terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

CURIOSA COINCIDÊNCIACOM O DISCO "NURSERY CRYME" DA BANDA GENESIS

Encontrei esta ilustração à bico de pena relativa a um jogo de "croquet" (com "o" mesmo), história que se passa na primeira década do século passado em Montevideu. Ela me remeteu à capa do disco "Nursery Cryme", do Genesis, lançado em 1971, em que se vê uma cena de jogo de criquet (com "i"). 

* Detalhe: a ilustração é do livro "O menino que eu era", de Generoso Ponce Filho, lançado em 1967.






terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

HAJA GULA! ANTIGOS ÍNDIOS BOLIVIANOS QUE COMIAM FEITO LEÕES!



Existe a expressão: "Comer um boi", cujo significado é comer muito. Pois vejam esta passagem  petinente ao assunto que encontrei no livro "Caçando e pescando por todo o Brasil", do caçadoe e pescador campineiro Francisco de Barros Júnior., 1º volume (de três), lançado em 1945 após sua passagem pela tribo dos índios cainguangues no Paraná:

“Caingangue, se tem o que comer, come vinte e quatro horas por dia sem parar... E isto não é peculiar à raça, pois o comandante Miranda Rodrigues contou-me que quando na comissão de limites entre o Brasil e a Colômbia, viu os doze índios colombianos que auxiliavam a comissão comerem, durante a noite, uma grande anta que ele matara, ficando pela manhã apenas a cabeça e os ossos bem descarnados! Quando o estômago daqueles silvícolas está muito cheio, deitam-se de costas e, com um tição, em passes horizontais, a poucos centímetros da pele, aquecem-na, e depois fazem demoradas e enérgicas massagens. Em seguida, esvaziam o conteúdo da ingestão forçada, parecendo em volume ao de qualquer boi e voltam ao infindável deglutir.”

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

O ENIGMA DAS ORIGENS DA CHIPA E DO PÃO DE QUEIJO MINEIRO


Estou lendo um livro aqui, de memórias, lançado em 1967, de histórias que se desenrolam no início do século passado. O livro é “O menino que era eu”, de Generoso Ponce Filho (1898-1972). Aos quatro anos, Generoso, filho de pai político, e por isto mesmo exilado no Paraguai com a família, faz menção à ”chipa”, esse "novo" pãozinho de queijo que ganhou as cidades do interior paulista. Relembra ele:

“Felizmente as irmãs dando por minha falta, foram buscar o amudo quase anacoreta, levando-lhe uma espécie de pãezinhos de queijo, verdadeira tentação do demônio, que me repuseram no caminho da perdição das coisas boas deste mundo.”

A chipa paraguaia

Como eu, acho que muita gente pensa que a chipa é uma variedade de pãozinho de queijo mineiro, mas não. Segundo a Internet, “A chipa (ou chipá) é uma iguaria tradicional da culinária paraguaia. Tem suas origens nas missões jesuíta e franciscana da Governação do Paraguai (Vice-Reino do Peru), conforme registrado nas crônicas dos séculos XVI, XVII e XVIII.” Na verdade, o pãozinho de queijo mineiro é originário da chipa, e  teria entrado no Brasil por volta da década de 1860.

Generoso Ponce Filho

Apesar da diferença no formato, ambas têm os ingredientes e o sabor bem semelhantes. Se a chipa é uma tentação do demônio, como queria o memorialista Generoso, eu não sei, mas, particularmente, eu acho a chipa mais saborosa e crocante.

O nosso tradional pão de queijo mineiro


terça-feira, 30 de janeiro de 2024

"PARANOIA OU MISTIFICAÇÃO" - crítica de Monteiro Lobato em 1917.

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“(...) em Paris se fez uma curiosa experiência: ataram uma brocha na cauda de um burro e puseram-no traseiro voltado numa tela. Com os movimentos da cauda do animal a broxa ia borrando a tela. A coisa fantasmagórica resultante foi exposta como um supremo arrojo da escola cubista, e proclamada pelos mistificadores como verdadeira obra-prima que só um ou outro raríssimo espírito de eleição poderia compreender. Resultado: o público afluiu, embasbacou, os iniciados rejubilaram e já havia pretendentes à tela quando o truque foi desmascarado.” 

* Paranoia e mistificação. Monteiro Lobato. O Estado de São Paulo, 20-12-1917.






quinta-feira, 21 de setembro de 2023

SERIAM OS VELHOS ALMOFADINHAS OS PRECURSORES DA GERAÇÃO NUTELLA HÁ 100 ANOS ATRÁS?

 Um livro lançado em 1932, "Passadismo e Modernismo", da escritora Lola de Oliveira comenta o tipo almofadinha, surgido na década de 1920:

“É um almofadinha. Parece uma menina do século passado. Faz qualquer friozinho e ele está espirrando. Foi criado pela vovó. uma velha tão rica e atrasada que o trazia em pequeno, enrolado em flanelas e chales de malha. Nunca em sua vida entrou em uma piscina nem tomou um banho frio. Por isso é aquela moleza a se arrastar no meio desse turbilhão de S. Paulo.”  

O blog Cidade dos Melindres trás a definição do como surgiu e como era um autêntico almofadinha:

"O termo 'almofadinha' veio do habito de alguns homens do inicio do século, que ao viajarem sentados nos bondes de banco de madeira pela cidade, ficavam com as nádegas doendo por conta dos saltos causados pelos inúmeros buracos na estrada, passando então a trazerem consigo cada qual uma 'almofadinha' de casa, para repousar o traseiro durante a viagem, evitando assim machucar sua poupança. A prática não foi tão bem vista por todos os homens. Tanto que a figura do almofadinha era por muitos considerada feminizada. Estes rapazes se barbeavam bem, e perfumavam-se, desenhavam seus bigodes pequenos, usavam calças mais apertadas e curtas. Os almofadinhas eram constantemente ridicularizados nas charges de revistas da época, e estavam sempre à cola de alguma bela melindrosa."

Enfim, amigos, os almofadinhas foram ou não foram precursores dos modernos jovens da Geração Nutella?...

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quinta-feira, 17 de agosto de 2023

MISOFONIA, A AVERSÃO A CERTOS RUÍDOS, QUE INCOMODAM DETERMINADAS PESSOAS


Meus Deus, mas como essa gente das produções bíblicas da TV Record tomam água o tempo inteiro! Não há uma cena dentro de uma casa ou palácio que não tenha uma pessoa pegando uma bilha d'água e enchendo um copo!!! Toda cena interna que aparece acontece isto! 

O problema é que eu não suporto ouvir copos sendo enchidos com um líquido qualquer , não sei por que, e o mais estranho é que isto só ocorre quando assisto TV, mas "ao vivo", no dia-a-dia nada acontece!...

Os cientistas dizem que isto é o distúrbio chamado Misofonia, ou, como eles dizem: "uma condição em que há uma forte aversão a certos sons, em resposta aos quais a pessoa relata experiências emocionais desagradáveis e excitação autonômica." 

Pode?!...

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sexta-feira, 21 de julho de 2023

50 ANOS DO LANÇAMENTO DO DISCO “KRIG-HA, BANDOLO!” DO RAUL SEIXAS:

Dia 21 de julho de 1973: lançamento de "Krig-ha, Bandolo!, culminando com um show no teatro Tereza Rachel neste mesmo dia. A revista Rolling Stone Brasil  divulgou uma lista dos 100 maiores discos da música brasileira, na qual “Krig-Ha, Bandolo!” ocupou a 12ª posição. Em setembro de 2012, foi eleito pelo público da Rádio Eldorado FM, do portal Estadao.com e do Caderno C2+Música (estes dois últimos pertencentes ao jornal O Estado de S. Paulo) como o quinto melhor disco brasileiro da história. Já a revista Bravo elegeu, em 2008, “Ouro de Tolo” ─ a carro-chefe do disco ─ a 50ª principal música nacional da história. Um ano antes, a mesma revista Rolling Stone Brasil foi ainda mais enfática: colocou essa faixa de Raul na 16ª posição entre as maiores criações musicais do nosso país. 


Na verdade, um compacto com “Ouro de Tolo” e “A Hora do Trem Passar” (compacto simples, abril 1973, Philips, Nº 6069076) já havia sido lançado em abril deste ano. Nesta gravação, em vez de Raul cantar “Corcel 73” ─ como na versão do vinil que viria a ser lançado em 21 de julho próximo ─, Raul canta “Carrão 73”. Com o sucesso desse compacto, a gravadora precisou prensá-lo duas vezes para suprir os pedidos das lojas, e já na primeira semana vendeu 60 mil cópias. “Ouro de tolo” é o nome que se dava na Idade Média às promessas de falsos alquimistas, e numa aparição sua no programa Flávio Cavalcanti (de que falarei adiante), logo após o sucesso da música, o Raul explicou: “Ouro de tolo é um termo usado em Geologia para designar uma pedrinha chamada Pirita, que parece ouro mas não é.” Com o sucesso de Raul, o dono da gravadora CBS - onde Raul trabalhava gravara às ocultas “Sociedade da Grã-Ordem...” e fora demitido por isto ─ se sentira arrasado, do mesmo modo que os executivos da gravadora inglesa Decca, que ficaram traumatizados após esnobar os Beatles e estes explodirem em outra gravadora. A título de curiosidade, o polêmico cantor Geraldo Vandré havia voltado do exílio quatro dias antes do lançamento do “Krig-ha, Bandolo!”, ou seja, em 17 de julho  de  1973, lembrando também que o primeiro LP dos Secos & Molhados seria lançado 16 dias depois do disco do Raul, ou seja, no dia 6 do mês de agosto.

Assim como os escritores Monteiro Lobato e Arthur Azevedo, Raul Seixas não deixou descendentes diretos, não filiou-se a escolas ─ tinha seu nicho próprio ─, nem alinhou-se com as correntes estéticas, sendo fiel a si mesmo. Por assim dizer, foi um artista único e isolado, não pertencendo à igrejinhas, jamais circunspecto à panelinhas, clube dos bolinhas e afins. Raul evitou ortodoxias musicais e pautou-se pelas leis do próprio temperamento. Diria que Raul granjeou fama e sucesso de uma maneira que pareceu isolá-lo numa faixa única de celebridade. 

                                                                                                                        * Wenilton Luís Daltro