quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

SAUDADES DA MIQUILINA, A MAIS FAMOSA MACACA DO ZOOLÓGICO MUNICIPAL DE ARARAS

No hoje extinto e saudoso Zoológico Municipal de Araras na segunda metade da década de 1970, destacava-se a jaula de macacos que ficava adiante e acima do Restaurante do Lago, da família Morgado. Era uma jaula com duas espécies de macaco ― acho que uns oito no máximo ― o macaco-prego (Sapajus nigritus) e o macaco-aranha (Ateles chamek). 

Dentre todos os macacos dessa grande jaula de alambrado arredondada, toda fornida com trapézios, destacava-se uma certa macaca-aranha, de pelagem negra e supermagra ― como o são os macacos desta raça ―, e, que por ser especial de alguma forma, chamava muita a atenção por suas micagens, irrequieta e espivetada que era. Não sei o motivo, mas ela fora batizada como "Miquilina", ou “Michielina”, nome que vem de Miguel, e, no diminutivo, Miguelina. Seria uma alusão e homenagem à conceituada e tradicional família local? É fato que se perdeu no tempo.

Lembro-me de uma cena que chamava muito a atenção em suas reinações, que era quando bastava alguém jogar um simples de toco de cigarro aceso dentro da jaula, e a Miquelina ficava excitada e avançava rapidamente para ele, mas mal ela o tomava nas mãos, imediatamente o jogava de volta ao chão, e acho que era por causa da brasa e da fumaça. Nestes momentos, ela ficava guinchando alto e com uma cara misto de alegria e de aflição, os olhos arregalados, movendo os braços anormalmente, no que arrancava verdadeiras gargalhadas dos visitantes. Isto acontecia também com os outros macacos, mas ela reagia de uma forma tão engraçada, que era só dela, e que dava o maior ibope.

Não podemos nos esquecer também de um velho chipanzé, o Tião (acho que era esse o nome), que tinha uma característica negativa que deu o que falar na época. Ele ficava solitário em outro recinto mais adiante, que era mais alto em relação à passarela. Daí que a meninada chegava em frente à jaula e ficava zoando o bicho, e ele se fazia de indiferente, ficando quieto num canto, mas as importunações era tantas e insistentes, que chegava uma hora que ele se irritava e partia para a vingança, que era quando pegava fezes que se espalhavam pelo chão da jaula e atirava nos visitantes!... Daí que, nisto, a Miquilina e o Tião eram avessos na personalidade: o que ela tinha de simpática e engraçada, ele tinha de chato e mal-humorado... Os ararenses já sabiam de seus rompantes e se mantinham à distância, ao contrário dos forasteiros que sempre acabavam sendo vítimas das artilharias deste ranzinza chipanzé...

Mas, voltando à Miquilina, não se sabe a origem e o porquê deste batismo, mas teria sido ele uma espécie de homenagem de algum funcionário do zoológico ou de algum assíduo visitante? O incrível é que o apelido pegou e todos o adotaram!...

Não se sabe qual foi o destino de nossa querida Miquilina (e o Tião), se faleceu ou foi transferida para outro zoológico de outra cidade com o fechamento do mesmo, mas o que conta ela deixou muitas saudades, principalmente neste que vos escreve, e que riu muito de suas engraçadas cenas, no que ela me remetia àqueles engraçados e estabanados animais que aparecem num dos primeiros desenhos do Walt Disney, o ótimo "Monkey Melodies", de 1930.

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