quinta-feira, 16 de novembro de 2017

PRAGAS DE INÍCIO DE SÉCULO Nº 3 - AS CIGANAS PEDINTES


.

Hoje, amigos, na última postagem da trilogia "PRAGAS DO INÍCIO DO SÉCULO", vamos entrar no território do Sidney Magal! Sim, vou falar de ciganas, mas sinto lhes dizer que não falarei da tal "Cigana Sandra Rosa Madalena"... Até gostaria, mas ela não se encaixa nesta crítica, mas até que a outra famosa cigana da canção, a tal de "Zíngara" ― romântica ledora de mãos e adivinhadora do futuro ―, cairia bem aqui, mas,  também não é o caso... Falemos, portanto das ciganas que não inspiraram músicas e estão aí pela cidade desinspirando (e pirando) muita gente...
.

Pois bem. Me refiro às ciganas pedintes que, nos últimos tempos,  são encontradas diariamente por todos os lados do comércio central da cidade no nobre exercício de arrecadar dinheiro sem trabalhar. Embora, à primeira vista ― e com todo o respeito ―, possam ser confundidas com as chamadas "crentes", com aqueles seus cabelões e vestidões longos, as ciganas nada tem a ver, e diria que são até meio hippies, psicodélicas, ultra-coloridas. E vocês devem estar se perguntando aí: "Elas quase sempre estão carregando filhos, mas cadê os maridos que nunca são vistos" Realmente, um mistério tão intrigante quanto saber onde elas moram e de onde elas vem!... 
.

Não implicaria com elas se não fosse o fato de que não é uma ou outra cigana que é pedinte ― praticamente todas são pedintes. Está certo, umas vivem da chamada Quiromancia, ou seja, ler as mãos, e não sou contra isto pois, de uma maneira ou de outra, estão prestando serviço e trabalhando, portanto, merecendo o dinheiro que cobram. O que não mais vi foi elas vendendo ouro pela cidade, mas deve ser a crise, e quiçá seja esse o fato de elas apelarem para a mendicância, afinal à esta altura, quem vai comprar ouro de ciganas?... Mas, convenhamos: ficarem sentadas num lugar qualquer pedindo dinheiro como se fossem inválidas ou doentes, aí não dá mesmo. 
.

Porém, um rápido olhar revela que a maioria delas são invejavelmente magras e saudáveis, e muitas muito bonitas e atraentes, e já vi algumas que mexeram comigo e me remeteram aquela velha canção do Carlos Alexandre, aquele cantor brega setentista, que cantava na música "A Ciganinha": 
.

"Você é a ciganinha
Dona do meu coração
Não tenho sangue cigano
Mas vou pedir a sua mão".... 
.

E a gente vê essas danadas e se pergunta: "Pô, com uma beleza dessas essa moça podia ser uma modelo, e, no mínimo, uma secretária executiva!" Mas quem disse que elas querem trabalhar, ter um emprego fixo?...
.

Sim, admiro os ciganos e sua música, o romantismo da raça, e me surpreende o fato de eles serem um povo ágrafo, isto é, sem o registro de sua próprio história e sua existência, mistério que se perde nos tempos, mas isto que as ciganas pedintes fazem, esse meio de vida deprimente, depõe contra seu próprio povo ― é humilhante, e, certamente, elas não precisam disso. Penso até que elas estão tão empenhadas em levar esse meio de vida adiante, que cigano já está se tornando sinônimo de pedintaria, de mendicância mesmo! Isso precisa acabar!
.

Se eu permitisse que uma cigana lesse minha mão, a primeira coisa que lhe perguntaria seria: "Quando as ciganas ― uma raça tão linda, romântica e antiga ― vão aprender a se valorizar deixando de se humilhar com o exercício da mendicância?"...
.
Para fechar este texto, gostaria de relembrar um fato curioso: há cerca de meio século atrás, os ciganos foram atração em Araras. Sim, isto mesmo! Pelo ibope que deu, acredito que foi a primeira vez que um grupo deles foi visto por aqui. Mas, porque escrevi "atração"? É que quando eles se instalaram num terreno baldio lá nos altos do Parque Industrial, os ararenses fizeram romaria para ir vê-los lá, eles, com suas tendas, suas crianças, sua música, seus violinos, as fogueiras e seus varais cheios de roupas coloridas. Dentre estas famílias curiosas que andaram bisbilhotando por ali, estava a nossa!... E lá fomos nós ― os caipiras da Usina Palmeiras! ― com nossa DVW ver aquela raça colorida e seu meio de vida nômade, num tempo em que suas mulheres ainda não se humilhavam como pedintes pelas ruas da cidade...
.

PRAGAS DE INÍCIO DE SÉCULO Nº 2 - OS FLANELINHAS

.
Olha lá: mal você estaciona seu carro, lá vem ele - o tal do flanelinha! -; e vem, vem todo pimpão, esperançoso e... sedento de verba... Com sua indefectível fardinha laranja, fardinha esta que, na verdade, não lhe confere autoridade alguma, lá vem ele: sim, o tal do flanelinha!...
.
E eu pergunto: que autoridade, ou melhor, que formação, que preparo ou capacidade é esta que ele tem para oferecer segurança absoluta sobre uma grande quantidade de veículos espalhados as vezes por várias ruas e quarteirões? Será que o sujeito é onipresente e tem super-poderes? Aliás, ele tem documentos que lhe auferem legalidade e competência para autuar um possível ladrão? Ele tem armas (e porte de armas) para interceptar esse bandido se necessário? Resumindo, ele não vai poder fazer nada, que talvez nem celular o pretensioso tenha!... E supondo que um ladrão roube nosso carro que está sob sua vigilância, ele será responsável pelo sinistro e nos indenizará pelo roubo? Desnecessário dizer, amigos, mas se neste país nem o estacionamento de um shopping garante isso, quanto mais um pobre flanelinha!...

Na verdade, se notarmos, a única preocupação dele é ter sob sua guarda a maior quantidade de carros possíveis, independentemente de que ele vai conseguir cuidar de todos ou não, se é que cuida, o que eu duvido... Na verdade, assim como os políticos corruptos desse País, o que o espertão quer mesmo é verba - o cidadão e seu carro ficam para depois, se sobrar tempo, e interesse...
.
Um amigo me contou aqui, que foi num show e viu um bando de flanelinhas isolando um terreno com aquela faixa plástica zebrada de amarelo e preto. Daí que ele entrou ali e já teve que pagar adiantado!... Quando acabou o show, e ele voltou lá, cadê os flanelinhas?!... Ainda bem que não foram embora com o carro... E, percebem, amigos, que eles usam essa faixa como se fossem posseiros, demarcando uma terra que nem é sua?!
.
Um amigo meu aqui do Face e da vida real, ex-militar da Força Aérea, me deu este depoimento: "Flanelinhas em muitos casos, já chegam a ser até um problema de segurança pública, com reportagens nos melhores programas policiais da televisão... chantagem, coação, danos ao patrimônio, furtos.... ...não tenho carro, graças a Deus e não sei se isso acontece mesmo... ...Em todo caso, é bom vigiar!"
.
Na verdade, eu não preciso do serviço deles e os dispenso sem cerimônia, pois meu carro tem alarme e trava de segurança, mas eu já percebi insinuação de alguns deles de que se eu não aceitasse seus cuidados e não o pagassem, eles poderiam danificar o meu carro. Quer dizer: ou você aceita ou a coisa pode complicar!... Num lance desse, a gente chega a desconfiar que o problema não são bem os ladrões, mas os próprios flanelinhas!...
.
Isso já basta, mas para finalizar, vou passar aqui aos amigos, uma tática que criei para desmascarar flanelinhas espertos e mal-intencionados. É o seguinte: quando você estacionar seu carro e ele se aproximar oferecendo seu nobre e impecável "serviço", concorde. Quando voltar, não vá para seu carro, mas um outro qualquer e finja que vai abri-lo; quando o flanelinha se aproximar cobrando sua taxa, pergunte-lhe se o carro que você vai abrir é seu mesmo. Ele vai ficar meio constrangido, mas vai dizer sim. Em seguida, vá para seu carro e abra-o. É aí que você vai pegar ele no pulo e provar para o espertão que ele não estava cuidando de seu carro porra nenhuma! Finalmente, diga-lhe: "Amigo, como você quer cuidar de meu carro se você nem me conhece, guardou minha fisionomia e nem sabe que carro eu tenho? E se eu fosse um ladrão de verdade e estivesse roubando aquele outro carro? Como você iria saber, e impedir o furto? Amigo, me desculpa, mas você não merece dinheiro algum, pois não trabalha honestamente e, acima de tudo, não está gabaritado e autorizado para trabalhar com isso!"
.