Todo
ano, entre o final do mês de Outubro e o princípio de Novembro, um grande
número de pássaros, na condição de visitantes setentrionais abandona o inverno
da América do Norte em busca do verão brasileiro. Dentre estas aves está uma
espécie de bacurau, conhecido como bacurau norte-americano ou migrador (Chordeiles minor). Na cidade onde resido, Araras, Estado de São
Paulo, Brasil, estas aves são encontradas nas praças centrais, onde passam o
dia, perfeitamente adaptadas ao conturbado ambiente urbano. Fazem deslocamentos
coletivos ao pôr-do-sol, dirigindo-se para o leste, como que querendo apressar
a chegada do noite, fugindo do poente, regressando logo depois, no escuro, como
bem observou o ornitólogo Helmut Sick já falecido, em sua livro “Ornitologia
Brasileira - Uma Introdução”.
Abaixo, foto de novembro de 1991, na mesma praça, foto do finado Pérsio Galembeck Campos, encomendada por mim.
A árvore dominante nesta praça é a (Caesalpina peltophoroides, foto acima), conhecida popularmente como “Sibipiruna”, espécie muito comum na Mata Atlântica. Passam o dia repousando em seus galhos
em posição contrária à da maioria dos pássaros, ou seja, no sentido do próprio
galho, como que querendo se ocultar, estratégia comum entre as aves desta
família. Ficam pousadas em galhos a partir de quatro metros de altura à sombra
ou ao sol. Sua presença nestes locais não é facilmente notada, a não ser quando
pousam em locais abertos ou saem voando ao crepúsculo ou no início de tempestades.
Abaixo, foto de novembro de 1991, na mesma praça, foto do finado Pérsio Galembeck Campos, encomendada por mim.
A observação mais relevante que fiz sobre esta ave foi em 16/1/1995 (foto), no centro da cidade. No início da manhã vi um destes bacuraus pousado no cano inclinado de um semáforo num local de tráfego intenso, e ali ele ficou até por volta do meio-dia. O curioso é que a ave não se mantivera pousada como o faz normalmente nas árvores, ou seja, no sentindo do longitudinal do galho, mas transversalmente como a maioria das aves. Pouco tempo depois passou para o cano oposto onde, sob sol intenso, ficou até o meio da tarde, quando procurou abrigo sobre a sombra da junção do cano onde repousava com o cano vertical que sustenta o semáforo; porém, com o deslocamento do sol, o pássaro voltou a ser iluminado. Nesta tarde, São Paulo teve o seu dia mais quente do ano após nove anos. A temperatura atingiu 42° centígrados, o que demonstra a enorme resistência que estas aves tem no se expor à luz solar direta. Convém lembrar que a cerca de 10 metros do semáforo havia o arvoredo da praça de uma escola. No mesmo local, em outra data, vi durante o dia, o que parecia ser uma destas aves pousada num fio elétrico como uma ave comum!
Um dia de chuva forte na praça principal,
vi um bando de cerca de 22 destes bacuraus deixarem seus pousos e se dirigirem
para o nordeste da cidade, mas devia haver mais indivíduos porque não pude
visualizar todo o céu acima da praça.
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