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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

JORNAL HIT POP, DE MARÇO DE 1973 PARA BAIXAR!

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Mai uma edição do Jornal HIT POP, esta de março de 1973:





























Principais matérias:

- Jackson Five;
- Billy Paul em São Paulo;
- Alice Cooper chega em abril;
- Cat Stevens

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Secos & Molhados no Maracãnazinho;
- Mick Taylor no Rio de Janeiro;
- Maria Alcina: 2º LP;
- e muito mais!


LINK para baixar:

http://uploaddearquivos.com.br/download/Jornal-HIT-POP.-Maro-1974.pdf

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

O POLÊMICO CASO DAS CAPAS SEMELHANTES DOS ÁLBUNS DA BANDA DE ROCK INGLESA PALADIN E DA BRASILEIRA QUINTETO VIOLADO

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Recentemente, fuçando num blog estrangeiro, o Rock Rula 2, deparei-me com algo que quase me derrubou da cadeira: uma relativamente desconhecida banda inglesa de rock que lançou um disco com a mesma capa de um disco de uma banda brasileira nordestina – e, o mais estranho, ambos os discos lançados no mesmo ano! Mas a descoberta, que, à princípio, pensava ser minha, já estava na rede por obra de outros internautas, porém, ao que parece, a descoberta é antiga e andava esquecida há décadas. Como se verá, o assunto permanece um dos grandes mistérios do meio musical do planeta, uma vez que envolve um dos maiores artistas gráficos criador de capas de discos do show business mundial, o grande Roger Dean.

As bandas envolvidas são a britânica Paladin, de hardrock, com o disco “Charge!” (1972), segundo e último disco da banda, e a outra, a banda brasileira de estilo regional, o grande Quinteto Violado, com seu primeiro disco homônimo, conhecido como “Asa Branca”, lançado no mesmo ano.
 
 Realmente, sem dúvida, a capa pertença mesmo ao Paladin, pois é de se surpreender que uma banda estreante vinda lá do nordeste brasileiro, de Recife, pudesse ter uma capa feita por Roger Dean; não que isto fosse impossível, é óbvio, mas, diríamos, eram dois mundos muito diferentes e distantes. Eu próprio, quando vi a capa pela primeira vez, pensei: “Caramba, em 1972 tínhamos no Brasil um desenhista ilustrador que fazia capas de disco ao estilo do Roger Dean!”. Conheço bem o estilo de Dean: o uso de cores e o traço, e, na verdade, à princípio, eu cheguei mesmo a pensar que o próprio Roger Dean tinha feito uma capa para o Quinteto, mas não havia créditos do artista gráfico no verso do disco, e pairou a duvida.
 
 Assim, fica o grande mistério? O que realmente aconteceu? Sites na internet dizem que a gravadora lançou os dois discos “ao que se sabe, sem o conhecimento prévio de ambas as bandas”. Será? A coisa me cheira à pirataria interna de gravadora. Lembremos que o Quinteto era do cast da Philips, filial da matriz norte-americana surgida em 1950, enquanto o Paladin era da independente Bronze Records (LP Bronze ILPS 9190), gravadora surgida em 1971, a mesma do Uriah Heep, situada em Farm Chalk, London. Aliás, Dean também fez capas para essa banda.

Quanto ao Paladin, a banda se desfez neste mesmo ano, ao contrário do Quinteto, que seguiu adiante com um grande sucesso no Brasil, e relativo sucesso no exterior nas décadas seguintes, e continua na ativa ainda hoje.

Como se sabe, Roger Dean (foto) fez capas para meio mundo, em especial para bandas de rock, se destacando as capas feitas para a banda progressiva inglesa Yes; aliás, a maioria das capas do Yes é de Dean, inclusive o famoso logo. Quanto à capa do Paladin, o site My Space da banda traz o seguinte: “Famous album cover artist Roger Dean, designed THE PALADIN, a rider on a horse, for CHARGE!, claiming it to be one of his most difficult sketches.”. Traduzindo este trecho final, Dean alegou que “se trata de um dos seus mais difíceis esboços”.

O único senão que distingue ambas as capas, é o chapéu do cavaleiro: no disco do Quinteto, foi colocado um chapéu de cangaceiro, identificado pela aba dupla e a típica estrela no meio. O que eu acho mais incrível nesta ilustração, é que tem-se a impressão de que o Dean retratou mesmo um vaqueiro nordestino, naquela famosa pose de quem está rasgando a caatinga no encalço de uma rês desgarrada, e até o chapéu parece mesmo aquele chapeuzinho de couro tão usado pelos nordestinos. O blog Toque Musical trouxe o seguinte sobre este discreto pormenor:

“Em uma época em que no Brasil a questão de direitos autorais valia tanto como a lei que proibia fumar dentro de ônibus. Um tempo em que o respeito pela criação de outro não valia muito por essas bandas do sul (muitos dirão que isso ainda existe... ups!). O fato é que ao lançarem o disco do Quinteto, os produtores resolveram usar uma ilustração do artista gráfico Roger Dean, famoso por seus desenhos em capas de disco de rock (lembram do Yes?). Até aí tudo certo. Só que quem cuidou do trabalho de arte gráfica, achou por bem alterar o desenho, sem autorização do autor, mexendo um pouco nas cores e estilizando o cavaleiro em um vaqueiro nordestino (reparem o chapéu).

Depois de ter escrito este texto, publicado em 17/04/2009, hoje (22/05/2023), fuçando um exemplar do extinto jornal "O Pasquim" (O Pasquim. Ping. Nº 159. Rio de Janeiro. 18-24 jul. 1972, pág. 15.), encontrei este texto do crítico musical Júlio Hungria que, antes de mim, no calor da hora, fez a descoberta da maracutaia.


Não menos curioso é o fato de o disco do Quinteto nunca mais ter sido relançado com essa capa, o que se deu pela gravadora Philips/Phonogram em 1972, como vimos, mesmo ano do lançamento do Paladin. O site do Quinteto Violado disponibilizou o disco com a capa do Dean (pequenininha...), e afirmou: “Ainda não foi
relançado em CD, continua restrito ao formato vinil”. O estranho é que esse disco foi relançado (não sei que ano) e não se utilizou da capa “original” de Dean, sendo colocado, alienadamente, uma foto de umas gaivotas voando num céu azul e ensolarado!... E o disco, que não tinha nome, agora vinha com o título “Asa Branca”, a famosa música do sanfoneiro Luiz Gonzaga, música esta que era o carro-chefe do disco. As aves marinhas eram uma clara alusão à asa branca (a ave da música em questão), que, na verdade, é uma pomba muito comum no nordeste (Columba picazuro, foto). O engraçado é que muita gente que viu esse disco do Quinteto crê que aquelas aves são asas brancas... Como se vê, pintaram e bordaram com o disco do Quinteto!... Esse disco com essa nova capa, foi novamente relançado em 1979, pela Polygram/Fontana, na série “Fora de Série”, selo que relançou diversos discos de inúmeros artistas brasileiros na época.
O mesmo blog Toque Musical, diz em outro trecho da matéria:

“(...) Com certeza, o cara que cuidou da capa do Quinteto nem sabia da existência do Paladin e muito menos do Roger Dean, cujo crédito de criação nem aparece no disco. Não tenho certeza, mas acho que foi quando do lançamento do disco brasileiro no Japão que eles se tocaram para o fato. A partir daí, o primeiro disco do QV passou a ter outra capa.

O blogger Edson d'Aquino, do blog Gravetos & Berlotas, postando uma mensagem no blog Seres da Noite, revelou algo que merece ser checado:

Quanto à questão da ilustração do Roger Dean, estão todos certos. O diferencial é que um cabra da peste apeou um chapéu de cangaceiro no ‘paladin’ que aboiava o pangaré cibernético e vendeu pra Phillips (se não me engano) como se fosse uma ilustração de cordel de própria lavra. Rolou até processo, galera. Acho que a intenção era homenagear Lampião.”



É realmente surpreendente de como essa capa veio parar no Brasil, mais especificamente na Phonogram da Bahia. O livro de Dean, o belíssimo “Album Cover Album”, lançado em 1977, portanto cinco anos após o lançamentos dos discos, traz a capa feita para o Paladin.

Caso o fato citado pelo Edson seja verdade, é provável que esse ousado larápio tenha copiado a própria capa do Paladin. Se repararmos bem, na capa do Quinteto, o céu acima do cavaleiro é outro e há manchas escuras não existentes na capa do Paladin. Como se vê, houve alteração na imagem para que ela pudesse receber o logo do Quinteto.

Em 2008, Dean lançou um calendário que trazia, para o mês de maio, a pintura original do cavaleiro, sem o logo da banda Paladin.

Quanto às gravadoras Phonogram e a Polygram, que relançaram o disco da Philips, na verdade, eram a mesma empresa. A história de ambas começa em 1945, quando surge uma importante gravadora que, décadas mais tarde, tornaria-se uma das majors: a Sociedade Interamericana de Representações (Sinter), que sucessivamente passaria a se chamar Companhia Brasileira de Discos (CBD), CBD-Phonogram, Polygram, Polygram do Brasil e, na virada do século, Universal Music.


A PRIMEIRA CAPA EM AEROGRAFIA NO BRASIL

Sobre o Quinteto, recordo-me que só fui conhecer essa capa “original” em meados da década de 2000, e pensei que o ignorado autor (que o disco do Quinteto não traz os créditos) tinha feito o primeiro trabalho em aerografia para a capa de um disco brasileiro. Até então, tinha para mim que o primeiro trabalho nesse gênero pertencia ao primeiro e único disco da banda nordestina Ave Sangria (1974) – agora, vejo que o Ave Sangria, pelas mãos da equipe do ilustrador Sérgio Grecu, mantém, salvo engano, a primazia no feito; aliás, esta capa é desprezada por toda a banda, que preferia um logo feito pelo Lailson, cartunista de renome internacional, e, na minha opinião, trabalho inferior ao da equipe do Grecu. Lailson comentou esse seu trabalho: Quando o Tamarineira virou Ave Sangria, eles me pediram para fazer a capa e eu fiz um desenho em guache com uma mulher metamorfoseada em ave num cenário de um Nordeste visto com olhos ‘ácido-psicodélicos’”. Segundo o site Senhor F, fazendo referência à capa de Grecu, “o álbum tem uma das mais criativas capas da iconografia roqueira nacional”. Na verdade, reparem que ela não deve nada às capas de Dean. Nada contra o grande Lailson, que eu já conheço dos salões de humor de Piracicaba/SP, e, como o Dean, é artista de renome internacional. Sobre a pintura original e o logo em preto e branco, o baixista do Ave Sangria, o Almir de Oliveira disse: Na capa original, a ave não estava estática, ela voava. Tinha uma caveira de boi, uma coisa nordestina. Porque mesmo sendo rock, tínhamos uma musicalidade do Nordeste”.


OUTROS CASOS DE CAPAS SEMELHANTES

Ao que se sabe, esse caso do Quinteto e do Paladin, pode ser um caso único em todo o planeta. No entanto, há um outro caso algo semelhante, o da banda new wave Siouxsie & The Banshees, que lançou o disco “Tinderbox” (1986), com uma ilustração de capa muito semelhante, ou seja, o mesmo tornado utilizado no disco do Deep Purple, o ótimo “Stormbringer”, lançado em 1974. Quando morava em São José dos Campos, ao ver o disco da Siouxsie & The Banshees, de imediato notei que era a mesma ilustração usada pelo Deep Purple, e cheguei a pensar que era plágio na época.


O caso é explicado no site Wikipedia:

“The cover image of Stormbringer is based on a photo. On July 8, 1927 a tornado near the town of Jasper, Minnesota was photographed by Lucille Handberg. Her photograph has become a classic image, and was used and edited for the album's cover. The same photograh was used for Siouxsie and the Banshees album Tinderbox in 1986.”

Como se vê, ambas as bandas usaram uma antiga foto para comporem suas capas, só que uma delas inverteu horizontalmente seu sentido, bem como a posição do rancho. O Deep Purple, por sua vez, a recriou adicionando um pegaso e um raio, bem como colorindo as nuvens. A foto no original talvez seja em preto e branco, o motivo de a Siouxsie & The Banshees ter feito a capa em cor única.

Há também o caso da banda francesa de progrock, a Harmonium, cujo primeiro disco, “Harmoniun”(1974), tem a mesma ilustração da capa do primeiro disco da banda texana de symphonic prog, a Hands, álbum homônimo de 1977, mas neste caso, nota-se que foi utilizada uma antiga gravura, ao que parece da época medieval, logo, não foi plágio mas mera coincidência de idéias.


Há também o caso de plágio de ideias ocorrido com a banda norte-americana Savatage, cujo disco "Power Of The Night" (Atlantic Records), de 1985, lembra o do banda conterrânea Legs Diamond, com seu disco "A Diamond Is A Hard Rock" (Mercury Records), lançado sete anos antes, em 1978. (Agradecimento pela informação ao amigo Hélio, da comunidade do Deep Purple no Orkut.)


Um outro plágio de ideias, envolve o famoso grupo inglês de hard rock, o Uriah Heep, com seu disco de estreia "Very 'Eavy Very 'Umble" (Bronze Records), de 1970, e a misteriosa Life, banda inglesa de hard e progrock - grupo cuja história está envolta em mistério total - com o seu primeiro e único disco, o excelente "Life After Death" (Polydor Records), de 1974. Confiram:


Um outro caso de semelhante, que passou meio despercebido, foi o das capas dos discos "Sabotage" do Black Sabbath (1975, Vertigo, Phonogram), e o disco solo "One of The Boys" (1977, Polydor, Phonogram) do cantor Roger Daltrey. Notar que as gravadoras são as mesmas...


Um outro caso envolvendo grandes bandas e que também ninguém comentou, foi o da banda de R&B, a Earth, Wind & Fire, e seu disco "All 'n' all" (1977, Columbia/Legacyl) e o Iron Maiden com o disco "Powerslave" (1984, EMI). Não há como negar que as ideias são muito semelhantes.


Um caso curioso também, envolveu as bandas Hotlegs e, acreditem, Alice Cooper! A Hotlegs, cujo cantor seria bem conhecido depois na banda 10CC, o Eric Carmem, lançou seu disco "Thinks: Schools Stinks" em 1970, e a Alice Cooper provavelmente plagiou a ideia dois anos depois em seu "School's Out"...


Um caso recente envolve as bandas Rush e Rusted Soul: a primeira lançou seu primeiro disco em 1974, e a plagiadora em 2009. A Rusted nem teve nem o cuidado de disfarçar as cores das letras, que são a mesma!...



Um caso particular e especial, e não menos curioso, é o que envolve o disco "A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado", dos Mutantes (Polydor, 1970 ), e o compacto "You've got to Pay" (45 RPM 7"), da banda inglesa cult The Only Ones, faixa extraída do disco "Even Serpents Shine" (1979, CBS). Levando-se em conta que os Mutantes fizeram uma representação fotográfica de uma ilustração desenhada com técnica de buril do artista Gustave Doré - a "A Visão do Inferno" -, inserida nos Cantos XXXI-XXXI" do livro "A Divina Comédia" (1315), de Dante Alighieri, é algo arriscado falar em plágio. Apesar de os Mutantes serem bem conhecidos e cultuados na Inglaterra, não se sabe se a banda inglesa conhecia esse disco deles, lançado 8 anos antes.


Veja a ilustração original de Gustave Doré aqui:


E já que estamos falando de inferno, existe, uma famosa ilustração antiga, que mostra um demônio tocando violino ajoelhado ao lado de um homem deitado numa cama, ilustração esta que foi utilizada, salvo engano, por duas bandas de rock, uma alemã, o Cornucópia (disco na versão brasileira, lançada em 1974), e outra italiana, o Goblin (utilizada em alguns discos), as quais, em breve, colocarei as capas dos respectivos álbuns. A citada ilustração representa o compositor Giuseppe Tartini, que sonhou com um demônio tocando violino, e depois compôs uma suíte com o que recordara do sonho, batizando-a de “Devil's Thrill” (O Trilo do Demônio).

OUTROS CASOS ENVOLVENDO GRAVADORAS NACIONAIS E ESTRANGEIRAS, MAS COM UTILIZAÇÃO DAS MESMAS CAPAS

Um outro caso surpreendente, envolve nada mais nada menos que o rei Roberto Carlos, em seu disco de estreia, “Louco por Você” (Columbia, 37171), lançado em 1961, cuja capa é a mesma do LP de Ken Griffin, “To Each His Own” (Columbia CL 1599), lançado em 1946. Por pura ironia do destino, este disco do Roberto é o único em que ele não saiu na capa, e lembremos que este é um dos discos mais raros e valiosos do Brasil, chegando a ser vendido até por 3 mil reais, só perdendo para o “Peabirú” do Zé Ramalho e do Lula Côrtes, que chega a 4 mil reais. Notar que ambos os discos foram lançados pela Columbia, portanto, foi algo que ocorreu entre gravadora matriz estrangeira e a filial no Brasil.




Veja nestes links mais detalhes sobre este caso que deixou o Rei fulo da vida:

Outro caso envolve a capa do quarto disco da banda jovem-guardista Renato e Seus Blue Caps, o LP “Isto é Renato e Seus Blue Caps” (CBS, 37433), lançado em 1965, que é a mesma do LP “Elgart au Go Go”, de Les & Larry Elgart (Columbia Records, CS 9155), também lançado em 1965. Neste caso também, os discos são da mesma gravadora. Lembrar que CBS é a sigla Columbia Broadcasting System. Segundo o blogger Emílio Pacheco, que me forneceu as informações sobre os discos do Roberto Carlos e do Renato e Seus Blue Caps, a "a CBS, nos anos 60, se servia de um 'banco de imagens, por assim dizer'".


Aqui, outro caso envolvendo a mesma gravadora, e novamente o pobre do Ken Griffin, falecido em 1959, teve outra capa sua plagiada, o disco "Sweet and Lively" (1960), cuja capa foi usada no disco "Baby" (Columbia, 1961), do cantor de rock brasileiro Sérgio Murilo.



UM CASO MENOR, O KISS E OS SECOS & MOLHADOS...

Enfim, considero esse caso do Quinteto Violado e o Paladin mais polêmico do que o que envolveu os Secos & Molhados e a banda Kiss – assunto que, embora mil vezes “desmascarado”, nunca sai da ordem do dia – o de que o Kiss imitou a pintura facial dos Secos e Molhados. 

No entanto, o caso em questão é coisa muito séria, e, além do mais, é baseado em fatos reais e com provas materiais, mas quem poderia elucidar este enigma só mesmo o Roger Dean (se é que ele está ciente disso), ou o pessoal do Quinteto e os responsáveis pela então gravadora Philips/Phonogram (Paulo de Tarso e Roberto Santana). 

Este caso só não deu um ibope à altura dos Secos e do Kiss – caso que não passa de mera especulação, palavra de um contra palavra de outro – , porque o Paladin não veio a se tornar uma banda famosa assim como Kiss, bem como o Quinteto não é tão popular fora do Brasil. Do contrário, com o sucesso de ambas as bandas, isto poderia ser comparado ao Secos & Molhados roubar a capa de um disco do Kiss, ou vice-versa. Já imaginou o ibope e a polêmica? Mas, sou da opinião que este caso do Quinteto e do Paladin é um assunto está crescendo e ganhando popularidade entre os rockeiros do Brasil e de todo o mundo, e esta é uma colaboração minha - e colaboração não pequena, reconheça-se -, pois fui mais fundo no assunto do que todos os outros internautas que escreveram sobre ele. E por falar nos Secos & Molhados, antes de findar este parágrafo, o que você me diz disto, amigo?



Pois é, aproveitando o megasucesso do grande Secos & Molhados, uma nova banda veio em sua cola, o malfafadado Assim Assado, grupo que não passou do primeiro disco. Lançado no mesmo ano que o segundo do Secos & Molhados, 1974, o disco passou despercebido e não aconteceu. Hoje, é mera curiosidade para se baixar nos blogs, mas se diz que o som da banda é competente e merece ser checado.

O blog Brazilian Nuggets (onde você pode baixar o disco), comenta essa banda:

“O nome da banda e a capa do disco revelam explicitamente a influência: Secos e Molhados. Investindo na androgenia, no rock progressivo e no samba-soul, Assim Assado tentou ser uma resposta da pequena Companhia Industrial de Discos ao enorme sucesso que os Secos e Molhados faziam junto ao público jovem. Liderado por Miguel de Deus (ex-Brazões), que assina a maioria das composições e assume a guitarra e os vocais, o grupo nunca chegou a decolar, deixando apenas esse único disco, hoje quase esquecido. Curiosidade: em 1977 Miguel de Deus cai de cabeça no funk, lançando o bastante interessante (e raro) ‘Black Soul Brothers’”.

Ah, lembrem-se que “Assim Assado” é nome de uma das músicas deste LP dos Secos & Molhados...
 
Quando me refiro ao plágio de capas envolvendo o caso dos Secos & Molhados, como se não bastasse o fato de o Assim Assado se batizar se apropriando do nome de uma música dos Secos & Molhados, digo que houve um "plágio" no que diz respeito ao Assim Assado fazer uma capa no mesmo estilo: as cabeças pintadas numa mesa, as cabeças pintadas num caldeirão... É um truísmo berrante e garrafal que aquilo tudo é clara alusão aos Secos & Molhados, para ser mais específico, no mínimo, plágio de ideias. O curioso da história é que a "comida" dos Secos & Molhados chegou à mesa e foi servida (e bem servida!); a do Assim Assado não passou do caldeirão... Aliás, que eu saiba, ninguém assa coisa alguma em caldeirão... Brincadeiras à parte, o disco do Assim Assado é sim um bom disco, e quanto ao músico Miguel de Deus, é um grande musico, e o disco que ele lançou três anos depois da dissolução do Assim Assado, o "Black Soul Brothers", é um clássico e cultuadíssimo disco de soul music. Aliás, sobre esse disco, foi feito um documentário em 2008.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como o assunto predominante neste post tem a ver com rock, antes de encerrar, imagino que muito internauta irá perguntar o que o tal do Quinteto Violado tem a ver com rock. Pois bem: só para ficar em três bons exemplos de bandas que fundem música nordestina com rock, lembro o Jorge Cabeleira, o Cordel de Fogo Encantado e, por último, o Mestre Ambrósio. Ops!, ia me esquecendo: tem eu também... pois é, modéstia à parte, também sou cria direta do Quinteto, que, junto com o Ave Sangria, o Hermeto Paschoal e o Quinteto Armorial, são a minha principal escola de música nordestina (sou guitarrista/violonista).

Aproveito este espaço também, para fazer uma homenagem ao grande mestre Toinho Alves (foto), um dos cabeças do Quinteto, que faleceu em 29 de maio de 2008 – uma perda mais que irreparável para a música brasileira, e, porque não, para a mundial. Prometo numa futura postagem, fazer uma dissecação dessa genial banda nordestina, que tinha qualidade instrumentais únicas no país.

Aqui, para os que quiserem checar, os links dos outros blogs que escreveram sobre este assunto antes de mim. Neles, inclusive, os internautas poderão baixar ambos os discos do Quinteto e do Paldium, que são duas pérolas:

VEJAM ABAIXO OS COMENTÁRIOS DO LAILSON, DO SERGIO GRECU E DO ADILSON, QUE JÁ LANÇARAM ALGUMA LUZ NO MISTÉRIO NO CASO DO QUINTETO E DO PALADIN!

BIBLIOGRAFIA
34 fontes
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quarta-feira, 30 de julho de 2008

A ASCENSÃO METEÓRICA DA BANDA SECOS & MOLHADOS

Galera, direto da ARCA DO COBRA, mais duas reportagens e fotos inéditas da banda Secos e Molhados, que mostram sua vertiginosa ascensão, todas extraídas da extinta revista POP. A primeira, de maio de 1973, traz o grupo com pouco mais de um ano de carreira, prestes a lançar o primeiro LP. A segunda, em janeiro do ano seguinte, com o LP lançado e 100 mil cópias vendidas já na primeira semana do lançamento!

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SHOW

Paradão por algum tempo, o rock volta agora a pintar violento todas as tardes de domingo, no grande auditório do Museu de Arte de São Paulo. Entre muitos grupos novos, três da pesada e de São Paulo mesmo estão atacando com tremendos banhos de som. Secos e Molhados, Alpha Centauri e Grupo capote.

SECOS E MOLHADOS

Fazendo misérias no palco, com o vocalista Ney Matogrosso muito louco, batom vermelho, turbante colorido, brincos e um imenso xale vermelho cheio de franjas enrolado no corpo, o Secos e Molhados conseguiu de cara deixar a platéia toda elétrica, numa ligação que foi aumentando de número por número. Com mais de um ano de carreira, o grupo já conseguiu deixar sua marca e agora termina a gravação do primeiro LP, que em junho deverá estar pintando, mostrando um trabalho totalmente novo dentro do rock brasileiro: a musicalização de versos e poemas da literatura brasileira, com uma interpretação cheia de força e violência. Pondo música em Prece Cósmica e As Andorinhas, de Cassiano Ricardo, A Rosa de Hiroshima, de Vinicius de Moraes, Mulher Barriguda e Tem Gente com Fome, de Solano Trindade, e também em algumas letras suas (O Patrão Nosso de Cada Dia, O Vira e Preto Velho). João Ricardo (violão acústico e harmônica de boca), um dos integrantes do grupo, consegue efeitos incríveis, e junto com Willie Verdager (baixo), Marcelo Frias (bateria) e Gerson Conrad (violão), mais os vocais de Ney, o som se trans­forma numa pauleira das mais sensacionais. Antes do lança­mento do LP, o Secos e Molha­dos parte para o primeiro show fora de São Paulo, ainda este mês, no Teatro da Paz, no Rio.

PS: atentem para a música Tem Gente com Fome, do Solano Trindade, que nunca foi gravada pela banda, mas pelo Ney tempos depois.

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SECOS & MOLHADOS

Eles estão revolucionando o som pop brasileiro

Com roupas louquíssimas, muita maquilagem e um som da pesada, eles são um sucesso incrível: 100 000 discos vendidos em poucos dias.







Para eles, cada show é um ritual Ney Matogrosso pinta o rosto alongando a linha dos olhos a a testa. João Ricardo cobre com tinta branca a cara toda, e Gérson desenha um coração ao lado do nariz. Já está tudo pronto: mais uma vez os Secos & Molhados vão cantar para uma casa lotada de gente que vibra com o grupo que Caetano Veloso definiu como “uma das coisas mais importantes que já aconteceram na música brasileira”. E a crítica também tem elogiado muito o trabalho musical que eles fizeram em cima de poemas de Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Manuel Bandeira e Cassiano Ricardo. Mas quem é quem no Secos & Molhados? Os compositores João Ricardo (harmônica de boca) e Gérson Conrad (violão) acompanham as incríveis vocalizações de Ney Matogrosso, além de mais quatro caras que fazem um som da pesada: Marcelo Frias (bateria), Sérgio Rosadas (flauta transversal e ocarina), John Prado (guitarra) e Willy Verdaguer (contrabaixo). Em 1971 eles fizeram a música para a peça Corpo a Corpo, de Antunes Filho. Mas foi depois da primeira apresentação em público, na Casa de Badalação e Tédio (São Paulo), que o grupo estourou. O primeiro LP já vendeu 100 000 cópias e continua nas paradas (Sangue Latino, Rosa de Hiroshima e Vira são as faixas de maior sucesso). E. renovando-se a cada apresentação, eles parecem dar vida às palavras de Ney Matogrosso: “Sem regras estabelecidas é bem melhor a gente viver”.

Eles misturam música e poesia. E a receita deu certo


PS: reparem que as pinturas ainda não eram aquelas pelas quais eles viriam a ser reconhecidos.


Propaganda da gravadora Continental


FONTE:
Contatar autor.
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segunda-feira, 14 de julho de 2008

ENTREVISTA INÉDITA: JOÃO RICARDO EXPLICA O FIM DOS SECOS E MOLHADOS!

Atenção, galera, diretamente da ARCA DO COBRA, uma entrevista inédita (na internet), sobre o polêmico fim da célebre banda Secos e Molhados. A entrevista foi publicada no jornal Hit Pop, encarte da revista POP, no distante setembro de 1974.

HIT POP ENTREVISTA JOÃO RICARDO: “OS SECOS E MOLHADOS JÁ EXISTIAM ANTES DO NEY E DO GERSON. POR QUE NÃO PODEM CONTINUAR SEM ELES?”

Entrevista a Carlos Eduardo Caramez



Com a saída de Ney Matogrosso e Gérson Conrad, os Secos e Molhados ficaram reduzidos a um só: João Ricardo. É o fim do conjunto? Não, diz o esperançoso João Ricardo. E afirma que o grupo pode sobreviver à deserção de sua maior estrela.

POP - Queremos que você conte, desde o início, como foi a separação dos Secos e Molhados. A sua versão oficial.

João - Eu prefiro que você me faça perguntas a eu contar uma história qual­quer. Não quero responder ao que vem saindo na imprensa, porque achei algumas matérias parciais e não acredito que o Ney tenha dito certas coisas que saí­ram nos jornais.

POP - Seus desentendimentos com o Gérson foram o resultado de uma disputa entre os dois?

João - Não. Nunca houve esse tipo de problema entre nós.

POP - Então por que a música Trem Noturno, de Gérson, não entrou neste último LP?

João - Porque não estava de acordo com a filosofia dos Secos e Molhados, musicalmente falando, inclusive.

POP - E qual era a filosofia dos Secos e Molhados? Era você que estabelecia as coisas ou tudo era feito mesmo de comum acordo?

João - Bem, nós éramos um grupo em que cada um tinha sua função especifica. A minha, mesmo antes dos Secos e Molhados, era compor. Eu componho desde os 15 anos de idade. Então, normalmente, as músicas todas eram minhas. O Gérson começou a compor a partir dos Secos e Molhados, do primeiro disco. Eu sugeri que ele compusesse. Era uma vontade que ele tinha, mas nunca tinha traduzido de forma definitiva.

POP - Havia um líder no grupo? Quem era, se havia?

João - Havia. Era eu.

POP - Até que ponto sua liderança influenciava o trabalho artístico do conjunto?

João - Eu tinha traçado métodos específicos para o grupo. E quando convidei Gérson e Ney para fazerem parte deste grupo, disse o que pretendia com ele. E já tinha até as músicas do primeiro disco. As músicas foram aceitas normalmente, nesse caso, ai que deu uma sorte dana­da: estourou em primeiro lugar, e o resto já se sabe...

POP - Em termos do conjunto, o que você mais lamenta?

João - Eu lamento na medida em que o Ney é um belíssimo intérprete e tem uma voz fantástica, ótima para o trabalho que eu estava desenvolvendo. Quando ele apareceu foi maravilhoso. E ia continuar sendo... Mas isso não elimina nada.

POP - Não havia um jeitinho para o conjunto continuar?

João - Veja bem: eu nunca quis forçar nada, com eles. Muito menos forçá-los a ficar comigo – isso era bobagem. Foram decisões puramente pessoais, em que eu não tinha que interferir.

POP - E qual foi o motivo mais fone para a separação?

João - Não houve uma razão especifica. Foi bom... Nós precisávamos dar uma parada, mesmo para uma renovação nossa. Independente de eles terem saído, era importante a gente parar para ver o que podia acontecer...

POP - Então, se tivesse ocorrido essa parada, poderiam voltar os três juntos e o grupo não acabava, não é?

João - Sim, mas aí o Ney desistiu, disse que não queria, que estava a fim de curtir uma outra...

POP - E você diz que mesmo saindo o Ney e o Gérson, es Secos e Molhados continuam?

João - Continuam, claro que continuam.

POP - Engraçado, isso. Você garante que um trio sobrevive sem sua grande vedete e sem o outro músico!

João - Claro, claro! É bom que todos saibam o seguinte: os Secos e Molha­dos já existiam antes do Gérson e do Ney. Acontece que houve um sucesso estrondoso com a segunda formação do conjunto, e a saída deles não implica em que eu interrompa meu trabalho. Entre sempre houve a possibilidade de cada um sair para o seu lado e fazer o seu trabalho.

POP - Os caras que eram do conjunto, antes, saíram ou você mandou embora?

João - Aí foi o contrário. Fui eu que dei o toque. Chegamos a fazer algumas apresentações e tal... Mas ai achei que era outra coisa o que eu queria, e fui tentar. Então convidei o Gérson, depois descobri o Ney, e estouramos. Agora, o que é importante é que o conjunto não terminou. Apenas saíram dois integrantes, que serão substituídos ainda não sei por quem.

POP - O que parece claro é que houve algumas disputas de liderança entre o Ney e você, e também problemas com relação a você boicotar as músicas do Gérson.

João - Não é nada disso, ninguém brigou com ninguém. O Ney chegou e me disse: “Olha, João, eu estou confuso e vou dar uma parada”. E parou mesmo. Quanto ao Gérson. não me falou nada. Eu fiquei sabendo que ele também tinha saído do conjunto quando li a notícia nos jornais.

POP - Tudo bem. Você insiste em negar as acusações do Ney e do Gérson, que os jornais publicaram. O que a gente quer saber então é: você não vai procurar o Ney e o Gérson para passar as coisas a limpo?

João - Não, em absoluto. Eu não vou procurar... Me acusam de um monte de coisas, e eu vou ter que levantar e ir à procura das pessoas? Eu também pode­ria pegar os jornais e falar um monte de coisas, mas aí já estaríamos entrando no nível da fofoca. E eu acho que não pode haver fofoca e gozação com uma coisa que foi muito bonita até agora, que é o Secos e Molhados. Uma coisa que foi feita realmente por todo mundo, pelo Ney, pelo Gérson, por mim – todo mundo deu o que tinha que dar, e foi belíssimo. E chegou a um nível muito alto. Por isso, nem acredito nas declarações do Ney que os jornais publicaram. Nada daquilo que os jornais publicaram é verdade. Eu tenho provas concretas disso.

POP - E o Gérson? Diz que você boicotou o trabalho dele.

João - A única coisa que eu posso dizer é que ele nunca reclamou disso, nunca houve esse tipo de problema. Eu tenho milhares de composições, desde os 1 5 anos de idade. É só fazer uma análise entre as minhas e as composições dele...

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MORACY: “A GANÂNCIA ESTRAGOU TUDO!

Moracy do Val, ex-empresário dos Secos e Molhados, estava na porta do circo onde está apresentando Godspell, no Rio, quando chegou Gérson Conrad com um jornal na mão: “Olha, o conjunto acabou. Vim pra te comunicar pessoalmente”. E não falou mais nada. Mas Moracy abriu o jogo.

POP - Você, que foi acusado de má administração, como é que está se sentindo agora?

Moracy - Moralmente restabelecido, embora um pouco triste. Enquanto es­tive à frente do grupo, o faturamento era excelente e ninguém chiava por causa de dinheiro.

POP - Então que vem a ser a sua má administração?

Moracy - Foi a forma mau-caráter que pai (João Apolinário) e filho (João Ricardo) inventaram para meter a mão no tutu do grupo.

POP - Quem foi o responsável pela sua saída?

Moracy - A ganância de João Ricardo. Ele transformou os Secos e Molhados numa máquina de ganhar dinheiro em seu próprio beneficio.

POP - Como assim?

Moracy - Em princípio, não reconhecia o talento de Gérson como compositor. Até aí parece que é só vaidade. Mas não é. O grilo está nos direitos autorais, que rendem dinheiro.

POP - E por que o Gérson só chiou agora?

Moracy - Antes ele já chiava, sim, mas só de leve.

POP - E como era que o Ney reagia?

Moracy - Ele é uma figura humana sensacional e um excelente profissional. Ele calou muitas vezes para não precipitar os acontecimentos. Mas ficava muito triste e magoado.

FONTE:

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