terça-feira, 11 de maio de 2021

O CASO DE MUDANÇA DE NOME DE RUA: SAI O MILITAR MOREIRA CESAR E ENTRA O ATOR PAULO GUSTAVO...


O ator Paulo Gustavo.

Os jornais noticiaram hoje cedo que uma rua de Niteroi, a rua  Coronel Moreira César vai ter seu nome mudado para o do ator Paulo Gustavo recentemente falecido. Lembro-me que tentaram mudar o nome da ponte Rio-Niterói  homenageando o ator, e como se viu, a tentativa não vingou.

Muitos aí devem estar se perguntando quem é esse tal de Coronel Moreira César e por que escolheram justamente uma rua batizada com o nome de um ilustre desconhecido militar para a homenagem. Pois bem. Canudólogo que sou, ou seja, estudioso da Guerra de Canudos, vou fazer um pequeno resumo de sua biografia, já que ele teve participação efetiva nesta importante e mal-conhecida guerra. Antes de mais nada, gostaria de revelar que, embora esta guerra seja ignorada pela maioria dos brasileiros, há, acreditem, mais de 4 mil livros escritos sobre ela.

Não vou entrar aqui em questões de mérito e juízo de valor, mas a pergunta que fica é: é valida e legal a alteração do nome da rua subtraindo o nome um personagem histórico, inda que com uma ficha suspeita. pelo de uma artista de currículo incipiente? Leiam o texto abaixo e julguem vocês.

O Coronel Moreira Cesar

Antônio Moreira César (1850-1897) foi um militar brasileiro que atingiu o posto de coronel no Exército Brasileiro. Ficou famoso na Revolução Federalista do Rio Grande do Sul (1893-1895) por uma das práticas mais cruéis, usada em larga escala por ele e também pelos rivais, que era a prática da degola. Cita-se que as vítimas eram mortas da mesma forma como se abatia carneiros: ajoelhado diante de seu executor, a vítima tinha a cabeça colocada entre suas pernas, que então lhes rasgava a veia carótida com um golpe único de faca. Apesar de tudo, ainda que não tenha sido o inventor desta prática, Moreira Cesar ficou conhecido como um dos que mais lançaram mão da degola. Por sua fama de autoritário e vingador, acabou rotulado com o batismo de “Corta-cabeças” e “Treme-terra”. Há estimativas de que mais de uma centena de prisioneiros foram assim executados por ordenação do coronel. Com isto, sua fama como “Corta-cabeças” ganhou o País, chegando até o Nordeste, onde ele participou da Guerra de Canudos. Havia outra prática humilhante durante esta guerra, a “gravata vermelha”, ou seja a de se cortar a jugular dos prisioneiros e após puxar a língua para fora através do corte, ficando ela pendida no peito como uma gravata. 

A temida prática da "degola".

Depois, em 1897, Moreira César participou da terceira expedição enviada à Guerra de Canudos, onde foi ferido no ventre, quando se preparava para ir à frente de batalha incentivar a tropa. O ferimento foi mortal e  o coronel faleceu após 12 horas. Na verdade, o louco Moreira Cesar, numa atitude insensata (ele era epilético), tomou sua espada, e galopando em um cavalo, se dirigiu ao palco da guerra dizendo que iria “dar brio àquela gente”, no que onde foi alvejado por franco-atiradores postados no alto das torres da igreja. Euclides da Cunha (1866-1909), que documentou a guerra em seu livro "Os Sertões", cita uma versão curiosa afirmando que “Nunca, tantos mataram um só”, querendo alegar com isso que ao verem o coronel desembestado com seu cavalo em direção à eles brandindo a espada acima cabeça, todos os os jagunços miraram e atiraram unicamente nele, muito embora apenas dois tiros o atingiram… Como se vê, um final tragicômico para um militar louco e epilético...

sábado, 20 de março de 2021

ALGUMAS BEBIDAS ANTIGAS E FOLCLÓRICAS DE CAIPIRAS E SERTANEJOS

- Jacuba: papa de farinha de mandioca preparada com mel, açúcar ou rapadura, a que se acrescenta, por vezes, leite ou cachaça e que também se dilui com água e sumo de limão, para servir como refresco.


- Aluá: é uma bebida fermentada refrigerante de origem afro-indígena (com seu nome proveniente do Quimbundo “Ualuá”, feita a partir da fermentação de grãos de milho (ou arroz, menos comumente) moídos. Tradicionalmente, é fermentada em potes de cerâmica. Bebida presente em rituais de candomblé.


- Capilé:  xarope feito com suco de avenca ou capilária; água adoçada com esse xarope ou com outro qualquer; bebida alcoólica feita de polpa ou suco de fruta e aguardente. 




- Gengibirra: cerveja feita de gengibre, limão, açúcar e outros ingredientes.




- Jeropiga: uma bebida alcoólica tradicional em Portugal e difundida entre os antigos caipiras. É preparada adicionando aguardente ao mosto de uva para parar a fermentação, resultando uma bebida mais alcoólica que o vinho.







- Anisete: é uma bebida alcoólica à base de anis. Muito popular na Europa, principalmente na França. Bebida muito comum entre os antigos caipiras e ainda sobrevivente em festas juninas, feita de álcool de cerais, essência de anis (ou erva-doce e anis estrelado), açúcar e corante vermelho (groselha) ou azul.


- Cajuína: bebida típica do Nordeste brasileiro, muito produzida e consumida no Maranhão, Ceará e principalmente no Piauí, onde é considerada Patrimônio Cultural do Estado e símbolo cultural da cidade de Teresina. Preparada a partir do suco de caju, sem álcool, clarificada e esterilizada, apresenta uma cor amarelo-âmbar resultante da caramelização dos açúcares naturais do suco. Pode ser preparada de maneira artesanal ou industrializada. 


- Genebra: no Nordeste brasileiro, é o nome que se dá a uma infusão de aguardente com um pouco de açúcar e casca de laranja, que era coada depois de cinco dias de maceração. A Genebra original é elaborada segundo uma antiga e original receita holandesa, à partir da destilação de bagas de zimbro maceradas.




- Cachimbo: aguardente com mel da abelha e polpa de uma fruta qualquer de época. Misture a cachaça e o mel de abelha agitando-se bem. Depois, junta-se a polpa de uma fruta qualquer de época, e, finalmente, coloque a mistura num recipiente como uma vasilha com tampa "que se preste ao sacolejo". Do mesmo modo que o ritual do charuto nas cidades quando as mulheres dão à luz, no Nordeste brasileiro, seja na cidade seja nos sertões, os maridos servem o Cachimbo.

- Tiquira:
é um destilado de mandioca muito popular no Maranhão. Alguns consideram a Tiquira a verdadeira aguardente brasileira por ser feita da mandioca, uma planta nativa. Brasil é conhecido como o país da cachaça, mas deixamos de lado algumas raridades de lado para fortalecer a imagem da aguardente de cana. Uma delas é a Tiquira, entre outras, como Canjinjin, Cataia e a Consertada. Bebida típica do Maranhão, em torno de apenas cinco a sete municípios ainda produzem esta bebida. A Tiquira é feita através da destilação de mandioca e adição de folhas de tangerina. O nome Tiquira possui dois possíveis significados. De acordo com Stradelli, tiquira é a palavra nheengatu que significa “destilado obtido a pingos, através do beiju de mandioca fermentada”. Já para Anchieta, tiquira deriva da língua indígena tupi, “a gota”, por fazer referência ao gotejar do líquido durante a destilação. Você pode encontrar isso no livro de Gonçalves de Lima, Anais da Sociedade de Biologia de Pernambuco, 1943.

Pau-a-pique:
em 5 litros de água, ferva 1/2 quilo de gengibre socado, 200 gramas de erva doce, um pouco de nos moscada, uma pitada de cravo moído, 300 gramas de canela em pau. Depois de fervido, adoce até melar e deixe dois dias em infusão. A seguir, junte de 1 a 2 litros de cachaça e leve ao fogo até abrir fervura. Depois de frio, engarrafe.”


segunda-feira, 15 de março de 2021

FARINHA DE JATOBÁ E CÃIBRAS

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Tenho o costume de comer farinha de jatobá faz décadas, depois que soube que ela tem as mesmas propriedades de energéticas do pó de guaraná. Todo ano vou coletar frutos, que depois retiro a polpa das sementes, e bato-a no liquidificador par fazer a farinha, que pode ser tomada com água ou leite. Dizem que esta farinha cheira à chulé, e cheira mesmo, mas ela é agradável e adocicada. Daí que, vira e mexe, eu sinto umas cãibras estranhas no pé. Um dia destes, relendo o livro "Bandeirantes d'Oeste” (1952), do sertanista Willy Aurelly, ele fala de um incidente ocorrido com seu pessoal após o consumo de farinha de jatobá. Diz ele:

“Pus a cabeça fora do abrigo providencial e deparei com meus rapazes nus como vieram ao mundo, sob tormenta Infernal, esmagando frutos jatobá e deliciando-se colocar por farinhento."

Quando chegara a noite, ele comentou o que aconteceu:

“Tudo era paz e sou atacado por violentíssimas câimbras. Dores insuportáveis, enlouquecedoras! Já uma vez, no alto rio das Mortes, após penetração cansativa até a serra da Piedade sofrerá mal idêntico juntamente com ele Henri Julien. Caí grotescamente, gemendo de dor. Não tardou que Valderino sentiu o mesmo e, logo a seguir, Aristides. Estorcíamo-nos em dores, suando frio, gemendo, quase perdendo os sentidos. Paulo aqueceu cobertores, envolvendo-nos neles. Melhoramos logo, para em seguida acordemos o bravo rapaz e o gaúcho, agora atacados pelo Mal.  Só os índios e o Augusto nada sentiam. Esse, querendo pontificar:

- Tá í macacada! Vocêis bebem pinga e sofrem as câimbras. Eu nunca bebi estou bom.

Não se vangloriar a, é que se atira ao chão, emitindo gemidos prolongados. Todos rimos com a desdita do bom companheiro, pois que as cãibras vieram, oportunamente, para desmenti-lo! E lá foi um cobertor quente também para o abstêmio que custou a se refazer.

- Quá! De hoje em diante não rejeito mais minha ração! Tanto faz…

A despeito de experimentar melhoras, não podíamos fazer movimentos bruscos e nem manter-nos em pé. As cãibras voltavam e vimos obrigados, para alimentar as fogueiras, a arrastar nos pelo chão. E durante a noite toda, quem se incumbiu do quarto de guarda, fê-lo sentado, pela impossibilidade de se erguer. Que nos teria acontecido se tivéssemos sido atacado pelos índios naquela situação?”

Notemos porém que Willy parece não ter se alimentado de jatobá durante o temporal, e no surto de cãibras em outra ocasião ele não menciona a ingestão de jatobá pelo pessoal.

O Visconde de Taunay, em seu livro "Viagens de outrora" (1921), Se referindo a farinha de Jatobá que consumia com seu pessoal atravessando os sertões do Mato Grosso, não se referiu à acessos de cãibra após o consuma, mas louvou os benefício do fruto:

“Uso destes frutos provou bem nas forças contra as diarreia e serviu de muito para o sustento geral. É, pois, com reconhecimento profundo que os expedicionários de Mato Grosso devem falar de estilismo vegetal”.

Daqui para diante, vou prestar mais atenção nos acessos de câimbra  e a ingestão de farinha de jatobá, para saber se há uma relação entre eles, mas à princípio, acho que é mera coincidência.

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quinta-feira, 11 de março de 2021

"DIBARÁ", UMA IMPORTANTE PALAVRA TUPI QUE SE PERDEU


Muitos termos da língua tupi, ao longo dos séculos, entraram para o nosso linguajar cotidiano, mas há alguns que passaram batido. 

O escritor Gastão Cruls, em seu livro “Amazônia misteriosa”, lançado em 1957, traz um desses termos que nos escaparam: DIBARÁ, que significa "a mulher que se entrega prontamente, que é facilmente conquistada". 

Não me recordo de um termo específico na Língua Portuguesa para designar isto. À propósito, este termo tupi nem mesmo na Internet é encontrado, e digo que ele é "importante", pois condensa numa única palavra algo que, através de nossa língua, precisaríamos de várias delas para explicar algo simples assim...

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domingo, 7 de março de 2021

TRIBUTO A UM ÍDOLO - A DISCRETA PARTIDA DE SYLVAIN SYLVAIN

Eu não sabia, pois, estranhamente, não vi comentário algum nas mídias que frequentei naquele dia: a morte, no dia 13 de janeiro passado, do grande Sylvain_Sylvain, genial guitarrista da banda norte-americana New York Dolls! Capitulara o artista após uma longa batalha contra o câncer nos últimos dois anos e meio.

Certamente, por seu visual provocante e a frente do tempo - imitado à exaustão pelas bandas glan da década de 80 -, o New York Dolss foi a banda mais polêmica dos anos 70, mas, infelizmente, talvez a mais desventurada e azarada na história do rock and roll, isto, pelos mal-sucedidos e trágicos incidentes ocorridos em sua curta carreira, o que levou a sua fatal dissolução.

Mas voltemos à morte do Sylvain. Pois bem. Daí que, quarta-feira passada, com insônia, saí em meio à madrugada e fui dar um rolê com minha cachorra pela noite agradável de Rio Claro, ouvir um som e tomar umas cervejas... Ocorre com certa frequência, mas adoro isto! 

Então, no meio do caminho, coincidentemente, procurando vídeos da banda para ouvir, soube de sua triste passagem - isto, como se algo me levasse até a banda para me avisar de sua morte - e fiquei arrasado!  

Era o segundo membro original do New York Dolls ainda vivo. Então, numa espécie de homenagem, passei o resto da noite ouvindo os dois grandes discos da banda, e até chorei de tristeza...  

Ele era o meu integrante predileto na banda, compositor inspirado e criador de grandes e marcantes riffs de guitarra. Muito aprendi com ele em meus primeiros anos de aprendizado de guitarra, já deixando a bateria. Isto se deu quando comprei o segundo disco da banda, "Too Much Too Soon”, que é fantástico e inspiradíssimo. 

Na história do rock, depois do Alice Cooper, até então não havia visto um cara com uma cara tão safada e bandida como a do mal-encarado Sylvain Sylvain, mais parecendo um membro oriundo do MC5. Aliás, Sylvain era judeu, de origem árabe. Visualmente falando, antes dele - inclusive em postura de palco e mize en scéne - só mesmo o  Hendrix para peitá-lo. 

A propósito, dois artistas que muito imitaram o  Sylvain em presença de palco jeito foram dois integrantes do Kiss, Gene Simmons e o Paul Stanley - aquele passo alto que o Simmons dá com a perna esquerda quando se aproxima do microfone para cantar foi roubado do Sylvain. Já o Paul Stanley roubou-lhe diversas trejeitos de palco, que todos pensam ser cria do guitarrista do Kiss, inclusive no visdual... O Sylvain, por sua vez, a meu ver, era meio que um misto de Syd Barret com Marc Bolan.

Sylvain tinha o estilo de guitarra todo calcado no rock and roll dos anos 50, mas, recriando o gênero, jogava muito peso e floreios constantes em cima das execuções, embora nem sempre usasse distorção. Mas foi um criador de estilo, e um estilo muito pessoal e particular de tocar e arranjar as músicas. 

Acho o seu riff de “Babylon” o mais lindo de toda a história do rock and roll,  e se um alienígena me pedisse uma amostra de rock and roll para ele conhecer o estilo e o espírito desse gênero musical terráqueo, sem dúvida eu colocaria “Babylon” para rolar...

Enfim amigos, é triste ver que a mais um icônico integrante-chave de um das grandes bandas setentistas nos deixa, todos já indo em direção da casa dos 70 e outros 80! Adolescente ingênuo, achava que eles eram eternos e esse dia nunca chegaria!..., isto, quando desejaríamos que todos fossem eternos e imortais pela alegria que nos deram e terem tornado nossa juventude muitíssimo melhor. Felizmente, suas obras fantásticas estão aí para todas as gerações seguintes se esbaldar pela eternidade afora.

Reconheço que ele não foi tão famoso e deu tanto ibope quanto seu parceiro de guitarra na banda, o não menor Johnny Thunders (1952-1991), guitarrista insano, tão talentoso quanto auto-destrutivo; mas, para mim, o Sylvain Sylvain era o cara! 

À propósito, Sylvain e Thunders encarnavam o próprio espírito do "fenômeno" da chamada "twin guitar", pois eram muito semelhantes no compor, no executar e florear as canções, de modo que, para mim, era a melhor dupla neste quesito: não eram virtuosos no executar, no solar, mas sim no compor com maestria. Inclusive, Jimmy Page ao ver Johnny Thunders tocar, seu visual provocante e sua postura muito louca no palco, vaticinou que ele seria, em breve, o novo "guitar heroe”, opinião que foi um evidente exagero de Jimi...

Deus o tenha, Grande Mestre Sylvain Sylvain! 

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

AS TINTAS TÓXICAS E OS RISCOS DA TATUAGEM

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Tatuar o corpo pode ser uma decisão perigosa para sua saúde, já que as tintas utilizadas podem ser tóxicas. Tintas coloridas, muitas vezes contêm chumbo, níquel, cádmio, cromo, titânio, além de outros metais pesados que podem provocar alergias ou doenças como o câncer. Por exemplo, as tintas de cor vermelha, laranja e amarela são as mais perigosas, uma vez que contém um compostos chamado “azólico”, que se desintegra quando exposto à luz solar, que se espalha pelo corpo e podem aumentar o risco de câncer. As cores verde e azul metálica contém níquel, composto que pode causar alergia, e os compostos resultantes são tóxicos e cancerígenos. Já a cor preta, a menos perigosa, possui substâncias venenosas como o “carbon black”, composto à base de alcatrão, petróleo, e borracha, que contribuem para aumentar as toxinas no corpo, o que facilita o surgimento de doenças. Um outro produto químico usado para fazer a tinta preta é o benzopireno, conhecido por ser um potente cancerígeno se usado na pele de animais. Segundo uma recente pesquisa norte-americana, apenas dois terços das tintas utilizadas nas tatuagens permanecem sob a pele, e o restante se espalha através do corpo: “‘As substâncias vão para o sangue, para os nódulos linfáticos, os órgãos, e vão parar em algum lugar. Onde, exatamente, não se tem ideia", relata o dermatologista Wolfgang Bäumler.

Peter Laux acrescenta que "também há no mercado substâncias para tatuagens que cumprem os requisitos". No entanto, é difícil para o consumidor definir qual substância é boa e qual não.

O site DW traz a seguinte e preocupante informação:                            

 “Quem gostaria de injetar alguns gramas de verniz de carro sob a pele? Ou um pouco de fuligem resultante da combustão de petróleo ou alcatrão? Provavelmente ninguém. Mas isso é o que recebem todos os que se deixam tatuar. ‘Os pigmentos para tatuagens contrastantes e de longa duração foram desenvolvidas para cartuchos de impressora e tintas de automóveis’, revela Wolfgang Bäumler, professor do Departamento de Dermatologia da Universidade de Regensburg, em entrevista à DW. Acima de tudo, as tintas de tatuagem não foram desenvolvidas para estar sob a pele. Grandes empresas químicas fabricam toneladas de pigmentos coloridos, principalmente para fins industriais; empresas pequenas os compram e transformam em produtos para tatuagem. ‘As substâncias nunca foram testadas para aplicação subcutânea’, diz à DW Peter Laux, do Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos (BFR) em Berlim. ‘A própria grande indústria diz que, na verdade, os pigmentos não são feitos para isso’."

Lembremos que nossa pele, que pesa em torno de 3 quilos, é o maior órgão externo, órgão que respira, elimina toxinas, absorve a luz solar e sintetiza a vitamina D. Em cada 5 centímetros quadrados da pele humana consistem de 19 milhões de células, 60 pelos, 90 glândulas sebáceas, 6 metros de vasos sanguíneos, 625 glândulas sudoríparas e 19 mil células sensoriais. Repararam quantos órgãos e quanta atividade há numa ínfima fração de pele, de modo que é difícil acreditar que as tintas de tatoo uma vez aí injetadas não comprometem todo este intrincado e delicado sistema.

É bom também não esquecer que uma tatuagem pode mascarar evidências de uma doença na pele. O site Vixe! traz uma ocorrência:                            

“Um caso de 2013 exemplifica muito bem esse risco: um homem só teve o diagnóstico de melanoma depois de remover uma tatuagem com laser – o crescimento do câncer não foi visto a tempo, pois a mancha estava coberta por tinta preta.”

Já a tinta preta pode causar queimaduras quando se faz ressonância magnética, e elas são provocadas pela formação de correntes elétricas que reagem com o óxido de ferro da tinta que está na pele.

Também nada se comenta se as tintas usadas em tatuagens são ácidas ou alcalinas, e, no caso destas últimas, o contato com elas pode neutralizar o sistema de defesa da própria pele. Até o momento, as substâncias para tatoo não foram sofreram testes para avaliar seus riscos. Faltam pesquisas em seres humanos, de longo e de curto  prazo, e, além disto, experimentos com animais são vetados. 

Após estes esclarecimentos, amigos e amigas, vocês acham que vale a pena mesmo arriscar a fazer tatuagens no corpo?

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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

O CORTE DE CABELO "À ESCOVINHA"


Quando era criança, a moda capilar que rolava nas cabeças dos homens, seja crianças, seja adultos, era o tal de "Escovinha", que era um corte que mantinha o cabelo curto no alto da cabeça e as laterais rapadas. Na verdade, originalmente, ele é um corte de cabelo utilizado pelos militares do mundo todo até hoje. 

A moda foi desaparecendo aos poucos com o surgimento dos hippies cabeludos, sumindo antes dos meados da década de 70. 

Depois, quando adolescente, ao ver fotos minhas e de meus irmãos com o tal corte à escovinha, rockeiro que era, eu achava horrível aquilo. Não, não era nenhum ranço com os militares, nem com a ditadura, que não me afligia na época (e jamais me afligiu), aliás, este corte é a cara dos militares e lhes cai muito bem! 

Por outro lado, não sei porquê, nunca me esqueço que este corte de cabelo me remetia à cabeça dos filhotes de rolinha mal implumes que eu via em seus ninhos pelas árvores quando criança morando na Usina Palmeiras (Araras-SP), filhotes que, igualmente, eu achava feios prá danar. 

Mas acontece que se eu já achava feio o corte à escovinha naqueles tempos, imagina hoje ao revê-los na cabeça de funkeiros, e como corte exclusivo de manos!...

Como curiosidade, gostaria de comentar de como este tipo corte escovinha surgiu entre os militares. Falando deste assunto, isto, em 1908, o político e escritor Generoso Ponce Filho, em seu livro “O menino que eu era” (1967), relembrou: “Passam-se meses, e com o serviço militar, surge a voga das cabeças raspadas, antecipação da devastação capilar à Yull Bryner. Eu ardia de vontade por imitá-los. Acanhado, comecei pedir a tia Filinha mais, um pouquinho mais, quando ela veio cortar nosso cabelos. Às páginas tantas ela me disse:  ─ “Generosinho, eu já vi tudo.  Você quer raspar a cabeça como esses voluntários, que passeiam no Jardim. Não reclame depois. Sorri encabulado, mas concordante… Usando a máquina zero, pôs-me up to date, expressão muito usada então. Mamãe não gostou nada, ela que adorava aqueles cachinhos caídos em Corumbá.”

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