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domingo, 31 de maio de 2020

EXPRESSÕES POETICAMENTE VIOLENTAS...

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Li, anos atrás, esta incrível expressão de autoria do irmão do ex-Presidente Figueiredo, o genial dramaturgo Guilherme Figueiredo (1915-1997), extraída do livro "Despropósitos (1983), mas, antes que os leitores  interpretem mal, ele não se referia ao irmão (como pode parecer), embora se tratasse de um político... 

"Quando falava, parecia destruir um roseiral a chicotadas".

Mas lendo o Monteiro Lobato (1882-1948) recentemente, cheguei à conclusão que ele foi mais longe - olha esta pérola dele, do livro "Na Antevéspera (1933), na qual ele se referia a uma nova poeta estreante: 

"Gilka Machado dá a sensação nobre de criatura afeita a partir cristais com martelo de ouro ."


* Notem que, porém, o Machado escreveu sua frase 50 anos antes do Figueiredo.


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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

UM CASO ANTIGO DE BULLYING, ENVOLVENDO O POETA INGLÊS PERCY SHELLEY

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O poeta inglês Percy Shelley, um dos maiores da Inglaterra, nasceu em 1792, falecendo em 1822. O texto que posto hoje diz respeito à um primitivo caso de bullying envolvendo este célebre literato, o que se deu em sua juventude, no distante princípio do século 17.

“Os regulamentos da escola não passavam, para o seu espírito hipersensível, de açoites de opressão. Passeava pelo campus sozinho, infeliz, em atitude opressão. Os colegas chamavam-no ‘o louco Shelley’, e organizaram uma ‘sociedade de provocação a Shelley’. Sempre que se sentava a margem de um rio, para ler Shakespeare ou Voltaire, caiam sobre ele como um bando de cães de caça, perseguiam a sua presa pelo bosque e finalmente acuavam-na, obrigando-a a uma luta desesperada contra todos, em condições de desigualdade. A sociedade humana, conclui ele, é uma horda de bárbaros com uma camada de cultura. (...) Completamente absorto no mundo do seu sonho, caminhava como um estranho no mundo dos homens. Em geral, com efeito, evitava a companhia de seus semelhantes. Sentia-se mais à vontade entre as coisas da natureza. Passava a maior parte do tempo nos bosques, em meio as montanhas, ou em seu barco. Os rios conversavam com ele, as ondas do mar encrespavam-se em gargalhadas, as árvores desprendiam de seus galhos uma música inteligível, as nuvens passavam por sua cabeça como um bando de pássaros vivos, o vento, como um titã, descia precipitadamente das montanhas, arrastando cascalhos para o saco que trazia às costas e, espalhando-os, a gargalhar ruidosamente pelos campos.

Shelley pouco se importava com as agitações mesquinhas dos mortais. Preferia observar o nascer do sol, quando este soltava sobre uma nuvem e se lançava rapidamente sobre o horizonte, ou ‘aquela donzela em forma de orbe, vestida de alva claridade, que os mortais chamavam de lua’, enquanto dançava, deliciosamente pelo assoalho noturno dos céus. As estrelas eram um bando de abelhas de ouro. Ele ouvia o seu zumbido divino, traduzia-o em música, para que os ouvidos dos homens pudessem compreendê-lo.”

(Vida dos grandes poetas - Percy Shelley. Henry e Dana Lee Thomas, 1958)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

CANÇÃO DIONÍSICA

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Esta poesia não é nova - tem mais de 20 anos, feita no final da década de 1980, quando eu ainda trabalhava em São José dos Campos. A inspiração para compô-la, veio do meu mestre maior na poesia, o poeta romântico fluminense Fagundes Varella (1841-1875), à qual ela é dedicada - a poesia em questão é "Amor e vinho", poesia esta que era declamada nas libações noturnas que o poeta fazia junto dos amigos boêmios.

O gênero da poesia - uma ode ao vinho repleta de citações - não é moderno: foi composta a moldes antigos, com estrofe do tipo oitava, versos em redondilha maior, rimas encadeadas tendo um estribilho que se repete em todos os finais das estrofes. Do mesmo modo que a poesia do Varella, ela é uma sátira, melhor, uma poesia humorística. Espero que gostem.


CANÇÃO DIONÍSICA
à Fagundes Varella

In vino veritas

Dissera o velho Pasteur
algo que ao vinho convida:
"O vinho é a mais higiênica
e saudável das bebidas"
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
"O vinho é mais higiênica
e saudável das bebidas"!

Assim como Baudelaire
louvava a alma do vinho,
eu louvo “As Flores do Mal”
ao pé de um copo de vinho.
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
Eu louvo “As Flores do Mal”
ao pé de um copo de vinho!

Foi Paul Claudel quem escreveu,
se não me falha a memória:
"Uma garrafa de vinho
guarda mil anos de história".
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
"Uma garrafa de vinho
guarda mil anos de história"!

Mas alguém pichou no Chile
bem melhor que estes franceses:
"Bem aventurados os bêbados,
verão à Deus duas vezes".
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
"Bem aventurados os bêbados,
verão à Deus duas vezes"!

Goethe falou de uma jovem,
de um copo de vinho do porto:
"O que não bebe e não beija
está pior do que morto"!
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
"O que não bebe e não beija
esta pior do que morto"!

O que falou Aristófanes
eu repito e lhes digo:
"Quando os homens bebem vinho
são ricos, felizes, amigos"
Brindemos: Tin tin, tin tin
Então nosso lema é assim:
"Quando os homens bebem vinho
são ricos, felizes, amigos"!

Saiba, são nossas amadas
Que nos levam a beber!
Que sorte, que alguns vão sozinhos
pelos bares a sofrer.
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
Saiba, são nossas amadas
que nos levam a beber!

Ao findar o nosso trabalho
vamos ao bar do beco,
sair das roupas suadas
e entrar num bom vinho seco!
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
Sair das roupas suadas
e entrar num bom vinho seco!

E após o suado trampo,
a fome é quem nos governa,
e o que nos abre o apetite?
A chave de uma taberna...
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
O que nos abre o apetite?
A chave de uma taberna...

Compadre que hora voltamos
prá casa após a jornada?
Um pouco depois das dez ,
depois das dez talagadas...
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
Um pouco depois das dez,
depois das dez talagadas!...

Tal como Dorothy Parker
ou George Jean Nathan,
eu bebo para tornar
os outros interessantes.
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
Eu bebo para tornar
os outros interessantes!

E quando estamos travados
é bom ninguém nos fitar,
pensamos que é nosso amigo
e o vamos importunar.
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
Quando estamos travados
É bom ninguém nos fitar.

Foi Robert Benchley quem deu
um toque à quem bebe à bessa
"A bebida mata aos poucos,
mas quem é que está com pressa?".
Brindemos: Tin tin, tin tin!­
Então nosso lema é assim:
"A bebida mata aos poucos,
mas quem é que esta com pressa?"!

O médico diz - "Abandona
o que lhes seja mais reles"
- As mulheres ou o vinho?
- "Depende da idade deles"...
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
- As mulheres ou o vinho?
Depende da idade deles!...

O abuso não impede o uso.
Pois que venha a repressão,
sabemos que a lei seca ,
incita a contravenção.
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
Sabemos que a lei seca,
incita a contravenção!

Lembrei-me de Garibaldi ,
neste momento oportuno:
"O deus Baco já afogou
mais humanos que Netuno"
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
"O deus Baco já afogou
mais humanos que Netuno"!

Chamou Fernando Pessoa
o garçom e disse à esmo:
"Qualquer vinho, tanto faz
é prá vomitar mesmo"
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
"Qualquer vinho, tanto faz,
é prá vomitar mesmo"!

Apos um porre daqueles,
Quem não sonha a panacéia
proposta por Paracelso
prá curar sua cefaléia?
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
Após um porre daqueles
quem não sonha a panacéia?!

Vinícius via no uísque
um cachorro engarrafado;
eu vejo no vinho um gênio
numa garrafa encerrado.
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
Eu vejo no vinho um gênio
numa garrafa encerrado!

O uísque prá quem não sabe,
perto do vinho é novinho;
enquanto alguém ia co’o milho,
lá vinha a uva co’o vinho.
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
Enquanto alguém ia co’o milho,
lá vinha a uva co’o vinho.!

Foi Noé quem descobriu
por acaso o nobre vinho;
o vinho é santa bebida,
tava lá no pergaminho.
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
O vinho é santa bebida,
tava lá no pergaminho!

"Nenhum animal inventou
coisa pior do que o porre,
nem algo melhor que beber,"
assim Chesterton discorre.
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
"Nenhum animal inventou
coisa pior do que o porre"!

Baseio-me no Eclesiastes,
beber não é transgressão:
"O bom vinho e a boa música
alegram o coração"
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema e assim:
Baseio-o me no Eclesiastes,
beber não é transgressão!

Disse o profeta Isaias
este conselho supremo:
"Vamos comer e beber
pois amanhã morreremos"
Brindemos: Tin tin, tin tin!
Então nosso lema é assim:
"Vamos comer e beber
pois amanhã morreremos"

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terça-feira, 23 de março de 2010

NOVAS FRASES DE HUMOR DO V-NEWTON




ATINAÇÕES I
A granada de mão não passa de uma bomba anatômica.
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ATINAÇÕES II
Meu prestígio está abalado – ele se derreteu! –, e junto com ele foi meu choquito, meu diamante negro, meu diplomata, meu alpino!...
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SARARA, UMA CIDADE AS AVESSAS
Nosso Teto é um bairro em Sarara onde as pessoas ficam no meio da rua e os carros em cima das calçadas.
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VELHOS CONSELHOS ADITIVADOS
Faça o que eu digo: não faça nada, mas não faça o que eu faço: dizer tudo.
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COTIDIANO
Um dia, prego de se tomar. Outro, martelo de se bater.
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CONVERSINHAS BESTAS I
– Para você gostar da avó materna de seus filhos, primeiro você tem de gostar de sua sogra.
– Ãhmmmm?
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CONVERSINHAS BESTAS II
– Você, para mim, está uma caricatura do neto de sua mãe, e uma versão menos pior que o avô dele.
– Ãhmmmm?
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ATINAÇÕES
O tesão tem razões que o pênis desconhece.
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COMO DIRIA O JOHN LENNON
O sonho acabou, mas inda temos sonambulismo, lençol gelado, pensamentos ruins, pernilongos...
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COISA DE LOUCO
Yo no creo em poesia japonesa, pero que las haicai, las haicai.
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DO PORTUGUÊS...
O problema não era ele estar limpando o rabo com o jornal, mas sim, estar lendo o rolo de papel higiênico...
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SUPERCOMPENSAÇÕES
Em 18 meses, um casal de ratos pode ter 1 milhão de descendentes. Tudo bem, pessoal sem alarmes: a Suíça tem 320 variedades de queijo.
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SARARA, UMA CIDADE ÀS AVESSAS II
Em Sarara, uma jovem namora um jovem rico pensando num rápido e bom casamento, assim como uma jovem pode se casar com um velho rico pensando numa breve e boa viuvez. Ambas, invariavelmente, se enganam....
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ME FORÇARAM A ESCREVER
Com as minhas orelhas e o teu cérebro, nós poderíamos fabricar um burro. Melhor, não poderíamos não – minhas orelhas são pequenas demais para tal, e o teu cérebro é fraco demais para chegar a compor um burro...
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SUTIS DIFERENÇAS

Alfred Nobel, aos 33 anos, inventou a pólvora e criou o Prêmio Nobel da Paz. Cristo foi morto aos 33 anos e era a paz em pessoa.
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DESDITADOS À LA PILATOS
Ofereça a outra face àquele que nunca lavou as mãos.
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O CÚMULO DA CAPACIDADE
Tapar o sol com a peneira e fazer um eclipse.
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ATINAÇÕES I
Quando éramos crianças, a impressão que tínhamos é que para se passar um café para as visitas se levava por volta de meia hora – e esse era o ritmo da infância. Hoje, adultos, vemos que um café é passado em 5 minutos – e esse é o ritmo dos adultos.
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ATINAÇÕES III
Quem nasceu para ratoeira nunca chega à gaiola de biotério.
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MILHÕES DE MOSCAS...
Epicuro, se referindo aos prazeres da mesa e aos convivas, disse: “É mais importante saber com quem comeis, do que o que comeis.” Concordaria com ele se fosse uma mosca.
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MULHER SE GABAM DIZENDO QUE:
- “Não broxam”. Broxam sim, quando não lubrificam a prexeca, e dá-lhe bráulio esfolado;
- “Tem seu dia internacional”. Mas nós temos o Dia do Papai, aliás, por outro lado, foram elas que, ciumentas, inventaram esse ridículo de Mamãe Noel...;
- “Podem sentar de pernas cruzadas, porque não dói” – Mas adoram abrir a perna para os fotógrafos papparazzi, principalmente quando estão sem calcinhas; mas, quando não tem nada para fazer, não podem “coçar o saco”, como os homens...;
- “Podem usar tanto rosa quanto azul”. Disso nós homens fazemos questão mesmo de abrir mão, mesmo porque essas cores não nos fazem falta alguma;
- “A idade não atrapalha seu desempenho sexual”. No entanto, são inférteis com a menopausa, enquanto que o homem, mesmo não sendo viril a vida toda, mas pode fazer filhos o resto da vida mesmo com a coisa mole;
- “Sempre sabem que o filho que geraram é seu". Não é à toa que o homem pode fazer cem filhos por ano enquanto a mulher só pode fazer um...;
- “Não pagam a conta, no máximo racham”. Na verdade, elas ganham menos que os homens no mercado trabalhista, então...
- “Não precisam dar lugar nos ônibus”. Isto significa que tem espírito de velho e nasceram cansadas desde sempre;
- “Não precisam trocar pneus”. Mas quando não tem homem por perto para fazer isso, elas ficam na mão em matos e estradas desertas;
- “Fazem tudo o que um homem pode fazer, só que com um detalhe, de salto alto”. Depois passam o resto da vida com problemas na coluna.
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ATINAÇÕES II
É melhor ter azia do que vomitar, mas é melhor vomitar do que estar com cirrose.
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ATINAÇÕES DE POETA I
No crepúsculo, nossa sombra se alonga como que a fugir de nós, mas, ah, ela não larga de nossos pés!
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ATINAÇÕES DE POETA II (IDEAL DE HELIÓLATRA)
Nunca dormir antes do pôr-do-sol, e jamais acordar após o alvorecer.
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SARARA, UMA CIDADE AS AVESSAS
Não é que o sararense conserve a tradição – ele é atrasado mesmo.
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DO ALÉM I
“O namoro é um paraíso, o noivado um purgatório e o casamento um inferno.” (Sócrates psicografado)
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VAI NESSA, VAI!...
Empunhe a bandeira verde da liberação das drogas, em cuja faixa se lê: “Dependência e Morte”
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DO ALÉM II
“O Socialismo é como a liberação das drogas: uma boa idéia, mas não funciona.” (Will Rogers psicografado)
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DO ALÉM III
“Sou da opinião que o melhor salto ornamental é o salto plataforma.” (Carmem Miranda psicografada)
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CANTADA I
Quem tem você como mulher não precisa de amantes.
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CANTADA II
– Se você adivinhar quantos anéis eu comprei para você, eu te dou um e fico com o outro, aliás, você não quer casar comigo?
– Oooooh!!!
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FRASES QUE NÃO SE OUVE MAIS
– Nossa, você não morre mais, Matuzalém!
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FALANDO SÉRIO
Se forem falar bem de uma pessoa, ainda que eu não a conheça, me convidem. Se forem falar mal, peçam para eu me retirar.
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COROLÁRIO
Quando uma pessoa comenta: “Dizem as más línguas que...”, repare, a língua dela também está inclusa.
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ATINAÇÕES
Quem dá aos pobres de espírito empresta ao deus dará.
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EITA!
O V-Newton sonha acordado
Que a pinga vem do ribeirão
E a água vem do alambique...
É o sonho de um beberrão...
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DESCULPA ESFARRAPADA DE EUNUCO
Ela tem olhos agateados, pernas de gazela, anca de potranca e a delicadeza de uma pombinha, mas, ô rapaz, eu não quero um animal em minha cama!
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SUTIS DIFERENÇAS I
Pobre é freguês. Rico é cliente.
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SUTIS DIFERENÇAS II
Apetite: fome de rico. Desnutrição: fome de pobre.
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SUTIS DIFERENÇAS III
Esposa é para perpetuação da espécie. Amante para controle de natalidade.
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BESTAS ATINAÇÕES IV
Bráulio de velho é que nem varinha de radiestesia: só funciona quando encontra água. De privada...
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BESTAS ATINAÇÕES V
Estou envolvido até a raiz dos cabelos com meus problemas de calvície, aliás, que minha calvície é hereditária, estou careca de saber...
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COMPENSAÇÕES
Você pode até não acreditar em Deus, mas que o diabo acredita piamente em você, ah, isso ele acredita!
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ATINAÇÕES
A ambição da poeira é uma grande ventania.
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COTIDIANO
– Joãozinho, seu disgramado! Que ódio!! Para de comer, menino!!! Pô, ainda não aprendeu que a gula é um dos sete pecados capitais, caramba?!!!
– A ira também é, mamãe...
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BOCA SANTA I
... ele foi o cupim de sua árvore genealógica...
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BOCA SANTA II
Bastou ele pular no Mar Vermelho para confirmar o que dele diziam: “bosta não afunda”...
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AMBIÇÃO ARIANA
Ser o super-homem de Nietzche e morar na Republica de Platão.
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SUTIS DIFERENÇAS
As armas mijam nas mãos das crianças.. E os valentões mijam no cano das armas.
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segunda-feira, 30 de março de 2009

ANDANÇAS DO POETA FAGUNDES VARELLA E ACONTECIMENTOS MARCANTES EM SUA VIDA

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Como venho escrevendo um romance biográfico sobre o poeta Fagundes Varella (1841-1875), para facilitar o meu trabalho, precisei fazer um roteiro que resumisse todos os acontecimentos marcantes em seu vida. Achei uma boa idéia disponibilizá-lo na Internet, para o usufruto de quem interessar possa. É provável que ele contenha erros, e se alguém descobrir algo, me avise.

Adianto que livro algum lançado sobre o Varella contém uma cronologia como essa, que vai a fundo em sua vida. A pesquisa foi feita em nove livros biográficos seus. Creio que ela será muito útil aos pesquisadores de sua vida, bem como fãs e curiosos.

À propósito, sobre o meu livro, ele se chama "O Romeiro da Maldição - As reinações do poeta Fagundes Varella", e pretendo, melhor, tenho que lançá-lo até o começo do ano que vem, no máximo até abril, para coincidir com o centenário do penúltimo e fenomenal aparecimento do cometa Halley, que é um dos assuntos do livro, que, à esta altura, já está ultrapassando 600 páginas.
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ANO
CRONOLOGIA BIOGRÁFICA DO POETA FAGUNDES VARELLA
1812
- Nascimento, à 27/11, do pai de Fagundes Varella, o doutor Emiliano Fagundes Varella.
1830
- 20-11, assassinato, em São Paulo, de Libero Badaró, que é socorrido pelo doutor Emiliano.
1841
- Rio Claro/RJ – Nascimento de Fagundes Varella em 17-8- 1841.
1851
- Viagem à Catalão-GO, com o pai, aos dez anos, onde conhece o escritor Bernardo Guimarães, então juiz municipal.
1853
- Em Angra dos Reis, Fagundes Varella inicia seus estudos primários com o professor Souza Lima.
1854
- O pai vai trabalhar Petrópolis/J, onde Fagundes estuda com Jacinto Augusto de Matos e José Cândido de Deus e Silva. Mora primeiro na baía de Ilha Grande, e depois na baía de Guanabara, onde, cita-se, residiu por dois anos.
- Em 30/4 é inaugurada a primeira estrada de ferro do Brasil que ia o porto de Mauá até Fragoso, perto de Raiz da Serra/RJ.
1855
- A família muda-se para Niterói/RJ.
- Fagundes prega uma peça em seu professor, o Dr. José Cândido – que lhe disse que nunca seria bom poeta –, quando se faz passar por Camões e o engana.
1859
- Desembarque em Santos-SP em 5/7 pelo vapor Piraí, de onde se dirige à São Paulo a fim de terminar os preparatórios para ingressar na Faculdade de Direito.
- Estréia como poeta no jornalzinho “Associação Recreio Instrutivo”, onde publica “O Vagalume” e “Vem!...,” esta endereçada à Ritinha Sorocabana.
- Falece o avô, Cel José Luís de Andrade, no 2º semestre.
1860
Em 27/5 publica seu primeiro artigo, “Drama Moderno”, na “Revista Dramática”, e artigos na “Revista da Associação Recreio Instrutivo”.
- Depois de um ano em São Paulo, visita o distrito de S. J. Príncipe, em Rio Claro, no Rio de Janeiro.
1861
Volta à São Paulo em janeiro.
- Publica em setembro uma ode à Independência denominada “7 de Setembro”.
- Neste mesmo mês publica “Palavras de um Louco” no “Associação Recreio Instrutivo”.
- Publicação dos folhetins “As Ruínas da Glória” e “A Guarida de Pedra”, e de poemas em homenagem aos atores Furtado Coelho, Eugênia Câmara e João Caetano, no jornal “Correio Paulistano”.
- Publica a poesia “Eugênia atriz Eugênia Câmara”, e, no dia 28, “Oração a Eugênia Infante Câmara.”
- Em outubro, o “Correio Paulistano” publica uma série de contos e poesias de Varella.
- Em 11/11 é anunciado em São Paulo a chegada do Circo Eqüestre e Ginástico Cia. Luande, do pai de Alice Luande, artista pela qual se apaixona.
- Em 12 /11 é lançado seu primeiro livro, “Noturnas”.
1862
- Matrícula na Faculdade de Direito de São Paulo.
- Vai para Rio Claro/RJ, para pedir permissão ao pai para se casar com Alice Luande.
- Em 15/4 desembarca em Santos com o vapor Pedro II na companhia de Alice.
- Vai para São Paulo e, passando por Cotia e São Roque, vai para Sorocaba, onde se apresentava o Circo Luande.
- Em 7 de maio o pai escreve a Varella advertindo-o dos perigos de um casamento precipitado.
- Em Sorocaba, em 28/6/1862, casa-se com Alice.
- As famosas feiras de muares de Sorocaba ocorriam de meados de abril até meados de junho, mas este ano fora um fiasco devido à peste dos cafezais que fez com que os mercadores não aparecessem à cidade.
- Varella segue com pelo interior de São Paulo como atração do circo do circo Luande, onde declamava suas poesias, se apresentando em Santa Rita, Itu, Porto Feliz, Tietê e Rio Claro.
- Em outubro o circo volta para São Paulo, onde, no dia 12, morre a mãe de Alice.
1863
- No começo do ano é processado por injúria.
- Em maio é despejado de sua casa numa chácara no Brás/SP, situada atrás da igreja Senhor Bom Jesus.
- Livro “Vozes da América” lançado em 13 de setembro.
- 4/9 nasce seu primeiro filho, Emiliano.
- Em 18/10 é processado, e refugia-se longe da mulher em repúblicas de amigos. É preso por dívidas comerciais em 21/10/1963 em São Paulo.
- 11/12 morre Emiliano, e Varella compõe a célebre poesia elegíaca “Cântico do Calvário” dedicada ao filho morto.
- Dezembro: mês em que se creditou a Varella o famoso acróstico “O bobo do Rei faz anos”, uma “homenagem” ao aniversário de Dom Pedro II. Parte com Alice para Rio Claro/RJ, em férias de verão.
1864
- Em 14/3 desembarca com Alice em Santos pelo vapor Santa Maria.
- Em 6/9 é lançado “Vozes da América” (com “Cântico do Calvário”), mesmo mês em que é apresentada sua desaparecida peça de teatro “39 Pontos”, pelo ator Lopes Cardoso no teatro São José.
- Serviços avulsos de escrevente de cartório.
- Em dezembro, não presta os exames da Faculdade e retorna com Alice para a fazenda Santa Rita em Rio Claro/RJ.
- Alice dá os primeiros sinais da doença, e Varella diz que vai estudar o 3º ano em Recife.
1865
- Parte no vapor Béarn do Rio de Janeiro para Recife em 24/2 para cursar o 3o ano em Olinda/Pernambuco.
- O navio encalha na Ponta dos Castelhanos em 27/2. Tripulantes chegam em Salvador em 3 de março, enquanto Varella fica em Valença,. Depois, parte a pé para Salvador, onde vem a conhecer o poeta Castro Alves, que era primeiroanista .
- Junto de Castro Alves, chega a Recife em 18 de março pelo vapor Oiapock.
- 30/6 morre sua avó e Alice Luande (dia ?).
- Em 18/8 e Castro Alves declamam no teatro Santa Isabel.
- Lança “Cantos e Fantasias” em 10/11.
- Em dezembro, no vapor Víper, parte da Bahia indo para o Rio de Janeiro na companhia de Castro Alves, onde chega no dia 24.
- Neste ano, Varella é considerado o maior poeta do país.
- Visita Rio Claro/ RJ.
1866
- Chega à Santos em 7/3 com o vapor São José, indo para São Paulo para cursar,em março, o 4° ano de Direito.
- Quando pode, viaja pelas cidades vizinhas em busca de novidades e entretenimentos.
- Em junho, perde o ano por faltas.
- Em 27/6 ainda se encontrava em São Paulo.
- Em 26 de agosto, dá início à uma coluna jornalística com as crônicas intituladas “Em falta de melhor”, depois “Folhetins”, no “Correio Paulistano”, sob o pseudônimo de Smarra.
- Parte para Rio Claro/RJ, onde volta a viver, e se desentende com seus conterrâneos, aos quais ataca com poesias ferinas.
- Vive uma período de grande ociosidade sem nada fazer, considerado um período de reintegração à natureza, fase que dura até 1870.
- Não conclui o 4 º ano.
1867
- Em 10/3 casa-se com Maria Belizária, sua prima, a mesma a quem, em sua juventude, dedicara a poesia “Iná”.
- Inicia sua fase nômade de andarilho, e caminha por Angra dos Reis, Mangaratiba, Parati, Bananal, Barra Mansa, Niterói, Santos e São Paulo, de onde parte em junho.
- Em 15/12, publica seus últimos artigos no “Correio Paulistano” sob o pseudônimo de Smarra.
1868
- Fevereiro: publica “Cantos do Ermos e da Cidade”. A atriz Eugênia Câmara desembarca no Rio de Janeiro na companhia de Castro Alves. Em 12/3, Castro Alves chega a São Paulo com Eugênia.
- Eugênia apresenta uma peça de Varella sem mencionar o autor.
- 11/11: Castro Alves se fere dando um tiro no próprio pé numa região do Brás, em São Paulo.
1869
- Publica “Cantos Meridionais”.
- Em 4/1 vai para Paraíba do Sul, onde, no jornal local, publica um artigo em louvor ao pintor e desenhista Vicente José Micolta.
- O pai de Varella vende a fazenda em Rio Claro/RJ.
- Em 7/9 compra a fazenda São Carlos em São João Príncipe, que tem aos fundos o ribeirão das Araras.
1870
- Varella caminha em pelo interior em Barra Mansa e Angra dos Reis, e também em Santos/SP. Em Angra dos Reis passa dois meses, onde publica artigos no “O Artista”. Em Santos escreve o poema “Canção”.
- Nasce sua filha Ruth em 21/5.
- Dá início à confecção de “Anchieta ou o Evangelho nas Selvas”, compondo-o na fazenda do primo Nuno Eulálio em Rio Claro, em Niterói e Paraíba do Sul e outros lugares por onde andou.
1871
- O pai vai morar em Niterói/RJ, onde reside até 1875.
- Varella e esposa moram de favores em casa de parentes.
- Recebe aí o apelido de “Bode”.
- Ajuda esporadicamente o pai em trabalhos jurídicos.
- 27/6: falece o poeta e amigo Paulo Eiró.
- 6/7: falece Castro Alves.
- Caminhadas pela Serra da Bocaina.
1872
- Nasce sua segunda filha, Lélia, em 18/6.
1874
- Nasce seu segundo filho, Emiliano, em Niterói em princípios de novembro, falecendo em 1/12.
1875
- Termina o livro “Anchieta ou o Evangelho nas Selvas”.
- Falece de um ataque de apoplexia, aos 33 anos, em Niterói, RJ, na manhã de 17/2/1875.
- Deixa inédito “Diário de Lázaro” e “Cantos Religiosos”.
1876
- A irmã mais velha, Maria Rita Andrade, falece em 16/4.
- Em 27/5 (ou 5/6?) falece sua mãe, D. Emília.
- O pai muda-se para Mangaratiba, onde reside com o filho Carlos Alberto.
1882
- Carlos Alberto falece.
1891
- O doutor Emiliano falece em 25/3, quando residia no Rio de Janeiro.
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terça-feira, 8 de julho de 2008

AS INSCRIÇÕES FEITAS NAS CASCAS DAS ÁRVORES VÃO PARA CIMA ENQUANTO ELAS CRESCEM?

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“Lendo-os, a gente repassava um dos
mais interessantes capítulos da história
da fazenda. Quem não gosta de um lugar
não deixa espontaneamente nele,
como um pouco de si, o seu nome.”
(...e os Campos de Jordão foram Pindamo-
nhanguaba. Balthazar de Godoy Moreira. 1969)


“Ai! coqueiro do mato! Ai! Coqueiro do mato!
Em vão tentas os céus escalar na investida...”
(Juca Mulato. Menotti del Picchia. 1917)



Não são poucas as pessoas que acreditam que uma inscrição feita na casca de uma árvore vá aos poucos subindo para o alto, imaginando que o tronco cresça para cima. Nada mais equivocado, no entanto esta é uma lógica oriunda mais do universo infantil do que do de adultos, embora entre estes existam crentes nesta falácia. Eu próprio, nos meus tempos de adolescente, fiz uma poesia falando algo semelhante. O assunto dá ibope: em 1998 foi tema de uma questão no vestibular de Biologia da Unesp de Rio Claro, São Paulo.

A crença é antiga e oriunda da poesia bucólica latina. Virgílio (71-19aC) faz menção ao fato em sua obra Bucólicas (X, 52-54); Ovídio (43aC-17dC) cita-o em seu livro Heróides (23), bem como Petrônio (14aC-66aC), que escreveu sobre uma árvore que cresceu e um ramo encobriu as inscrições: Crescit arbor, gliscit ardor, ramus implet litteras. O engano passou da antiguidade à literatura moderna. Vou citar dois exemplos. O primeiro, do poeta brasileiro Fagundes Varella (1841-1875), na poesia "As Letras":

“Na tênue casca de verde arbusto
Gravei teu nome, depois parti;
Foram-se os anos, foram-se os meses,
Foram-se os dias, acho-me aqui.
Mas ai! o arbusto se fez tão alto,
Teu nome erguendo, que mais não vi!
E nessas letras que aos céus subiam
Meus belos sonhos de amor perdi”

O segundo, "Versos de circunstância", é de Jean Cocteau (1889-1963), poeta, dramaturgo, romancista e desenhista francês:

“Em vez de gravá-lo em mármore,
Guarde teu nome numa árvore,
Que ela crescendo, há de ver
Teu nome também crescer”

A título de curiosidade, transcrevo aqui a estrofe de minha infeliz poesia:


“Num gomo de velha palmeira
Gravei meu romance a punhal
No tronco que no céu mergulha
Lá onde não pisa o mortal.”


Desde as primeiras expedições dos catalães e portugueses, tinham os navegantes o costume de gravar os seus nomes em árvores, destacando as espécies baobá (Adansônia digitata) e a dracena (Dracaena draco), que, obviamente, não é o conhecido arbusto ornamental. Nem sempre o faziam por veleidade ou vão desejo de glória; muitas vezes a inscrição era para eles uma espécie de marco, algo como um símbolo de posse, um meio de assegurar à sua pátria os direitos de primeiro colonizador. Os navegantes portugueses escolheram, com frequência, para este fim, a bela divisa do infante D. Henrique, duque de Vizeu: Talent de bien faire

Essas árvores, por seus troncos largos e robustos, era um prato cheio àqueles que gostavam de praticar tais hábitos. A descrição mais antiga de que se tem notícia do baobá data do ano de 1454; é a do veneziano Luís Cadamosto, cujo verdadeiro nome era Alviso ele Ca-da-Mosto. Encontrou ele, na desembocadura do Senegal, onde se juntou a António Usodimare, troncos cujo circuito avaliou em 17 toesas ou seja, aproximadamente, 33 metros. Pôde compará-los com as dracenas que de antes tinha visto. Perrottet, na sua Flora de Senegâmbia, diz ter achado baobás que mediam 10 metros de diâmetro por 23 ou 26 apenas de altura. O botânico Michel Adanson (1727-1806) indicou dimensões iguais na descrição de sua viagem feita em 1748. Os maiores troncos de baobás, que viu com os próprios olhos em 1749, uns nas ilhotas Madalenas, próximo de Cabo Verde, outros na desembocadura do Senegal, tinham de 8 a 9 metros de diâmetro e 23 de altura, com uma coroa de 55 de largura. Adanson acrescenta, porém, que outros viajantes encontraram troncos que chegavam a ter 10 metros de espessura. Navegantes holandeses e franceses tinham gravado os seus nomes nas cascas em letras de 16 centímetros de comprimento. Uma destas inscrições era do século XV, e não do XIV, como, por equívoco, Adanson afirma em sua obra Famílias das plantas, publicada em 1763. Outras não datavam de mais além do século XVI. Adanson calculou a idade das árvores, pela profundidade das incisões que tinham sido cobertas por novas camadas de madeira, e também comparando a sua espessura com a dos troncos das árvores da mesma espécie cuja idade era sabida. Para um diâmetro de 10 metros, Adanson achou uma idade de 5.150 anos.



Quanto ao fato de se crer que uma inscrição numa casa de árvore vá para o alto com o suposto crescimento do tronco e, por isso mesmo, não ser mais visível do chão, há certas espécies que possuem tal capacidade de regeneração que os talhos feitos em sua casca desaparecem por completo com o passar dos anos – uma explicação simples para o sumiço ou a “invisibilidade” de uma inscrição.

O viajante português Augusto Emílio Zaluar, em sua obra Peregrinação pela província de São Paulo – 1860-1861, cita um caso clássico envolvendo D. Pedro I: certa feita, o imperador passando por Guaratinguetá, deixou suas iniciais numa figueira monumental que se situava na entrada da cidade. Zaluar escreveu:

"Aí pernoitou esse dia, e foi por ocasião que entalhou a sua inicial no tronco da figueira. A árvore hoje tem crescido a ponto que as letras P. I., que então ficavam na altura do braço de um cavaleiro, agora tem a elevação de mais de três homens".

Agora, o biólogo e desenhista de botânica Wenilton vai falar: na verdade, o desenvolvimento de uma árvore ocorre de duas maneiras: a primeira pelas extremidades de todos os ramos, nos quais há um grupo de células que se dividem, fazendo-os alongar; a segunda, pelo câmbio, que é uma camada de células que recobre a parte do lenho da árvore. Quando as células do câmbio se dividem, o tronco, os galhos, os ramos e as raízes tornam-se mais grossos. (Na foto, inscrição minha em coqueiro em frente a casa onde eu morava na Usina Palmeiras; ela está na mesma altura de quando foi feita, quando tinha uns 10 anos. Saudades...)

Enfim, o fato de uma inscrição numa árvore ir para cima não passa de mera crendice popular – uma mentira pra lá de cabeluda! Verdade mesmo, só o daquele causo estrelado por um famoso contador de histórias ararense – o velho Civilico que, certa vez, esqueceu seu relógio dependurado numa pequena árvore quando foi pescar e, anos depois, retornando ao local, viu o mesmo lá em cima, num galho da árvore já crescida, e, pasmem, funcionando.. É que um raminho de cipó dava corda no bichinho enquanto crescia!... Êta fumico forte!


BIBLIOGRAFIA (9 fontes):
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