sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

A ARTE DA GUERRA

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Um tal de Edinho Terra escreveu: "Minha vó sempre dizia: 'Se bater com a mão vc apanha junto, tem que ser com alguma coisa'."

Sábias palavras da vovó, ao estilo Maquiavel, e que poucos se dão conta!...

Cheguei à essa conclusão anos atrás em uma briga minha num bar em Araras, quando chutei a cara de um panaca após derrubá-lo. O peito do pé ficou doloridíssimo já no dia seguinte a ponto de eu mancar para andar.

Então, brigar daqui para a frente (mas espero nunca mais brigar), é só na base da defensiva, e usando um porrete, um sarrafo, garrafada ou cadeirada, dentre outros artefatos oportunos, pois esse negócio de usar o próprio corpo como arma - isto, para quem não pratica artes marciais -, é roubada, pois a gente acaba se machucando também com as pancadas. E é importante frisar (e agora quem alude ao Maquiavel sou eu), quando der a pancada, dê uma pancada bem forte a ponto de tirar de vez o rival da jogada e ele não levantar mais, pondo um ponto final na questão.

Portanto, rivais, mantenham distância e fiquem na sua e em paz, senão!...
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“FOGUEIRINHA DE PAPEL”



Sempre que ouvia o reggae "No Woman No Cry", canção vertida e regravada pelo Gilberto Gil, implicava com o trecho da letra onde ele canta "Junto à fogueirinha de papel", pois, para mim, isso era coisa boba, que "não existia", pois que adulto faz uma fogueirinha de papel, e para quê? Afinal, fogueirinha de papel não aquece ninguém junto à ela!

Porém, um certo dia em minha casa, tendo em minha companhia meu afilhado Yan e seu irmão Yago, quando dormia no sofá, subitamente acordei com um forte cheiro de queimado e a sala toda tomada por fumaça. Eram ambos que, malucos que são por fósforos, brincavam no quarto ao lado, onde, em cima de uma bandeja de estante de aço, estavam a colocar fogo em folhas e mais folhas de papel... Ali estava, enfim, nada mais nada menos que a tal da “fogueirinha de papel” de que falava o Bob Marley - sim, o mesmo que costumava fazer uma fumaceira danada com um certo tipo de cigarro...

Contei a história para a mãe de ambos, crendo que ela fosse repreendê-los (mas não era essa minha intenção), e ela admitiu que foi impossível não rir imaginando a cena. Depois, eu ri também...

Pena não ter fotografado a cena, como sempre faço com as estrepolias desses dois meninos que eu amo, mas, da próxima vez, eu vou entrar na brincadeira também!...
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sábado, 4 de janeiro de 2020

CURIOSIDADES SOBRE OS ROLLING STONES



No Brasil, a tradução à Rolling Stones costuma ser Pedras Rolantes, porém, a tradução mais apropriada, melhor, a tradução fiel é Seixos Rolados, o que não soa muito legal, e até incompreensível pra muitos. 

Muitos não sabem, mas seixos rolados são aquelas pedras de formato arredondado e superfície lisa encontradas seja nos leitos, seja nas margens de rios, características ocorridas pela ação das águas durante séculos, de onde são retiradas e utilizadas em construção civil, artesanato e ajardinamento.

O batismo da banda é inteligente, pois eles estão sempre se renovando, não param e parecem não envelhecer, pelo menos no que diz respeito à identidade e à musica sempre instigante e invulnerável ao tempo. Aliás, - o que é surpreendente - estão sempre fazendo novos fãs entre as novas gerações, o que os torna campeões de permanência no show bizz.

Um sinônimo para Rolling Stones, caso uma banda do mesmo estilo quisesse, oportuna e espertamente, "plagiar" o nome seria Rocks Rolling, o que aliás, é um ótimo nome para uma banda cover, e batismo mais rockeiro até.

Fica aí a dica, stonemaníacos!
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quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

"A GRATIDÃO E A DÍVIDA MAIS GOSTOSA DE PAGAR" (meu primeiro texto do ano...)

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A gente, às vezes, fica tão indignado com o modo com que certas pessoas nos tratam, que chegamos até a pensar absurdos. 

Ocorre que eu sou uma pessoa generosa e que gosta, naturalmente, de dividir certas coisas que tenho, de presentear, de ser prestativo, de ajudar o próximo, de ser solícito etc., hábito que, ironicamente, leva às vezes a me sacrificar e até mesmo a sofrer, seja mental, seja física, seja monetariamente. Se é um ato obsessivo, não sei.

Mas chega aquele dia em, como diria o Machado de Assis, a gente “vê mal pago um benefício”, e o sábio aconselha a não nos irritarmos, e, conclui: “antes cair das nuvens que de um terceiro andar”. Mas acontece que eu já me cansei de cair das nuvens... 

Não que eu queira ser retribuído no bem que fiz ao meu semelhante, pois, como bom devoto de São Mateus, ajo como naquelas do “não saiba a mão esquerda o que fez a tua direita”, digo, jamais fico esperando que o próximo me trate do mesmo modo, que proceda da mesma maneira ─ simplesmente não espero nada; ou quase nada, já que imagino que ele, quando necessário, deva reconhecer o benefício feito, por mais indignado que esteja com a gente e por mais que sejamos incompreendidos. Assim, vale reafirmar que o que eu “cobro” dos “contemplados” é nada mais que a gratidão, e, na verdade, o que me agrada mesmo é, simples e despojadamente, vê-los felizes com meu gesto, e isto me faz um bem danado, apesar de como disse, sofrer às vezes com isso.

Porém, devemos saber dosar esses benefícios, pois corremos o risco de, com a frequência, eles meio que deixarem de ser um benefício e o contemplado os encarar quase como uma obrigação para com ele, principalmente quando se trata daqueles ingratos que rompem com você mal acabem estes benefícios. E não imaginem vocês que, com isso, me coloco numa condição em que as pessoas passem a me dever favores, ou mesmo que fiquem como que subjugadas a mim  longe disso.


O problema é quando surge aquela inevitável situação, por um probleminha besta qualquer ocorrido entre ambas as partes, em que a gente lamenta dizendo que fazemos 99% de bem ao próximo, mas quando cometemos 1% de erros para com ele, este mero 1% é tudo o que ele se lembra e o que basta para que ele se revolte contra nós e esqueça de vez todos os 99% de benefícios, e, nisto, chega até romper a amizade!... Poderia até dizer que talvez seja caso de memória ruim, mas, no fundo, é ingratidão mesmo.

Também sou o tipo de pessoa que detesta pedir favores aos outros e depender delas para o que quer que seja, mesmo porque, na maioria dos casos, ou eu não sei como pedir ou tenho vergonha disso, e principalmente, tenho um tremendo receio de, nisto, incomodar as pessoas sendo inconveniente com meus pedidos. Mas, às vezes, a gente necessita mesmo de algo delas ─ coisas simples, um favorzinho qualquer que elas bem poderiam fazer ─, mas, aí, vem o “não” acompanhado de uma desculpa esfarrapada qualquer, e ficamos decepcionados, indignados até.

É um absurdo? Sim, é um verdadeiro absurdo, mas certas ingratos parece que só entendem esta linguagem mesmo.... Porém, relembro mais uma frase do grande Machado do Assis” onde ele diz “A ingratidão é um direito do qual não se deve fazer uso.”

Certamente, amigos, este é um texto amargo para dar início à um novo ano? Sim, é, mas, mesmo assim, procurarei não me arrepender do bem praticado, e continuarei sendo os 99% de sempre, por mais que me indigne os tais 1%!...
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terça-feira, 20 de agosto de 2019

REVOLVERES, FACAS E CAIXAS DE FÓSFORO: MALES NECESSÁRIOS?...

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O Tom Jobim, de tanta indignação por ver a incompreensível mania de os brasileiros colocarem fogo nas matas, disse, décadas atrás, que "o homem devia ter passaporte para andar com uma caixa de fósforo". A colocação, mesmo com as melhores intenções possíveis, não foi perfeita, digo, não foi uma boa analogia - o correto seria ter dito que o homem devia ter algo como uma licença para poder portar caixa de fósforos. 

Mas, aonde quero chegar? Se o homem é um criminoso dependendo do uso que faz, por assim dizer, de um artigo do lar: a caixa de fósforos, a faca - outro artigo - vai pelo mesmo caminho: um inocente item de cozinha que, mal utilizada é uma arma igual ou pior que uma caixa de fósforo.

Então, se antes, o homem que possuía revolver ou espingarda dava um jeito de escondê-la em casa, em lugar não acessível às crianças, parece que agora, na falta de armas, quem terá de ser escondido são as facas, e pelas mulheres... Explico: é uma ironia a colocação, mas ela não foge à verdade. Mulheres que tem maridos violentos, ou as que tem aqueles que não se conformam com o final de uma relação e que depois vão "visitá-las", escondam suas facas - pois basta uma discussão, uma briguinha qualquer, e o brutamonte vai para a cozinha e, daí, já se sabe o que pode acontecer... Isto, quando o monstro não aparece de surpresa com sua própria faca ou canivete escondido - aí não tem jeito...

A caixa de fósforo, assim como o isqueiro, também não deixam de ser armas brancas, e os crimes cometidos na sua posse são, p. ex., colocar fogo na natureza, incendiar ônibus, pneus e até mesmo colocar fogo em moradores de rua e colchões de penitenciárias... E aí, notamos que entram mais dois itens na lista do portes perigosos: o cigarro e o galão de gasolina... Quanto ao cigarro, podemos concluir que se ninguém fumasse neste mundo, muitíssimo menores seriam as queimadas que assolam o planeta, mas... Já o galão de gasolina é mais fácil de coibir, desde que os postos de gasolina vetem sua venda, mas quem vai impedir a venda de caixa de fósforos e isqueiros? 


Assim como há lei para porte de armas, devemos, na atual conjuntura criar projetos de lei que objetivem criminalizar o porte de armas brancas incluindo cigarros, caixas de fósforo, isqueiros, facas, galões de combustíveis e afins?

À propósito, ultimamente tem maridos inconformados visitando esposas portando caixa de fósforos e galão de gasolina!... Onde iremos parar neste Brasil?! Pobres mulheres!

WOODSTOCK, A CONTRACULTURA E A DITADURA

O que quero mostrar neste post é que, mesmo nos chamados "anos de chumbo", eles foram tempos incríveis, intensos e criativos para nossos artistas nas mais variadas áreas, seja música, seja teatro, seja literatura. Parece até que a repressão estimulava a criatividade, como numa espécie de revolta, ou mesmo vingança, e esta não é opinião só minha. Mesmo com todos os medos e limitações, analisando os trabalhos que deixaram, notamos claramente que eles deram o melhor de si e criaram obras fantásticas naquele que é um dos períodos mais fecundos e criativos deste País, ou seja, o fenômeno da Contracultura por aqui.

Leiam este trecho de reportagem (sobre os 20 anos de Woodstock e sua repercussão no Brasil), a cargo de um dos ícones desse movimento no Brasil, o Antonio Bivar (1939), escritor e dramaturgo brasileiro - sujeito que abraçou a onda hippie e o drop out, e viveu intensamente esta época. Notem que, a certa altura, ele confessa com sinceridade, falando como que em nome da galera daquela época: "Na verdade, mesmo com todos os seus momentos difíceis, foram, por assim dizer, os melhores anos de nossas vidas."

Mas aonde quero chegar? Pois bem: esse depoimento deve analisado e ser levado em conta pelas novas gerações, de modo que saibam que mesmo com a "guerra" e aquela repressão toda, as perseguições, as censuras, o exílio de alguns, o escambau, os artistas em geral curtiram muito, criaram demais, deixaram obras-primas definitivas e eternas.

E vou mais longe ainda, e vou fazer uma pergunta aos músicos de MPB, aos rockeiros, aos teatrólogos e escritores da época. Amigos, digam se, na verdade, lá no fundo, vocês não queriam voltar à essa época instigante, e digam também se ela não foi a melhor de suas vidas com as obras que lançaram, os shows que fizeram, as peças que encenaram, as viagens pelos País, os festivais, a galera da época, aquele período mágico de criação?

E quem escreve aqui é também, de certo modo, uma testemunha ocular da história, de modo que endosso a colocação do Bivar sem pestanejar, pois, mesmo naquela minha fase de menino à adolescente (no auge da Contracultura), eu acompanhei tudo e me joguei de corpo e alma no movimento: no dia-a-dia, nos shows que ia, nos programas de TV que assistia, nas revistas que lia, nos discos, revistas e livros que comprava, etc. , e posso garantir que nada foi melhor e mais incrível que aquilo tudo, e tanto o é que essa geração de artistas faz sucesso e é endeusada até hoje pelas novas gerações, e tenho a certeza que serão eternos!

Enfim, a benção, Bivar! Evoé, Contracultura!


quarta-feira, 10 de abril de 2019

AS MALUQUICES DO HERMETO PASCHOAL E DO CESAR LOUCO NA ARARAS OITENTISTA

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O Hermeto e sua partitura
No já distante dia da graça de 12 de março de 1987, a banda do mundialmente famoso multinstrumentista Hermeto Paschoal ia fechar o "III CANTORIA DAS ARARAS" no Ginásio de Esportes de Araras, um festival de MPB criado pelo finado cantor e compositor ararense, Borg Domingues, falecido em 2001, artista que era de minha banda e parceiro de composição em muitas músicas. Foi um festival de altíssima qualidade, do qual participaram todos os vencedores de festivais do gênero do Brasil, artistas que o Borg conheceu em suas participações nos mesmos festivais. Ressalte-se que esses, eram os chamados festivais populares que ocorriam no interior de muitos Estados brasileiros, portanto, nada a ver com os festivais de TV.

O Borg, de cangaceiro, num festival em Leme, com nossa banda.

Depois do festival, o Hermeto foi convidado para ir a uma república de estudantes - a então República Covil -, e ele, para não fugir às suas costumeiras excentricidades, escreveu numa das paredes de um quarto a partitura (complexa) que se vê na foto, de uma música que fez na hora, segundo me disseram! Mas acontece que algum iluminado registrou esse momento histórico, o que pode ser checado na foto! Hermeto batizara a criação de "Música da Parede Linda"...

O flyer do festival

Wenilton e Borg
Lembro-me que, apesar do alto nível do festival, a empreitada resultou em prejuízo, pois, já que, como era de se esperar, o povo de Araras não compareceu... O Borg, nesta época, tinha um violão Ovation - a coqueluche da momento -, e que valia uma nota, e para poder pagar o show do Hermeto, teve que abrir mão de seu estimado violão!... À propósito, o mesmo se deu com um show no mesmo ginásio, em 25 de novembro de 1978, do não menor Arnaldo Baptista - sim, o Loki dos Mutantes -, quando foram fora cerca de 20 pessoas assisti-lo (eu estava lá)!... Prejuízo total, mas o maior foi o prejuízo emocional do pobre Arnaldo, que chegou a chorar nos bastidores! É que, no mesmo dia, havia um show de dança discoteque na AAA e todo mundo baixou lá!...

O "Bruxo"
No mesmo dia do show - e eu presenciei isto - o Hermeto ia dar uma entrevista à TV local a partir do hotel Diplomata, no Jardim Cândida, onde estava hospedado sozinho, e pude vê-lo em mais umas de suas excentricidades: ele pegou duas garrafas plásticas com um pouco d'água cada e começou a fazer música soprando na boca delas, e, alternando, ia bebendo a água de cada uma aos poucos, no que as "reafinava" , e, assim, ia improvisando sons tribais!... O gerente do hotel torceu o nariz para aquilo que, para mim, não era nenhuma novidade! Eu, por minha vez, me esbaldei com a performance!...

O casarão do Horto Florestal do Loreto
No final de tarde deste mesmo dia, soube que o resto da banda do bruxo se hospedou no casarão do Horto Florestal do Loreto junto da maioria do músicos participantes do festival, e lá fomos nós, eu, o Jonas Bueno, o Jairzinho Francatto (baterista de minha banda) e o Cesar Louco, outro grande amigo músico, falecido exatos 10 anos depois do Borg, portanto, 2011. Soubemos também que ia ser  servida um a canja de galinha para a galera, mas chegamos tarde e não havia sobrado nada para nós a não ser arroz e caldo!...

Wenilton e Jair, no ano anterior ao festival
Acontece que, durante o trajeto, enquanto íamos atravessando a avenida central do Nosso Teto I, o Cesar foi no banco da frente ao lado do Jair aprontando as suas costumeiras loucuras... Resultado: o Jair se distraiu com a brincadeira e acabou batendo com uma das rodas da Brasília de seu pai na guia da rotatória, entortando gravemente o eixo, mas ainda dava para dirigir!... (no dia seguinte, o pai do Jair, ao ver o estado do carro, que puxava para o lado, chegou a chorar de raiva!...)

Em vista aérea, a sede do Horto Florestal do Loreto

O lendário Cesar Louco
Depois do "jantar", já à noite, fizeram uma fogueira em frente ao casarão e rolou um som de violão e flauta ali, mas os músicos do Hermeto se limitaram a só olhar, e ficaram rindo vendo o Cesar Louco tocar suas maluquices ao violão. À certa altura, o Cesar - sabe-se lá como! - descobriu (no meio da escuridão!) um pés de rama-de-batata atrás do casarão e, após desenterrar algumas, na melhor tradição secular indígena, trouxe-as para assar nas brasas da fogueira... Foi quando um acontecimento excêntrico se deu, tão louco quanto os do Hermeto, e desta vez, quem estava no comando do espetáculo era o próprio Cesar, que, por seu histórico, poderia ser encarado como o músico equivalente local, digo, o Hermeto ararense  (sim, guardadas as devidas proporções). Mas num quesito, como se verá, o Cesar era melhor que o bruxo - digo, se não era melhor músico, era, por assim dizer, melhor causador de excentricidades... 

A capela do Horto Florestal do Loreto
Pois bem. O doido do Cesar, enquanto ia retirando das brasas as fumegantes batatas e verificando com as próprias mãos se  já estavam assadas, ia improvisando uma cantiga maluca com a voz - um scating engraçado como só ele sabia fazer: retirava as batatas das brasas e ia recolocando-as rapidamente enquanto fazia uma cantiga meio tipo Escravos de Jó (pena não haver celular na época)!... Os músicos do Hermeto se esbaldaram com a performance, riram a valer! Pena que o Hermeto não estava lá.

Jonas Bueno
A uma certa altura, estávamos eu e o Jonas na varanda do segundo andar do casarão, e lá embaixo vimos o Jair - outro maluco da noite -, que havia pegado uma folha de árvore de unha-de-vaca, cortou-a ao meio e colocou sobre o nariz simulando um raybam B&L, e depois ficou desfilando com ela pelo gramado!...

Mas o fechamento da noite com chave-de-ouro ainda estava por acontecer. Não estávamos mais lá, pois tínhamos ido curtir a final do festival com o encerramento da banda do Hermeto. Nisto, estranhamente, o Cesar não voltou para a cidade com a gente. No outro dia, rolou um papo entre os amigos em que o caseiro do Horto contou que um sujeito magrelo e cabeludo entrou no meio da madrugada na igreja do casarão, virou todos os bancos para baixo e o crucifixo da parede de ponta cabeça, e disse que ia fazer uma missa negra no local!... Desnecessário dizer que era nada mais nada menos que o Cesar!... A turma rachou o bico! 

A banda do Hermeto Paschoal em 1989

Hoje, passados tantos anos dessa saudosa e engraçada e maluca noite, fico pensando que, se caso o Hermeto estivesse lá, quem sabe não ia rolar uma jam muito maluca entre ele e o Cesar Louco aos pé daquela fogueira - o bruxo na flauta e o Cesar ao violão!

Não custa sonhar, né, galera!...
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