O finado poeta Carlos Drummond de Andrade falou, certa vez, numa feliz expressão, das "palavras em estado de dicionário". Se referia ele à certas palavras que embora designem algo com perfeição, existem só no dicionário, porque ninguém lança mão delas quando precisa, geralmente porque ignora sua existência. Já o também finado Millôr Fernandes protestava na abertura de seu "Dicionovário" sobre as "palavras que precisavam ser inventadas", e até mesmo o Guimarães Rosa (também finado) reclamava que "Muita coisa falta nome". Outro poeta, também já falecido, o Mário Quintana, era da mesma opinião, e certa vez afirmou: "nem sempre existe palavra para dizer tudo."
Assim, há inúmeras palavras no “pai dos burros” que há muito foram inventadas, e batizam algo com propriedade e perfeição (e não estou me referindo aos esdrúxulos balípodo ou ludopédio, que os gramáticos de outrora sugeriram para substituir futebol!...), mas ninguém sabe de sua existência. Sim, há palavras que precisam ser inventadas e muita coisa há sem nome; mas porque, então, não usar as que já existem mas que “jazem” nos dicionários à espera de quem as ressuscite? Sobre certas palavras, o artista surrealista René Magritte dissera “Às vezes, o nome de um objeto supre a sua imagem”. Monteiro Lobato, por sua vez, dissera: “O que mais aprecio num estilo é a propriedade exata de cada palavra”. Infelizmente, muitos desses nomes de objetos que “suprem a imagem” e “palavras com propriedades exatas” são as tais “palavras em estado de dicionário”. Curioso é que para se referir à estas coisas e objetos que tem nome mas ninguém usa é que as pessoas geralmente tem de lançar de “volteios”, expressões e adjetivos diversos para explicá-los!...
Leitor contumaz de dicionários, vira-e-mexe eu me deparo com uma dessas palavras “novas”. Aliás, sou colecionador de dicionários, e tenho vários dicionários temáticos.
Então, caro leitor, que tal resgatarmos essas palavras “finadas” do seu sono eterno para divulgá-las aos quatro cantos, colocando-a em "estado de voga"!
Aqui, algumas delas, todas colhidas em minhas leituras de Michaelis & Houaiss & Aurélios, para você começar a usar agora:
- Tremulina: aquela esteira de luz quando o Sol se reflete nas águas ao se pôr no horizonte.
- Piririca: o risco que os peixes deixam na tona d'água ao nadarem junto dela.
- Babugem: é aquela espuminha branca que se forma nos remoinhos da correnteza de rios.
- Isosmia: mistura ou confusão de cheiros diversos, p. ex., o cheiro típico de um supermercado.
- Pleorama: a paisagem que se desenrola aos olhos do viajante.
- Geosmin: é o popular “cheiro de chuva”, termo inadequado este, uma vez que esse cheiro no ar não é da chuva, mas de um certo fungo que se eleva do chão nestas circunstâncias.
- Galicínio: o canto do galo ao amanhecer.
- Poreiomania: o hábito de caminhar sozinho quando se está contrariado.
- Canícula: a hora mais quente do dia, o meio-dia, sob um sol de verão.
- Quiriri: a calada da noite; a hora mais silenciosa da madrugada.
- Amagar: através de um movimento de nosso corpo, instigar o cavalo a trotar.
- Piparote: golpe dado com a mão num articulação do polegar e do dedo médio arremessando um objeto ao longe.
- Fosfeno: a mancha branca na visão que surge quando se pressiona os olhos por um certo tempo.
- Frufu: o ruído do vento nas folhas das árvores.
- Nefelibata: se diz da pessoa que “vive nas nuvens” (o meu caso...)
- Canícula: a hora mais quente do dia, o meio-dia, sob um sol de verão.
- Quiriri: a calada da noite; a hora mais silenciosa da madrugada.
- Amagar: através de um movimento de nosso corpo, instigar o cavalo a trotar.
- Piparote: golpe dado com a mão num articulação do polegar e do dedo médio arremessando um objeto ao longe.
- Fosfeno: a mancha branca na visão que surge quando se pressiona os olhos por um certo tempo.
- Frufu: o ruído do vento nas folhas das árvores.
- Nefelibata: se diz da pessoa que “vive nas nuvens” (o meu caso...)
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