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domingo, 19 de novembro de 2017

VELHO ESCRAVO DA FAZENDA SANTO ANTONIO (Araras-SP) INSPIRA FAMOSO QUADRO DO PINTOR MODERNISTA LASAR SEGALL!

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Lasar Segall
A famoso quadro "Bananal", do pintor Laser Segall (1891-1957), teve por base um estudo detalhado, a lápis-carvão, que ele fez de um senhor negro e idoso, chamado Olegário, que fora escravo dessa que é uma das mais antigas de Araras, surgida no distante 1831.
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Segundo LuDiasBH:
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"Segall mais uma vez, como fez em Menino com Lagartixas, destina a parte inferior da tela, reduzida aqui à metade, para colocar o único personagem da composição, preenchendo todo o resto com as folhas verdes das bananeiras.
Como o título induz-nos a pensar, o negro Olegário é apenas parte da densa vegetação, pois, como na vida, nunca fora visto como pessoa, mas como parte disso ou daquilo, subordinado ao trabalho, mandado por seus donos.
A figura de Olegário, vista a partir do longo pescoço para cima, traz profundos sulcos na testa, que denotam não apenas preocupação, mas também marcas do tempo e do trabalho servil. Seus olhos são pequenos e verdes como o verde das folhas do bananeiral. O nariz anguloso e achatado mostra enormes narinas abertas. A boca grande e grossa, mesmo fechada, expõe os lábios carnudos. Dois profundos sulcos cercam-na, partindo das narinas, e indo até os cantos esquerdo e direito.
O cabelo curto e emaranhado da cabeça de Olegário encontra-se com a barba crespa, como se fizessem uma moldura em torno do rosto do ex-escravo. Seu olhar é ao mesmo tempo duro, desesperançado e sofrido."
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GoffredoTelles Junior.
Quem se recorda dele servindo de modelo para o futuro quadro, era aquele que no futuro viria a se tornar um dos maiores juristas do país, o então menino Goffredo Telles Júnior (1915-2009), que passava os dias nesta fazenda de seus avós junto com o grupo de modernistas da Semana de 22 que aí frequentou durante a década de 1920:

"Lasar Segall, por exemplo, me fascinava. (...) Ele tinha um modo de olhar para as coisas do mundo como não vi em mais ninguém. Olhos muito abertos, infinitamente curiosos, numa fisionomia de extrema doçura... Extasiei-me ao vê-lo em plena criação, no terraço da fazenda, retratando, a carvão, na tela do seu cavalete, a cabeça do velho Olegário, antigo escravo de meus bisavós. Nenhum de nós podia imaginar que ali se estava produzindo o primeiro esboço do famoso quadro Bananal."
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