Há exatos 100 anos atrás, falecia o famoso jornalista carioca João do Rio (1881-1920), aquele que foi considerado o maior cronista da então Capital Federal, ou seja, o Rio de Janeiro. Também era romancista, contista e teatrólogo.
Sua obra mais famosa, que lhe garantiu a imortalidade, foi "A Alma Encantadora das Ruas", um livro de crônicas lançado em 1908. Neste livro, o homem que desvendou a alma das ruas cariocas, escreveu: "A rua é um fator da vida das cidades, a rua tem alma! A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo. Há suor humano na argamassa do seu calçamento. A rua sente nos nervos essa miséria da criação, e por isso é a mais igualitária, a mais niveladora das obras humanas".
A avenida Rio Branco na década de 1920 |
Se alguém tivesse dito há um século atrás algo como: "Se daqui a 100 anos adiante alguém pretender entender como era o Rio de Janeiro de hoje, essa pessoa vai ter que recorrer ao João do Rio". Assim amigos, recomendo sua obra, pois ela é muito rica e "trata da vida e da linguagem de diferentes grupos sociais do Rio de Janeiro do começo do século 20. Seu olhar atento fez de presidiários, trabalhadores braçais, prostitutas, barões, dândis, cocotes e outros seres urbanos tema de investigação. Os espaços sociais - terreiros de umbanda e candomblé, igrejas, cabarés, cortiços, favelas, minas, palácios, presídios - em que se movimentam essas criaturas são expostos com realismo e sensibilidade"
Praia do Flamengo a noite e ainda sem o aterro em 1930 |
Enfim, amigos, a pergunta que fica é: teria João do Rio escrito alguma crônica sobre a nossa Primeira Festa das Árvores? Eu imagino que sim, e se ela existe, teremos que fazer buscas nas edições digitalizadas do citado jornal Gazeta de Notícias, que pode ser encontrado no acervo eletrônico da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Alguém se habilita?
Praia de Copacabana à noite, década de 1920 |
Foi prosaica a causa mortis daquele que, adotando no sobrenome o nome sua querida cidade, também foi considerado "o repórter maldito da noite carioca”: um derrame cerebral, aos 39 anos, no auge da carreira, enquanto, ironia do destino, cruzava a cidade num táxi… Famoso que se tornara, cita-se que 100 mil pessoas participaram de seu enterro no cemitério São João Batista.
Evoé, João do Rio, um século vos contempla!
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