Journey, Kansas, Toto, Survivor, Foreigner, Styx, Boston, Asia e REO Speedwagon. Ouvi todas estas bandas quando surgiram, mas nunca gostei do estilo de som, e sempre achei que havia uma "semelhança" inexplicável entre elas. Achava-as bandas com um sabor pop que não me agradava, algo meio musak (música de elevador).
Quando meu irmão apareceu em casa com o primeiro disco do Boston (ao que parece a primeira banda AOR), eu ouvi e pensei: "Tem alguma coisa aí de som comercial nisto".
Soube hoje, após décadas (imperdoável...), que são as tais bandas do gênero AOR. Hoje, constato que o meu conhecimento de rock, me levou, ainda que de maneira "inconsciente", a traçar um paralelo entre elas, ainda que eu não soubesse que era um estilo "intencional", um movimento musical (será que foi?).
AOR significa "Adult Oriented Rock" (rock direcionado para adultos), e trata-se de uma fusão entre rock, hard e progressivo surgida no final dos anos 1970 e início da década de 1980, caracterizada por uma sonoridade rica e cheia de camadas, produção cristalina e uma forte presença de melodia e refrões fortes.
Hoje, sei que, se for me referir à elas, não preciso ter o "inconveniente" de ficar listando banda por banda - que respeito e são bandas ótimas - mas apenas dizer a sigla que resume tudo: AOR.
O caso é um mistério, e envolve dois pintores, duas empresas do ramo e um proprietário delas.
Mas, vamos ao mistério, porém, antes, deixem-me esclarecer que esta minha abordagem não é inédita, pois há pelo menos diversas publicações anteriores, mas todas elas omitem o nome de um dos pintores. No entanto, dentre as três abordagens, a minha traz mais um fato e é nele que reside o principal mistério a que me refiro, mistério, por sinal, de difícil solução, pois exige pesquisas mais profundas.
Os cinco envolvidos são: dois pintores, o italiano Alessandro Sani e o brasileiro Joaquim Miguel Dutra; duas as empresas: a "Chocolates Gardano" (e seu proprietário) e a Nestlé.
Tudo começa no distante 1957, quando a Nestlé compra a empresa "Gardano" (sim, ela já tinha esta tática há muito tempo...), que já comercializava o chocolate em pó com a ilustração dos frades: a usada pela Nestlé. A "Gardano" fora fundada em 1921, na cidade de São Paulo, e após a posse da Nestlé, alguns dos antigos produtos foram mantidos com os rótulos originais, porém, incluindo o logo da nova marca. Acontece que o ex-proprietário da empresa, Paulo Gardano, era um apaixonado por arte e usou como ilustração da embalagem uma pintura do citado Sani, pintura esta batizada como "Il piatto favorito" (O prato preferido), onde aparecem dois frades degustando, segundo alguns, uma refeição de frango com batata. No site leiloeiro "Invaluable", o título desta pintura é "Testing the recipe" ou "The Gourmet".
Alessandro Sani, "Il piatto favorito" (O prato preferido)
"Testing the recipe" ou "The Gourmet"
Apesar da mudança de nomes, a Nestlé manteve a mesma imagem escolhida por Gardano, porém, inverteu seu sentido, espelhando a imagem, e também mudou o desenho da tigela além de eliminar parte dos corpos dos frades com o tampo da mesa. O nome "Gardano" permaneceu no mercado até 1959, quando foi substituído pela marca Nestlé. Anos mais tarde, em 1975, a Nestlé registrou a marca "Dois Frades" para o tradicional Chocolate em Pó Nestlé,e, em 1991, foi registrada a marca Chocolate dos Padres pela companhia. Abro aspas aqui para lembrar que o Paulo também criou a embalagem do "Alpino" (outro produto da Gardano) e ela foi utilizada em seu desenho original por muitos anos. Esta embalagem era um embrulho de um fino laminado dourado e chanfrado, coberto por uma tampinha de papelão com alça envolvendo o chocolate (alguém se lembra?). Porém, hoje - opinião pessoal - é aquela embalagem toda amassada e sem a tampinha que depõe contra a alta qualidade deste conceituado chocolate da Nestlé. Relembro também, que a ultra-famosa e extinta pastilhas "Mentex", era obra também do bom-gosto da Gardano, e o porquê de a Nestlé tê-la tirado do mercado hoje constitui também outro mistério a ser desvendado...
Uma pausa aqui: Alessandro Sani nasceu e residiu na Florença, sendo considerado um dos últimos grandes pintores da Itália, e foi um dos poucos artistas que permaneceu no País durante a imigração em massa para os EUA e Brasil no final do século XIX e início do século XX, fato que tornou seus quadros um raro acervo de obras de arte italianas produzidas neste período.
Joaquim Miguel Dutra
O Wikipedia (mais confiável) traz as datas de nascimento e morte de Sani em 1856 e 1927, mas outros site dão 1870 e 1950. A publicação da Veja (e não se sabe onde ela obteve esta informação) traz a data de feitio do quadro de Sani para 1913, enquanto o leilão do E-Bay dá a data 1931. Porém - e é aqui que começa o grande mistério -, existe uma pintura semelhante à de Sani, "Frades com Macarronada", datada de 1911, de autoria do supra-citado Joaquim Miguel Dutra (1864-1930), pintor piracicabano, também decorador, músico, escultor e professor. Sim, a pintura de Dutra não foi utilizada na embalagem da Nesté, mas a pergunta que fica é se Sani, para fazer seu quadro, se inspirou na pintura de Dutra, ou o contrário.
Mas, outra pergunta se faz necessária: a pintura de Dutra era conhecida na Itália, e se sim, o Sani travou contato com ela e fez uma releitura? O paradeiro atual da pintura de Dutra não sabemos, mas uma reprodução sua está no site do Enciclopédia Itaú Cultural.
Outras buscas na Internet me levaram a uma gravura vendida também no site E-Bay - uma reprodução desta pintura creditada ao Dutra - o que aumenta mais ainda mistério -, e ela traz o título "Macaroni", com data de 1893.
Aliás, aqui começa uma verdadeira confusão: esta imagem dos padres degustando macarrão - repito: creditada ao Dutra pela Enciclopédia Itaú Cultural - reaparece em diversos outros sites sendo ela creditada ao Sani e também mencionado como a imagem do Chocolate em Pó da Nestlé! Dentre os sites, um deles, o "Segredos de Cozinha", talvez lance uma luz no mistério, onde, se referindo à pintura creditada ao Dutra, lê-se: "A tela aí de cima, "The tasting", é outro óleo do mesmo pintor e foi vendida recentemente, em um leilão realizado pela Christie’s de Nova York, por US$ 6.000." A publicação deste site traz a data 23 de fevereiro de 2007. O site "Karla Cunha" vai na mesma toada e diz: "'The Tasting', outro quadro do autor, que brinca novamente com figuras religiosas e o pecado da gula." Esta imagem serviu como ilustração de um livro lançado em 1999: "The Art of Being a Good Friend: How to Bring Out the Best in Your Friends and in Yourself", de Hugh Black.
O quadro de Sani (o do frango com babata) apareceu duas vezes em leilões pela internet do site "Invaluable", em 2001 e depois em 2015, mas não me informei se ele fora vendido. Nestes sites, a pintura tem nomes diferentes do dado ao quadro em poder da família Gardano: no "Invaluable" vem como "Testing of recipe" ou "The gourmet", e no E-bay como "Monks" (Monges).
Segundo Andrea Gardano Bucharles Giroldo, o quadro de Sani "está com a minha mãe, Marilena Gardano, neta de Francesco Gardano que, ao lado de Mário Gardano, foram os fundadores da fábrica de chocolates Gardano." Surpreendetemente, na Internet podemos encontrar o mesmo quadro à venda num leilão internacional. A mãe também se manifestou no mesmo site: "Realmente o quadro dos frades encontra-se comigo e nele lê-se bem a marca Gardano. Por 5 ou 10 anos essa embalagem com a imagem dos frades não pode ser usada pela Nestlé. Acredito que nunca devia ter sido dada essa permissão já que mais tarde construíram a Fabrica Dulcora também de chocolates e a imagem que era originalmente deles não pode ser usada."
O quadro em poder da família Gardano. * Notem a diferença de moldura do anterior.
No meu entender - se a Enciclopédia Itaú Cultural não cometeu um grande equívoco atribuindo a pintura de Sani ao Dutra -, penso que este recriou a pintura de Sani, que era famoso por pintar diversos quadros do gênero ironizando religiosos animados e glutões, e no lugar de frango com batatas, colocou algo mais italiano, a macarronada. Depois veio a Gardano e abrasileirou a desgustação com uma boa panelada do nosso famoso produto de renome mundial originário da bacia hidrográfica do rio Amazonas, o cacau... De todo modo, Sani é reconhecido por seus quadros que são verdadeiras sátiras à vida doméstica e o dia a dia dos frades, temática que geralmente foge dos quadros normalmente pintados por Dutra, um exímio paisagista, muito embora Dutra pintasse temas religiosos em igrejas, como é o caso em questão da Basílica de Araras.
Para incrementar mais ainda o debate, encontrei no site "Belgin Club" uma outra variante destes quadros do Sani, denominada "Dois monges bebendo", creditada segundo o dono deste blog ao pintor belga Adrien Henri Vital van Emelen, cujo motivo de degustação é uma garrafa de vinho. Para variar, o blogueiro pergunta se não foi esta pintura que inspirou a dos frades do chocolate da Nestlé... Adrien Henri Vital van Emelen (1868-1943) foi um escultor, pintor e professor belga que se radicou no Brasil em 1920. Ele viveu em São Paulo, e realizou diversas obras encontradas ainda hoje no Mosteiro São Bento, e, portanto, diríamos que a temática "fradiana" era "familiar" ao Emelen...
Notem, então, que há vários mistérios: duas pinturas iguais de Sani (a do frango com babata), uma com a família Gardano e outra leiloada em sites internacionais, além de outra variante dele também, a "Testing" (que a Itaú diz ser do Dutra). A pergunta que fica: das duas primeiras, uma delas é reprodução ou Sani pintou dois quadros semelhantes? O outro mistério diz respeito às datas da pintura do Sani e da do Dutra: como vimos, a do primeiro pode ser de 1913 ou 1931, e a de Dutra de 1911, por sinal, época que ele esteve em Araras pintando os quadros da Matriz, lembrando que, diga-se de passagem, a empresa Nestlé já existia quando Dutra esteve na cidade. Esta suposta pintura de 1911 do Dutra, o site E-Bay dá-lhe a data de 1893, mas traz Sani como autor.
Como se vê, e como afirmei, só mesmo profundas pesquisas irão sanar esta dúvida, mas ainda creio que o erro mais grave se deve à Enciclopédia Itaú Cultural - em suma, o quadro seria do Sani e não do Dutra. Um solução para isto é contatar o fotógrafo (austríaco?) citado neste site, o Horst Merkel, que fez a reprodução fotográfica do quadro, perguntando-lhe sobre qual material fez a foto: um quadro ou uma gravura, e quem está em poder desta obra. Geralmente, as fotos dele são feitas a partir de quadros expostos em museus.
Aqui, algumas da pinturas internas da igreja Matriz "Nossa Senhora do Patrocínio", hoje Basílica, feitas por Dutra nas paredes e no teto, obras devidas, segundo ele, à seus "fracos préstimos"...
À esta altura, amigos, embora ambos trabalhem com motivos religiosos, reparem que o estilo de fisionomia humana do Dutra difere sensivelmente do de Sani.
Enfim, amigos, ao contrário de todas as pessoas atentas a estes pormenores, como, modéstia à parte, eu e os citados acima, poucos sabem que quem compra um quadro de um artista, não obtém o direito de comercializar a imagem sem a permissão legal do autor ou da família do finado autor, e, pelo jeito, nem mesmo os Gardano e a própria Nestlé sabem disto..., mas, fica outro mistério: se o Sani e o Dutra (e o Emelen?...) estão indignados rolando em seus túmulos, é coisa que sabemos menos ainda!...
Em minha leituras de livros de sertanistas, exploradores, viajantes, desbravadores, expedicionários, cientistas e afins, coletei algumas curiosas expressões usadas para indicar as touceiras ou pequenas ilhas cheias de vegetação (sim, elas tem nome!) que às vezes vemos flutuando em lagoas ou descendo rios, geralmente desgarradas de moitas de terra com plantas aquáticas. Embora a maioria das expressões designe uma planta específica, elas também são usadas para indicar um bloco desgarrado delas. Aqui, os nomes coletados:
- Canarana (Estado de São Paulo)
- Capituva (Estado de São paulo)
Às vezes, curiosamente, elas vem com galhos incrustados onde se pode ver aves pegando carona nelas, assim como há nadadores que brincam nas mesmas quando elas surgem nos rios!...
* Em Araras-SP, na represa "Zézito Lemos", já vi este fenômeno algumas vezes.
Eu me lembro de Araras, naquela época da ditadura, de certas pessoas que conhecíamos de vista, ou que eram famosas na cidade, gente que sofria deveras com a repressão e a violência perpetrada pelo governo militar. Víamos essas pessoas pelas ruas, becos e vielas e praças, sempre andando furtivamente, com os olhos esbugalhados, enclavinhados ─ paranóicos até ─, tremendo de medo cada vez que mal viam a polícia ou militares. Geralmente, eram professores, escritores e artistas da vida, bancários, contraventores, amantes de ideologias exóticas etc., gente que, depois, foram presas e torturadas; e, até mesmo, muitos deles nunca mais vimos! Disseram que “os homens deram sumiço neles”. Era gente que não se misturava, de vida secreta e sinistra, que sempre evitava sair de casa, e se saía, lá vinha a tal de paranoia...
Também se incluía neste caldeirão oposicionista os poetas marginais, os compositores de MPB subversiva (sim, eles existiam em Araras!) e músicos de rock. Todos estes, eram gente que tiveram suas criações censuradas e suas modas reprimidas e condenadas. Pobres rockeiros, que também tiveram seus cabelões (“cheios de piolhos”) cortados e os discos proibidos, que não conseguiam tocar com suas bandas, pois a polícia vinha e arrebentava a galera, acabava com o show e prendia meio mundo. Do mesmo modo, não podiam ir aos bares da moda, em shows em outras cidades onde havia circuitos de bandas de rock, em festivais de música, em peças de teatro etc.
Já eu e minha turma, e outras turmas, amigos da escola, conhecidos das lanchonetes, das sessões de cinema e footings na praça, também meus familiares ─ na verdade, muitas pessoas da cidade ─, ficávamos só vendo, à distância, ou sabendo destas coisas ruins acontecendo com aquela gente lá do outro lado... Nós, na verdade, éramos todos uns caretões, gente certinha demais que só bebia Coca Cola e que ia dormir às 10 da noite, de modo que nada sofremos dessas coisas terríveis infringidas pela ditadura àquela gente inocente que sofria injustamente nas mãos dos brutamontes dos meganhas.
Meu Deus, como essa pobre gente sofreu na Araras daqueles tempos! E, quanto a mim, nunca mais quero reviver aquilo, e quero mesmo é esquecer tudo o que aconteceu! Isto é página virada na história de Araras!
Uma pausa aqui.
Estão estranhando algo neste texto, amigos? Se sim, saiba que vocês estão certos! Como podem ver, esta história acima é mentirosa, é ficção, é utopia, que isso nunca existiu na cidade. E o que existiu não passou de um certo medo dos atiradores do Tiro de Guerra local de que o Lamarca ou o Marighella viessem, na calada da noite, assaltar a corporação e roubar os armamentos.
Mas, amigos, querem saber mesmo quem são essas pessoas que sobreviveram à toda aquela monstruosidade e carnificina militarista? Essas pessoas, caros ararenses, são esses “artistas” que ficam aí nas redes sociais contando mentiras sobre coisas que jamais viveram ou sofreram naqueles tempos bonançosos de “Cidade das Árvores”... Não passam de saudosistas às avessas que ficam rememorando fatos ditatoriais que nunca ocorreram em nossa terra, e até acreditam que os estão revivendo na “Era Bolsonaro”!...
Vale lembrar que eu nunca vi ou soube, em Araras, de uma pessoa que fosse guerrilheiro, assaltante de banco, sequestrador, comunista, ou mesmo marxista, socialista ou leninista. Na verdade, o que eles iriam fazer naquela cidadela setenta-oitentista que era Araras com todo esse “cabedal”? Se existiu algum, então ele se debandou para os grandes centros, onde realmente deve ter tido serventia, bem como sofrido as consequências por seu ato... Sei de um caso em Araras, e talvez seja o único, no que ele representa 0,01% de sua população, de modo que 99,% da cidade viveu sem tais problemas.
Portanto amigos, não se fiem nas palavras e depoimentos dessas pessoas traumatizadas pelas torturas que só podem ter sofrido em estado onírico... Um dia eles irão acordar e se dar conta de que o que falam não passa de mero lero-lero de periquitos de realejo...
Para finalizar, gostaria de lembrar que, eu mesmo, que era cabeludo e tocava numa banda de rock, nunca sofri com minha banda repressão alguma ou mesmo uma mera intimidação da polícia. Frequentávamos shows de rock e bares da moda onde se reunia toda a rapeize, tomávamos todas, voltávamos para casa naquelas madrugadas de ruas vazias de carros e de gente, e mais, não existiam ladrões como hoje. Todos nós, adultos e jovens daquela época, curtimos tudo o que tivemos direito em qualquer hora do dia e da noite, e a polícia ou militar algum jamais colocou um dedo em nossos cabelos... Havia a chamada “geral”, uma vistoria da polícia em pessoas suspeitas, mas, geralmente, a coisa não passava disso.
Mas, e aqueles nossos conterrâneos, os mesmos que, num saudosismo às avessas, falam no Facebook sobre a ditadura? Saibam, amigos, que eles também desfrutaram de todas aquelas coisas boas, dos benesses da Contracultura, do Paz & Amor, do Flower Power e do Milagre Econômico, tudo no mesmo nível e intensidade de todos os ararenses e e sem problema algum, sem o fantasma dos militares no seu encalço… Tenho dito!
Li, anos atrás, esta incrível expressão de autoria do irmão do ex-Presidente Figueiredo, o genial dramaturgo Guilherme Figueiredo (1915-1997), extraída do livro "Despropósitos (1983), mas, antes que os leitores interpretem mal, ele não se referia ao irmão (como pode parecer), embora se tratasse de um político...
"Quando falava, parecia destruir um roseiral a chicotadas".
Mas lendo o Monteiro Lobato (1882-1948) recentemente, cheguei à conclusão que ele foi mais longe - olha esta pérola dele, do livro "Na Antevéspera (1933), na qual ele se referia a uma nova poeta estreante:
"Gilka Machado dá a sensação nobre de criatura afeita a partir cristais com martelo de ouro ."
* Notem que, porém, o Machado escreveu sua frase 50 anos antes do Figueiredo.
Acabo de passar por um dos meus maiores acessos de raiva dos últimos dias. Nada demais, mas que me deixou completamente puto da vida, e me levou a escrever este texto. Daí que eu saí passear com minha cachorra agora a pouco, e ela teve a infelicidade de defecar em frente a uma casa. Segui adiante, e quando cheguei na esquina do mercado, vi uma paquera minha aqui do bairro que, para minha felicidade, ia fazer compras ali. Prontamente, amarrei minha cachorra no poste em frente, no que a moça parou para falar comigo. E eu pensei: "É hoje!". Depois, ambos adentramos o mercado, e ela foi para um lado e eu para outro. Fiz as coisas de modo a reencontrá-la no caixa, e novamente reencetamos a conversa, e eu já pensando comigo: “Agora é a hora de pedir o telefone dela, ou pelo menos o nome completo para encontrá-la no Facebook!”.
Porém, para um grande azar meu - e põe azar nisso! -, um sujeito dentro de um carro parado ao lado da cachorra pediu para falar comigo. Era o irmão da dona da residência onde minha cachorra defecou em frente... Ocorre que o infeliz, do outro lado da rua, havia visto minha cachorra obrando ali... Nisto, ele achou por bem pegar o seu carro e vir atrás de mim… Dá para acreditar que um sujeito vê algo assim, e pega seu carro vem atrás de você quase dois quarteirões adiante te repreender?! Daí, com toda educação do mundo, resolveu passar um “sermão” em mim, dizendo que eu deveria carregar um saquinho para recolher as fezes eticéteretal… Disse a ele quer sempre saía com minha cachorra passear após lhe dar comida e ela defecar no quintal, de modo que ela nunca faz cocô na rua - era uma exceção -, mas o infeliz ficou ali naquele papinho típico da geração tetéia: " Não, porque você tem..." Caracas, desde que as primeiras cidades surgiram na Mesopotâmia, no distante 3500 a.C, os cães, os gatos, os cavalos, os pássaros e outros bichos defecam pelas ruas, e agora me vem esse senhorzinho me atazanar com esse papo de educação! Será que ele recolhe o cocô dos cachorros desde que ele se conhece por gente, ou ele passou a agir assim depois que virou adepto desse discursinho idiota da geração tetéia?
E a coisa não parou por aí!... Quando voltava para casa, vi o panaca estacionando seu carro em frente à casa dele lá em frente e, mas nada dele descer do mesmo... Pensei comigo: ele deve estar ali dentro para checar se eu vou recolher o cocô de minha cachorra a hora em que eu passar... Mas o o que eu fiz, então? Na maior cara de pau, passei reto e nada de recolher o cocô!... Eu deveria voltar ali depois que ele saísse, e pegar aquele cocô e jogar no portão da casa dele! É isso que ele merecia!
Mas aonde eu queria chegar para justificar minha raiva além desse motivo? Pois bem,voltemos à linda morena que conheci. Quando o senhor me parou para falar com ele, sem ser despedir, a morena foi embora, de modo que eu não consegui pegar seu telefone e sequer saber seu nome! Quando dei por mim, ela tinha desaparecido! Quando voltarei a ver lá, não sei, mas, caso volte ao mercado, terei uma outra grande oportunidade como foi essa?
O que mais me irrita nessas pessoas com esse discursinho moderno de cidadania, é que eles não notam nem reclamam do maior problema que nos causam os cães, ou seja, o fato de eles urinarem em nossos portões de garagem e enferrujarem os mesmos. Disto ninguém fala! Oras, desde quando cocô na calçada é problema? Cocô não polui! Ele traz problemas? Oras, é só prestar atenção onde pisa e desviar dele. E mais: no outro dia ele estará seco. Problema mesmo nas ruas para mim é a poluição dos carros e todas essas porcarias que as pessoas mal educadas jogam pelas chão, como embalagens, guimbas de cigarro, recipientes, restos de alimento processados, uma infinidade de coisas que depois, com as chuvas, vão parar nos rios e mares! E mais, eu sou uma pessoa que não recolhe cocô de cães pelas ruas, mas eu faço questão de pegar uma luva e uma caixa e sair recolhendo os lixos que as pessoas jogam na rua da minha casa todo santo dia. Então, da minha parte, eu digo: "O dia em que, por lei, obrigarem os donos a recolher na rua os cocôs de não só seus cães, mas também de gatos, cavalos, pássaros e outros bichos, eu entro na onda… De todo modo, se eu já não era adepto de recolher o cocô de meu cão pelas ruas, agora que eu não recolho mesmo!... E faço questão que, daqui para a frente, ela passe a fazer cocô em frente à casa desse panaca!... kkkkk... (ô, cara ruim, esse Wenilton!...) Para finalizar, gostaria de dizer que a última vez que tinha visto essa garota faz uns dois meses, e, agora, só Deus sabe quando irei reencontrá-la! E mais: se eu tiver esta felicidade de revê-la, será que irá ser em condição favorável como foi esta última?... Deus permita!
A gênese da nova
teoria da Terra Plana bem que poderia ter por detrás a célebre figura do
cosmonauta russo Yuri Gagarin, que foi o primeiro homem a ir ao espaço, o que
se deu em 12 de abril de 1961. Por isto mesmo, até então, não havia ninguém
melhor que ele para, como testemunha ocular, validar tal teoria. Mas acontece
que, desde há séculos, toda a humanidade estava ciente de que a Terra é realmente
esférica (geoide), de modo de que, quando o russo foi ao espaço, o que ele
esperava ver lá em cima era tão somente uma Terra esférica, e, podemos crer
que se ele se deparasse com uma Terra plana, certamente divulgaria via rádio
que tinha uma novidade para lá de bombástica para divulgar, fato que ia abalar terrivelmente humanidade. Mas, caso ele realmente encontrasse uma Terra não
esférica, poderia ter sido instruído por seus superiores a manter total silêncio
sobre. Poderíamos supor também que Gagarin, por algum motivo particular,
resolveu por decisão própria esconder esta inconveniente verdade de todos, mas,
certamente, homem probo que era, não cometeria tal desatino, pois saberia
depois os riscos que correria caso a verdade viesse à tona.
A primeira foto da Terra feita a partir do espaço
Na verdade, já
existia algo provando que nosso planeta era esférico, o que se deu 15 anos
antes da façanha de Gagarin, naquela que foi a primeira fotografia da Terra
tirada a partir do o espaço, isto, em 24 de outubro de 1946, através de uma
câmera instalada num foguete viajando a 105 km acima do solo, lançado a partir
da Faixa de Mísseis White Sands no
Novo México, EUA. O foguete era um V2 alemão capturado pelos americanos no
final da Segunda Guerra Mundial.
O balão Explorer II
Até então, o ponto mais alto onde fotos (e filmagem, vide vídeo abaixo) foram tiradas
vieram com um balão de alta altitude, o Explorer II, que, apenas uma década
antes, em 1935, havia subido a meros 21,7 quilômetros acima da superfície do Planeta. As imagens mostravam apenas a curvatura da Terra no horizonte, mas é
patente que as fotos feitas a partir de foguetes abriram novas possibilidades
de mostrar a realidade nua e crua sobre a conformação do Planeta. Portanto, a façanha
de Gagarin foi não fotografá-la, mas tê-la visto com seus próprios olhos.
As primeiras fotos e filmagens da Terra através de um balão (1935):
As primeiras fotos da Terra através de um foguete (1946):
Mas, à esta altura (sem trocadilhos...), convém perguntar aos sábios terraplanistas: Vocês acreditam mesmo que, já em 1935, os cientistas estavam investindo em caríssima tecnologia aeronáutica apenas para falsificar fotos e filmagens com o intuito para lá de besta de provar que a Terra é plana?... Convenhamos! Oh, meus caros tontos e alienados: convém esclarecer que o primeiro computador, o ENIAC, foi criado em fevereiro de 1946, e os primeiros programas digitais para edições de vídeo surgiram apenasna década de 1990. Aliás, tenho a plena certeza de que todas estas conjeturas feitas aqui nunca lhes passou pela cabeça, não é?!... Então...
A primeira foto mostrando a curvatura da Terra feita
a partir de um balão a 21,7 quilômetros de altura:
O que se sabe de
real é que, às 9:07hs da manhã deste dia, a partir da nave Vostok, Gagarin disse em alto e bom som a
famosa frase "A Terra é Azul!". Portanto, afirmou que a Terra era
azul e não plana, e se realmente ela fosse plana, com certeza ele teria dito
isto primeiro pois, obviamente, seria o fato que mais lhe chamaria a atenção
─que contrariava séculos e séculos
decrença ─, a não ser que, como já o
disse, após divulgar o fato entre seus superiores, ele tivesse sido previamente
instado por eles a manter segredo caso encontrasse novidades lá em cima. Porém,
ele disse mais, e algo tão impactante quanto: "Olhei para todos os lados,
mas não vi Deus”...
Mas acontece que a
coisa não acabou por aí, pois, apenas três semanas depois de seu histórico voo,
houve um segundo homem a ir ao espaço, o astronauta norte-americano Alan
Shepard, isto, em 5 de maio, e, ao que se sabe, Shepard também não viu nenhuma
Terra plana lá em cima... Curiosa e estranhamente, em minhas pesquisas, nenhuma informação consegui encontrar de que Gagarin foi o pioneiro a realizar fotos da Terra feita por um humano a partir do espaço, o que também parece ter sido o caso de Sheppard, pois não encontrei fotos feitas por este.
Posto isso,
lembremos que, na época, ambas as nações estavam seriamente envolvidas na acirrada corrida espacial, de modo que eram países rivais, e, desse modo,
seria impossível haver um complô entre eles para esconder que a Terra era plana,
mesmo porque esconder a verdade não teria serventia alguma para ambas as nações
─ aliás, seria algo contraproducente e prejudicial à Ciência ─, ou será que
ambas temiam que ocorresse um tumulto à nível mundial caso revelassem que a
Terra não é esférica? Poderíamos também imaginar o seguinte: Yuri declarou que
a Terra era plana, mas Sheppard depois desmentiu, ou o contrário, porém, ambas
sendo ferrenhas rivais, haveria uma concordância entre elas para esconder que a
Terra não era esférica, o que, convenhamos, seria um disparate. E não nos
esqueçamos também que foi o voo de Sheppard que convenceu o presidente John
Kennedy a dar início àquilo que, como vimos, se convencionou chamar “corrida espacial”.
Tudo tem que ter um porquê, e,
analisando esse provável ocultamento que alega ser a Terra plana, não consigo
encontrar um só motivo que seja para que isto não seja normal e amplamente
divulgado. Será mesmo que todas as grandes nações planetárias envolvidas no projeto astronáutico,
e que já mandaram inúmeros homens ao espaço, estão envolvidas num complô mundial para
ocultar isso ad infinitum? Será que pelo menos uma delas não iria divulgar essa
verdade que só os adeptos das estúpidas teorias conspiratórias acham
inconveniente? Que espécie de gritante inconveniência seja esta, eu revolvo a
cachola à cata de uma solução e não atino no com nada que me convença! Será mesmo que haveria
um tumulto generalizado no planeta caso isto viesse a luz? Oras, hoje as
grandes potências mundiais já admitem a existência de UFOs e ETs, e disponibilizaram seus arquivos de registros de décadas de observação e coleta, arquivos estes que sempre foram secretos, e, ainda assim, este material vindo à luz nada de grave aconteceu com a humanidade. Lembremos também que, em todos os
casos de abduções ocorridas no planeta, isto, desde a década 1950, nenhum dos
extraterrestres revelou ou mostrou à um humano abduzido que a Terra era plana. Aliás, os
próprios abduzidos, em muitos casos, puderam ver com seus próprios olhos, a
partir da nave estavam e viajaram para outros mundos ─ segundo
afirmaram ─ , a Terra redonda boiando no espaço... Enfim, por meu lado,
eu digo que faço coro à estas duas testemunhas oculares fidedignas (e "rivais") que
realmente estiveram lá em cima e puderam ver a esfericidade de nosso planeta
com seus próprios olhos ─ Gagarin e Sheppard ─, e, assim, jamais irei me fiar na
opinião insensata de gente que nunca tirou os pés do chão e vive entretido com
teorias conspiratórias tão absurdas quanto ingênuas...
Desenhista profissional desde os 15 anos de idade, tendo trabalhado nas mais diversas áreas, como construção civil, publicidade e propaganda, implementos agrícolas, equipamentos de elevação e veículos militares. Nas horas vagas é fotógrafo da natureza, tratando de nuvens, fenômenos atmosféricos, céus estrelados, insetos e aves. É escritor, pesquisando biografias, história, folclore e ufologia, e também trabalha na criação de materiais humorísticos. Também é musico e compositor, tendo músicas gravadas por outros artistas.