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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

CHUVA DE METEOROS PODERÁ SER VISTA NA MADRUGADA DE HOJE E AMANHÃ


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Quem abriu o Gooogle hoje, pôde se deparar com uma ilustração diferente no cabeçalho, e deve ter-se perguntado o que significava aquilo. Pois bem: hoje e amanhã, dia 12 e 13 de agosto, se dará o auge de uma das inúmeras chuvas anuais de meteoros que acontecem em nosso planeta - a famosa Perseídas, conhecidas popularmente como “Lágrimas de São Lourenço”. A Perseídas recebe esse nome porque seu radiante (o ponto onde surgem no céu) se encontra na constelação de Perseu.

Na foto, meteoro das Perseídeas em 1988, foto de - Steve Traudt - Synergistic Visons.

Das chuvas de meteoros mais importantes do ano, as Perseidas são, sem dúvida, uma das que mais se destacam, podendo ser visíveis durante duas a três semanas, e, este ano, segundo várias estimativas, ocorrerá uma chuva melhor que nos anos anteriores. Geralmente, elas ocorrem no período que vai de 23 de julho a 22 de agosto, mas este ano o pico se dará hoje e manhã, dia 12 e 13, quando a Terra estará cruzando a região mais densa dessa esteira, dando origem à uma das principais chuvas de meteoros que podem ser observadas no firmamento. No entanto, a chuva poderá ser vista nos dias seguintes, com o número de meteoritos diminuindo aos poucos de intensidade.

Foto de autoria de Fred Bruenjes, da chuva Perseídas ocorrida em 24 de agosto de 2004

* Clique na imagem para vê-la em tamanho maior e com mais detalhes, e depois tecle F11 para visualizá-la melhor.

Esses meteoros são micro fragmentos deixados pelo cometa Swift-Tuttle (1862 III) que ficaram para trás, formando grande esteira de poeira espacial. Isso se dá quando um cometa se aproxima do Sol e algumas partes derretem e se rompem, produzindo milhões de fragmentos de gelo e poeira, que formam um cinturão constituído em sua grande maioria de partículas do tamanho de um grão de arroz.

O cometa Swift-Tuttle 1862 III, em foto de Herman Mikuz, 15 de dezembro de 1992

A taxa estimada das Perseídas é de 80 meteoritos por hora. Vale esclarecer que o período orbital deste cometa é de 135 anos, e sua última aparição se deu em dezembro de 1992. Neste ano, foram observados mais de 300 meteoros por hora, ou seja, mais de 3 vezes a quantidade habitual. Desde então, sua intensidade foi minguando até chegar ao nível normal, entre 60 a 100 meteoros por hora. Como se vê, não é bem uma chuva, mas vale observá-las pois podemos ter a certeza de que veremos muitos meteoritos na região indicada. Os meteoros podem aparecer em qualquer ponto do céu, mas as trilhas luminosas deixadas por eles irão sempre se originar em Perseu. Os meteoros são rápidos, com velocidades de entrada na atmosfera de cerca de 59km/s.

Animação hipotética representando uma chuva de estrelas de grande intensidade, como a que ocorreu em 27 de novembro de 1872. Esta, foi uma chuva literalmente – durou das 7 horas da noite à 1 da madrugada. Caíram cerca de 450 meteoros por minuto. Foi a mais sensacional chuva de estrelas já contemplada pela humanidade no século XIX.


Um excelente vídeo com meteoritos das Perseídas


Esquema do processo de formação de uma chuva de estrelas

O fenômeno ocorre quando a Terra intercepta a área onde eles orbitam: eles invadem a atmosfera do planeta e se inflamam, podendo ser vistos como riscos luminosos, ao que também se dá o nome de “estrela fugaz”, nome que, por sinal, eu adorava ouvir quando era criança e me iniciei nos prazeres da astronomia. Os maiores costumam deixam rastros brilhantes ao longo das suas trajetórias. Estes rastros são como cilindros formados pelos gases em expansão que permanecem visíveis desde alguns segundos até alguns minutos.


Observando as Perseídas

Para vê-las nessa madrugada, o ideal é ir até um local escuro, quanto mais longe da cidade melhor. Uma cadeira reclinável e um cobertor permitirá ver o céu de maneira mais confortável. Oriente-se pela carta celeste abaixo. Ela mostra o céu do quadrante norte por volta das 3 horas da manhã, quando a constelação de Perseu já estará à meia altura do céu. Se você não souber onde fica o Norte, é simples: a constelação se elevará no lado esquerdo do ponto onde o sol nasce, surgindo por volta da meia-noite, e a partir desse horário já será possível observar alguns meteoros. A Lua nascerá pouco antes da meia-noite, o que significa que vai estar pelo resto noite no céu, e em quarto minguante com 58% do disco iluminado, os meteoros menores certamente ficarão invisíveis.


Fotografando as Perseídas


Pode parecer uma coisa complicada, mas o advento das máquinas digitais veio permitir que qualquer pessoa, mesmo não sendo astrônomo amador, fotografe o céu noturno com mais facilidade. Se a máquina tiver o recurso de fotos com longas exposições de tempo (posição T, B ou M), regule para o tempo máximo – que geralmente é de meio minuto; depois, abra o obturador ao máximo (f2.8 está ótimo), e não se esqueça de colocar a sensibilidade para 400 ASA, caso esteja longe da cidade, pois a luz residual urbana pode comprometer a foto tornado-a muito clara. Em seguida, instale a maquine num tripé e aponte-a para a constelação. Para quem não possui cabo disparador com trava, faça o seguinte: coloque a mão em frente da lente ocultando-a e pressione o obturador, tirando a mão bem lentamente em seguida – isto evita que a foto saia tremida com o pressão do disparo. Desnecessário dizer, mas dê preferência para fotografar no auge da chuva. Não se esqueça de levar jogos extras de pilhas, pois fotos com exposição de tempo esgotam-nas mais rapidamente.

Foto de um meteorito da Perseídas em 1997, por Rick Scott e Joe Oman


Uma dica

Tome todo o cuidado para não apontar os meteoritos que caem, pois, como reza a crendice, apontar estrelas com o dedo pode causar verrugas nele... Como curiosidade, reproduzo aqui a fala de um personagem do meu novo livro em andamento – “O Romeiro da Maldição - As reinações do poeta Fagundes Varella”–, que ao observar uma chuva desse tipo ocorrida em 27 de novembro de 1872, quando caíram cerca de 450 meteoritos por minuto, e as prováveis conseqüências de se apontar o dedo para uma estrela cadente, disse brincando:

– “Se você acredita em crendices, 'seu' Benedito, acho bom manter sua mão abaixada, senão o mau-agouro deste cometa vai fazer ela vai ficar empelotada que nem tronco de paineira!”

Mas, vendo pelo lado bom da coisa, se vocês acreditam mesmo que fazer um pedido secreto a uma estrela que cai ele se realiza, aproveitem, porque hoje poderão fazer centenas de pedidos! E, nos pedidos bons, lembrem-se de mim!...


A nave Space Shuttle na base de lançamento, e um meteoro das Perseídas, em 4 de agosto de 2009, foto de Stephen Clark. Curioso, como o meteoro parece dirigir-se à nave.

NOVIDADES: Fotos das Perseídas feita em 12-8-2009


Meteoritos das Perseídas, em 12-8-2009, foto de Mario Anzuoni, Reuters, Los Padres National Forest, Califórnia.


Um meteoro da chuva de Perseídas, parque Frazier, Califórnia, 12-8-2009

Fontes:

8 fontes. Consultar o autor

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