sexta-feira, 21 de junho de 2013

O “CENTRO HISTÓRICO” DA CIDADE DE ARARAS/SÃO PAULO...

* Trecho do livro “Do Barreiro das Araras à Capela de Santa Cruz – Revelações históricas sobre o município de Araras”, livro em andamento desde 2003 (Wenilton Luís Daltro)


Detalhe do "centro histórico" de Araras, em meados do século 20.

Daquilo que se poderia chamar o “centro histórico” de Araras, pouca coisa restara; a saber: o sobrado do Albino Cardoso, a igreja Matriz, a Casa da Cultura, o Solar Benedita Nogueira, o prédio onde se situava a gráfica Odeon, o City Foto e a bicicletaria São Luiz, o cine Santa Helena e a residência adjacente à ele (a do falecido Darci de Lima), o casarão da esquina da rua Silva Telles com a Coronel Justiniano, os grupos “Zurita”, e, mais adiante o “Justiniano”. Do pouco que permanece, a maioria são construções centenárias, mas não em número suficiente para se compor algo que possa ser nomeado centro histórico; melhor dizendo, todos os exemplares arquitetônicos que compõem esse acervo da região central estão diluídos em meio às construções modernas e suas altas densidades volumétricas, e essa descontinuidade e a conseqüente descaracterização visual, impede que se desfrute um visual panorâmico que represente fielmente uma “vitrine” histórica – o centro ficou com tantas caras e ao mesmo tempo com nenhuma! Assim, é comum ver casas e edifícios antigos próximos de construções feitas com elementos arquitetônicos que se repetem, os mesmo elementos pré-fabricados e a insuportável monotonia: a terrível moda dos prédios de cores berrantes, verdes ou azuis, revestidos de vidros brilhantes e pastilhas, com interiores padronizados e aparelhos de ar condicionado em constante funcionamento.

Uma das funções de um centro histórico é reproduzir um pouco do clima da época em que ele foi erigido – tem que ter “sabor histórico” –, e, nesse quesito, ele falha completamente – estes restolhos arquitetônicos que sobraram na “alma da cidade”, por sua própria descontinuidade, não nos permite uma viagem sentimental, não chegando a constituir um documentário vivo onde, nas horas do presente, ainda possamos ver e sentir a nostálgica atmosfera de encantamento e saudade que, num misterioso vínculo, deveria nos invadir e contagiar, fazendo com que nos sentíssemos seculares, arrebatados aos tempos de outrora. O acervo que estaria mais próximo daquilo que se possa chamar “museu ao ar livre”, seria o composto pelos edifícios históricos da praça Monsenhor Quércia e entorno. Como disse o arquiteto mexicano Ricardo Legorreta, lugares assim são áreas em que "mexer nelas tem impacto até psicológico.” E a velhice, nas demandas da atual sociedade industrial, é extirpada em seus gratos lugares e recordações. As mudanças promovidas pelo “progresso” do avanço imobiliário é maléfico para a velhice, pois destrói-lhes o palco e o cenário de sua biografia os recantos tão caros das andanças de toda uma vida. O sentimento de continuidade da pessoa é rompido de modo abrupto e irreversível; além disso, o fato constitui uma séria ameaça às maiores realizações culturais e artísticas da civilização ararense.

Analisando-se o conjunto das edificações modernas do quadrilátero da praça Barão, conclui-se que, ele vai tendo um destino semelhante ao da Avenida Paulista, em São Paulo, que teve seus suntuosos casarões dos barões do café, bem como os palacetes dos industriários da década de 1920, demolidos para dar lugar à um conglomerado econômico e comercial. O advento dos bancos e casas comerciais (mais aqueles que estas) foram os responsáveis diretos pelo demolição de importantes edifícios de valor altamente histórico e de expressiva arquitetura. Nefasta e impiedosa essa estranha força centrípeta que ainda hoje atrai os bancos para a praça principal das cidades interioranas! Em nosso caso, pôs-se abaixo verdadeiras relíquias como, p. ex., o casarão do barão de Araras (Edifício Zurita), o palacete do barão de Arari (banco Itaú), a residência de Ignácio Zurita Júnior (hoje estacionamento), a Rádio Zurita (banco HSBC), a Sociedade Italiana (Nossa Caixa), o Araras Clube (Casas Bahia), o Círculo Operário Ararense (Cebrac Cursos), o Hotel dos Viajantes (antigo Unibanco), o cartório etc. Dentre todas as demolições, as mais lamentáveis foram as dos citados casarões dos barões, pois ambos eram as residências dos beneméritos doadores do terreno que deu origem ao núcleo urbano que gerou a cidade. Sobre a residência do barão de Araras, numa crônica intitulada “À maneira de Manoel Bandeira”, em 28-8-1955, o radialista e jornalista Cardoso Silva, escreveu:


“E aquele casarão da esquina? Que tinha um quintal muito grande, onde as árvores copadas eram um enfeite lembrando que se a gente fosse poeta aos 8 anos não havia de existir canto melhor do que aquele que devia cantá-las? Aquelas árvores? Caíram? Foram cortadas. O quintal grande não existe mais. Foi loteado. A casa da esquina desapareceu. Em seu lugar um prédio moderno grita progresso dentro da sua cidade do passado. O cenário, enfim, que foi do seu conhecimento está mudado. Profund-mente!”



Detalhe do "centro histórico" de Araras, em meados do século 20. Os dois casarões da extremidade da rua ainda existem.

Em suma, pôs-se abaixo todos aqueles “vestígios” do passado que nos permitiam recordar os grandes “feitos de nossa nação”. Todos eram fontes de produção de conhecimento, pois conferiam maior importância às realizações de nossos antepassados, bem como às técnicas e às tradições que se manifestavam naquilo que erigiram, em suma, eram fontes que permitiam o pleno exercício de cidadania.

Parodiando Rudyard Kliping, Araras é uma cidade que parece demolir-se diariamente, para ser reconstruída sempre mais moderna, pois há uma redefinição constante do traçado urbano, e no prazo de meros dois meses, uma pequena volta pelo centro revela novos e surpreendentes estabelecimentos, e até de grandes proporções. Pode-se dizer que inexiste na cidade orgulho de seu passado arquitetônico. Por exemplo, com as constantes demolições de residências surgidas a partir da década de quarenta e a construção de estabelecimentos comerciais em seu lugar, podemos concluir que o “centro velho” que deu origem à Araras urbana vem se descaracterizando irremediavelmente e perdendo suas feições originais, o que, convém ressaltar, não acontece na vizinha cidade de Rio Claro, como se verá. Isto constitui um dos mais bem acabados exemplos de insensibilidade e desrespeito para com a herança arquitetônica histórica. Ironicamente, ao contrário das cidades que preservam o máximo que podem de seus centros históricos, Araras não padece dos problemas decorrentes da perda de prestígio econômico das áreas centrais, pois com a baixa incidência de casas e prédios históricos tombados, não se dá a desvalorização da riqueza pública e privada, que, do contrário, transferiria a riqueza das áreas velhas ara as novas áreas de centralidade, através da redução do valor da propriedade na primeira e aumento na segunda. Araras, antes converteu a pluralidade à condição de unicidade, ou seja a maior parte do que era histórico foi demolida para dar lugar ao comércio, de modo que o antigo centro histórico não passa hoje de um centro comercial dominado por lojas.

Se relembramos,  então, o que aconteceu com a nossa rica malha ferroviária, é algo que tem que ser pranteado eternamente. Fábricas e galpões de empreendimentos diversos que remontam ao início da industrialização da cidade, vêm desaparecendo paulatinamente, em surdina, e ninguém se dá conta. Belíssimo exemplar posto abaixo no início deste século era a serraria Fachini, situada em frente aos galpões da Fepasa, e que não despertou o protesto de uma só alma viva! É um truísmo que ainda impera na cidade a ideia de que as construções antigas engessam o desenvolvimento urbano. Temos de manter os acessos à diversidade da memória pois ele têm um valor histórico e estético que permitem melhor qualidade de vida e pode tornar a cidade mais atrativa e agradável. Lembremos da cidade de Barcelona, que, impulsionada pelo advento das Olimpíadas, conseguiu manter seu centro histórico e seus bairros medievais sem prejudicar seu desenvolvimento.



Casarão "Quicha Lotto", necessitando de restauração urgente.

Essa região central da cidade, com o constante boom imobiliário, é de uma mutação arquitetônica assustadora, e poucos são os que se incomodam com essa transformação caótica, que leva à perda de referência e identidade. Com isso, a memória se perde e a cidade vai distorcendo sua personalidade. A impressão que se tem é que as construtoras e imobiliárias, mais que o poder público, é que planejam a cidade. Com isso, o mercado não é capaz de regular-se e vive de construir novos imóveis em detrimento dessa região antiga e nobre. Essa forma de produzir-se novas centralidades que congregam tudo – comércio, diversão, educação, alimentação, estacionamentos, concessionárias etc. –, acaba por criar uma região exclusiva dos comerciantes e investidores. Os da elite – deveras alienados dos valores estéticos e históricos de seu imóvel –, demolem-no, e o terreno resultante, com o passar dos anos, vai agregando valor de mercado por se situar numa região nobre. Suas virtudes para com esse patrimônio moribundo parecem estar adormecidas e são insensíveis ao valor de um imóvel que possua história e características culturais. Estes, a que o arquiteto Paulo Mendes Rocha chamou de “sociedade amarga”, alugam seus apartamentos e vão residir em condomínios e subúrbios ricos; ou mesmo podem vir a residir nos edifícios erguidos na região central. Já os antigos moradores da classe baixa, e mesmo média, numa espécie de segregação social, são pressionados e expulsos pelo movimento do mercado, quando não pelos próprios investidores, e vão residir em bairros populares da periferia ou mais distantes, e, nos piores casos, em locais precários muitas vezes à beira de córregos e áreas de mananciais.

Arquibancada do Comercial Futebol Clube, década de 1948, demolida na virada das décadas de 1980 e 90.

Pode-se dizer que o setor imobiliário de Araras sempre primou pelo caráter especulativo e pelo agravante das dificuldades de se manter o pouco que restou de seu bens históricos, em especial, os citados casarões erguidos pela elite cafeeira. A cidade teve uma origem fundiária embasada por este caráter especulativo e manteve essa vocação durante os ciclos da cana-de-açúcar, do café e da industrialização. A análise da situação permite afirmar essa ideia de que ainda prevalece na cidade essa política voraz de especulação, e isso é comprovado pela não conservação e demolição de bens que não tiveram a sorte de sobreviver até o surgimento do órgão local de preservação, o COMPHAC, entidade que fez Araras ingressar em uma etapa superior de civilização, mas nem sempre trabalhou para que outros bens de incontestável valor cultural situados além da região central fossem preservados. O descaso do órgão também se estende no que diz respeito ao registro e preservação de bens culturais de natureza imaterial, ou seja, os bens históricos que não podem ser tombados – “bens culturais intangíveis” – e são passíveis de receber seu registro no órgão responsável pelo patrimônio histórico local, porque carregam valores culturais importantes para a identidade cultural de um lugar, como, por exemplo, as comidas, as procissões, danças, músicas, irmandades, grupos folclóricos, os toques de sinos, etc. Em 24-3-2005, em reportagem no Tribuna do Povo, o autor – que já se empregou como desenhista e fotógrafo do próprio COMPHAC – listou cerca de oito comidas tradicionais que integram a “gastronomia patrimonial” ararense e são passíveis de tombamento, bem como se ofereceu ao próprio órgão para coletar e redigir o trabalho, mas não obteve respaldo algum, sequer resposta, lembrando-se que o processo de tombamento de uma iguaria é bastante simples se comparado ao do tombamento de um edifício. No caso da célebre e sexagenária pizza de mussarela do Bar Sônia, a proprietária confessou e lamentou que os próprios filhos não têm interesse em aprender a receita.



Palace Hotel, em 1949, antiga residência do Barão de Arari, onde hoje se situa o banco Itaú.

Voltando ao tema dos prédios históricos, os citados erros são frutos ainda não totalmente erradicados de uma época em que se dava mais valor à natureza utilitária em detrimento da estética, como se as administrações quisessem desmontar a cidade, despindo-a de sua arquitetura histórica. O fato ajuda a entender um pouco do porquê desse “atavismo” cultural, dessa tradição da gente do lugar: a moldagem do tipus ararensis que foi se delineando desde o período colonial até os dias atuais – os ecos que ainda repercutem na sociedade ararense contemporânea: o mal da “memória de incinerador”, o gritante descaso para com os monumentos antigos que raramente sobrevivem à “picareta do progresso”. Uma coisa é certa: aqui, o bairrismo nem sempre implica em amor pelas coisas do passado, assim como o ufanismo e a mentalidade conservacionista raramente se ajustam pelo mesmo compasso. Araras é uma cidade que vive de forma obsessiva sob o signo da modernidade, e o denominador comum parece ser a ostentação pessoal, o valor ao que se possui e se pode exibir – truísmo tão criticado por forasteiros que aqui vem residir, trabalhar ou estudar. Os problemas culturais gerados pelo fenômeno in loco desse passado distante em que surgiu, são os motivos da existência de um processo personalíssimo e bem-definido que reflete ainda na maneira de ser, pensar e agir do ararense – é fato crônico e entranhado, e quase impossível de se desarraigar. Inda que seja uma comparação injusta, que abismo há entre Araras e uma São Luiz do Maranhão e seus 5.600 monumentos históricos preservados, e que discrepância entre o ararense e a notória atração e simpatia da opinião pública dos maranhenses por seus bens culturais – tinham tanto para preservar e o preservaram; tínhamos pouco para preservar e muito pouco preservamos!...


SAIBA MAIS:

AS SETE MARAVILHAS DESAPARECIDAS DA CIDADE DE ARARAS/SP

http://apologo11.blogspot.com.br/2008/12/as-sete-maravilhas-desaparecidas-da.html

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FRASES E PENSAMENTOS DE PERSONALIDADES "PSEUDO-PSICOGRAFADAS" (by V-Newton)

Aqui vão algumas frases e pensamentos criadas por mim, extraídas de um livro que venho fazendo aos poucos. Nele, fui recriando falas e frases famosas alterando-lhes os temas, ou inventando pensamentos seguindo a linha de raciocínio de cada personagem inserido nele, como se eu fosse um médium espírita que os tivesse psicografado.

"Quando a pavor de adoecer gravemente pelo vício do fumo se torna maior que a dor da dificuldade de abandoná-lo, a pessoa finalmente deixa de fumar." (Sigmud Freud )
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"Se um estripador aprende a manejar um bisturi, isso é progresso." (Nelson Rodrigues)
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“Só dei este beijo mais longo que o de costume por não ter tido tempo de dá-lo mais curto.” (Blaise Pascal)
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“Pesadelo que se sonha só, é um pesadelo que se sonha só, mas pesadelo que se sonha junto é despertar com a sogra em nossa cama.”
(Raul Seixas)
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“Um homem sem emprego é um cidadão comum; um homem com dois empregos é um político canalha.”
(Bernad Shaw)
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“Fora os homossexuais, o único homem que não pode viver sem homens é o urologista.”
(Arthur Schopenhauer)
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Rui Barbosa: - Tenha o obséquio de providenciar a obséquia deste inopioso.
Manoel funerário: - O quê?
Rui Barbosa: - Tenha o obséquio de providenciar a obséquia deste inopioso!
Manoel funerário: - Não estou te entendendo!
Rui Barbosa: - Enterre este mendigo, caramba!!
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sexta-feira, 17 de maio de 2013

“ETERNAL LIFE TO THE GUITAR!”. AND MPB ALSO! OBVIOUSLY...



Quando nasci, no ano de 1961, um executivo da Decca Records – um daqueles bestas que esnobaram os Beatles!... –, falou: “Grupos que tocam guitarra estão com os dias contados”!!!

Quase uma década mais tarde – e eu já era menino –, havia ainda um verdadeiro ódio contra a guitarra, e, por consequência, contra os cabeludos, e era comum ouvir dos mais velhos e conservadores: “Um dia o rock vai acabar!” – e minha mãe dizia isso! Ingênuo que era, eu ficava preocupado, pensando (e "esperando"...) quando é que esse dia ia chegar!...

Nesta época, 1969, as guitarras eram consideradas “aberrações norte-americanas”! No Brasil, muito antes, porém, em 16 de fevereiro de 1957, o então governador de São Paulo – o maluco Jânio Quadros –, proibia o rock em bailes. Ironicamente, novamente em 1961, o então ministro cubano – o não menos maluco "Che" Guevara –, foi condecorado pelo presidente da Republica – novamente o maluco do Jânio Quadros!... –, com a "Grã Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul"!... (antes condecorasse a guitarra!). Sim, o Che Guevara, o mesmo sujeito sanguinário que, depois, por ironia do destino, seria cegamente idolatrado pelos rockeiros mundiais!...


Uma década depois – mais precisamente em 17 de julho de 1967 –, com o slogan “Defender O Que É Nosso”, a “Passeata da MPB” – que ficou conhecida como a “Passeata Contra A Guitarra Elétrica” –, era realizada em São Paulo contra o inocente instrumento musical. Saindo do Largo São Francisco, a passeata desembocou diretamente no Teatro Paramount, na avenida Brigadeiro Luís Antonio, onde ocorreria o programa” Frente Ampla da MPB”. Na liderança, estava nada mais nada menos que Elis Regina, amparada por outros artistas como Jair Rodrigues, Zé Keti, Geraldo Vandré, Edu Lobo, MPB-4, e até Gilberto Gil, que, por sinal, entrou de gaiato no movimento. Essa passeata colocava em confronto duas tendências musicais: uma conservadora – a MPB, e outra renovadora – o rock (ou iê-iê-iê).



Nesta época, o então guitarrista dos Rolling Stones, Brian Jones, escreveu numa canção: “Andam dizendo por aí que o rock vai morrer/ Mey Deus! O que é que eu vou fazer?/ Ah... já sei, vou me matar também!”

Curiosamente, a história parecia ser levada à serio ainda na década seguinte: o compositor Carlinhos Vergueiro, em sua música “Comentário”, cantava: “E tem gente falando que o rock/ Falando que o rock/ Vai acabar/ “E tem gente falando que o samba/ Falando que o samba/ Não vai aguentar/ ”.  Ironicamente, na mesma época, do outro lado, o cantor Franco, dementia tudo com o seu medíocre “Rock Enredo”, onde cantava: “Andam dizendo por aí/ Que o samba vai acabar/ Que a batucada está por fora/ E o samba já não dá/ E o negócio é rock, e o negócio é rock/ E o negócio é rock and roll."”

Porém, nem o samba nem o rock acabaram – e não dão o mínimo sinal de que acabarão um dia. Ao contrário deste, o pobre do Brian Jones acabou, e precocemente! Mas eu – que nasci sob o signo da morte da guitarra –, sobrevivi e estou aqui de pé e vivinho para testemunhar mais que a “Long live rock and roll”, pois hei de ouvir antes de morrer: “Eternal life to the guitar!”. And MPB also! Obviously... 

Extraido do livro (em curso): "O MENINO DA USINA. Vol. 1 – Childwood – janeiro de 1961 a março de 1967"

quarta-feira, 20 de março de 2013

MINHAS CURIOSAS CONFUSÕES



É comum ao longo da vida, criarmos as vezes algumas confusões curiosas envolvendo nomes de lugares, entidades, pessoas, animais, alimentos e objetos. Vou falar de algumas que colecionei ao longo da vida, e de muitas delas não me desfiz até hoje!...



LOCALIDADES:

- Caldas Novas com Pousada do Rio Quente
- Campos Jordão com Poços de Caldas
- Teresópolis com Petrópolis
- Itirapina com Brotas
- Hortolândia com Holambra
- Taiti com Haiti
- Itapira com Itatiba


PERSONALIDADES:

- Ankito com Oscarito
- Tobias Barreto com Silvio Romeiro
- Júlio Hungria com Júlio Barroso
- Alexandre Garcia com Washington Novaes
- João Cabral de Mello Neto com Ariano Suassuna
- Eurico Gaspar Dutra com Getúlio Vargas
- Zapata com Pancho Villa
- Di Cavalcanti com Candido Portinari
- Kafka com Proust
- Raoni com Juruna
- Cacilda Becker com Bibi Ferreira
- Brigite Bardott com Jane Fonda
- Judas com Pilatos
- Martinho Lutero com João Calvino
- Pedro Stedile com José Rainha
- Blota Jr. com J. Silvestre 
- Jaime Cortez com Ignácio Justo
- Aldous Huxley com George Orwell
- Eumir Deodato com Airto Moreira


ENTIDADES:

- Greenpeace com WWF
- Natura com O Boticário


ANIMAIS, PLANTAS E ALIMENTOS:

- sucurí com jiboia
- cateto com queixada
- paca com cutia
- lontra com ariranha
- coala com panda
- babuíno com mandril
- agaporni com calopsita
- tuiuiú com cabeça-seca
- alce com rena
- atum com salmão
- charque com carne-seca
- fígado com rim
- ostra com marisco
- salsão com alho porró
- cará com inhame
- parmesão com provolone
- pamonha com curau
- camelo com dromedário

OUTROS:

- Corcovado com Pão de Açúcar
- "Star Trek" com "Stars War"
- "O Dia em que a Terra Parou" com "O Homem que Caiu na Terra"
- papiro com pergaminho
- guache com aquarela 
- crochê com tricô
- M. A. S. H. com SHAFT 
- Steeleye Span com Steely Dan
 

O cientista Carl Sagan, em seu livro “Os Dragões do Éden”, disse em certo capítulo que, reconhecendo-se “um pouco afásico e inteiramente disléxico”, fazia “uma série de confusões verbais sem significado simbólico, como misturar Schumann e Schubert”.

Tempos depois de ter concluído este texto, atinei que eu também tinha em minha vida um erro algo semelhante ao "Schumann e Schubert” do Sagan, mas um erro, diria, anagramático, pois eu confundia o nome de duas professoras minhas, da época de grupo escolar se chamavam elas Adilis e Aidil...

Que me perdoe o Sagan e quem sou eu para contestá-lo , mas, no meu caso – e sem fazer comparações pretensiosas , não creio que estas confusões tenham a ver com afasia ou dislexia, mas simplesmente com pura falta de atenção. E acredito também que muitos de meus leitores, se prestarem atenção nos termos relacionados, irão notar que, em alguns deles, fazem as mesmas confusões sem se dar conta...
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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

UM OVNI, DO TIPO SONDA, QUE FOTOGRAFEI SEM TÊ-LO VISTO!


Dia 3 de setembro do ano passado, 2012, fui fazer algumas fotos noturnas na zona rural do lado norte da cidade de Leme (SP), numa estrada além do bairro São Bento, da vizinha cidade de Araras. Estava eu do lado nordeste da fazenda Lagoa Funda (22°14'5.74"S, 47°21'37.23"O), e o motivo principal das fotos naquele momento era esta fazenda e suas luzes. Para minha decepção, ao abrir as fotos em meu computador na mesma noite, notei ficaram todas desfocadas e os ruídos (granulações) muito acentuados. Mas algo chamava a atenção nas quatro tomdas que fiz: uma luz verde-azulada que eu não vi enquanto fotografava, e ao analisá-la, tudo levava a crer que se tratava de um OVNI. Tinha um caminhão na fazenda com os faróis acesos, de cor laranja, o que me chamou a atenção à princípio. A grande luz amarela era uma luz externa, talvez de alguma parede da fazenda. Já a pequena luz verde-azulada no céu é o suposto OVNI, que parece ser do tipo sonda, portanto de pequenas dimensões. Ao que parece, ele saiu do lugar onde fica a lagoa situada ao lado da fazenda, talvez imergido dela. Não se ouviu ruído algum no céu durante as tomadas. É comum este tipo de aperelho estar associado à cursos d'água.

Por sorte, sempre quando fotografei o objeto estava parado no céu, mas a sequência das fotos revela que se moveu sutilemente no céu no intervalo entre as tomadas.

Eu e um grupo de amigos vimos um aperelho desses passando sobre nós na Usina Palmeiras (há cerca de 8 quilômetros da fazenda Lagoa Funda) nas férias de 1976. Tinha uns 30 cm de diâmetro e atrás dele havia uma pequena cauda azulada! Notar que o OVNI da fazenda tem uma "névoa" acima e à direita dele, o que é visível nas quatro tomadas.

Na quarta foto, nota-se que, sem querer, a regulagem de distância da máquina estava ótima para a focagem do OVNI, e por isto mesmo ele é visto em sua perfeita forma esférica, o que foi uma grande sorte.

A fazenda estava à cerca de 500 metros de mim, e acredito que o OVNI há uns 200 ou 300 metros.

Foi realizado um tratamento nas fotos com o programa Corel Photo Paint, de modo a clareá-la, aumentar os contrastes, reduzir as granuções e a evidenciar melhor a forma do OVNI.

Notar seu deslocamento pelo céu - coisa que eu teria notado se ele estivesse visível: por exemplo, na foto 2, marquei a "posição 1" onde ele estava na foto 1 e ele já na nova posição no céu, e assim sucessivamente.

Se notarmos, da foto 1 para a foto 2 o objeto pareceu se aproximar mais do lugar onde eu estava. Esta região da cidade é um lugar que parece atrair este tipo de fenômeno, e eu mesmo já registrei pelo menos 6 ocorrências ocorridas desde meados do século passado.

Aqui, um video onde pode ser visto um OVNI semelhante, que surge no céu atrás da repórter de TV New Broadcast, Ontario, Canadá, em 2 de outubro de 2014.

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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

PENSAMENTOS DE UMA TARDE DE QUARTA-FEIRA CALORENTA (by V-Newton)

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É melhor ser inteligente que  ser esperto, mas é melhor ser esperto que ser burro.
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Desgraça de bêbado é muro chapiscado.
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Soltar um pum dentro do elevador é como mergulhar: você tem que prender a respiração.
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Repare: a desordem alfabética do teclado.
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O estivador, ao contrário do brocha, anda com o saco em cima da cabeça.
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O orgão mais musculoso nas mulheres é a língua. Exercitá-la é a sua principal ginástica.
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Desgraça de minhoca é formiga assanhada.
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Se as flores carnívoras fossem vegetarianas, seriam canibais.
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Mulher falsa é aquela que nos largou para ficar com outro homem. Mulher verdadeira é aquela que largou outro homem para ficar conosco.
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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

LUDITAS ÀS AVESSAS!!!...



Neste ano, 2012, está fazendo 200 anos que os revoltosos conhecidos como luditas fizeram uma série de destruições de tecelagens em Nottingham, na Inglaterra, entre fevereiro e março desse ano. Em plena era da Revolução Industrial, quebraram máquinas e depois incendiaram os edifícios. Mas, afinal, quem foram os luditas? Pois bem: o ludismo foi um movimento que ia contra a mecanização do trabalho, surgido com o advento da Revolução Industrial. Adaptado aos dias de hoje, o termo ludita se refere à toda pessoa que se opõe à industrialização intensa ou mesmo à novas tecnologias, como este que vos escreve... Este movimento social é hoje conhecido como o neoludismo. Um exemplo de um autor que se identifica com esta designação é Kirkpatrick Sale, que escreveu o livro "Rebels Against the Future" ou Movimento Operário. Segundo os luditas, por serem mais eficientes que os homens, as máquinas tiravam seus trabalhos, requerendo, contudo, movimentos operários e duras horas de jornada de trabalho. E, curiosamente, a mesma revolta (sem tal violência, mas com  mesma gravidade) não se deu com nossos cortadores de cana com o surgimento das colheitadeiras mecânicas, que dispensaram a mão-de-obra da classe?!... (na ilustração, Ned Ludd, o líder dos Ludistas, gravura de 1812)
E já que estou falando de tecelagens, gostaria de dizer à meus amigos que meus pais – os jovens e belos conhecidos como Walter Daltro e Maria de Lourdes Rocha –, eram funcionários de uma mesma tecelagem, a "Textil São Antonio", hoje demolida, que ficava na Avenida Leme, Nº 80, de propriedade de Armando Lagazzi. Meu pai trabalhou ali entre 1951, aos 14 anos, até 1957, e minha mãe na mesma época – ela, como tecelã e ele como contador no escritório da empresa. É oportuno lembrar que, tempos depois – creio que no final da década de 90 –a tecelagem encerrou suas atividades, e na década seguinte ocorreu um estranho incêndio ali, e não se sabe de origem criminosa. Vale dizer – modéstia às favas – que sem a existência desta tecelagem – onde meus velhos se conheceram e se enamoraram –, este que vos escreve talvez não existisse!... (na foto, acima e à direita, a tecelagem em 1980)

Bem lembrado, é oportuno dizer que também, há exatos 155 anos atrás, no dia 8 de março de 1857, nos EUA, os patrões e a polícia trancaram as portas de uma tecelagem e depois atearam fogo, matando 129 operárias carbonizadas! Daí, caso não saiba, surgiu o Dia Internacional da Mulher!

Curiosamente, também exatos 200 anos depois do quebra-quebra dos luditas ingleses, em 4/04/2012, a Prefeitura Municipal de Araras aprovava o projeto para a construção de um novo edifício na cidade – o imponente "Vitrallis - Premium Residences", edifício que, por ironia do destino, vai se situar exatamente no mesmo local onde se erguia a extinta Textil São Antonio, onde, repito, a pombinhos apaixonados Daltro & Rocha uniram seus corações!...

À esta altura, meu leitor deve estar matutando aí: "Mas aonde esse danado do Wenilton quer chegar?!" Pois bem: é que dói ver uma tecelagem linda como era a São Nicolau encerrar suas atividades, pegar fogo e depois ser demolida – que ela era, de certo modo, um lugar sagrado para mim, cidadão extremamente preocupado com a preservação de nosso edifícios históricos ou antigos. Se situava a São Nicolau na espinha dorsal de Araras onde se alinharam e conviveram Daltros e Rochas desde o final do século 19 até o final do século seguinte. Daltros moraram ao longo da "Antiga estrada para Leme" (hoje Avenida Maria Muniz Michielin e Avenida Leme); Daltros construíram a Usina Palmeiras – meu paraíso extinto onde moramos na melhor época de nossas vidas!; Rochas moraram na mesma estrada, na fazenda Montevidéo, onde meu avô Francisco Rocha fora feitor, e meus tios – e minha mãe! –, nasceram! Meu avós Rocha, depois, moraram na rua Lacerda Franco, que vai desembocar exatamente na Avenida Leme. Meu pai, antes de mudarmos para esta usina, teve uma leiteria na rua Albino Cardoso, que forma uma bifurcação com a Lacerda Franco. Como se vê, por gerações e gerações, Daltros e Rochas se deslocaram e conviveram nesta importante espinha dorsal que era a principal via da Araras antiga por boa parte deste período.

Mas, se posso falar em luditas modernos – e não estou se referindo à mim –, ou melhor, em uma espécie diferente de ludista: luditas "negativos", luditas ás avessas, diria que são os capitalistas chineses! No caso, são os verdadeiros responsáveis pela ruína de nossas tecelagens! Sim, a onipresente China capitalista e sua competição selvagem desonesta!

Mas a coisa não parou por aí, pois há outras espécies de luditas às avessas nesta cidade, como, p. ex., certos empresários do ramo imobiliário, que mal vêem um terreno baldio, uma empresa fechada, uma casa antiga ou um casarão centenário, e dirigem para eles toda a sua sanha e cobiça imobiliária, fazendo tabula rasa de tudo! E nisto se inclui também os proprietários desses imóveis, que detestam tudo o que é antigo, não importa a história que há por detrás deles! E nisto, amigos, quanta coisa linda e de extrema importância histórica se perdeu! Araras já foi a terra de dezenas de tecelagens (e quanto casais ararenses não nasceram aí!), de inúmeras fábricas de mandiocas e de olarias sem fim! E onde foi parar toda essa maravilha? Não vou comentar aqui.

Ah, aquele pequeno trecho de rua em frente à Textil São Nicolau, quanto frequentei e quantas histórias vivi ali, eu, meus irmãos e amigos! Ali, aos 5 anos, fui ao circo pela primeira vez e ouvi todo feliz pela primeira vez a canção "Datemi un martello" com a sensação da época, a cantora Rita Pavone! Nesta mesma época, ali também, ouvi deslumbrado pela primeira vez o "martelar" incessante de uma velha araponga que ficava numa gaiola do posto do Henrique Volpi! Ali também o bar do velho Espica, onde tantos doces comprei e tantas caronas para a Usina pegamos ao sair mais cedo da escola! O último ponto de ônibus da Usina dentro da cidade, que nos recolhia ali todo final de tarde!

E eu fico pensando em todas estas maravilhas e seu melancólico final... e perguntas teimosas vem martelar minha inquieta cabeça: Até quando esses luditas às avessas vão destruir tudo? Quais serão seus próximos alvos? Como lutar contra eles? É quando me vem à cabeça a velha sentença do Caetano Veloso, que dizia da "força da grana que ergue e destrói coisas belas"!... Não, eu não me conformo, nunca me conformarei, e enquanto existirem luditas às avessas nesta cidade, haverá este "ludita positivo", o neoludita Wenilton, que com sua pena combaterá ferrenhamente para preservar nossas coisas belas que a maldita "força da grana" destrói sem piedade!

FONTE:
http://www.vitrallis.com.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ned_Ludd
http://www.abrazrj.com.br/index.asp?pageURL=48&NOticia=5&sector=0