico papel no filme. Ela acompanha a minha família há mais de 50 anos, tendo sido filha de escravos”.

A coleção Nosso Século (1985) traz um trecho de um depoimento da romancista “que aborda o movimento abolicionista em tons cor-de-rosa”:

"Sinhá Moça representa o que eu achei que todas as mulheres brasileiras deveriam sentir. Esse espírito de fraternidade (...); essa preocupação com os menos protegidos da sorte... E um símbolo, afinal, a Sinhá Moça ( ... ). Eu penso que o filme traz elevação, e leva ao estrangeiro o que nós temos de melhor, que é a nossa formação, a aristocracia dos nossos lares... Veja O Cangaceiro, apresentado no estrangeiro; é como um quisto moral, não é? Não mostra bem certo o que é verdadeiramente, o que foi verdadeiramente o Brasil...”

A escritora afirmou ainda que o barão de Araras, em 4 de abril de 1888, “foi o ilustre ararense o primeiro homem no Brasil a dar liberdade aos homens que mantinha em sua propriedade”. É provável que foi daí que nasceu a ideia equivocada na cidade de que Araras foi a primeira a libertar seus escravos no Brasil. Virgínia, que em entrevista ao mesmo jornal, disse ter presenciado a abolição em Araras, revelou: “Vinha vindo da escola, quando o sr. João Pedro de Souza, intendente de Araras, me disse no dia 13 de maio de 1888: ‘Hoje não tem escola. Foram libertados todos os escravos’”, e complementou corroborando sua patroa dizendo que o barão de Araras já se havia antecipado à Lei Áurea, libertando seus escravos de sua fazenda, a São Joaquim. Disse ainda que o dono da fazenda São Tomé acolhia generosamente os escravos das diversas fazendas circunvizinhas, e a molecada, em consequência, cantava este estribilho: “Seu Lourenço Dias, quero ver balancear só”. Em 6 de fevereiro de 1956, o extinto jornal Semanário de Araras entrevistou um cidadão ararense, de 89 anos de idade, que havia presenciado a abolição da escravatura em Araras, o senhor João Antonio Eliseu, nascido em 1875. Disse ele:

“– Recordo-me que naquele dia, o genro do Barão de Arari, sr. João Soares do Amaral, chamou os escravos e lhes disse: – De hoje em diante vocês não são mais escravos, vocês estão livres. Mas aqueles que quiserem continuar a trabalhar na fazenda podem ficar, e quem não quiser pode ir embora.”

Décadas depois, em entrevista concedida à Tribuna do Povo em julho de 1977, Maria Dezonne (foto recente) revelou que o filme foi “classificado em 1o lugar e laureado com os mais disputados troféus”. Foi premiado no festival de Cannes; em Veneza recebeu o “Leão de Bronze de São Marcos”; na Alemanha Ocidental, o prêmio “O.C.I.- Oficial Católico Internacional”; em Punta del Este”, a ‘Lanterna Simbólica’, oferecida pelo Vaticano; também o Medaille D’Honneur L’Ouvre Nationale Du Teatre Al’Hospital - Academie Ansaldi em Paris. No famoso festival de Veneza, onde o filme concorreu com “Moulin Rouge”, era a primeira vez que o Brasil havia sido premiado. Também foi premiado em Varsóvia, Berlim e recebeu inúmeros prêmios no Brasil.

Em 22 de agosto de 1954, houve no Núcleo Araruna uma festa em homenagem à autora e o elenco do filme, festa esta filmada pela TV Tupi. Um trecho do discurso feito pelo professor Vicente Ferreira dos Santos na homenagem, dizia:

“O enredo de ‘Sinhá Moça’ constitui um dos capítulos mais belos e sugestivos da história de Araras (...) realçando as cenas de tentativa de fuga dos escravos procedentes muitas vezes de longínquas paragens, almejando com ansiedade atingir nossa cidade, pois aqui estavam a salvo do cativeiro”.

Em outro trecho, se referindo à avant-premiere do filme no cine Santa Helena, falou:

“(...) os ararenses se sentiam emocionados, quando em um dos lances de grande intensidade emotiva, os pretos foragidos, em massa, com mulheres e crianças, perseguidos pelos ‘capitães do mato’ e pela polícia, repetiam a seus companheiros a frase, que tanto nos sensibilizou: – Em Araras, negro não é mais escravo”.

O já citado Jornal da Noite, vaticinando sobre o filme, afirmou:

“O final do filme será uma consagração, verdadeiramente apoteótica, aparecendo os escravos, já libertos, arrancando as correntes que ofereciam como dádiva a Deus, à frente da Igreja principal da cidade de Araras, enquanto os sinos repicavam em regozijo”.

A autora, numa entrevista ao programa "Fantástico" da Rede Globo gravada em 9 de maio de 1985:


SERIA O BARÃO DE GRÃO-MOGOL O BARÃO DE ARARUNA DA NOVELA SINHA MOÇA?

Em outra ocasião já tive a oportunidade de falar na Tribuna do Povo das maldades que o fazendeiro Gualter Martins Pereira – o lendário barão de Grão-Mogol (ilustração), da vizinha cidade de Rio Claro, praticava contra seus escravos, foi quando fiz a matéria O Folclore da Bananeira na Morte do Barão de Arari (9-2004). Recentemente, escrevi uma matéria sobre “Sinhá Moça”, o livro que deu origem ao filme e à atual novela da Rede Globo. Ocorre que novas pesquisas sobre o tema me levaram à descobertas curiosas e surpreendentes, de que irei tratar agora.

Acredito que muitos ararenses devam se perguntar: – Mas, afinal, quem seria o tal de barão de Araruna da novela? Em que a autora do livro se inspirou para compor o personagem? E Sinhá Moça e o Irmão do Quilombo, também existiram?
Pois bem: o senhor Cardoso Silva – um conceituado e idôneo radialista – que morou em Araras, e à época residia em São Paulo, lançou algumas pistas. Cardoso era escritor freqüente dos jornais ararenses da época, escrevendo sobre reminiscências e tipos populares de rua, aliás, era o seu assunto predileto. Sobre o filme, escreveu ele o seguinte sobre o filme no extinto Jornal de Araras (7-1953):

“Vou lhe prometer uma coisa: falar de algo que muito me orgulhou. E tudo por causa do ‘filme’ do Tom Payne que se chama ‘Sinhá Moça’, ainda em exibição por aqui. O nome de Araras dança e re-dança no enredo da história. Lembra passado do eminente Barão do Grão-Mogol – (e eu sei que você entra no cemitério de Araras e nem dá importância para aquele túmulo velho, esquecido, do ilustre cidadão, que ali ainda existe!) e transpira bravura de Lourenço Dias quando roubava escravos de todas as fazendas p’ra levá-los aos ‘palmares da fazenda São Tomé’.”

Caso o que escrevera Cardoso seja verídico, lembrando-se que a escritora nada afirmou disto em suas entrevistas, podemos concluir que ela se inspirara no tal barão para compor o fictício personagem da novela – o barão de Araruna –, interpretado pelo ator Osmar Prado (foto). Apesar de suas sabidas maldades, esse barão (que era mineiro, mas não era nenhum “come-quieto”, como veremos), em 26-10-1871, assinou uma ratificação passada em cartório, em que assegurava a liberdade dos filhos de suas escravas nascidos de 1871 em diante. Anos depois, em 21-2-1887, ele apresentou na Câmara de Rio Claro uma indicação que promovia a criação de um “livro de ouro, para concorrer com os seus irmãos no desenvolvimento da santa e humanitária idéia da libertação dos escravizados do município”. O pedido foi aceito e em 5-2-1888, ele dava liberdade total aos seus escravos, com 93 dias de antecipação à “Lei Áurea”, portanto, meses antes que a façanha do barão de Araras.

Cardoso se equivocou ao dizer que o barão de Grão-Mogol está enterrado no cemitério de Araras. Seu túmulo (foto), hoje jaz solitário em meio um terreno pertencente à fazenda Angélica, na verdade, um canavial à beira de uma estrada, bem distante da sede. E mais, segundo um depoente, o ararense Miguel Curtulo (85 anos, 2006), o barão foi enterrado no cemitério de Rio Claro, mas pouco depois, ele começou a aparecer à noite em sua fazenda como uma assombração. Diziam que ele queria se enterrado em suas terras, e a solução foi trazer seus despojos de volta, e enterrá-lo no cemitério da fazenda junto de seus escravos. Da família, o que se sabe, o único túmulo que se encontra no cemitério de Araras é o da baronesa, a senhora Emília Martins Pereira, que falecera aos 99 anos em plena demência.

Aos antigos dizem que o barão, depois que sua esposa enlouqueceu, passou a mantê-la trancafiada num sótão da casa-grande. Até há décadas atrás, se dizia que havia na parede desse sótão, o desenho do contorno de seu corpo, feito por ela mesma à giz, mas o reboco caiu e o desenho se perdeu, como eu mesmo testemunhei. O escritor Emílio Wolff, em seu livro Nosso Folclore (vol. II,1985), recolheu uma história que fala sobre a índole de um barão, a que não deu o nome, mas todos os indícios levam a crer que seja o barão de Grão-Mogol. Lê-se no texto: “O casarão da fazenda tinha três andares: Térreo: Senzala; Sobrado: Residência do Barão; Sótão: Prisão perpétua de sua esposa, a fim de poder cortejar lindas pretas escravas de sua propriedade" (foto). O excelente livro Rio Claro: Um Sistema Brasileiro de Grande Lavoura, 1820-1920, do pesquisador norte-americano Warren Dean (1977) traz o seguinte sobre o assunto: “Declaração feita pelo Sr. Pedro Rossi e Senhora, em Rio Claro, em 13 de dezembro de 1968. O barão, sob o falso pretexto de que sua mulher era demente, mantinha-a presa no sótão.”. No entanto, em 25-10-1931, o historiador ararense Vicente Ferreira do Santos, publicou uma matéria na Tribuna, onde resgatara um texto do mesmo jornal, de outubro de 1899, que dizia da situação em que se encontrava a baronesa: “Publica-se um edital de interdição da Baronesa de Grão-Mogol, que foi julgada incapaz de reger sua pessoa e bens. Assina-o o juiz de direito de Rio Claro, dr. José de Andrade Guimarães.”

O livro de Warren também dá conta de uma terrível realidade, a do famoso tratamento do barão para com suas escravas:

“Para algumas pessoas, indubitavelmente, a instituição da escravatura era uma licença para a satisfação dos desejos, fossem eles quais fossem. O capanga do barão de Grão-Mogol, um negro liberto baiano que continuou a viver na casa-grande da fazenda muito depois da morte do barão e da partilha de suas propriedades, deixava atônita a família de imigrantes que cuidava dele em seus últimos anos, com as histórias das orgias sádicas presididas pelo barão no seu porão, tendo como convidados todos distintos membros da elite local, e as escravas do barão, acorrentadas a postes e grades, como pièce de résistance.”

Em 1864, o jornalista e romancista francês Jean Charles Marie Expilly, que esteve no Brasil por longo período, publicou, em Paris, livro intitulado “Les femmes et les moeurs du Brasil” (Mulheres e costumes do Brasil), onde ele diz:

“(..) a escravidão entregava a mulher cativa ao capricho do homem branco, e tão natural isto se afigurava, como uma das conseqüências da vida das senzalas e das suas brutais tradições que, a circunstância de rodearem o agricultor-barão dezenas de mulatinho, filhos ilegítimos dele, não escandalizava, nem comprometia a gente austera”.

O mesmo texto de Wolff, traz outras revelações, mas como é um texto já publicado na Tribuna, faço um resumo dele aqui. Escreveu ele, que o barão, certa vez, cometeu uma maldade tão terrível que resultou em três mortes seguidas:

“Uma preta velha, que foi escrava da fazenda de café do Barão, contava que certa vez, uma escrava, de cesta na cabeça, uma criança nos braços e outra agarrada na saia, vinham em direção à senzala. Ao se aproximarem do lago, o Barão, que seguia seus passos, arrancou-lhe o filhinho e o jogou na lagoa. A mãe, desesperada, atirou-se na água para salvá-lo. Como não sabia nadar, morreram afogados, mãe e filho. A menina, que ficara em terra, instintivamente também foi ao encontro da mãe para morrer com ela.”

Não é de se duvidar que o barão, ao assassinar a criança, estaria dando cabo daquele que talvez fosse um provável filho seu com a escrava. Qual outro motivo? De fato, na atual novela, além de o barão de Araruna ter tido um filho bastardo com uma escrava – o mestiço Dimas –, houve um capítulo em que ele tentou abusar da negra Adelaide, a bela mucama de Sinhá Moça.

Outra passagem do texto de Wolff, também traz o seguinte: “Dizia-se ainda que, o Barão costumava matar a tiros alguns de seus escravos, por simples diletantismo, enterrando-os no cemitério da Fazenda”. Curiosamente, na mesma novela, um escravo revoltoso, é ameaçado de morte pelo barão.

O livro de Warren também esclarece: “diz-se que o barão de Grão-Mogol reconheceu 15 de seus filhos de escravas, todos os quais partilharam sua herança, a plantação da Angélica. Não se encontrou nenhum caso semelhante.” Warren, se fiando em trabalho de F. J. de Oliveira Viana (Populações Meridionais do Brasil), cita que este descrevia liricamente os barões como “garanhões fogosos da negrada”.

Um outro depoente, o senhor José Aparecido Begnami (85 anos, 2009), chegou a conhecer quando moço o célebre Tio Braz, um capanga do barão de Grão Mogol, e também chefe de escravos na fazenda Mata Negra. Das terríveis histórias que chegaram até nós sobre assassinato de recém-nascidos filhos de escravos e dos próprios escravos da fazenda, Tio Braz era o encarregado de muitos desses macabros serviços. Os adultos eram amarrados com pedras presas ao corpo e jogados um tanque que ficava para cima da fazenda Angélica, que, segundo Cidão, deve existir até hoje. Por essa época, era tudo fazenda Mata Negra, mas, depois, o fazendeiro e vereador José Ribeiro de Almeida Santos Filho comprou terras e abriu a fazenda Angélica. Tio Braz morreu com 120 anos, com as pernas comprometidas e infestadas de bichos-de-pé, que eram extraídos por um tal de “Bepão” Perinotto, usando-se a ponta de uma faca, momento em que Braz urrava e chorava de dor. Uma morte até branda para um homem que tanto mal fez aos escravos.

Quanto à personagem Sinhá Moça, não se sabe se ela foi inspirada na filha do barão de Grão-Mogol, a jovem Olinda, da qual não se têm informações. Porém, é provável que a cozinheira do barão – chamada “Ba” na novela –, seja inspirada em Virgínia, a empregada que narrou à escritora muitas das cenas reais utilizadas no livro , a negra, que no filme, interpretou seu próprio papel. Virgínia faleceu em São Paulo em 3 de dezembro de 1957 aos 82 anos, consternando o meio cinematográfico do país.
Agora, quanto ao “Irmão do Quilombo” (que um texto da Internet dizia que “parece o Zorro, com sua vida dupla, é bem verdade”), como vimos no texto do Cardoso, seria então o abolicionista ararense, o célebre Lourenço Dias (foto). Lourenço (1840-1898) tinha um quilombo particular em sua fazenda, a São Tomé, onde se reuniu mais de 400 escravos – o “palmares” ararense, a que se refere Cardoso – onde recolhia os escravos que fugiam de outras fazendas locais e da região – é somente o que afirmaram os historiadores locais, mas dizer que ele abria senzalas das fazendas na cidade na calada da noite para libertar escravos, como acontece na novela, só a autora do livro poderia confirmar, no entanto, ao contrário do que eu afirmei na última reportagem, a escritora Maria Dezone Pacheco de Fernandes já falecera.

De acordo com a tradição e a memória oral resgatada pelos antigos escritores, tanto barão de Grão-Mogol quanto o barão de Arari, por terem sido maus para com seus escravos, quando faleceram, o corpo de cada um desapareceu e em seu lugar, tiveram que colocar um tronco de bananeira no caixão para que pudessem realizar o enterro – um fato folclórico comum em muitas regiões do Brasil.

Por fim, não nos esqueçamos o que comentou dona Mariazinha à respeito de seu livro “Sinhá Moça”, em depoimento ao paulistano Jornal da Noite (2-1952):

“trata-se de um romance verdadeiro (...). Não é obra fictícia. Fi-lo na fazenda de meus pais, em Araras, num recanto bucólico, onde só tinha como confidente a velha Virgínia, hoje com 77 anos de idade e que foi minha grande auxiliar na reconstituição das cenas históricas ao natural. (...). Ela acompanha a minha família há mais de 50 anos, tendo sido filha de escravos”.


CURIOSIDADES SOBRE O FILME

– A estação do Elihu Root (foto, 1995), foi imortalizada como estação Araruna no filme, em que não só aparece como também foi usada para o transporte dos atores. Houve uma cena marcante, aquela em que ocorre uma tentativa de desembarque de tropas na estação para sufocar a rebelião dos escravos, e que foi frustrada por um grupo de mulheres que compareceu à gare, impedindo a ação dos soldados;

– Para as filmagens, a Vera Cruz construiu um cenário representando “a praça de Araras, a Igreja local, além dos demais pontos de referência do filme”. Sobre o estado da fazenda na época da filmagem, o Jornal de Araras escreveu: “Pode nossa reportagem ver o lugar onde ficava o tronco, e em companhia da homenageada, visitar as ruínas da antiga sede. A senzala, vimos de passagem, devido estar longe da antiga sede.”;

– Os atores principais de Sinhá Moça eram Anselmo Duarte (O Pagador de Promessas), Eliane Lage (esposa do cineasta Tom Payne), e a atriz Ruth de Souza (foto), que foi a primeira artista brasileira a ser indicada para um prêmio em Veneza, só perdendo por dois votos para Lili Palmer, atriz do filme “Leitos Nupciais”. Dentre as outras atrizes na disputa do melhor prêmio, estavam nada mais nada menos que Katherine Hepburn e Michele Morgan, fato que, por si só já constitui um prêmio. Matéria de capa da conceituada revista Manchete em 16 de maio de 1953, Ruth foi considerada a maior atriz negra do Brasil;

– O poeta modernista Guilherme de Almeida – o “Príncipe dos Poetas Brasileiros” –, que viveu sua infância em Araras, foi um dos responsáveis pelos diálogos adicionais do filme;

– O crítico de cinema da Folha de São Paulo, José Geraldo Couto,analisou o filme: “‘Sinhá Moça’ apesar de ser produção de época, misto de épico e melodrama, e de se ressentir da artificialidade dos diálogos, continua vivo por conta do dinamismo da montagem, da iluminação e dos movimentos de câmara. A seqüência final, espécie de Carnaval à luz dos archotes pela libertação dos escravos, mantém seu impacto dramático e visual”;

– O presidente Lula, em 2003, em conversa com o ator José Wilker sobre os novos projetos deste à frente da Agência Nacional de Cinema, confessou ao ator seus gostos cinematográficos, e disse ser fã do filme Sinhá Moça.

– O filme foi relançado em 2004 em DVD, no primeiro volume da “Coleção Vera Cruz”, junto de “Tico-Tico no Fubá” e “Uma Pulga na Balança”;

– O ator Anselmo Duarte, falecido em 18-10-2009, não filmava desde 1979, quando dirigiu “Os Trombadinhas”, filme produzido e interpretado por Pelé. Costumava reclamar do pessoal do Cinema Novo, afirmando que preferiu ficar longe do cinema, vivendo um exílio voluntário: “A inveja pela Palma de Ouro desencadeou um processo de aniquilamento, iniciado pelo pessoal do Cinema Novo e que fez com que me sentisse sem ambiente no Brasil”, comentou ele em entrevista ao Estadão em 1999.

BIBLIOGRAFIA (24 fontes)

*Atualizado em 22-11-2010
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59 comentários:

  1. Quem é o filho de Bá

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  2. Sua pergunta está vaga: filho da Bá (Virgínia) na novela ou na realidade? Não me recordo mais do enredo da novela.

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  3. ESSA NOVELA É MUITO LEGAL,E eu moro do lado de Araras e ñ sabia da historia lol

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  4. gostaria de saber kem sao os atuais donos das fazendas,se todas existem....

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  5. A fazenda Araruna não exite mais, mas, no local (ou próximo dali) dizem que ainda há, ao que parece, uma senzala reformada em sua arquitetura original (eu vi essa contrução antiga recentemente).

    Num mapa de 1978 da empresa Terrafoto, há um "Sítio Sinhá Moça", entre o distrito de Elihu Root e a extinta Usina Palmeiras. A fazenda original, que pertencera por último à família Graziano( a do ex-ministro do Serra), uma das acionistas da citada Usina,não existe mais mesmo.

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  6. Quanto à fazenda do Barão de Grão Mogol, ela ainda está lá, e se encontra tombada pelo patrimônio da cidade de Rio Claro, porém, e infelizmente, sem restauração ainda, e pertence à uma família que mora numa casa moderna no mesmo local, e permitem a livre visitação.

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  7. muito legal este blog.
    estou gostando muito
    dessa novela eu a assisto todos os dias
    bem eu nao era nascida na decada de 50 mais
    eu via a novela sinha moça em 2006 e agora
    no vale a pena ver de novo em 2010

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  8. eu tava loco pra saber a história original da novela que vc postou no blog
    muito interessante,gostei muito!

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  9. Me chamo André, sou um dos parentes mais próximos do barão de Grão Mogol. Meu trisavô Hermelino Avelino Pereira era primo do barão... Muitas histórias se contam do barão. Depois que minha família (abastados fazendeiros) sairam de Grão Mogol e vieram para Rio Claro se hospedaram na casa vermelha (antiga residência dentro da fazenda para recepcionaros parentes de Grão Mogol, hoje de propriedade do ex jogador Edinho)e trabalharam com o barão. Meu bisavô contava que no sepultamento do barão caiu um raio tão forte que seu corpo definitivamente desaparecera e no lugar colocaram um tronco de bananeira. Sempre vi essa história muito folclórica... Estive recentemente em Grão Mogol (MG) a visitar as antigas terras da família e lá é considerado um santo. Realmente, sua atuação em Minas e aqui foram bem diferentes.

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    1. Francisco Martins Pereira com Antonia de Uzeda de Araujo teve o filho Domingos Martins Pereira ( Capitão Mor) em 1682 e pode ter outros filhos
      Domingos Martins Pereira com Catharina do Prado de Oliveira teve o filho Francisco Martins Pereira e mais 4 filhos
      Francisco Martins Pereira (Tenente Coronel) com Maria Magdalena de Pazzi teve o filho Antonio Martins Pereira em 1760 e provavelmente outros filhos
      Antonio Martins Pereira com Francisca Marianna de Paula teve o filho Caetano Martins Pereira em 07/11/1790 e outros filhos
      Caetano Martins Pereira com a 1 espôsa Josefa Carolina dias Bicalho tiveram 9 filhos:
      1º João Batista Martins Pereira
      2º Gualter Martins Pereira (Barão de Grão Mogol)
      3º Francisco de Assis Martins Pereira
      4º Joaquim Martins Pereira
      5ª Maria Vicência de Oliveira Martins
      6º Pedro Elias Martins Pereira
      7º Emigdio Martins Pereira
      8º Ramiro Martins Pereira
      9ª Emigdia Martins Pereira
      Caetano Martins Pereira com 2ª Relacionamento na viuvez teve a filha Anna da Mota
      Caetano Martins Pereira com 2ª espôsa Leocádia Munis teve os filhos: Filomeno Orlando e Maria Balbina
      Barão de Grão Mogol Gualter Martins Pereira com 1ª espôsa Emilia Martins Pereira (Baronesa) tiveram 3 filhos:
      1 - Mathilde Martins Pereira
      2 - Olinda Martins Pereira
      3 - Sergio Martins Pereira
      Gualter Martins Pereira com 2ª espôsa Amélia do Valle tiveram 3 filhos:
      1 - Josepha Martins Pereira
      2 - Henrique Martins Pereira
      3 - Moema Carolina Martins Pereira
      Eu sou descendente de Caetano Martins Pereira que foi meu trizavó, meu bizavó foi Ramiro Martins Pereira, meu avó Ramiro Martins Pereira e meu pai Carlos Martins Pereira

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  10. Falando em relação ao barão de Grao Mogol, os atuais donos da fazenda são os descendentes da familia Rossi e Seneda. A antiga fazenda cujo proprietrário fora o Sen. Vergueiro é muito diferente da atual, os descendentes dos colonos acima mencionados destruiram o apogeu da epoca. Hoje se encontra em ruínas e não dou muito tempo para que caia. Foi tombado pelo patrimonio historico, mas nunca foram para restaurar. A venda da fazenda foi feita de porteira fechada aos colonos. Todos os móveis, pratarias e lustres se encontram na casa da familia Scarpa, pois uma das filhas da dona era governanta dos Scarpas e este nada esperto disse que se lhe fosse doado, o mesmo construiria um museu para honrar o barão. E fez....só que a casa dele!

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  11. Tem um erro ai na historia cntada, a senzala não ficava na parte terrea do casarão e sim ao lado....hoje destruida, virou a casa de um dos descendentes dos colonos..... A parte de baixo era o celeiro, lugar ode se guardava os coches, a liteira e a carruagem....

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  12. acho muito interessante a história de Sinhá Moça pois retrata muito bem a história dos povos antigos.....adorei esse blog HELENO S.BERNARDDI

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  13. antonio osmar orlandini1 de janeiro de 2011 às 19:43

    Sou filho da Mata Negra, estou tentando resgatar parte da memória de nossa antiga colônia. Se alguém tiver informações sobre essa região adoraria recebe-las.

    aoorlandini@yahoo.com.br

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  14. É muito interessante para nós sabermos a história dos povos antigos...A história de Sinhá Moça para mim é especial...

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  15. Marcella Campos Mendes6 de janeiro de 2011 às 17:00

    acho muito interessante...

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  16. Estou fascinado pela historia, visitando o tumulo do barão vemos um certo desrespeito, se ele foi um homem ruim mesmo não sei, mas é história e deve ser preservada juntamente com o casarão e a sensala que fica na fazenda angélica, é muita história sendo destrida.

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    1. ivanaparrela@gmail.com24 de novembro de 2018 às 19:28

      Caro Orivaldo,
      Meu nome é Ivana Parrela. Eu sou professora em BH e tenho uma casa em Grão Mogol. Meus pais tinham fazenda nesse município quando eu era criança. Por esse motivo, sou uma apaixonada pela história do local.
      Nos próximos três meses, pretendo me dedicar a pesquisas sobre o Barão de Grão Mogol. Já fiz algumas pesquisas em Rio Claro, Montes Claros e Lençóis.
      Hoje, com insônia, entrei neste blog (http://apologo11.blogspot.com/2010/03/sinha-moca-um-livro-um-filme-e-uma.html) que falava, em um post de 2010, sobre o filme Sinhá Moça e vi seus comentários sobre o Barão. Você tem disponibilidade para conversarmos sobre o tema? Você possui documentos sobre a regiaõ?
      Deixo meus contatos e torço pelo seu retorno.
      Cordialmente,
      Profª Ivana Parrela
      ivanaparrela@ufmg.br
      Tel: (31) 3409-6129/ (31) 98713-3484

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  17. Queria só o resumo de cada capítulo do livro Sinhá-Moça.

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  18. assistir a novela a muito tempo atras , gostei, sempre fico lembrando ,gosto da versão antiga.

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  19. sou bisneta legitima do barao,visto k sou neta de dona olinda martins,filha dele, ela contava coisas de sua estoriak batem em muitos pontos .gostaria de entrar em contato com quem soubesse dos fatos estou curiosa pra saber mais sobre esse assunto

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    1. Olá Sandra, tenho informações para enviar para vc, gostaria que vc me enviasse seu e-mail para que eu possa enviar as informações.
      Att,
      Dorival
      e-mail: dorivalmandrade@yahoo.com.br

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    2. Oi Sandra, sou descendente de um dos primos do barão. Eu e os primos de Minas estamos levantando a história de nossa família.
      Se quiser entre em contato: andrevavassori@hotmail.com

      Abraço

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    3. Oi Sandra,

      Meu nome é Flávio Santos e segunda consta meu avô era sobrinho da Virgina Ferreira de Camargo do filme e pelo que tudo indica seu pai foi um escravo vindo da Etiópia através dos portugueses, parece-me que ele era um descendente do Rei Menelik II da Etiópia. Tínhamos uma foto do pai da Virginia na casa do meu avô mas perderam a foto.

      Bom, cresci com esta história mas só agora há poucos anos com a ajuda da internet consegui descobrir de onde era este tal Rei Menelik II mas ainda tenho pouca informação sobre a Virginia.

      Sei que Virginia herdou terras do barão que foram passadas aos seus parentes, que logo perderam tudo, penso que o meu avô ficou com as terras que hoje são o Lago Municipal de Araras.

      Gostaria de saber se podem me ajudar com alguma informação.

      flawell@sapo.pt

      Muito obrigado!
      Flávio Santos

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    4. Sandra, por favor entre em contato comigo. Acredito ter parentesco com o Barao.

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    5. Caros, eu estou desenvolvendo uma pesquisa histórica sobre o Barão. Gostaria de poder trocar informações e documentos com vocês. Desde já, agradeço pelo retorno.
      Att.
      Ivana Parrela

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    6. Cara Sandra, Meu nome é Ivana Parrela. Eu sou professora em BH e tenho uma casa em Grão Mogol. Meus pais tinham fazenda nesse município quando eu era criança. Por esse motivo, sou uma apaixonada pela história do local.
      Nos próximos três meses, pretendo me dedicar a pesquisas sobre o Barão de Grão Mogol. Já fiz algumas pesquisas em Rio Claro, Montes Claros e Lençóis. Já digitalizei o inventário do Barão aí em Rio Claro. Fiz contato com descendentes da família que moram em BH (Joaquim Pereira Martins e Pedro Lobo). Podemos conversar? Por favor, faça contato.
      Profª Ivana Parrela
      ivanaparrela@ufmg.br
      Tel: (31) 3409-6129/ (31) 98713-3484

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    7. Francisco Martins Pereira com Antonia de Uzeda de Araujo teve o filho Domingos Martins Pereira ( Capitão Mor) em 1682 e pode ter outros filhos
      Domingos Martins Pereira com Catharina do Prado de Oliveira teve o filho Francisco Martins Pereira e mais 4 filhos
      Francisco Martins Pereira (Tenente Coronel) com Maria Magdalena de Pazzi teve o filho Antonio Martins Pereira em 1760 e provavelmente outros filhos
      Antonio Martins Pereira com Francisca Marianna de Paula teve o filho Caetano Martins Pereira em 07/11/1790 e outros filhos
      Caetano Martins Pereira com a 1 espôsa Josefa Carolina dias Bicalho tiveram 9 filhos:
      1º João Batista Martins Pereira
      2º Gualter Martins Pereira (Barão de Grão Mogol)
      3º Francisco de Assis Martins Pereira
      4º Joaquim Martins Pereira
      5ª Maria Vicência de Oliveira Martins
      6º Pedro Elias Martins Pereira
      7º Emigdio Martins Pereira
      8º Ramiro Martins Pereira
      9ª Emigdia Martins Pereira
      Caetano Martins Pereira com 2ª Relacionamento na viuvez teve a filha Anna da Mota
      Caetano Martins Pereira com 2ª espôsa Leocádia Munis teve os filhos: Filomeno Orlando e Maria Balbina
      Barão de Grão Mogol Gualter Martins Pereira com 1ª espôsa Emilia Martins Pereira (Baronesa) tiveram 3 filhos:
      1 - Mathilde Martins Pereira
      2 - Olinda Martins Pereira
      3 - Sergio Martins Pereira
      Gualter Martins Pereira com 2ª espôsa Amélia do Valle tiveram 3 filhos:
      1 - Josepha Martins Pereira
      2 - Henrique Martins Pereira
      3 - Moema Carolina Martins Pereira
      Eu sou descendente de Caetano Martins Pereira que foi meu trizavó, meu bizavó foi Ramiro Martins Pereira, meu avó Ramiro Martins Pereira e meu pai Carlos Martins Pereira

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  20. Oi Sandra, me chamo André, gostaria muito de conversar contigo. Te deixo meu e-mail aqui, caso tenha interesse, (andrevavassori@hotmail.com).
    abraço

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  21. O "tanque", local citado onde escravos eram jogados pelos capangas de Barão, já é de conhecimento no que diz ao local própriamente dito. Espera-se encontrar por lá alguns restos.

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  22. Aguardem, amigos, que em breve postarei aqui novas informações obre o barão de Grão Mogol, suas histórias e sua fazenda. Descolei o livro "Memórias da fazenda Angélica", de Ariovaldo Seneda, e ele tráz muitas novidades!

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    1. Cuidado, não leve muito a sério esse livro.

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  23. Quem quiser saber algo sobre o Barao de Grao Mogol deve se dirigir ao Arquivo de Rio Claro, lá conseguirá obter muitas informaçoes e documentos importantes.

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  24. Como neste artigo fazem referências á Fazenda São Tomé e seu lendário proprietário Lourenço Dias,
    gostaria de citar que tenho o privilégio de néla ter nascido, e portando todo assunto á ela referente tem sempre a minha atenção.
    Quem tem ou quiser maiores informações sobre a
    historia desta fazenda, pode me contatar pelo e-mail recrutante@gmail.com.br

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  25. Você poderia postar o que sabe aqui, Gilberto! O espaço está aberto!

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  26. A São Tomé, Gilberto, era uma vez!... Aquilo ali, agora, virou um imenso canavial e só restaram algumas árvores em pé! Acho que foi a usina São João que comprou a fazenda a botou abaixo, como, vira e mexe, faz: vide Estação ferroviária do Remanso, fazenda Paineiras, igrejas e capelinhas de santa cruz de beira de estrada, e uma infinidade de sítios e chácaras etc.

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  27. Com o desaparecimento da São Tomé, perdeu-se irremediavelmente os principais testemunhos físicos da história abolicionista de Araras!

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    3. Olá, sou tataraneta de Lourenço Dias. A Fazenda São Tomé, da forma como existiu no passado, não existe mais. A sede foi a ruínas. Meu avô herdou do pai - que era o empresário ararense André Ulson Júnior (genro de Lourenço Dias) - e construiu uma nova sede, dando o nome de Fazenda Andrezinho. Minha mãe vive lá. Ela é formada em história e tem muito a contar sobre a época do abolicionismo. Cresci escutando vários casos, Lourenço Dias foi um herói.

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  28. Parabéns pela postagem esclarecedora e bastante eloquente!
    O livro "Sinhá Moça", embora secundarize alguns temas, em prol do romantismo, é um documento histórico. Retrato fiel do Segundo Império, que deveria ser leitura obrigatória a todos os estudantes.
    O que mais me deixa intrigada é não dispor de maiores informações sobre Sinhá Moça e Rodolfo. Acredito piamente que eles dois tenham sido reais, mas que seus nomes fossem outros.
    Como a própria D. Maria Dezonne afirmou: “trata-se de um romance verdadeiro (...). Não é obra fictícia (...)”. É uma pena que ela nunca tenha entrado em pormenores a respeito destes dois personagens tão distintos e encantadores.
    Fico absorta, imaginando como fora árdua a luta destes jovens abolicionistas, ainda que fossem de famílias abastadas, numa região deveras interiorana e dominada pelo coronelismo.
    Acho que todos nós preferimos crer que, em algum recanto da longínqua Araras, uma garota, com a bravura de Sinhá Moça, e um rapaz, vanguardista e bondoso, como Rodolfo, uniram-se na luta pela liberdade de uma minoria massacrada. Que a memória deste casal (ainda que fictício) permaneça sempre viva!!!

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    1. A avó da escritora foi a inspiração para compor Sinhá Moça. Aqui está a prova:

      http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=713NHzxUbec#!

      Uma entrevista ao "Fantástico", onde ela revela detalhes.

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  29. Oi Pessoal,

    Meu nome é Flávio Santos e segunda consta meu avô era sobrinho da Virgina Ferreira de Camargo do filme e pelo que tudo indica seu pai foi um escravo vindo da Etiópia através dos portugueses, parece-me que ele era um descendente do Rei Menelik II da Etiópia. Tínhamos uma foto do pai da Virginia na casa do meu avô mas perderam a foto.

    Bom, cresci com esta história mas só agora há poucos anos com a ajuda da internet consegui descobrir de onde era este tal Rei Menelik II mas ainda tenho pouca informação sobre a Virginia.

    Sei que Virginia herdou terras do barão que foram passadas aos seus parentes, que logo perderam tudo, penso que o meu avô ficou com as terras que hoje são o Lago Municipal de Araras.

    Gostaria de saber se podem me ajudar com alguma informação.

    flawell@sapo.pt

    Muito obrigado!
    Flávio Santos

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    1. Infelizmente, nada sei sobre os descendentes da Virgínia, Flávio. Tampouco posso te indicar pessoas aqui em Araras que saibam d'algo. Os historiadores daqui que conheço, também nada disseram sobre o assunto.
      Mas, boa sorte na tua procura, amigo!

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    2. Flávio Santos, podemos conversar?
      Ivana Parrela

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  30. Quem quisaer saber algom sobre o Barao de Grao Mogol deve se dirigir ao Arquivo Publico de Rio Glaro sp. lá esta até o inventario do barao.

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  31. Olá a todos. Parabéns ao blog e obrigada a todos por compartilhar seus conhecimentos aqui. Meu marido é descendente do Barão, bisneto do Barão de Grão Mogol com a escrava Fortunata e não encontrei nada sobre ela. Gostaria também de ser contactada para dividirmos os conhecimentos. Gostaria de acessar a certidão de óbito do Barão e saber mais sobre Fortunata. Pesquiso por amor e por passar aos meus filhos a história de nossa família por parte de pai.
    Desde já agradeço. Meu e-mail: karina.claro04@gmail.com

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    1. Olá Karina,

      Também sou descendente do Barão com Fortunata (minha trisavó). No testamento do Barão, fiquei com a impressão de que ela funcionária da casa do mesmo. Mas não consegui mais detalhes sobre ela. A propósito de qual filha de Fortunata seu marido descende.

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  33. Olá! Você poderia colocar as fontes?

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  34. Francisco Martins Pereira com Antonia de Uzeda de Araujo teve o filho Domingos Martins Pereira ( Capitão Mor) em 1682 e pode ter outros filhos
    Domingos Martins Pereira com Catharina do Prado de Oliveira teve o filho Francisco Martins Pereira e mais 4 filhos
    Francisco Martins Pereira (Tenente Coronel) com Maria Magdalena de Pazzi teve o filho Antonio Martins Pereira em 1760 e provavelmente outros filhos
    Antonio Martins Pereira com Francisca Marianna de Paula teve o filho Caetano Martins Pereira em 07/11/1790 e outros filhos
    Caetano Martins Pereira com a 1 espôsa Josefa Carolina dias Bicalho tiveram 9 filhos:
    1º João Batista Martins Pereira
    2º Gualter Martins Pereira (Barão de Grão Mogol)
    3º Francisco de Assis Martins Pereira
    4º Joaquim Martins Pereira
    5ª Maria Vicência de Oliveira Martins
    6º Pedro Elias Martins Pereira
    7º Emigdio Martins Pereira
    8º Ramiro Martins Pereira
    9ª Emigdia Martins Pereira
    Caetano Martins Pereira com 2ª Relacionamento na viuvez teve a filha Anna da Mota
    Caetano Martins Pereira com 2ª espôsa Leocádia Munis teve os filhos: Filomeno Orlando e Maria Balbina
    Barão de Grão Mogol Gualter Martins Pereira com 1ª espôsa Emilia Martins Pereira (Baronesa) tiveram 3 filhos:
    1 - Mathilde Martins Pereira
    2 - Olinda Martins Pereira
    3 - Sergio Martins Pereira
    Gualter Martins Pereira com 2ª espôsa Amélia do Valle tiveram 3 filhos:
    1 - Josepha Martins Pereira
    2 - Henrique Martins Pereira
    3 - Moema Carolina Martins Pereira
    Eu sou descendente de Caetano Martins Pereira que foi meu trizavó, meu bizavó foi Ramiro Martins Pereira, meu avó Ramiro Martins Pereira e meu pai Carlos Martins Pereira

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  35. Para quem quiser trocar informações sobre a árvore genealógica da família Martins Pereira, meu nome é Ramiro Lopes Pereira - mirao51@yahoo.com.br

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  36. GUALTER MARTINS PEREIRA (Veja a página Dados Biográficos do Barão de Grão Mogol, neste site) É o segundo filho do casal Caetano Martins Pereira e Josefa Carolina Dias Bicalho Martins Pereira. Nasceu na fazenda Santo Antônio, freguesia de Itacambira, pertencente à vila de Grão Mogol, em 1.825. Foi fazendeiro, explorador de diamantes em Grão Mogol e na Chapada Diamantina, coronel e comandante da Guarda Nacional, negociante de diamantes, Deputado Provincial em Minas Gerais, Vereador e Presidente da Câmara de Vereadores em Rio Claro – SP, maçon no grau 33 e fundador de Loja Maçônica de Grão Mogol, juiz de direito em Minas Novas – MG, barão do Império do Brasil e ao indicar a profissão, em documentos oficiais, declarava-se “capitalista”. Antes de apresentar a descendência dele, veja o testamento, que dá base às informações mostradas depois. Testamento e Codicilo – Juizo da Provedoria do Termo de São João do Rio Claro Maço A-004 – Arquivo Geral do Forum da Comarca de Rio Claro Testador: O Cidadão Gualter Martins 1º Testamenteiro: Comendador Joaquim José Rodrigues Torres 1º Testamento: 17 de julho de 1890 Codicilo: 1O de novembro de 1890 Escrivão: E.B.T. de Toledo Tabelião: Heliodoro Antonio da Costa Ferreira “Em nome de Deus em que fielmente creio, em cuja fé, crença tenho vivido e espero morrer, estando enfermo, porém em perfeita integridade de minhas faculdades e pleno uso de toda a razão mercê de Deus, faço este testamento em que deixo consignada minha vontade para ser fielmente cumprida pelos meus testamenteiros e herdeiros aos quais peço cumpram e façam cumprir em todas as partes não se opondo a elas por modo algum. Este é o meu testamento e disposição de minha última vontade. Declaro que sou brasileiro, filho legitimo de Caetano Martins Pereira e de Dona Josepha Carolina Martins, já falecidos, nascido na freguesia de Itacambira – termo da cidade de Grão Mogol – Estado de Minas, casado com Dona Emília Martins Pereira (Baronesa de Grão Mogol) de cujo conscício existem três filhos, que na forma das leis vigentes são herdeiros legítimos das duas partes da minha meação. Si eu falecer nesta fazenda Angélica, de minha propriedade e onde resido, desejo a meus restos sejam inhumados no Cemitério em sepultura funda juntamente com os restos de meu tio e amigo Francisco Martins Pereira, os quais se acham no sotão da casa de minha residência em uma urna fechada. Si porém der-se o meu falecimento fora daqui é meu desejo que os restos referidos sejam transladados. para a minha sepultura já mencionada; e quando não possa ter este lugar na mesma ocasião do meu enterro, ao menos logo que seja possível. Quero que minha terça seja distribuída do seguinte modo:

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  37. A Casa de Caridade de Rio Claro, um conto de reis, ao Gabinete de Leitura da mesma cidade, um conto de reis, a Casa de Caridade de Grão Mogol, um conto de reis, aosmenores que criei Frederico e Julio um conto de reis a cada um, a Justina, mulher de Malachias, Maria Rosa, mulher de Francisco, Catharina mulher de Antônio, Honorina, mulher de Serapião, Vicência, . mulher de Gabriel, cem mil reis a cada uma, ao casal do Capitão Germano dos Anjos Silva, residente em Salinas, Estado de Minas, Alfredo, Mariano, Julia, Elisa e Isabel, estes três do casal de Joaquim Martins e Rosalina Martins, Elvira e Leandro filhos de Lusia, dois contos de reis a cada um; a minha mulher se dará da minha terça um carro e competente parelha e assim também a meu filho Sérgio Martins iguais objetos, isto é, carro e parelha dos valores cada um deste legado da quantia de três contos de reis; a Julieta, filha de Catharina Maria, um conto .de reis cada uma. A remanescente de minha terça será em igualdade, repartida pelas pessoas seguintes: Gualter, Theodoro, Francisco e Henrique Martins, Flora Maria e a Julia a quem deu a luz, Fortunata, atualmente em gravidez, sendo que a identidade das duas últimas deverá ser atestada pelos legatários maiores Gualter e Theodoro. Declaro que sou curador de minha infeliz filha Mathilde Martins Moreira, judicialmente interdita por sofrimentos da mentalidade e atu.almente como pensionista de primeira classe no Hospício Nacional de Alienados da Capital Federal e que em tais condições pelo meu falecimento perdendo seu protetor natural na minha pessoa, indico, nomeio e peço que seja aprovado e nomeado pela justiça de meus país em minha substituição no dito encargo da curatela da interdita minha filha o seu irmão Sérgio Martins Pereira, em quem reconheço toda a capacidade, zelo e interesse para com ela exercer o dito encargo, independente de fiança, deixando de invocar minha prezada mulher, digo, deixando de invocar para essa nobre e sagrada missão, a sua mãe, minha prezada mulher por isso não ser um direito permitido as mulheres, declarando, como pelo presente declaro, em consciência ser o indicado, o mais competente de todas as pessoas de minha familia para esse nobre e sagrado encargo

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  38. Não devendo em caso algum ser lembrado o meu genro Desembargador José Avalia esta parte em cem alqueires mais ou menos de terras baixas, de segunda e terceira qualidade em dez contos de réis, onze mil pés de café formados em onze contos de reis, dez mil pés de ano, a quatro contos de réis, setenta mil pés alinhados agora a duzentos réis, catorze contos de réis, total destas partes, trinta e nove contos de reis em benfeitorias existentes, que consistem em casas de colonos, doze contos de réis ao todo cinqüenta e um contos de réis, se este valor não chegar para o inteiro remanescente da te.rça seja ele inteirado com terras no alto da floresta, na razão de quinhentos mil réis cada alquelre (5.000 braças quadradas) preço pelo qual foi avaliado todas elas, que peço a justiça o haja por aprovado e caso, não seja, então os legatários terão as que lhe couber pelo preç,o da avaliação geral em terras altas. Proíbo que os legatários do remanescente, confissão já feita, receberem o que lhes couber em dinheiro, ou então valores, e só e unicamente nos bens mencionados. Estes bens serão conservados em comum até a emancipação dos seus donos: querendo, os conservarão ao mesmo modo ou venderão a vontade. Quero que do produto da lavoura se façam as despesas da criação e educação dos menores, dando-se rateio. anual no que houver de lucro; estes lucros serão então empregados em ações de estradas de ferro a mais próspera. Algum dos legatários maiores, sob a apreciação do respectivo testamenteiro, se incumbirá da administração dos bens dos legatários do remanescente em geral, por cujo encargo lhe será abonado em ordenado, deduzido dos respectivos rendimentos. O dito administrador prestará contas ao testamenteiro no fim de cada ano. Aos mencionados maiores dar-se-á uma educação trivial, a aos menores Francisco e Henrique, educações ilimitadas, formando-se em alguma ciência para que se mostrarem mais aptos. Declaro constar somente o passivo da minha casa dos títulos por mim firmados a meu correspondente da praça de Santos, Prates & Filhos, não incluindo um crédito de dez contos de reis por mim, firmado ao meu mencionado genro Desembargador José Ribeiro de Almeida Santos, por já se achar pago em dinheiro de empréstimo e fornecimentos por mim e por minha. co·nta feitos a ele, muito superior a mencionada quantia que o mesmo, confio não constes para a conta, digo, contestará e consta de nossa correspondência em meu poder

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  39. e dos meus ditos correspondentes Prates & Filhos: sendo de minha vontade que minha mulher e meus herdeiros dele não reclamarão a exceção referido, ficando saldo com o dito crédito em seu poder liquidado todo a deve e haver de nossas contas, nomeio meu testamenteiro para cumprimento destas últimas minhas vontades a meus amigos: em primeiro lugar Comendador Joaquim José Rodrigues Torres, em segundo lugar Joaquim José de Sá e terceiro lugar minha mulher a mencionada Barones.a de Grão- Mogol em quarto e quinto lugar os doutores Pedro Martins e Clementino Canabrava, aos quais peço queiram em afeição por mim e prestação em mim, aceitem este onereso encargo, servindo na falta de qualquer um deles cada um na ordem de sua colocação até o último; ao que servir deixo a quantia de. cinco contos de reis em remuneração do trabalho de .testamenteiro. Declaro que além do passivo já referido constante do título por mim assinado, sou devedor por meus apontamentos um título que firmei a dona Amélia do Valle, dois contos e duzentos mil réis proveniente de um diamante que deu-me a vender e de que se acha em desembolso; a José de Souza Praxedes, três contos de reis de serviços que me tem prestado com lealdade e atividade, mais corno amigo do que como empregado; e porém, já não existir depois de mim deverá esta quantia reverter a meu afilhado, segundo a vontade do mesmo a mim manifestada. Flora, filha de Maria Rosa e Elisa filha do casal de Joaquim Martins e Rosa Martins e Dona Amália Ferreira do Prado, um conto de reis de ordenado de administradora da casa a Fortunata e Luísa, quinhentos mil reis cada. uma também de serviços a minha casa, a herdeira de Joaquim Dias Bicalho meu finado tio e amigo um conto de reis, quantias que deverão ser entregues aos que comparecerem depois da chamada por editais com o prazo das leis vigentes pela Justiça da cidade de Grão Mogol, Estado de Minas, para onde a quantia ao cuidado de meu testamenteiro deverá ser remetida. Rogo com instancia aos meus testamenteiros, assistam com a sua proteção, auxílio e conselho criteriosos sempre, a minha mulher e ao meu filho Sérgio em tudo em que, sua nunca desmentida amizade a mim lhes possa prestar em qualquer circunstância da vida e encargos que meu falecimento lhes advenham na administração, liquidação e partilhas dos bens de meu casal e posterior necessidade de um auxiliar . Também a dita minha mulher e filhos, peço e . recomendo com a instância de afeição que lhes tributo e a bem de suas prosperidades que aos ditos meus testamenteiros, digo meus amigos e testamenteiros ouçam e peçam conselhos e nas ocasiões de proceder a atos importantes dos encargos advindos de meu falecimento . É de direito e de minha especial vontade que seja Inventariante dos bens de minha casa minha mulher, e, na falta desta por qualquer circunstância imprevista, o meu filho Sérgio, em razão de serem as pessoas .conhecedoras dos bens que possuo, dos negócios e direitos a nossa casa

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  40. pertencentes. Declaro que pelo presente meu testamento e disposição de minhas últimas vontades, revogo e quero que sejam de pleno direito proscritos os testamentos anteriores por mim feitos que aparecer possam. Declaro também que é minha vontade que qualquer dos legatários que faleça antes de ter tocado a idade de maior por qualquer dos meios por lei permitidos a parte que no legado lhe tocar 1 passará por inteiro a seu ex legatário, únicos a .quem assiste o direito de visarem a herança; e se todos legatários não atingirem a referida idade maior, então todos os legados ficarão pertencendo a um estabelecimento de caridade da cidade de Rio Claro, escolhido ao arbítrio da municipalidade. Declaro finalmente que o presente testamento é reproduzido em três originais idênticos, do mesmo teor para valerem como se um só fosse quando qualquer deles, por meu falecimento seja apresentado em Juízo para o abrir e fazer cumprir, não estando violado por qualquer forma externa ou internamente e devidamente aprovado pelo oficial público competente por direito para o aprovar e encerrar a fim de, como disposição de última vontade surtir os efeitos legais cujos originais ditei e fiz escrever pelo Doutor João dos Santos Sarahyba e depois de por mim lido e verificada a verdade deles, segundo a minha vontade a todos assino de meu punho e firma de que uso. Fazenda Angélica, 17 de julho de 1890. Gualter Martins.” Testamento e Codicilo – Juizo da Provedoria do Termo de São João do Rio Claro Maço A-004 – Arquivo Geral do Forum da Comarca de Rio Claro Testador: O Cidadão Gualter Martins 1º Testamenteiro: Comendaqor Joaquim José Rodrigues Torres 1º Testamento: 17 de julho de 1890 Codicilo: 1º de novembro de 1890 Escrivão: E.B.T. de Toledo Tabelião: Heliodoro Antonio da Costa Ferreira “Em nome da Santíssima Trindade, Padre, Filho e Espírito Santo em que eu Gualter Martins, firmamente creio e cuja fé protesto viver e morrer. Este é o meu Codicilo, em aditamento ao meu último testamento feito este ano aprovado pelo tabelião Heliodoro Antonio da Costa Ferreira. Declaro que os legatários Alfredo Martins Pereira, Josepha Carolina Martins, Moema Carolina Martins, hoje casada com Firmino José de Sá, Julia, Elvira e Isabel, estas três filhas do casal de Joaquim Martins e o Capitão Germano receberão seus legados livres de impostos, os quais serão pagos na força de minha terça. Deixo a Philadelpho Antonio Machado, como remuneração dos serviços que prestou-me durante minha enfermidaqe, a quantia de quatro contos de réis. Deixo a Hermelino Avelino Ferreira a quantia de um conto de reis, como remuneração a serviços a mim prestados. Os legatários Gualter Martins do Valle, Theodoro Martins do Valle, Flora Martins, Maria Martins, Elvira Martins, filha de Vicencia, Maria Onizia, filha de Honorina, Angélica e Leonor, filhas de Fortunata, Francisco, filho de Maria Rosa, Leôncio, filho de Luzia, Julieta, filha de Catharina, aos quais legatários deixo em meu referido testamento a quantia de cinco contos de reis a cada um, em terras na Floresta e bem assim Henrique, filho de Lívia ao qual também deixo seis contos de reis em terras na mesma Floresta,

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  41. legatários estes em número de doze, ficarão com as terras da Floresta e benfeitorias nelas existentes, repartidos com igualdade entre todos estes legatários, sendo que as divisas desta terras já descrevi em meu testamento. Declaro que a estes doze últimos legatários deixo ainda o remanescente de minha terça. Declaro ainda que nomeio tutor e administrador dos bens dos meus legatários menores, em primeiro lugar ao Comendador Joaquim José Rodrigues Torres, em segundo lugar ao Doutor Clementino Ribeiro de Novaes Canabrava e em terceiro lugar a Gualter Martins do Valle, a cada um dos quais dou por abonado em juízo. Sendo estas as últimas digo, estas as alterações que faço em meu referido testamento, as quais estão de conformidades com a minha última vontade, fica este codicilo fazendo parte integrante do último testamento, o qual ratifico em todas as partes que não foram alteradas por este codicilo, tendo sido este escrito segundo as minhas instruções por Heliodoro Antonio da Costa Ferreira e assinado unicamente por mim Gualter Martins, codicilo que li e achei conforme . Angélica 10 de novembro de 1890. Gualter Martins.” Gualter Martins Pereira casou-se com dona Emília de Sá Martins Pereira, sua prima, com quem teve três filhos: 2.1 – Mathilde Martins Pereira 2.2 – Orlinda Martins Pereira, nascida em 1.851 3.2- Sérgio Martins Pereira, nascido em 1.852 Além desses filhos, com a baronesa de Grão Mogol, legitimou filhos que teve fora do casamento, dando a eles o sobrenanome de família, Martins ou Martins Pereira. Registro aqui os que ele relatou no testamento e aos quais deixou herança, seguindo a ordem usada por ele, sem compromisso com a cronologia real de nascimento. Coloco ainda o nome das mães, quando ele citou. Entretanto, advirto aqui que o testamento do barão não é a única fonte de referência. Tenho recebido documentos confiáveis dos colaboradores do site (principalmente registros de cartórios) e em função deles faço as alterações cabíveis, indicando as fontes, quando isso ocorrer. 3.3 – Alfredo Martins Pereira 3.4 – Mariano Martins Os filhos indicados com os códigos 3.5 até 3.10 são irmãos de pai e de mãe. A mãe era dona Amélia do Valle. Este relacionamento configura na verdade uma segunda família do barão, pois os filhos receberam contínua atenção do pai, instrução, herança e principalmente uma posição na sociedade. A filha mais velha, Josepha Carolina, casou-se com um advogado e juiz, filho do barão de Gorutuba e a segunda filha, Moema Carolina, com um membro da família Sá, oficial da Guarda Nacional. 3.5 – Josepha Carolina Martins, nascida em 1.863 3.6 – Moema Carolina Martins 3.7 – Gualter Martins do Valle 3.8 – Theodoro Martins do Valle, nascido em 1.870 3.9 – Henrique Martins do Valle 3.10 Francisco Martins do Valle 3.11 – Flora Martins 3.12 – Maria Martins 3.13 – Elvira Martins, filha de Vicência 3.14 – Maria Onizia Martins, filha de Honorina 3.15 – Angélica Martins, filha de Fortunata 3.16 – Leonor Martins, filha de Fortunata 3.17 – Júlia Martins, filha de Fortunata 3.18 – Francisco Martins, filho de Maria Rosa 3.19 – Leôncio Martins, filho de Luzia 3.20 – Julieta Martins, filha de Catharina 3.21 – Henrique Martins, filho de Lívia Gualter Martins Pereira faleceu em sua fazenda Angélica, município de Rio Claro, em 15 de dezembro de 1890, portanto no mês seguinte ao que assinou o codicilo, complemento ao testamento. http://jmartins.org/?page_id=596

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