segunda-feira, 13 de julho de 2009

UMA GRANDE REVISTA SETENTISTA, A “GERAÇÃO POP”

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Ler essa revista não é voltar ao passado,
mas sim reconhecer que o passado não é 
obrigatoriamente substituído pelo presente
apenas pelo frescor do seu tempo, mas sim
pelo frescor de sua criatividade.”
(Ludmilla Rossi, 2009)



É um consenso nos meios midiáticos de que a década de 1970 tornou-se um marco cultural do século XX, principalmente para os jovens – foi quando no Brasil surgiram as primeiras publicações destinadas aos rockeiros. Nesta época pré-internet, em se falando da mídia escrita, essas revistas específicas eram os únicos meios de os jovens de então obterem maiores informações sobre bandas e discos lançados. Na esteira dessa avalanche conhecida como “cultura pop”, em princípios dos anos 70, a Editora Abril lançou a revista Geração Pop, publicação que durou 82 edições – de novembro de 1972 (foto) a agosto de 1979 –, e influenciou uma geração não só de jovens, mas de artistas, jornalistas, editores, estilistas e outros setores envolvidos com a arte e cultura. Esta revista foi um marco editorial do período, pois não houve no Brasil uma publicação que retratasse tão bem e de maneira diversificada as tendências de uma década riquíssima culturalmente falando, década esta ainda hoje tão cultuada e imitada. 

Propaganda da Pop num exemplar de revista Veja de 6 de junho de 1973:


O internauta Márcio Baraldi, do blog Arca do Barata, escreveu sobre estes tempos “deficientes”:

“O difícil era que a gente tinha que esperar ao menos um mês a chegada da edição da revista na banca de jornais perto de casa para ficar sabendo dos lançamentos das nossas bandas prediletas... Lá fora, pois aqui também lançamentos de discos demoravam um ou mais anos para chegarem.”

Também conhecida apenas como Pop, já que o logotipo punha esta palavra em destaque, era basicamente um veículo de música pop. Hoje é considerada uma publicação antecessora da BIZZ no jornalismo musical da Editora Abril, revista semelhante extinta recentemente, em agosto de 2007. Comparadas, a tendência da Pop era mais comportamental, e não se prendia somente ao rock, mas a outros estilos populares da música jovem, como a soul music e a discoteque, o pop romântico, e também a MPB. Muitos outros assuntos de interesse dos jovens eram encontrados nesta revista, abordando temas como sexo, misticismo, moda, fotografia, cinema, aparelhos de som, sugestões de LPs, livros, hit parade, carros e motos, esporte radicais como o surf e o skate, e muito antes de qualquer publicação especializada, talvez a Pop tenha sido a primeira a abordar estes dois últimos esportes. Diversos nomes importantes do jornalismo passaram por ela, como Caco Barcelos, Ezequiel Neves, Júlio Barroso, Okky de Souza, Leon Cakoff, Pink Wainer (filha da Danuza Leão), o fotógrafo Mauricio Valadares, José Emilio Rondeau, Ana Maria Bahiana, Peninha Shimidt, o DJ Big Boy, o escritor e produtor Nelson Mota, etc.
Surpreendente notar na revista que, em matéria de visual de moda jovem e comportamento, há fotos, p. ex. de jovens em praias, surfistas e garotas “cocotas” de biquíni que parecem ter sido feitas hoje, embora haja coisas datadas. Veja estas fotos do ano 1976/77, portanto, há mais de 30 anos atrás e confira: ou os anos 70 estavam à frente de seu tempo ou o século 21 não evoluiu muito nesse quesito... Dúvida do que afirmo? Pois então, folheie uma revista da década de sessenta com cenas praianas, e você vai ter de rever suas opiniões...
Para provar que a revista ainda causa impacto, leia esse depoimento da blogueira Ludmilla Rossi:

“Voltando a revista Geração POP, minha mãe me trouxe essas revistas, sobre as quais eu jamais tinha ouvido falar. Sou de 82, a revista nasceu uma década antes de mim, em 1970 pela Editora Abril. Me emocionei ao abrir os exemplares e meus olhos encontrarem a estética que eu facilmente adotaria hoje para viver. Me senti mais confortável e ambientada com o mundo que eu encontrei na Geração POP do que o que eu encontro na NOVA.
(...) Depois de 36 anos, que mantiveram sacos plásticos e a rotina afastando as revistas dos meus olhos, a Geração POP não conseguiu acompanhar as tendências musicais atuais. Mas ela nunca precisou mesmo fazer isso. Ela encontrou seu nicho, chegou ao seu target com um atraso de quase quatro décadas. A maior parte dos artistas presentes em suas páginas não deveriam ser substituídos por tendências atuais. Ler essa revista hoje não é voltar ao passado, mas sim reconhecer que o passado não é obrigatoriamente substituído pelo presente apenas pelo frescor do seu tempo, mas sim pelo frescor de sua criatividade. Tomorrow may be even brighter than today.
(Eu disse, maybe).”


Sobre o desaparecimento da revista, curiosamente, o site Observatório afirmou que

“A decadência da revista se deu porque ela não conseguiu acompanhar as tendências musicais atuais. Sobre o punk rock, arriscou-se a fazer matéria fictícia, com dois meninos de rua, aparentando pivetes, que seriam integrantes de um inexistente grupo de punk rock. Foi sua sentença de morte.”



A princípio, achei que essa informação podia não ser verídica, já que a citada matéria não foi publicada no último exemplar lançado o de Nº 82, de agosto de 1979, mas o blog Lágrima Psicodélica trouxe o seguinte:

“Entre as curiosidades que volta e meia saíam na Pop, (...) uma reportagem com a primeira banda punk de São Paulo, Os Filhos da Crise. Filhos da Crise?
Segundo Antonio Bivar, o grupo nunca existiu: alguém da revista deve ter pego uma foto num arquivo qualquer e lançado o factóide. Haviam alguns punks no Brasil sim, mas eles ficariam na encolha até pelo menos 1982. E como não havia internet, as gangs de punks espalhadas pelo país não sabiam que não eram as únicas.”



Uma tese de pós graduação, de autoria de Cassiano Scherner, da PUCRS, intitulada “A questão da crítica musical nas revistas musicais brasileiras especializadas em rock” (2008), traz a seguinte justificativa para o desaparecimento da revista:

“Até o presente momento, das duas revistas analisadas (Rolling Stone e GeraçãoPOP), percebemos que as matérias sobre o rock brasileiro eram bastante inferiores em relação ao rock estrangeiro. Isto confirma uma tendência da época, que denominamos de “Pós Tropicalismo”, onde ainda era muito incipiente falar em rock brasileiro no sentido de buscar um caráter voltado para a indústria cultural, como era no estrangeiro. Pelo contrário, apesar de buscar focar no mercado jovem, este mercado não existia, fosse ligado pelo rock ou por outras formas de consumo. Eis, portanto, a razão que ambas as publicações não terem tido longa longevidade no mercado editorial voltado para a música jovem no Brasil dos anos 70. ‘Juventude nos anos 70 não dava ibope’, afirmou um jornalista (Okky de Souza)) que integrou a revista Geração Pop’. Ressaltamos que pelo fato da pesquisa ainda estar em andamento, outros resultados ainda irão surgir e que deverão ser incluídas em futuras avaliações.”

Enfim, esta é uma revista que deixou muitas saudades, e eu fui um desses garotos que não via a hora de, todo início de mês, ir buscar ansiosamente o meu exemplar nas bancas. Depois, era só ir à loja de discos e comprar os discos anunciados. Devo muito à Pop, pois muito do literato que hoje sou devo às suas leituras. Lembro-me que à ela fui apresentado por um primo meu, o Donizete Rocha – que andava com meus irmão mais velhos. Na casa dele vi pela primeira vez um quarto com as paredes recheadas de posters de bandas de rock, carros, motos, gatinhas, e eu pirei! O Doni a comprava mensalmente, e, em sua casa, folheando suas revistas passei a comprá-las também. Fiz besteiras imperdoáveis: além dos números que eu mesmo comprei, ganhei muitos exemplares antigos de outros amigos, e, quem sabe se hoje eu não tinha a coleção completa, mas ocorreram alguns problemas com “amigos” e perdi diversos números, infelizmente.

e, quem sabe, eu tinha a coleçnehi duas coleçbncasocha, que a comprava mensalmente e tinha seu quarto recheado de posters.
Vou postar aqui um presente para os leitores, um exemplar desta revista (nº 2, out. 1972, 106 páginas), que, trabalhosamente, eu escaneei e transformei em arquivo pdf para facilitar a leitura. Asseguro que folheá-la (e lê-la...) é uma agradabilíssima e nostálgica viagem no tempo. A propósito, os números remanescentes que possuo são estes: 2, 3, 7, 12, 13, 16, 17, 20, 28, 31, 33, 39, 41, 48, 53,58, 60, 62, 67, 68, 69, 74, 75, 77, 80 e 82. Esse 26 exemplares valem ouro e guardo-os como um tesouro! Além disso, tenho inúmeros exemplares do jornal Hit Pop que vieram encartados numa certa fase da revista, e que pretendo escanear também.
Aos poucos, sem compromisso, irei postar outros exemplares da Pop conforme for escaneando-os. Valer dizer que, apesar de trabalhoso, foi gratificante no final ver a revista pronta em pdf. Aliás, para uma preciosidade como essa, digitalizá-la é o mínimo que se pode fazer para sua preservação, além da importância de se divulgá-la às novas e as posteriores gerações que não tiveram a felicidade de viver essa época deslumbrante.

Link para baixar o exemplar nº 2, out. 1972, 106 páginas da revista POP:


Seria de grande valia se os leitores que possuem os números que não tenho, também fizessem o mesmo e disponibilizassem suas revistas escaneadas na internet. O programa usado no trabalho foi o PhotoPaint, com 220 dpi de resolução e recurso de "equalização automática" das imagens, além de passar o filtro "remoção de pontilhados" se necessário. Os interessados na empreitada, por favor me contatem.

Leia mais sobre a POP no Orkut:



Na Internet:

http://velhidade.blogspot.com/

Algumas imagens que marcaram:

















Rita Lee e O Terço

















Rick Wakeman e Pink Floyd















Nektar e Led Zeppelin

















Led Zeppelin

















Made in Brazil


* Clique nas imagens para melhor visualizá-las.
9 fontes - consultar autor
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domingo, 5 de julho de 2009

PEQUENO TRIBUTO (E CRÍTICA) AO GÊNIO DA MUSIC POP

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Antes de mais nada, gostaria de afirmar que não sou fã de carteirinha do Michael Jackson (sim, o Michael, o sujeitinho responsável por milhares de jovens chamados Maicons no Brasil), principalmente nessa fase "morpho" - a de uma nova cara à cada disco lançado -, tampouco fui um dos que compraram um dos 105 milhões de exemplares vendidos do imbatível "Thriller". Tenho um LP de grandes sucessos dele, da fase inicial, e é tudo. O Michael Jackson que curti se restringe basicamente à essa sua fase, época das belíssimas "Happy", "Ben", "I'll Be There", "One Day Your Life", "Music and Me", "Got To Be There", músicas fantásticas que foram a trilha sonora de minha meninice, e a do Obama também, pois nascemos no mesmo ano... Mas gosto também e alguns discos iniciais da fase adulta.



Oriundo de uma fase de transição na carreira de Michael, o clipe dessa música, "Don't Stop 'Til You Get Enough" (sim, a música tema do Vídeo Show), lançada em 1979 no primeiro álbum solo, "Off The Wall" (foto), é o primeiro grande vídeo-clip da maioridade física e artística do Michael Jackson, e desnecessário dizer que por trás disso tudo estava o dedinho mágico do grande arranjador Quincy Jones. Esta música , inclusive, abre o disco e é um dos dois singles que alcançaram o topo das paradas norte-americanas. A canção rendeu ainda o primeiro Grammy da carreira do Rei do Pop, na categoria “Desempenho Vocal R&B Masculino”. Aliás, nesta música, quem faz a percussão é o músico brasileiro Paulinho da Costa, considerado por Michael como o maior percussionista do mundo.


Neste vídeo, é um prazer vê-lo dançando comedidamente, com sutileza, se curtindo, à vontade, senhor de si e felicíssimo, esboçando um inconfundível ar de iluminado - prenúncio do artista gigante que estava se solidificando. Michael esbanja elegância e simpatia, e com um carisma imbatível, próprio dos melhores cantores de soul e rhythm'n blues que o antecederam, e nada daquele cantor "bad" com cara de bravinho e histrionismo exagerado.

Coincidentemente, sempre que via Michael nesta sua última mutante fase morpho, de chapéu, cabelos longos, calça pula-brejo, terno preto de mangas curtas sobressaindo as mãos de dedos finos e longos, etc, sempre me vinha à lembrança a imagem clássica do espantalho do Mágico de Oz. É não é que ele interpretou esse personagem no musical "The Wiz em 1978! Neste vídeo-clip de 1979, ele pouco lembra o tal espantalho, mas curiosamente veio se transformando nele ao longo dos anos com a modificações físicas a que se submeteu. Interessante seria, dentre tantos clones morpho espalhados pelo planeta, ver algum sósia do Michael na fase "Out of All", mas o problema é que a maioria não iria reconhecê-lo... À propósito, vi no Estadão que o humorista Tutty Vasques comparou esse visual do Michael à um "Moreira da Silva de luto"... O Tutty é foda!

Dentre as várias imagens que o visual de Michael suscita, outra que me veio à cabeça depois que vi uma foto recente dele - aquela com uma barbinha mal feita -, foi a do personagem Zira do filme Planeta dos Macacos, aliás, eu estava caçando imagens para fazer uma fotomontagem comparativa da semelhança, e já havia uma na internet, pois a pessoa chegara à mesma conclusão que a minha... O irônico disto tudo, por mais incrível que pareça, é que o Michael estava mais para a macaca Zira na atual frase branca, do que na original quando era negro e tinha o nariz achatado... Vá entender!...


Tem outra: eu não concordo com a denominação "moonwalk" (andar da lua) - a dança inventada por ele - pois na lua ninguém anda mas salta, e os 40 anos da missão Apolo 11 estão aí para confirmar o fato... Aliás, o Toni Tornado - o "dinossauro do funk" - já deslizava pelo chão de modo quase semelhante (vide "V Festival Internacional da Canção", no Maracanãzinho, interpretando "BR-3"). A propósito, não era o dançar do Michael que imitávamos quando meninos, mas o do grande (em ambos os sentidos) Toni Tornado, que, na época, era uma verdadeira sensação entra a juventude brasileira. Para ser mais preciso e justo, o irado guitarrista Wayne Kramer, da maluca banda MC5, já fazia passos assim em 1969; basta ver os shows "July 19th, 1970 LIVE Widescreen" que se encontram no YouTube.

E, em se falando de "moon", se há algo de lua na carreira do Michael além de
Thriller, é o fato de que ele se transformou fisicamente seguindo fielmente a cartilha da Celly Campello, tomando banho de lua para ficar branco como a neve, no que veio, com todo o respeito, ficar parecido com uma boneca de porcelana... (outra imagem...). Opiniões à parte, eu fico com sua fase "Black Pearl", quero dizer, a fase setentista, à la Jovelina Pérola Negra...

Curiosamente, no clipe acima, ele diz à certa altura: "Estou derretendo (estou derretendo) como cera quente de vela". Pois foi exatamente isto que parecia estar acontecendo ultimamente com ele após tantas plásticas!... Vá entender a "Human Nature" do proprio homem que compôs este hit!... Apesar de parecer que pouco depois ele tenha feito uma plástica no nariz, foi muita insensatez dele não ter mantido essa "versão" física de 1979 como a definitiva, pois desta para a última, nota-se que são duas pessoas completamente distintas... A gente analisa e acaba ficando até com uma certa pena de ver os erros estéticos que ele cometeu. Veja abaixo, a fotomontagem que o jornal Daily Mail apresentou , que mostra como seria o rosto de Michael Jackson hoje, aos 50, porém, sem submeter-se a supostos tratamentos de branqueamento e cirurgias plásticas: não dá para acreditar que são a mesma pessoas - como se vê, ele só preservou o queixo... Aliás, plásticas transfigurantes como essa, devem deixar o traficante Abadia e o petista José Dirceu de queixo caído...

Curiosa e coincidentemente, dois dias antes de sua morte, o maestro Julio Medaglia, entrevistado por Jô Soares, criticou seu modo de dançar com ironia, além de falar em "guitarrinhas vagabundas". A Globo, por sinal, talvez em respeito à recente morte do astro, e poupando o maestro de duras críticas, retirou o trecho final do vídeo onde ele fazia sua irônica crítica...

Já nos anos 80, ele trazia ainda músicas que pareciam extraídas de discos da década anterior como a belíssima "Human Nature" (1982), minha música predileta de "Thriller". Dessa mesma década, das outras que tocaram na rádios, gosto de "Beat it" (1984), com a guitarra de Eddie Van Halen, e de "Bad" (1987), com aquela levada simples mas incrível de contrabaixo de bateria.

Mudando um pouco de assunto, não vi ninguém perguntar porque, apesar de todos os membros do Jackson Five serem maltratados pelo pai, só o Michael ter ficado com sequelas, à ponto de, criança, vomitar quando o pai aparecia à sua frente! Simples: é que o Michael tinha uma sensibilidade diferente da dos irmão - era mais frágil, se assim posso dizer -, e, por outro lado, não é à toa que ele foi o único a ser bem sucedido na banda - e a resposta é esta mesmo: questão de sensibilidade...

Enfim, com o passar dos anos e o distânciamento crítico, concluiremos o óbvio: o truísmo berrante e garrafal de que Michael Jackson ( na foto, em 1979) era um gigante sobre o qual só se pode falar por meio de superlativos, gênio único em sua arte - talvez venha se tornar o maior icone pop de todos os tempos -, e sua morte determina claramente o fim de uma era, e lembrando-se que ele representou "o apogeu comercial da era do long play (pré-CD) e o princípio da era do video", com sua morte se sacramenta a derrocada das grandes gravadoras, e talvez o surgimento de um cenário musical onde talvez inexistirão artistas versáteis e completos, como os grandes entertainers do show bizz do século XX. A propósito, o papa da Motown - o grande Berry Gord -, sentenciou: Michael, criou "aquilo que nunca tinha sido criado (...). Ele é simplesmente o maior entertainer que já viveu". Quincy Jones, por sua vez, disse: "Compartilhamos os anos 80, atingindo alturas que, afirmo humildemente, talvez jamais voltem a ser atingidas. (...) Foi o maior artista do planeta. (...) Em 50, 75, 100 anos, sua música será lembrada". Então, a pergunta que fica é: - Surgirão outros grandes astros pop de igual calibre, artistas completos e talentosos como ele? Para ficar num simples exemplo, relembro os pretensos rapazes do Oasis, que arrotaram grandezas e não conseguiram fazer nem 5% dos que os Beatles obtiveram. Gênios são gênios, ídolos eternos são ídolos eternos, e 15 minutos de fama é para quem tem pretensões e veleidades não condizentes com seu talento. E no Michael, o que mais surpreende é que, ao contrário da maioria dos artistas falecidos, não precisamos do distanciamento crítico que o passar dos anos normalmente requer para concluirmos o quão gigante e sensacional ele era.

Deus o Tenha.
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sábado, 27 de junho de 2009

MINHAS FOTOS NOTURNAS

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Clique nas fotos para vê-las ampliadas, e procure vê-las à noite, com a luz apagada para ver melhor os detalhes.


No detalhe, quatro OVNIS fotografados sobre as torres de transmissão do morro da fazenda Morro Alto, em 24 de dezembro de 2008. Eu os descobri por acaso nessa foto, cerca de um mês após ter fotografado, pois eles eram quase imperceptíveis no visor da máquina. No dia da foto, eu não os vi a olho nú, e estava apenas fazendo uma foto noturna do Jardim Cândida à partir da varanda da igreja Bom Jesus da Pirapora, no Belvedere, portanto os tais OVNIs estavam a cerca de 7 quilômetros da igreja. Estou fazendo um minucioso documentário sobre este caso e, em breve, revelarei aqui neste blog o que são esses supostos OVNIs. Aguardem.


V-Newton no crepúsculo, seu horário predileto, na barragem da Água Boa. Música que ouvia: "Entering Twilight" do tecladista de space music, James Johnson, música feita especialmente para esse horário sagrado. Recomendo. Junho de 2009.


Constelação de Órion sobre a barragem da Água Boa. Notar, ao centro da constelação, as Três Marias. Ao fundo, as luzes do pedágio Araras-RioClaro - 6-2009


Quintal de casa em noite de luar, constelação de Órion - 31-01-2007


V-Newton na estrada do bar do Seu Antonio, Cascata - 2009


Luar e cerração na estrada do Bar do Seu Antonio, Cascata - 2009


Luar e jato sobre Araras, vistos à partir do Jardim Rosana - 2009
A foto durou 30 segundos e o traço é o registro da passagem do jato.

Jato cortando céu estrelado aos pés do
Cruzeiro do Sul - barragem da àgua Boa - 2009

V-Newton curtindo uma noite de luar, uma cerveja, e a space music fantástica do tecladista Steve Roach, na comporta da barragem do Tambury, outono de 2009.
“A meditação em locais retirados, o estudo da natureza e a contemplação do universo forçam um solitário a procurar a finalidade de tudo o que vê e a causa de tudo o que sente.” (Jean Jacques Rousseau)

Os amiguinhos Gerson e Kátia no pôr-so-sol - Portal dos Eucaliptos - 2008


A Estação Espacial Internacional atravessa o céu sobre a pedreira da usina Santa Lúcia - 2008. A foto durou 30 segundos e o traço é o registro de sua passagem, dia 11-9-2008, às 19:00hs, na sua rota normal Sudoeste-Nordeste. Notar a constelação de Cisne à esquerda da estação, uma enorme cruz de cabeça para baixo.



Tempestade sobre Rio Claro, vista à partir do Jardim Rosana - 2008

Lua Nova - Jardim Pedras Preciosas - 2008


V-Newton no portal da estrada da usina Santa Lúcia - 2008


Ceús estrelado visto à partir do Bar do Seu Antonio, Cascata - 2008


Lua Nova, canavial e árvore seca, fazenda Boa Esperança - 7-5-2008


Fagulhas na chaminé da padaria do supermercado 3 Estrelas - 19-4-2007


Constelações do Centauro e Cruzeiro do Sul, vistas da chácara Daltro - 2007. A estrela mais brilhante, no alto à esquerda, é a famosa Alpha Centauri, a estrela mais próxima da Terra, distante cerca de 2,5 ano-luz de nosso planeta.


Constelações do Escorpião e planeta Júpiter, vistos da chácara Daltro - 2007. Para reconhecer a constelação, comece pelas três estrelas no alto da foto, que são as garras do escorpião, e depois vá descendo pelas estrelas que formam o corpo e, no final, aos pés da fotos, as estrelas fazem uma curva, que é a cauda dele. É a constelação mais perfeita do céu. No topo da árvore está o planeta Júpiter.


Cumulo-nimbus e raios intra-nuvem sobre o céu de
Araras, vistos a partir da barragem Tambury - 2008


Cometa Mc Naught, visto à partir do descampado do Jardim Rosana. Cerca de metade da cauda está oculto por uma nuvem, infelizmente. 20-1-2007


Constelação de Escorpião e planeta Júpiter, visto à partir da chácara Daltro, 2007


Canavial, árvores e nuvens iluminadas por lâmpadas de
vapor de sódio na pista da usina Santa Lúcia - 2-3-2007


Barragem do Tambury em noite de luar, e nuvem
iluminada por lâmpadas vapor de sódio - 03-12-2006


Árvore seca, luar e estrelas, faz. Boa Esperança 16-2-2008

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terça-feira, 26 de maio de 2009

NOVAS FRASES DE HUMOR DO V-NEWTON

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RELATIVIDADE
O problema do artista que mora nos pólos e pretende fazer sucesso da noite para o dia, é que vai ter de esperar no mínimo uns seis meses.
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FRASES PARA O DIA A DIA
Se refestelando feito urubu em atropelamento de cachorro.
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REFORMA ORTOGRÁFFICA
Daqui para a frente, os gramáticos e filólogos pretendem não mais encher linguiças. De tremas.
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O QUE É QUE O BAIANO TEM...
Dicas seguras para as garotas identificarem um Filho de Gandhi no carnaval da Bahia (baseado num artigo de jornal)
1- O sujeito usa perfume barato, de supermercado; para ser mais específico, alfazema;
2- Não usa cueca, e você já vai saber o porquê;
3- Sua urina é altamente corrosiva, corrói até pilastras, portanto, na companhia de um, evite ficar em baixo de pontes enquanto ele urina;
4- Se você for daquelas que pulam carnaval de chupeta, na companhia de um depois da festa prefira essa chupeta mesmo, e não preciso repetir o motivo;
5- Depois disso tudo, se você tem coragem de confiar sua periquita à um cara desses, o problema é teu. E depois não vá falar que eu não avisei!
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ATINAÇÕES
Sou progressista o suficiente para não ser da Igreja Universal, mas conservador demais para ser da Católica Carismática.
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ATINAÇÕES
No fundo de todo DJ, há um músico frustrado que mal sabe assoviar e batucar numa caixinha de fósforo.
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DAYDREAMING
Padeço, com freqüência, da síndrome de Balão Mágico: “Eu vivo sempre no mundo da lua”...
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ATINAÇÕES
O pinto do Davi do Michelangelo: um pinto no estado mole, mas duro que nem uma pedra.
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INSETOS
As baratas são ante-diluvianas, mas as esperanças são as últimas que morrem.
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PONTO DE VISTA
Se Adão fosse japonês poderia tapar o sexo com folha de parreira bonsai. E não preciso dizer o porquê...
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NOVAS DEFINIÇÕES
- Pleorama: é toda aquela paisagem que a bicicleta ergométrica não te permite ver.
- Taxidermia: quando o taxista esfola o cliente.
- Hipócrita: aquele que segue à risca os princípios da boa moral, desde que eles não comprometam sua vida de vícios.
- Diplomacia: a arte de emitir flatulências apenas em lugares barulhentos e mal cheirosos.
- Demagago: uma pessoa que não acredita em promessa alguma e pretende que os outros acreditem nas suas.
- Ateu: uma pessoa que pretende tirar Deus da boca das pessoas, enquanto ele é o que mais fala no Próprio.
- Estado de coma: limbo entre a vida e a morte.
- Calvário: drama dos calvos.
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CISMAS DE GENIOZINHO
– Paiê, ô pai?
– O que foi, filho?
O senhor sabe a diferença entre severamente perverso e perversamente severo?
– Uns tapas na orelha resolve essa sua dúvida?
– Ãããhhh?!
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NÃO CONFUNDA
Não confunda a conversa do Vicente Celestino com a conserva do Celeste Vicentino.
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NOVO MUNDO
Chegará um dia em que o homem se dará conta que é a calçada que estraga a árvore, e não a árvore que estraga a calçada.
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HUMOR SEM GRAÇA
– Quo vadis?
– O que você está me perguntando?
– Quo vadis?
– Para mim você esta falando grego...
– E estou mesmo!
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DESDITADOS
Em água que tem tubarão martelo macaco prego toma água de canudinho.
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POEMETO
Minha terra tem terreiros
E a granja do sabiá,
Mas aves de galinheiros
Não granjeiam como lá
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GANDAIA CIÊNCIA
Temos ciência o bastante para nos indispormos uns com os outros, mas não religião suficiente para nos bem-queremos.
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FÁBULAS
– Moço, o quiocê qué sê quando crescê?
– O mesmo de sempre...
– Como assim?
– Meu amigo, eu sou o Peter Pan...
– Nossa!! É memo!!...
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DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Enterrem meu coração na curva do rio. O resto pode usar como isca...
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segunda-feira, 11 de maio de 2009

AFINAL, ROCKEIRO BRASILEIRO SEMPRE TEVE CARA DE BANDIDO?

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Até pouco tempo atrás, eu não concordava com a famosa frase setentista de Rita Lee, a de que “Rockeiro brasileiro sempre teve cara de bandido”, frase que inclusive virou verso de uma música sua, o rock Ôrra, meu! (Lança Perfume, 1980). Ela própria, por seu envolvimento com drogas, foi vítima do sistema: Rita, em agosto de 1976, aos três meses de gravidez, foi presa em sua própria casa, sob a acusação de porte de drogas, num dos fatos de truculência explícita mais revoltantes da ditadura que vinha dominando o Brasil desde 1964. Imaginem uma mulher jovem, no meio de um monte de cabeludos a banda Tutti Frutti (foto) , abrindo as portas para o rock brasileiro feminino e com músicas falando de drogas em plena época da ditadura! O site CCUEC, da Unicamp, escreveu:

"Rita Lee foi roqueira num tempo em que o fato de ser roqueiro era caso de polícia ('... roqueiro brasileiro sempre teve cara de bandido ....'). Os cabeludos eram muito discriminados e eventualmente presos, e uma mulher roqueira era uma afronta quase insuportável."

Hoje, eu vejo a coisa por outra ótica: é que a polícia da época implicava com os cabeludos, não que eles fossem bandidos realmente o problema era cisma mesmo com gente do ramo: rockeiros, motoqueiros e hippies e, reconheça-se, o envolvimento com drogas a maconha e o LSD eram indissociáveis da cultura riponga... Houve, na história do cinema brasileiro , uma banda de rock psicodélico, a Spectrum, responsável pela trilha sonora daquele que é considerado o primeiro filme hippie nacional – "Geração Bendita: É isso aí bicho!" (1971) que durante as filmagens, membros da banda e artistas foram presos e tiveram seus cabelos raspados pelas autoridades moralistas da cidade carioca Nova Fibrurgo.

É um episódio para lá de marcante e hilário o pessoal preso durante a filmagem! O jornal acima relatou o que o delegado disse ao autuar os artistas em plena filmagem:

“- Corta! Está todo mundo em cana. Ninguém sai de cena. As representações serão, agora, no xadrez, mas com artistas carecas e todos de banho tomado, asseados e limpos.”

Vale lembrar que o movimento rock é que é o determinante no aparecimento dessas tribos, e não alguma forma de bandidagem ou violência. Convém lembrar também que esse pessoal da "Era de Aquarius" não era "inimigo" do estlablishment e tampouco sonhava em tomar as rédeas do controle social, para transformá-lo, no mínimo, em uma revolução contracultural, mas o que eles queriam mesmo apenas era curtir o espírito da filosofia da Nova Era, colocar o pé na estrada num estilo de vida baseado no ócio, voltar à natureza, se amar em liberdade, montar uma banda, transar artesanato, etc., em suma, nada mais nada menos que a utopia escapista da filosofia hippie. Mas o sistema pegava pesado com eles, e em se falando dos hippies, na época, o chefe de relações públicas chamou-os de de "inimigos irreconciliáveis da higiene, cheios de parasitas e frequentes portadores de doenças contagiosas (uma clara alusão às doenças venéreas e à hepatite, subprodutos do amor livre e das injeções de drogas)." Também a morte de grandes ídolos internacionais por seu envolvimento com drogas (Hendrix, Brian Jones, Janis Joplin e Jim Morrisnson), colaborou (e muito) para estigmatizar o pessoal ligado ao rock.

Me recordo que, em minha cidade (Araras/SP), era só a polícia passar e ver um bando de cabeludos em atitudes que nem precisavam ser suspeitas, e lá vinha a tal da “geral”... Aquela moçada feliz, descontraída, "cabeça feita", bebendo cerveja, coca-cola, fazendo ou ouvindo um som e se amando em liberdade, realmente incomodava os “meganhas” acostumados até então com o ingênuo, pacato e ultrapassado footing na praça principal...

Curiosamente, já na época da Jovem Guarda, a cisma com os cabeludos (as inocentes franjinhas dos Beatles...) já dava ibope negativo: uma indústria alimentícia disse que "'aquele cabeludo' daria indigestão aos cliente de sua comida." O cabeludo era nada mais nada menos que o Roberto Carlos ...

Ao contrário do Brasil, nos EUA os hippies eram considerados vagabundos inocentes. Já polícia brasileira da época sabia sim quem eram os verdadeiros bandidos, e para ser bandido não era necessário ser cabeludo, mas simplesmente ser bandido, independente da aparência. Aliás, roqueiro brasileiro nunca posou de visual bandido. Uma coisa era ser consumidor, outra era ser traficante, e a maioria dos rockeiros daquela época, ao que eu saiba, eram apenas consumidores, fato que, reconheça-se, não os exíme da cumplicidade na contravenção. Como bem sabemos, tanto o Raul Seixas quanto a Rita Lee – nossos papas do rock –, nunca traficaram, mas eram usuários, fato que nunca negaram o Raul bem o disse em seu hit “Não quero mais andar na contra-mão”:

"Hoje uma amiga
Da Colômbia voltou
Riu de mim porque
Eu não entendi
Do que ela sacou
Aquele fumo rolou
Dizendo que tão bom
Eu nunca vi...”

Cita-se que depois que a revolução empreendida pelos tropicalistas passou – caldeirão cultural onde se incluíam a psicodélica banda Os Mutantes , o rock tupiniquim foi alçado à uma posição marginal no cenário da música brasileira. Em pleno apogeu da era do desbunde – de um lado a emergência da MPB, e de outro o clima pesado da política repressiva – , tudo isso concorreu para que na década de 1970 como queria a Rita Lee , o roqueiro brasileiro tivesse "cara de bandido", lembrando que o Maluco Beleza, por seus diversos problemas, foi um dos que mais “colaboraram” para a difusão desse estigma equivocado.

Agora, analise a situação: a maioria esmagadora dos favelados e marginais daquela época não eram cabeludos e barbudos (como forma de distinção de tribos, se assim posso dizer), e nem se trajavam com os adereços típicos dos rockeiros, ou seja, faixas na cabeça, pulseiras, colares, anéis, blusões de couro, botas, tachinhas, etc., aliás, que eu me recorde, bandidos nunca trajaram roupas típicas de rockeiros, no máximo as famosas calças "boca-de-sino" e sapatos "cavalo de aço". Tampouco o sotaque peculiar dos rockeiros tinha a ver com os verdadeiros bandidos. Na foto, bandidos da década de 80 presos em Porto Velho, após assalto ao Banco do Brasil. A legenda original diz que eles pareciam um time de várzea. Alguém aí vê alguma semelhança com roqueiros?

Mas, afinal, aonde quero chegar? É que, atualmente, a frase da Rita Lee tem ser refeita para se adaptar aos tempos atuais, digo, adaptada com mais propriedade: "Funkeiro brasileiro sempre teve cara de bandido". Mas porquê desejo isto? Veja agora os funkeiros e rappers da atualidade: cabeça raspada, touca (em pleno Verão!), tatuagens pesadas – é o mesmo visual dos malandros e contraventores das periferias, das favelas, os mesmo gesticular característico, as mesmas gírias de cadeia, o modo de falar com a mesma entonação de presidiários, em suma, é difícil distinguir um dos outros, aliás, a pergunta que fica é que se são os funkeiros e rappers que se vestem de bandidos, ou vice-versa... Aliás, parece que, atualmente, até membros de torcidas violentas de futebol adotam esse visual... (na foto, um bandido carioca moderno). Em tempo, não nos esqueçamos (jamais!), a ligação entre o cruel assassinato do jornalista Tim Lopes e funkeiros cariocas...

Um site, denominado Funk de Raiz, traz este texto como abertura:

“Em meados dos anos 90, há uma pequena reviravolta no mundo Funk. As equipes de som promovem Festivais de Rap's nas favelas onde haviam bailes e lançam em discos as gravações lá realizadas. Assim surgiram os MC's cantando funk nacional, conhecido como RAP.”

Inclusive, este site menciona como referência, e com orgulho, o nosso grande DJ Big Boy (foto) como se ele tivesse algo a ver com esses bailes funk modernos... Mas, se teve, a deturpação foi total. Nosso maior e inimitável DJ deve estar se revirando em seu túmulo! A propósito, bailes promovidos pelo Big Boy – o grande “Baile da Pesada” –, tocavam Funk verdadeiro (e muito rock e outros estilos também, ou seja, muita diversidade), algo muitíssimo superior se é que se pode comparar – essa escória de rap e funk que se ouve por aí. Saiba, clicando aqui, quem foi essa fera.

Musicalmente falando, isso que esses cariocas chamam de funk, não tem nada de Funk (com F maiúsculo) – o que aconteceu, na verdade, é que o verdaeiro Funk foi vilipendiado por uma confusão estética, se é que os curtidores do falso funk tem noção disso. Esse "estilo" medíocre dos subúrbios cariocas não tem verdadeiros instrumentistas, suingue, groove, o vocal é linear e sem emoção, e o timbre da voz é horrível – resumindo, não são cantores em hipótese alguma, e tem mais, esse negócio ridículo de neguinho ficar esfregando discos de vinil e dizer que está tocando ou fazendo música, não passa de piada barata. As bandas de Funk autêntico – Funk primórdios da black music, de meados de 1974 até 1991 – chegavam à vezes a ter mais de 20 integrantes, tinham vocais excelentes e tocavam um estilo muito rico em se tratando de música instrumental. Quanto ao Funk carioca autêntico, só para ficar num exemplo, evidencio a grande (em todos os sentidos) banda Black Rio, do célebre Oberdan.

O site Ato ou Efeito, se referindo ao moderno funk carioca, o do estilo pancadão, traz o seguinte: “Não EXISTE música no Funk. É sempre a mesma coisa, sempre a mesma batida e sempre a mesma... coisa”. À esses alienados que desconhecem o verdadeiro Funk, recomendo uma simples audição do mega-hit “Get Off” da danda Foxy – ouçam neste link do You Tube. Agora, veja este funk, o Bonde dos 40 Ladrão, e sua clara apologia ao crime.

Veja agora um dos clássicos do funk original, a música "Pick Up The Pieces", um tema instrumental da banda escocesa Average White Band, peça que vira e meche o Quinteto Onze e Meia, a banda do Programa do Jô, executa:

Se referindo à uma gang de bandidos, o Mooca Chapa Quente, bando que assalta e estupra orientais, o site da Globo noticiou agora, em 19 de maio:

"Membros da quadrilha "Mooca Chapa Quente", que assaltava casas de estrangeiros na Zona Leste de São Paulo e foi presa pela Polícia Civil, não fazia questão de se esconder. Eles planejavam os crimes em bailes funks e divulgavam vídeos de armas e munição na internet. Quem faz parte do bando tem a tatuagem de um cifrão na mão."

O Mooca Chapa Quente e o Bonde dos 40 Ladrão são a mesma galera. Enfim, nada que uma "boa" cadeia resolva, aliás, já resolveu...

O disc jockey carioca Humberto DJ, por sinal nascido no mesmo dia, ano deste que voz escreve (mas no mês de agosto; sou de janeiro) , disse:

“Sou de uma época que o funk era regido pela essência da cultura musical, atrelado aos bons costumes e a prática da verdadeira parceria, com produtores cercados de ética, profissionalismo e um grande 'feeling' em determinar o que seria sucesso ou não.”

Poderia até dizer , à esta altura, que o que se salva no funk carioca são as letras e a mensagem que elas passam, mas, sejamos realistas: elas beiram a total alienação, mediocridade e baixaria é coisa de analfabeto funcional mesmo; e olha que, nestes tempos doidos, tem gente insensata (me refiro ao Wagner Montes!...) que cria projetos de lei querendo tornar o funk carioca uma manifestação cultural oficial. Em junho deste ano, a funkeira Fernanda Abreu (ex-Blitz) afirmou que o funk carioca é "estudo sociológico"... Vejam o que pesquisador de Ciências Sociais Antonio, o professor Fernando Borges, escreveu em seu blog:

Cada vez se produzem mais panfletos e menos obras literárias, sendo que no Brasil, como é de hábito, as coisas vão ao exagero: a pretexto de se ‘dar voz aos excluídos’, eleva-se à condição de literatura o discurso dos rappers e funkeiros, malandros e contraventores da periferia das grandes cidades.

O mesmo DJ acima, se referindo ao teor das letras do funk carioca, escreveu:

“Afinal, neste país quando o assunto é sexo, tráfico e sacanagem a massa aplaude, bate palma, acha engraçado, ao contrário de antigamente, cujo repúdio era mantido, ou melhor ainda é mantido.”

Como se vê, o Rio de Janeiro começou por roubar a capital da Bahia (1763), e agora compete com os baianos para ver quem faz música de pior qualidade: é bundaxé de um lado e funk do outro... Ai, que saudade dos bons tempos do James Brown (outro que está a revirar em seu tumulo) e do verdadeiro e original Funk!

Pois é, meus caros, como se vê, entre os "bichos" dos rockeiros e o "manos" dos funkeiros e bandidos há um abismo imenso... Flower & Power era paz e amor mesmo, e não essa apologia do crime, da violência e da banalização do sexo que fazem essa outra gente, isto para não falar da exploração sexual de menores nos bailes funks financiados pelos traficantes, na favela carioca da Vila Cruzeiro (vide Elias Maluco).

Galera, olha só o comentário que descolei numa comunidade do Orkut, a “Memorias de uma época!”, falando dos rockeiros e dos bandidos do Rio de Janeiro dos anos 70, comentário de um cara que vivenciou intensamente esta época:


“(...) E como ninguém era santo e nem tudo eram flores e boas lembranças, existiam as 'bad-trips' das chamadas 'bolinhas “marcha-ré' (Mandrix, Optalidon, Artânia...), xarope Pambenil (acho que era esse o nome), Melhoral moído no cigarro, fluido de isqueiro, chá de cogumelo, etc...OBS: mas tudo isso parece 'fixinha' tendo em vista do que se consome hoje !!!

Teve gente que tremeu na rua com a simples aproximação de um Dodge preto e branco (Camburão) ou a 'Joaninha', parando para 'dar um bote' nos 'Bichos cheios de grilos na cuca'?

Parece tambem piada, mas se não me falha a memória, só existiam 3 bôcas no RJ: Saçú, Cabeção e Inferno Colorido e nenhum 'bang-bang'na rua, nem balas perdidas, nem essa verdadeira guerra civil atual do trafico.”

O depoimento veio a calhar, e o cara resumiu tudo!

Enfim, viva o James Brown, a Rita e o Raul (e o Foxy também...), e, daqui para adiante, mais respeito com essa "geração bendita"!

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